Se queres ser mais do que és, o fundamental é começares por conhecer-te a ti mesmo. Cada um de nós é único e diferente, pelo que as escolhas individuais devem ser ponderadas de acordo com as fragilidades, forças e dons, pilares da nossa identidade.
Se ter uma vida boa e feliz é um grande objetivo de quase todos nós, isso não significa que todos tenhamos de fazer o mesmo para o alcançar. Depende sempre muito do ponto do caminho onde se está e das capacidades de que dispomos.
Para saberes o que é bom e mau para ti, tens de saber bem quem és! O bem e o mal não variam de pessoa para pessoa, mas a forma como cada um de nós tem o dever de os aplicar em cada circunstância, sim.
Não vale a pena ansiares por lugares de sonho se não sabes onde estás. Pouco vale ter objetivos de vida se não nos conhecemos.
Investe algum tempo a observares-te com paciência, como se fosses alguém que pretende ter informações importantes sobre ti: Como ages e como reages ao que te acontece? O que te alegra e o que te entristece? O que te atrai e o que te repugna? De quem gostas, de quem não gostas e qual o critério para uns e para outros? Quais são os teus sonhos e, ainda mais importante, que medos têm poder, ainda que subtil, sobre ti?
Mas nada disto teria sentido se nós não fossemos também criadores de nós mesmos.
Cada um de nós é quem é, mas deve-o, em parte, a si mesmo.
Se tudo o que faz parte do passado é imutável, muito do que ainda não o é está em aberto.
Esta liberdade assusta-nos. Confessamos muitas vezes viver mal. Quando confrontados com a possibilidade de mudar isso, resistimos ao ponto de… preferirmos o mal ao bem.
Tu és, em ti mesmo, uma possibilidade. De bem, de mal ou de nada.
Se queres mesmo ser feliz, é importante que assumas que os caminhos para lá chegar são íngremes e agrestes. Tão duros que, por mais paradoxal que te possa parecer, cumpri-los já é ser feliz!
José Luis Nunes Martins
In: imissio.net 10.09.21
Entrevista com Neuza Silveira de Souza, coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte.
1. Há quanto tempo é catequista?
Sou catequista desde 1985.
2. Como foi o despertar de sua vocação?
Desde muito cedo, na minha cidade natal, eu gostava de ir à missa e ficava olhando as catequistas cuidando das crianças, na Igreja. Tínhamos um padre que na hora da homilia ele gostava de conversar com as crianças, fazer perguntas e eu me encantava com a cena e dizia para mim mesma: um dia vou ser catequista. Passado um tempo e já em outra cidade, uma oportunidade surgiu na minha vida quando a paróquia ofereceu uma formação de catequese. E quem era a assessora? A Inês Broshuis. Na época, ela era assessora da CNBB e estava fazendo a divulgação do documento “Catequese Renovada”. Com a formação recebida, me apaixonei pela catequese e tive a certeza do que realmente queria - ser catequista.
3. Quais são os desafios enfrentados por uma pessoa que é catequista?
Grandes são os desafios. O catequista tem a missão de ajudar outras pessoas a fazer uma experiência de se colocar no seguimento de Jesus. Para que isto aconteça, ela mesma tem de estar no seguimento, tem de conhecer a Palavra, tem de ter disponibilidade, compromisso, tem de primeiro ter feito a experiência do encontro com Jesus. A ação catequética é um processo de crescimento na fé, e o catequista precisa descobrir e compreender a pedagogia de Deus, a pedagogia de Jesus e pedagogia da Igreja para bem fazer ecoar a Palavra de Deus e ajudar as pessoas a crescer na fé. Necessário também conhecer a realidade do catequizando: o ambiente, a família, como vivem, etc. O catequista é um educador da fé. Precisa se preocupar com a sua própria formação. Tem que adequar a linguagem de acordo com a idade dos catequizandos para conseguir passar a mensagem. Qual a melhor forma de realizar dinâmicas que ajudam no processo de transmissão do conteúdo, a criar relações..
4. Qual a maior alegria que a função de Catequista trás para a vida da Senhora
A alegria de estar servindo. De se colocar ao serviço da Palavra e sentir que ela faz eco na vida das pessoas, ela produz brilho no olhar e pode levar ao apaixonamento por Jesus. Isto porque nós catequistas, pela própria essência de nossa vocação, somos chamados a olhar para Jesus e inspirar-se na sua prática. Ele é o modelo que nos confere identidade e molda nosso coração. E, assim com seu agir nos encanta, somos movidos para também encantar nossos catequizandos. Diz o Papa Francisco que nós catequistas, além de mestres e mistagogos, somos especialistas na arte do acompanhamento (EG,n. 169-173, tem competências educacionais, sabe ouvir e entrar na dinâmica do amadurecimento
Humano. Essas considerações envolvem todo nosso ser e produz muita alegria em nós, fazendo-nos sentir impulsionados para ir ao encontro do outro, mostrar nosso amor e nos dispor a doar, a fim de nutrir o crescimento espiritual das pessoas e de nós mesmo para juntos caminhar e trabalhar para a edificação do Corpo de Cristo no nosso meio.
5. O que o Catequista pode representar na vida de uma pessoa que está se iniciando na vida cristã?
O Catequista é sempre modelo para seus catequizandos. Assim, ele precisa estar atento, dar testemunho de fé e de vida, ser comprometido com suas atividades. Ele é um cristão que, respondendo ao chamado particular de Deus, ele se torna responsável para se ao serviço de transmissão da fé e missão de iniciar as pessoas à vida cristã, constituindo, assim, o corpo eclesial da Igreja, da qual Cristo é a cabeça. Diz o Diretório para a catequese que o Catequista custodia (abriga, acolhe), alimenta e testemunha a vida nova que dele vem e se torna sinal para os outros (DpC n. 113). Mas não esqueçamos que o protagonista é sempre o Espírito Santo. Sem ele, nada somos). Ao catequista sempre foi dado o ministério da Palavra, por confiança da Igreja. Hoje, o catequista é um ministro instituído pela Igreja, representando-a, dentre outros, na formação de discípulos missionários de Cristo.
6. Qual o conselho que a senhora dá para uma pessoa que sente o chamado para ser catequista?
Seja sempre confiante, perseverante. O trabalho do catequista é uma dádiva de Deus. É uma missão e exige compromisso. Somos chamados a ser semeadores da Palavra, cuidadores da criação, e exercemos nosso ministério pela graça que provém de Deus. Semeamos partilhando nossas experiências no campo da existência humana. Elas florescem como flor do campo, que ao bater-lhe um vento, desaparece, mas deixa lugar para ao amor de Deus penetrar e florescer, fazendo habitação do coração do irmão. O Catequista é o mensageiro da voz de Deus. Ele empresta sua voz para Deus falar. Assim, nunca desista, seja sempre catequista corajoso, forte, mas também humilde e perseverante, na certeza de que Deus caminha junto.
7. Quais os passos para se tornar um bom catequista?
Primeiro descobrir sua vocação. A nossa vida de fé cristã é comunitária. Da comunidade brota vocações. O catequista se torna uma pessoa de referência dentro da comunidade evangelizadora.
Precisa gostar e se dispõe a dialogar com crianças, jovens e adultos.
Participar das atividades propostas e necessárias na vida da comunidade.
Desenvolver sua espiritualidade de Catequista. O/A Catequista não nasce catequista, mas se torna catequista e tem de trabalhar sua pessoa, ter forte espiritualidade para ser capaz de mostrar e iluminar os caminhos da fé, buscar conhecimentos sobre a Palavra de Deus e, principalmente, fazer a experiência do encontro pessoal com Jesus, pois a Catequese tem como centralidade, a pessoa de Jesus Cristo (sua vida, paixão, morte e ressurreição.
Precisa ser uma pessoa de oração.
Buscar formação permanente
Estar atento à realidade olhando para os fatos da vida com o olhar da fé.
Ter consciência crítica diante de fatos e acontecimentos.
Nesse tempo de pandemia, o catequista precisa se reinventar constantemente, viver intensamente o amor de Deus e levar amor para seus catequizandos.
8. Princípios para que uma pessoa seja um bom catequista
- Confiança. Acreditar no que fazemos e ensinamos
- Mistagogia - Mergulhar no mistério – o Cristo
- Interação fé e vida Na catequese aprendemos sobre Jesus. Na liturgia encontramos a fonte e o cume da vida cristã. Na catequese, o catequista representa Jesus. Na liturgia, o catequista é o próprio Cristo e nós experimentamos Jesus.
- Princípio da missionaridade: missão social e comunitária. O catequista é um missionário.
- Comunicação e linguagem – O Catequista é um comunicador
- O catequista precisa ter também certas qualidades "humanas":
- Ser uma pessoa psicologicamente equilibrada;
- Ser uma pessoa responsável e perseverante. Responsabilidade e pontualidade são necessárias;
- Saber trabalhar em equipe, ter uma certa liderança e ser criativo;
- Ter amor aos catequizandos e ter noções de psicologia, didática e técnica de grupo;
- Sentir dentro de si a vocação de catequista.
Equipe do Catequese Hoje
29.08.2021
Olá Catequistas!!!
Sinto-me imensamente feliz de fazer parte desse grupo de catequistas e possuir o dom precioso que vem do alto: o dom de fazer ecoar a Palavra de Deus, de encantar pessoas quando permitimos que as luzes vindas do céu se façam caminho para nos conduzir rumo ao mistério do Cristo, o ressuscitado.
Assim somos nós, catequistas da Arquidiocese de Belo Horizonte. E, enquanto coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético desejo, em nome da Arquidiocese, agradecer e parabenizar a todos vocês catequistas, nesse dia em que a Igreja comemora o dia do catequista.
Nesse tempo de pandemia, a tarefa do catequista se tornou muito difícil, pois para além do afastamento dos catequizandos, a falta do calor humano, a alegria de estar com eles nos encontros semanais, que enriqueciam as experiências vivenciais, o catequista teve que aprender um novo jeito de fazer catequese, utilizar-se de um novo método para fazer chegar até as casas de seus catequizandos, atividades que os ajudassem a continuar a caminhada catequética. E dessa vez, necessitando da ajuda das famílias, o que, na verdade, tornou-se mais enriquecedor a prática catequética, pois as famílias também contribuíram com seu papel de primeira catequista de seus filhos. Construíram em seus lares as pequenas igrejas domésticas, a exemplo das primeiras.
Mesmo em tempos difíceis, o/a catequista teve o seu ministério, antes confiado, agora instituído, quando foi confirmado pelo Papa Francisco em sua Carta Apostólica sob a forma de “Moto Próprio”, dando aos catequistas sua nova identidade. Ele afirma: o Catequista “é, simultaneamente, testemunha da fé, mestre e mistagogo, acompanhante e pedagogo que instrui em nome da Igreja”.
O Papa Francisco vê a educação da fé como uma das aventuras educativas mais belas da Igreja e para realizar esse trabalho a Igreja necessita de catequistas que sejam verdadeiramente apaixonadas por Jesus Cristo e, por isso, capazes de levar as crianças, jovens e adultos ao encontro de Jesus.
Vale ainda, nesse dia, relembrar os pilares que, segundo o Papa Francisco, dá sustentação na caminhada dos catequistas:
1. Ter familiaridade com Cristo, aprender com Ele, escutá-lo e permanecer em seu amor, como Ele mesmo ensinou aos discípulos: “permaneçam no meu amor, permaneçam ligados a mim, como o ramo está ligado à videira. Se somos unidos a Ele, podemos dar frutos”. O coração do catequista deve viver essa união com Ele.
2. Viver o dinamismo do amor, a exemplo de Cristo, no sair de si para ir ao encontro do outro. O dom do catequista o impulsiona sempre para fora de si mesmo, doando-se aos outros.
3. Não ter medo de sair, de ir até as periferias, de ir a quem precisa, sair do comum para seguir a Deus, porque Deus vai sempre além.
Refletindo sobre esses pilares, sinto o meu coração apertado. Será que estamos correspondendo ao que Deus espera de nós? Estamos levando a luz de Cristo àqueles que desejam conhecê-lo?
Estamos sendo testemunhas eficazes do amor de Deus? A exemplo dos ensinamentos de Jesus, estamos aproveitando as oportunidades de expressar o nosso “ser irmão”, de sermos outros bons samaritanos que se doam para ajudar o outro que sofre, e se coloca a serviço do bem? Quem somos nós catequistas?
Tenhamos a certeza de que se deixamos nos conduzir pelo Espírito Santo; se o reconhecemos como o protagonista de toda nossa ação; se praticamos a humildade, então nossa catequese caminha e cumpre seu papel de levar até o coração das pessoas o amor de Deus. Vejamos as experiências dos discípulos de Jesus. Eles responderam ao chamado e cada qual, na sua forma de ser e de acordo com sua capacidade, se colocaram à disposição para segui-lo. Também nós, cada um se ofertando conforme sua capacidade, somos semeadores da Palavra de Deus. Fazemos parte importante de um todo maior que envolve a orientação e a formação da família e de outas instituições da sociedade. Caminhando e narrando histórias vamos tornando a fé viva no presente. É do relato das histórias que vamos obtendo inspirações e esperanças. Sejamos todos perseverantes na caminhada.
Jesus reconhece o discípulo como alguém que deixa em suspenso aquilo que até o momento era a sua vida e que se incorpora ao seu projeto. Nesse sentido, podemos afirmar que Jesus considera como seus discípulos também os catequistas que colocam seus afazeres em suspenso para dedicar ao anúncio do Reino. Jesus é o nosso Mestre e faz de nós mestres dos nossos catequizandos. Com o Espírito Santo sempre presente, vamos acolhendo todos aqueles que desejam ser conduzidos para dentro do mistério da fé cristã.
Com a alegria de ajudar a fazer discípulos missionários e proporcionar o encontro pessoal com Jesus Cristo à luz da fé, nutrir o crescimento espiritual de outras pessoas, vamos edificando o Corpo de Cristo.
Neuza Silveira de Souza
Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte.
29.08.2021
Imagem: pexels.com
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL
Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética
Brasília, 29 de agosto de 2021
Carta aos Catequistas
Queridos(as) Catequistas.
Transcorre neste domingo, 29.08, o Dia do Catequista. São já são muitos que no Brasil a Igreja convida seus filhos a lançar um olhar de afeto e gratidão a tantas mulheres e homens Catequistas. São muitos milhares no Brasil. Repletos de encantos pelo Senhor escolheram apresentá-lo a outros que querem conhecê-lo.
Sua decisão pessoal de aceitar o chamado a Ser Catequista conserva muitos traços do que aconteceu lá em Cafarnaum: “Caminhando junto ao mar da Galileia, viu dois irmãos... Vinde após mim e eu farei de vós pescadores de homens” (Mt 4,19.21). Eles lançavam ou consertavam as redes. Nada tão ordinário para quem é pescador. Mas nada foi tão extraordinário para quem se tornou discípulo. No quotidiano dos seus dias desanuviou-se para eles um caminho para todos os seus outros dias. Já não foram mais os mesmos. Tudo mudou a partir de quando o Senhor os “viu” e lhes falou. Tem-se até a impressão de que tudo foi muito breve... mas tão denso de encontro pessoal. Receberam até uma nova identidade: “Pescadores de homens”.
Eles começaram como “catequizandos”. De fato, após o chamado foram com Jesus até o monte. Lá lhes ressoou a primeira grande catequese. Tema daquela primeira formação: “Bem aventurados... Vós sois o sal da terra... Vai reconciliar-te com teu irmão... Amai os vossos inimigos... Quando orardes, dizei: Pai... Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus...” Quantas mudanças na mente e no coração daqueles pescadores. Pescar peixes prometia menos, mas também exigiria menos. E não lhes seria necessário entregar tanto, não precisariam amar tanto quanto o Senhor propunha. Quantos pensamentos passaram na mente daqueles homens tão simples e humildes!!! E quanta grandeza se lhes descortinava!!
Acaso já parou para avaliar quanto a Catequese lhe aproximou do discipulado de Jesus? Mais de uma aflorou-lhe a tentação deixar a Catequese. Mas, depois de tudo, lá estava Você outra vez. Talvez suas experiências mais profundas de encontro com o Senhor tenham se desencadeado em contextos de dor, de cansaço, de cruz. Lembra do Evangelho do domingo passado? Muitos tinham murmurado ante as palavras de Jesus. Até disseram que aquelas eram palavras muito duras (Jo 6,60.61). Mas, eis Pedro: “A quem iremos, Senhor. Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68). Quem esteve com Pedro outrora, quer estar com Você agora. Observe com muita afeição a sua história vocacional de Catequista. Quão gracioso foi o Senhor. Houve alegrias, houve dores, houve amores... Mas sempre o Espírito de Deus estava lá...
Recordo-lhe que não existe evangelização sem afeto. Foi este o caminho seguido por um grande Catequista, aquele de Nazaré: “Assim que desembarcou, viu uma grande multidão e ficou tomado de compaixão por eles, pois estavam coo ovelhas sem pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas” (Mc 6,34). A compaixão moveu o Senhor a ser catequista naquela hora. Doeu em Jesus a dor daquela gente. Naquela ocasião os discípulos se sentiram impotentes. “Despede-os...” (6,36). É até possível que em certas situações Você se perceba incapaz, sem dotes para os desafios da missão. Mas... olhe para seus catequizandos. O que lhe diria o Senhor Jesus ao olhar com Você para eles? Ouça-o. Faça sua Leitura Orante e lhe responda. Será uma maravilhosa vivência de fé e de espiritualidade.
Catequistas de todo o Brasil, que o Senhor lhes multiplique em bênção pela Bênção que são Vocês para a nossa Igreja.
Dom José Antonio Peruzzo
Comissão Bíblico-Catequética da CNBB
Celebração do Dia do Catequista
29 de agosto de 2021
Catequista, ministério de amor, semeando a Palavra
Ambiente e material
- Se a celebração for presencial: cadeiras em círculo; no centro, panos coloridos sobre os quais serão colocados os símbolos; deixando um lugar de destaque para a Bíblia.
- Preparar: saquinhos com sementes quantos forem os catequistas, vasilha com água, recipiente com terra e vela que serão apresentados no momento oportuno; a carta apostólica “Ministério Antigo”; algumas fotos relacionadas à catequese.
- Refrão meditativo: Jesus, tu és a luz dos olhos meus! * Jesus, brilhe esta luz nos passos meus seguindo os teus![1]
(Acendimento da luz)
- Acolhida
Animador(a): Que alegria estarmos juntos no Dia do Catequista! Celebremos jubilosos nossa vocação de semeadores do Reino, da boa-nova da alegria, do perdão e da justiça! Sejam bem-vindos(as). Invoquemos juntos nosso Deus:
- Hino de Abertura[2]
- Vem, ó Deus da vida, vem nos ajudar! (bis). Vem, não demores mais, vem nos libertar! (bis).
- Venham, adoremos a nosso Senhor (bis). Deus, criador da vida, Deus trabalhador! (bis).
- Tudo quanto fazes, tem sabedoria (bis). Nossa colheita é farta, ó quanta alegria! (introduzem-se os saquinhos com as sementes).
- Chuvas abundantes mandas lá do céu (bis) (introduz-se a água). Nossos trigais e roças, abençoas, Deus (bis).
- A Mãe terra boa, sempre vens regar (bis) (introduz-se a terra). As novas sementeiras vens abençoar (bis).
- Nossos catequistas, bons semeadores (bis) (introduz-se a vela). Luz, força e graça, dai-lhes em favores (bis).
- Glória ao Pai, e ao Filho e ao Santo Espírito (bis). Glória à Trindade Santa, glória ao Deus bendito! (bis).
- Aleluia, irmãs, aleluia, irmãos! (bis). Das mãos que hoje colhem, tragam louvação (bis).
- Recordação da Vida
Animador (a): Neste nosso encontro celebrativo, trazemos presentes, na memória e no coração, aqueles e aquelas que trilharam o caminho antes de nós e conosco, catequistas, amigos (as), irmãos (as) de caminhada, semeadores como nós. Lembremo-nos também de tantos terrenos, de tantos corações de catequizandos e catequizandas e suas famílias, que nos foram confiados para lançarmos neles as sementes da Palavra, da alegria do perdão e da justiça. Lembremos dos acontecimentos, das dores e vitórias da semeadura e das situações do nosso povo, necessitadas da força do evangelho para que floresçam e produzam frutos.
(Tempo para a memória. Algumas pessoas tomam um pouco de terra, as fotos da catequese e apresentam para o grupo e o animador convida o grupo a repetir:)
Todos: Sou catequista e sou semeador, lanço a palavra de paz e de amor. / Planto e rego e espero nascer quem faz crescer é o Senhor (bis).
- LEITURA BÍBLICA
- Animador (a): A Palavra de Deus é luz que ilumina a nossa vida e toda catequese a serviço da iniciação à vida cristã. Acolhamos a Palavra que chega em nosso meio cantando com alegria:
(Momento de Entronização da Palavra – durante o canto, quem vai proclamar entra com a Bíblia. Depois de proclamar o evangelho, coloca a Bíblia no lugar que foi preparado).
- Canto: Aleluia, aleluia, aleluia, aleluia, aleluia! (bis)
Semente é de Deus a palavra, o Cristo é o semeador; todo aquele que o encontra, vida eterna encontrou! Aleluia, aleluia, aleluia, aleluia, aleluia! (bis)[3]
- Proclamação do Evangelho de Mateus, capítulo 13, versículos de 1 a 9.
(Meditação – silêncio)
Animador(a): O que diz o texto? O que Jesus comunica ao povo e aos seus discípulos? Quais são as imagens presentes no texto? Quais palavras mais chamaram a atenção durante a leitura?
Em qual terreno nos encontramos? O que fazer para ser terra boa, que dá bons frutos? Temos dedicado tempo para o encontro com a Palavra? Que apelos a Palavra despertou em nosso coração? Quais compromissos queremos assumir como catequistas?
(Partilha)
- Canto:
-Toda semente é um anseio de frutificar e todo o fruto é uma forma de a gente se dar.
Põe a semente na terra, não será em vão. Não te preocupe a colheita, plantas para o irmão.
- Toda palavra é um anseio de comunicar. E toda fala é uma forma de a gente se dar.
- NOSSO LOUVOR
Animador (a): Ao Criador da Mãe Terra, que manda sol e chuva, vamos agradecer, cantando: Nós te damos, hoje e sempre, toda glória e louvor!
. Pela fertilidade da terra e pelas mãos que trabalham...
. Pelas sementes que brotaram e que deram fruto...
. Pela alegria de ver o resultado de nosso trabalho que se juntou com as forças da natureza...
. Pelos catequistas, disponíveis a servir na educação da fé, com seu testemunho de vida...
. Pelos catequistas que, apesar das dificuldades deste tempo de pandemia, continuaram perseverantes em semear a boa-nova...
. Pelos catequistas que, mesmo entre espinhos e pedras, souberam reencantar as pessoas por Jesus, sua mensagem e seu projeto de vida...
. Pelas famílias que, neste tempo de pandemia, se tornaram Igrejas domésticas e assumiram a educação da fé de seus filhos...
. Pelos catequizandos e catequizandas que, quais terrenos bons, deixaram a semente brotar e florir...
. Pelas comunidades eclesiais missionárias, pelos bispos e padres que, em tempos tão difíceis, semearam o bem, animaram o povo e valorizaram a missão do catequista...
. Pelo Papa Francisco que instituiu o Ministério do Catequista, reconhecendo a grandeza e a importância deste serviço para a Igreja e para o mundo...
(Louvores espontâneos)
Pai-Nosso
- ENVIO
Animador(a): Papa Francisco, em várias ocasiões, tem manifestado seu apreço pela missão dos(as) catequistas. Seu último gesto foi a instituição do ministério do catequista, com a carta apostólica “Ministério Antigo”, do dia 10 de maio de 2021 (Levantar a Carta e pedir uma aclamação).
Leitor(a) 1: Como bom semeador, o Papa Francisco sempre nos orienta para bem vivermos nossa vocação e recomenda que nosso coração, qual terra boa, deixe-se fertilizar a fim de que a Palavra seja fecundada e produza bons frutos.
Leitor(a) 2: Recomenda que para “sermos” catequistas é preciso que nosso coração pulse ritmado, em sístole e diástole, movimentos que permitem a entrada e saída do sangue. O catequista deixa o amor de Deus penetrar sua vida, pela experiência do encontro pessoal com o Senhor e, ao mesmo tempo, parte ao encontro com o irmão e a irmã para levar e transmitir este amor.
Animador(a): Depois de termos celebrado e rezado nossa vocação de semeadores da Palavra, somos, agora, enviados a partilhar as sementes. Convidamos os(as) catequistas a se aproximarem e renovarem seu sim generoso ao Senhor (Distribuir saquinhos com sementes para os catequistas e pedir que tragam para junto deles seus catequizandos(as) e visualizem as situações de urgência onde lançar as sementes).
- Para semear a Palavra de Deus nas comunidades rurais, urbanas, sítios e vilas de nossa arqui(diocese), paróquia e comunidades a quem enviaremos?
Catequistas: Eis-me aqui, Senhor! Eis-me aqui, Senhor! Para fazer tua vontade. Eis-me aqui, Senhor.
(Levantam os saquinhos com as sementes)
- Para lançar as sementes da Palavra nos meios virtuais, a quem enviaremos?
- Para ajudar os anciãos, os adultos, os jovens, os adolescentes e crianças a fazerem um encontro pessoal com a pessoa de Jesus Cristo. A quem enviaremos?
- Para educar na fé e formar comunidades eclesiais vivas, missionárias e samaritanas, a quem enviaremos?
- Para colaborar na construção de uma sociedade justa, solidária, tolerante e pacífica, a quem enviaremos?
- Animador (a): Amados e amadas catequistas, o Senhor nosso Deus nos chama e nos envia. Preparemo-nos para sairmos em missão como discípulos(as) missionários(as) e anunciar a Boa-Nova nas comunidades eclesiais missionárias, nas casas, nas praças, nos meios digitais e onde formos enviados. Que Deus nos inspire e nos ajude nesta missão.
- Todos: Amém.
- BÊNÇÃO
- Animador (a): O Deus, fonte de toda a vida, nos dê a sua bênção e a sua paz, agora e sempre.
- Todos (as): Amém.
- Animador (a): O Filho Bendito, que nos chama a serviço do Reino, nos ilumine e conduza.
- Todos (as): Amém.
- Animador (a): O Espírito Santo, doador do dom de sermos catequistas, nos guie hoje e sempre.
- Todos (as): Amém.
- Animador (a): Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
- Todos (as): Amém.
- Animador (a): Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.
- Todos (as): Para sempre seja louvado!
Canto de Envio[4]
- Eu não vivia a minha vocação. Eu não sabia o que meu Deus queria do meu coração. Eu não sabia do poder de Deus. Eu não sabia o que meu Deus queria deste mundo meu. Porém um dia o coração falou. E me mandou pras ruas a profetizar. Sei muito bem que ainda sou ninguém. Não sou profeta, mas vou semear.
Quem parte semeando, quem parte semeando. Quem parte semeando e a chorar ao voltar. Com sorrisos colherá, ao voltar com sorrisos colherá.
- Agora eu vivo minha a vocação. E sei também que pela minha frente existe muito chão. Eu sei agora do poder de Deus. Agora entendo o que meu Deus pretende deste mundo meu. Profetizar no meio dos irmãos. Lançar sementes e fazê-las despontar. E cultivar as flores em botão. Ir caminhando e sempre semear.
Quem parte semeando, quem parte semeando. Quem parte semeando e a chorar ao voltar. Com sorrisos colherá, ao voltar com sorrisos colherá.
ORAÇAÕ DO CATEQUISTA (Ir. Firmin Gainza, FSC)
“Senhor, quando nos mandas semear,
Transbordam nossas mãos de riqueza:
Tua Palavra nos enche de alegria
Quando lançamos na terra aberta.
Senhor, quando nos mandas semear,
Sentimos na alma a pobreza:
Lançamos a semente que nos deste
E esperamos incertos a colheita.
E nos parece que é perder tempo
Este semear em insegura espera.
E nos parece que é muito pouco grão
Para a imensidade de nossas terras.
E nos perturbas a desproporção
Do Teu mandato frente às nossas forças.
Mas a fé nos faz compreender
Que estás ao nosso lado na tarefa.
E avançamos semeando pela noite
E pela névoa matinal.
Profetas, pobres,
Mas confiantes que Tu
Nos usas com humildes ferramentas.
Glória a Ti, bom Pai, que nos deste
O Teu Verbo, semente verdadeira,
E pela graça do Teu Santo Espírito
A semeias conosco na Igreja.
Amém[1].
[1] Revista de Catequese, n.25, 1984, p.104.
[1] https://www.youtube.com/watch?v=qpCS0gucq6c (acesso à melodia do canto)
[2] https://www.youtube.com/watch?v=eC55HCijohw (a partir de 2:40, sugestão de melodia para o hino de abertura)
[3] https://musicasparamissa.com.br/musica/aleluia-dia-semana/
[4] https://www.youtube.com/watch?v=f4y0cdhtqMs (melodia do Canto de Envio – Pe. Zezinho. Paulinas Comep)
[5] Revista de Catequese, n.25, 1984, p.104.
Há quem tema o fim do mundo, se deixe esmagar pela certeza de que um dia todos deixaremos de estar aqui. Em momentos diferentes, mas todos vamos deixar este mundo.
Há quem desespere com essa verdade que parece impedir a esperança.
Talvez a verdade seja que a vida não é para adiar, é para cumprir, da melhor forma possível, sem nos perdermos em tempos que não são os nossos, que não podemos alterar. O passado e o futuro escapam-nos, e quando nos demoramos a pensar neles, perdemos o presente. O hoje. A vida.
É certo que o dia do fim chegará, e haverá um dia antes desse. E se nesses, como nos anteriores, tivermos sido mais fortes do que os medos que nos paralisam e do que os egoísmos que nos impossibilitam de sermos melhores, então, se tivermos tido essa coragem, a nossa vida foi felicidade, apesar de todas as dores.
O que podemos esperar depois do fim desta vida? Creio que tudo. Não somos capazes de compreender o porquê de tudo, mas somos inteligentes o suficiente para que nos seja evidente que o mundo e tudo o que há nele, visível e invisível, não são o resultado de uma explosão sem sentido. Até pode haver acasos, mas não será tudo um acaso!
Este mundo está cheio de sinais simples de que tem sentido.
O tempo passa e nós com ele. Como se a existência fosse um enorme palco onde todos são livres de escrever o seu papel. Um palco num comboio que vai parando para que uns entrem e outros saiam. As estações não são o nada, mas outro mundo.
As certezas que não temos não são mais importantes do que a fé que podemos ter.
A minha vida não é o mal que me acontece, é o bem de que sou capaz. Viver é acrescentar.
Que eu aprenda a estar atento ao que brota de novo em mim… e não é para mim!
Que hoje seja diferente, que haja mais luz no mundo e que uma parte brote de mim!
José Luís Nunes Martins
In: imissio.net 30.07.21
Imagem: pexels.com
Sugestão de Celebração do Dia do Catequista:
Assumir um Ministério é colocar-se a serviço!
PREPARAR O ENCONTRO
- Cada catequista deve levar para o encontro sua Bíblia, material para anotação e um avental (desses que usamos na cozinha).
- Pode ser preparado um pequeno altar para a Palavra de Deus, tendo como toalha da mesa um ou vários aventais, velas e flores.
- Seja convidada uma equipe de canto ou se tenha à mão um aparelho de som (pode ser o celular com uma caixinha amplificadora) com as músicas.
- No ambiente, preparar álcool em gel logo na entrada para a higienização de todos os participantes. Manter o espaço do encontro arejado e com o distanciamento necessário entre os participantes. Todos devem usar máscaras.
BOAS-VINDAS
Um dos catequistas coordenadores fica à porta do local acolhendo todos os catequistas que chegam.
Pode haver uma música ambiente para a acolhida.
Ao horário marcado, um dos membros da equipe de coordenação dirige uma palavra de boas-vindas a todos os participantes, agradecendo-os pela presença e pela possibilidade de reencontro presencialmente.
ESCUTA DA PALAVRA DE DEUS
Pedir que os catequistas marquem em suas bíblias os textos que serão lidos. Convidar três catequistas para fazer a proclamação.
Enquanto se canta, um catequista acende as velas do altar da Palavra
Canto: Eu vim para escutar...
Texto Bíblico 1: 1 Cor 12, 4-11
(Breve silêncio)
Texto Bíblico 2: 1 Cor 12, 28-31a
(Breve silêncio)
Texto Bíblico 3: 1 Ped 4, 10-11
(Breve silêncio)
Canto: Eu quero entender melhor...
Um catequista motiva os demais a fazerem eco da Palavra ouvida, repetindo em voz alta uma expressão ou versículo que lhes chamou atenção.
Em seguida a esse momento, pede para que sejam destacadas três expressões fortes dos textos que foram proclamados – ESPÍRITO – CARISMA/DOM – SERVIÇO.
Concluindo este momento, destacar...
É o Espírito que suscita em nós carismas/dons para serem colocados a serviço.
Para nós cristãos, nossas aptidões não são mérito pessoal, mas graça de Deus, dons que ele infunde em nós e que em nós florescem para que os coloquemos a serviço da comunidade e da sociedade. O Espírito gera pluralidade e não uniformidade. A união, a assembleia que é a Igreja é comunhão dos diferentes dons que o Espírito suscita.
Na Catequese essa pluralidade também se manifesta: catequistas, pais e padrinhos, ministros ordenados, religiosos, comunidade cristã, cada um, de acordo com seu dom é chamado a servir de um modo diferente nesse processo de educação da fé. A catequese não é propriedade exclusiva dos catequistas.
Nós catequistas recebemos do Espírito um carisma, um dom que colocamos a serviço da comunidade fazendo ecoar a Palavra de Deus. Todos somos catequistas. Não apenas catequistas “do Batismo”, “de Crisma”, “de Eucaristia”, “de Adultos”, “coordenadores”. Essas são as etapas, os grupos a que servimos, mas não esgotam nossa vocação. Assim como pai e mãe ora são pais de criança, de adolescente, de adulto, de idoso, mas sempre pais, nós catequistas somos sempre catequistas, servindo às realidades que o Senhor, através da Igreja, nos pede.
Canto: Que sejam um é o que eu quero mais...
REFLETIR A PALAVRA NA VIDA
A reflexão do encontro gira em torno de alguns elementos da Carta Apostólica sob forma de “Motu Proprio” Antiquum Ministerium. Quem coordena a reflexão pode seguir estes ou outros pontos, usando dos recursos disponíveis para sua explanação.
- Ministério
Algumas definições são possíveis:
- “serviço de homens e mulheres que, obedientes à ação do Espírito Santo, dedicaram a sua vida à edificação da Igreja” (Papa Francisco, AM 2)
- serviço – não é uma porta para privilégios, mas para se colocar à disposição
- de homens e de mulheres – realizado por humanos, com suas potencialidade e limitações; é aberto a todos, não só aos homens e nem só às mulheres
- obedientes à ação do Espírito – quem suscita o dom é Deus, não se trata de uma simples habilidade ou de uma grande ideia humana
- dedicaram suas vidas – o ministério não é exercido nesta ou naquela hora do dia ou da semana, mas sempre; uma vida ministerial, uma vida feita serviço
- à edificação da Igreja – a comunidade-Igreja é onde o ministério nasce e é a esta mesma comunidade que o dom é posto a serviço.
- “carisma em forma de serviço reconhecido pela Igreja” (Bruno Forte)
- carisma – dom doado pelo Espírito
- em forma de serviço – o dom frutifica em ação servidora
- reconhecido pela Igreja – é em nome da Igreja, com o reconhecimento da comunidade que esse serviço é exercido
- “compromisso dado pela Igreja aos fieis que desejam servir com responsabilidade” (Formação para catequistas – Arquidiocese de Pouso Alegre)
- compromisso – é algo exigente, sério, decorrente da missão recebida em nosso Batismo
- dado pela Igreja – o ministério não é “meu” ou “seu”; não são “meus” catequizandos, “minha” turma, “meus” catequistas; ministério não combina com personalismo, mas sim com ação em nome da comunidade
- aos fieis que desejam – o serviço do Senhor é uma proposta, um convite e não uma imposição; assumir um ministério não é um fazer porque não tenha quem faça ou servir porque não se tem escolha. Deus chama; a resposta vem do nosso querer
- servir com responsabilidade – não se trata de qualquer desejo, muito menos do desejo de autopromoção ou de status em troca de benefícios; é desejo de serviço responsável, com comprometimento, ou seja, com envolvimento, sentindo-se parte do processo evangelizador e não simplesmente alguém que faz um favor para Deus e para a comunidade.
- Ministério Laical
O papa Francisco ao instituir o ministério de catequista, sublinha que ele é um mistério laical. Mas o que isso quer dizer?
- “é necessário reconhecer a presença de leigos e leigas que, em virtude do seu Batismo, se sentem chamados a colaborar no serviço da catequese” (Papa Francisco, AM 5)
- reconhecer a presença de leigos e leigas – ser leiga ou leigo não pode mais ser compreendido como ser um cristão de categoria inferior ou superior aos ministros ordenados. Reconhecer o papel fundamental que o laicato exerce na vida da Igreja é de fundamental importância. Para tanto é preciso superar a mentalidade de que os leigos e as leigas são apenas substitutos na ausência ou escassez de ministros ordenados ou que são “donos permanentes” das comunidades em que vivem, delimitando toda a ação pastoral.
- em virtude do seu Batismo – o Batismo é a fonte de todas as vocações. Pelas águas do Batismo todos nos tornamos cristãos leigos; inseridos na vida de Cristo, nos tornamos seus discípulos missionários. Quem se reconhece como quem “é batizado” e não apenas como quem “foi batizado” abre-se ao chamado de Deus para uma missão.
- “A condição laical ajuda enormemente os catequistas a encarnar o Evangelho na vida concreta dos catequizandos” (Manual de Catequética do CELAM, p. 129)
- condição laical – a vida inserida nas diversas instituições da sociedade – família, trabalho, escola, política, cultura – faz dessas instituições terreno natural para o semear dos cristãos leigos e leigas. Essa condição laical de inserção social distingue e ressalta a importância de nos reconhecermos como vocacionados, chamados a ser “sal e luz” nesta terra e neste mundo.
- encarnar o Evangelho na vida concreta – a experiência laical do catequista, ou seja, sua vivência do Evangelho nas relações cotidianas no trabalho, na família, na vizinhança, no mundo da cultura e da política permite que ele
- seja um educador da fé que transmite o que vive e não apenas que ensina uma teoria intelectualmente compreendida. O catequista é chamado a mostrar que uma vida vivida segundo o Evangelho de Jesus é possível a todos.
- Ministério Laical de Catequista
Dentre os diversos ministérios, o ministério de catequista se distingue. Embora o serviço da catequese não seja exclusividade dos leigos catequistas, mas uma missão compartilhada com ministros ordenados, com a família e com toda a comunidade, o catequista exerce um ministério específico.
- “o Catequista é chamado, antes de mais nada, a exprimir sua competência no serviço pastoral da transmissão da fé que se desenvolve nas suas diferentes etapas: desde o primeiro anúncio que introduz no querigma, passando pela instrução que torna conscientes da vida nova em Cristo e prepara de um modo particular para os sacramentos da iniciação cristã, até à formação permanente que consente que cada batizado esteja sempre pronto ‘a dar a razão da sua esperança a todo aquele que lhe peça’ (cf. 1 Ped 3,15)”
- transmissão da fé que se desenvolve nas suas diferentes etapas – a educação da fé é processual; se dá no percorrer de um itinerário. Não é algo que acontece de uma hora para a outra, de forma apressada. É preciso investir tempo para que aconteça. Todas as diferentes etapas desse processo são catequese, assim sendo, catequista não é somente aquele que atua nesta ou naquela etapa, mas todos os que abraçam a missão de transmissão da fé ao longo desse itinerário. O catequista é acompanhante e pedagogo.
- primeiro anúncio – não podemos mais supor que todos conheçam realmente a Jesus e que já tenham feito sua experiência pessoal de encontro com Ele. É preciso apresentar Jesus e propor o seu seguimento, sem imposições ou muitos discursos, mas promovendo oportunidades para que o iniciando/catequizando se encontre com o Senhor. O catequista é testemunha da fé.
- instrução – a expressão “in” quando presente nas palavras de nosso idioma sempre quer trazer a ideia de algo que está ou deve ser posto dentro. A instrução na catequese não se trata apenas de colocar conhecimentos teóricos dentro da cabeça das pessoas, mas de colaborar para que, conhecendo as raízes e as implicações da fé, cada um se decida por se inserir no caminho do seguimento de Jesus e em seu Mistério, tornando-se, cada vez mais, um só com o Senhor. O catequista é mistagogo.
- formação permanente – a educação da fé não se esgota com a Iniciação. Como o próprio nome diz, a IVC é o princípio de uma caminhada na estrada de Jesus. O avançar na vida de fé vai exigindo de nós um igual avançar no processo de educação da fé. Deste modo, a catequese se faz formação permanente, uma vez que cada novo passo dado na vida é também um novo passo dado no caminho da fé. O catequista é mistagogo.
CELEBRAR O DOM DE SERVIR
Um dos catequistas faz a proclamação do texto bíblico do lava-pés (Jo 13, 1-15), interrompendo a leitura no versículo 4. Nessa interrupção, convida os participantes para que, assim como Jesus, coloquem o seu avental.
Quem coordena este momento ressalta que Jesus se reveste como um servidor, assume fisicamente o avental do serviço como sinal de toda sua ação servidora ao longo de seu ministério.
Ao som da música Jesus erguendo-se da ceia, os catequistas são convidados a formarem um grande círculo ao redor da Palavra ou diante do altar (caso estejam na igreja) e consagrar ao Senhor o seu ministério como autêntico serviço a Ele e aos irmãos.
Ao final da música, o catequista retoma a leitura do texto bíblico, interrompendo novamente no versículo 12, quando se menciona que Jesus vestiu novamente o manto.
Quem coordena destaca o fato de Jesus ter se revestido do manto, mas não ter retirado o avental. Jesus é Mestre (manto) servidor (avental). Não há nenhuma contradição nisso. Assim deve ser com o catequista; ensinar servindo e servir ensinando.
Por fim, o catequista conclui a proclamação do Evangelho.
Todos os catequistas retornam para os seus lugares e o(s) catequista(s) coordenador(es) serve(m) a todos um pedaço de bolo, (já preparado em porções individuais) ou um bombom para cada catequista, como agradecimento pelo SIM dado e renovado a este ministério.
Equipe Diocesana da Catequese – Diocese da Campanha-MG
20.08.2021
Amo-te porque na minha humanidade quiseste habitar.
Amo-te porque no Batismo da tua morte e ressurreição me tornaste filha do mesmo Pai.
Amo-te porque me deste a Igreja para que em comunidade a minha fé possa crescer.
Amo-te porque na Eucaristia te fazes presente para que do pão da vida possa comungar.
Amo-te porque sobre mim sopraste o teu espírito para que entusiasmada te possa servir.
Amo-te porque me perdoaste ainda antes de eu pecar.
Amo-te porque quiseste ser o meu Pastor.
Amo-te porque quando estava perdida deixaste tudo para ir ao meu encontro.
Amo-te porque foi tão grande a tua alegria por me veres como a minha por ser encontrada por ti.
Amo-te porque alivias o meu fardo sempre que se torna pesado demais para suportar.
Amo-te porque és a mão que se estende sempre que caio no chão.
Amo-te porque és o colo que me carrega quando já não consigo andar.
Amo-te porque na tua barca me deixas encostar a cabeça na tua almofada e descansar.
Amo-te porque és o porto seguro que deixa sempre a embarcação da minha vida atracar.
Amo-te porque experimentaste as bonanças e borrascas do mar do meu viver.
Amo-te porque acalmas as tempestades dos meus medos que me querem naufragar.
Amo-te porque és o farol que ilumina com doçura o meu navegar.
Amo-te porque me conduzes aos desertos da alma para me falares ao coração.
Amo-te porque o fazes transbordar de gratidão pelas maravilhas que vais fazendo em mim.
Amo-te porque me ofereces refúgio no teu sagrado coração.
Amo-te porque tu, Palavra feita carne, deixaste as respostas a tudo o que te viria a perguntar.
Amo-te porque com ela me recrias e renovas, me provocas e interpelas, desinstalando-me do conforto das minhas seguranças, certezas e ilusões.
Amo-te porque és o Deus das surpresas, do inesperado e do improvável.
Amo-te porque me desconcertas com o teu sentido de humor.
Amo-te porque és fiel mesmo na minha infidelidade.
Amo-te porque danças ao som das minhas contradições.
Amo-te porque na cruz deste sentido ao meu sofrimento.
Amo-te porque catárticas são as lágrimas que me dás a chorar.
Amo-te porque te serves da minha miséria para te glorificar.
Amo-te porque me amaste com um amor eterno muito antes de eu existir.
Amo-te porque na cruz do escândalo deste a vida por mim.
Amo-te porque me amas na nudez da minha verdade.
Amo-te porque prometeste que estarias comigo até ao fim.
Amo-te porque nunca ninguém me amou assim.
Amo-te porque me amaste primeiro.
Amo-te simplesmente porque sim.
Raquel Dias
In: imissio.net 7.08.21
A vida não é, desengana-te e desengana quem te faz sentir e acreditar que é, sobre tudo o que vais somando e que te fazem sentir que tens de somar. A vida não é sobre tudo o que vais cumprindo e que te fazem sentir que tens de cumprir. A vida não é sobre o tanto que vais correndo e que te fazem sentir que tens de correr. A vida... a vida é sobre o que te enche as medidas da alma e do coração, até transbordar. A vida é sobre o que dá vida.
A vida é sobre os abraços que se fazem casa segura. A vida é sobre as mãos que se entrelaçam e seguram a alma. A vida é sobre os olhares que contam os segredos mais bonitos. A vida é sobre os sorrisos que tocam em cheio no coração. A vida é sobre os beijos que curam as dores. A vida é sobre as dores de barriga de tanto rir. A vida é sobre as lágrimas que se secam com a magia da cumplicidade. A vida é sobre as palavras ditas com o coração e sobre os silêncios escutados com o coração. A vida é sobre as músicas que arrepiam os sentidos. A vida é sobre os sonhos que fazem voar. A vida é sobre olhar o céu cheio de lua e de estrelas. A vida é sobre os momentos que se imortalizam. A vida é sobre as almas que se abraçam. A vida é sobre os corações que se sentem. E que se abraçam também. A vida é sobre as tuas pessoas. A vida é sobre viver e ser com o coração. A vida é sobre os gestos que salvam. A vida é sobre tatuar o mundo com amor.
Desengana-te e desengana quem te faz sentir e acreditar que não: a vida é sobre o amor.
Daniela Barreira
In: imissio.net 21.06.21
Imagem: Henri Cartier Bresson
O mais certo é cada um e cada uma de nós acordar de manhã e entrar na rotina dos dias, sem muito tempo para pensar como vai e como pode acontecer a nossa vida.
Porém, muitas vezes somos surpreendidos e a vida é moldada por medos que entram dentro de nós sem pedir licença e sem data certa para se retirarem. Alguns, são reflexo do mundo em que vivemos e face a situações semelhantes pensamos que o mesmo nos pode acontecer e aí nasce o medo. Outros, são criações da nossa cabeça, em pensamentos que custam disciplinar. Muitas vezes já nem é das situações reais ou imaginadas por nós que nos escondemos. Escondemo-nos do próprio medo.
A verdade é que o medo pode tolher-nos a vida, desde os reais aos irreais, preenchendo – e muito – o tempo da nossa cabeça e fazendo-nos acreditar que a vida acontecerá de determinada forma, quando, muitas vezes, o seu alinhamento vai noutro sem que queiramos e consigamos ver, mas que no entanto é o mais positivo.
É aqui que entra a fé, essa senhora madura e que nos traz a serenidade necessária para podermos conviver com todos os acontecimento, previstos e não previstos, e tratar com cuidado e sabedoria os rasgões deixados pelos traumas criados pelo medo.
A vida não é isenta de tempestades, mas ainda assim, nestas precisamos de navegar com a firme certeza de que Alguém nos conduz e quer o melhor – só o melhor – para nós. Quanto tempo falta para a tempestade acalmar ou terminar? Não sabemos. Em períodos da vida, muitas vezes umas sucedem-se a outras sem que haja grandes tempos de grande bonança. Ainda assim, é a fé que nos move a remar com confiança e a saber que chegaremos a bom porto. É que esse Alguém que pensamos que nos espera do outro lado da tempestade, já rema conosco. E é a fé o que nos ajuda a colocar todos os acontecimentos em perspectiva.
Cristina Duarte
In: imissio.net 8.04.2021
Faleceu hoje Dom Juventino Kestering aos 74 anos. Morreu em decorrência da Covid-19.
Foi assessor nacional de catequese, era o bispo referencial da catequese no Regional do Mato Grosso.
Fez parte do GRECAT (Grupo de Reflexão Catequética nacional). Era um apaixonado pela Catequese!
Empenhou-se na formação de catequistas sua vida inteira, seja através de livros, artigos, cursos...
Participou da elaboração de vários documentos importantes da catequese no Brasil.
Demos Graças a Deus pela sua vida e por todo amor doado a Catequese!
Equipe do site
28.03.2021
A PEDAGOGIA DA FÉ NO PROCESSO DE CATEQUESE
Novo Diretório para a Catequese
O capítulo 5 começa falando da pedagogia divina que aparece na história da salvação. Ela está presente desde a narração relativa a Adão e Eva, símbolos da humanidade inteira, que foi criada para viver num paraíso e pode estragar o mundo de geração em geração, deixando sofrimento como herança, se fizer as escolhas erradas. Isso é uma história que precisa ser apresentada não como algo que se limita aos primeiros seres humanos mas que se aplica a todos nós em todos os tempos.
Essa pedagogia vai revelando Deus no meio de seu povo como Pai misericordioso, mestre e sábio, num processo que culmina no mistério da encarnação e na total entrega de Jesus por nós. Jesus veio para salvar mas também para nos mostrar como devemos comunicar a mensagem de Deus. Ele acolhia os que mais precisavam (dizia que são os doentes que precisam de médico), perdoava, sabia ouvir, provocava novas reações, revelava Deus às pessoas e cada pessoa a si mesma. A catequese tem que promover um clima de acolhimento e convívio que siga o exemplo do Mestre.
Para fazer isso apresentamos os fatos do Evangelho interpretando à luz de tais eventos as atuais situações do que acontece hoje na história humana, nas variadas condições de vida de cada pessoa. Por exemplo: na Bíblia, o órfão, o estrangeiro e a viúva são os grandes representantes dos desamparados. Hoje, como descreveríamos quem está em situações semelhantes de carência?
A mensagem cristã tem tudo a ver com o sentido da vida, a dignidade da pessoa e todos os aspectos do convívio social. Ao examinar cada fato temos que nos perguntar: o que Jesus faria diante dessa situação?
O conjunto do Diretório insiste na necessidade de apresentar o Evangelho como fonte de alegria. Cita um documento que seria bom que os catequistas conhecessem: Evangelii Gaudium (A alegria do Evangelho). Entre outras coisas, lá o papa Francisco nos diz: Anunciar Cristo significa mostrar que crer nEle e segui—Lo não é algo apenas verdadeiro e justo, mas também belo, capaz de cumular a vida de um novo esplendor e de uma alegria profunda, mesmo no meio das provações (EG 167). Ao ler essa parte do texto, me lembrei de uma experiência que vivi na década de 80, quando era supervisora de Ensino Religioso num distrito educacional do Rio. Tínhamos uma reunião obrigatória na sede da diocese todo mês. Numa dessas reuniões, o padre coordenador disse que iríamos nos confessar. Fiquei contrariada porque achei que eu é que tinha que decidir se precisava me confessar e, como achei que não precisava, decidi que ia cumprir a obrigação de estar na reunião sem participar desse sacramento. O padre nos propôs uma meditação em silêncio sobre uma pergunta: Quem já amou você com amor incondicional? Depois ele nos mostrou que assim era o amor de Deus, que nos valoriza e nunca desiste de nós; falou que, ao nos confessar, estávamos nos entregando a Deus e proclamando a confiança que nos vem desse amor incondicional, maior do que os nossos pecados. Aí, vivendo essa alegria, fui a primeira da fila no confessionário...
Outra necessidade pedagógica que o Diretório apresenta é: “a obra do catequista consiste em encontrar e mostrar os sinais da ação de Deus já presentes na vida das pessoas e, sem abrir mão deles, propor o Evangelho como força transformadora de toda a existência, à qual dará pleno sentido.” Na verdade, ter fé é também identificar a presença de Deus à nossa volta, tanto no que nos acontece e no que conseguimos realizar como na ação das pessoas que Ele coloca em nosso caminho e mesmo na natureza, sinal bonito da Criação. Aí me lembro de uma frase bem comovente de Anthony de Mello: “Se você olhou a árvore e viu o milagre, finalmente você conseguiu ver a árvore.” Se olhássemos desse jeito o que nos cerca (céu, pássaros, nosso planeta, estrelas, o ar que respiramos, pessoas e tantas outras obras de Deus...) nos sentiríamos o tempo todo mergulhados nesse amor milagroso e cada dia teria um significado mais profundo. Uma atividade catequética bem produtiva seria criar o hábito de identificar o que Deus já colocou em nossa vida. Desse jeito se alimentaria uma espiritualidade de oração permanente, de interpretação do que vivemos a partir dessa presença amorosa do nosso Deus, que é Pai, Criador, Salvador e Fonte de graça que nos torna capazes de construir o bem.
No capítulo 6 o tema do Diretório se liga ao Catecismo da Igreja Católica, apresentado como referência básica, uma síntese da doutrina. Como texto oficial, é um material de consulta, instrumento importante para se ter uma catequese que divulgue o que a Igreja de fato quer comunicar, evitando equívocos. O Diretório indica até uma função especial do Catecismo no diálogo ecumênico, dizendo que ele “precisamente por considerar a Tradição católica, pode promover o diálogo ecumênico e pode ser útil a todos aqueles, mesmo não cristãos, que desejam conhecer a fé católica.” É bom lembrar que, no diálogo ecumênico, os católicos precisam conhecer bem o que sua Igreja ensina, para apresentá-la sempre num diálogo respeitoso diante da diversidade, mas sem deturpações.
Como 4 pilares da catequese o Diretório aponta: a profissão de fe (conteúdo do Credo), a liturgia (os sacramentos), a vivência do discipulado e a oração cristã (com destaque, é claro, para o Pai Nosso).
Pensando em tudo isso, podemos fazer nossa avaliação:
Que imagem de Deus está sendo comunicada em nossa catequese?
Nossa pedagogia combina com a de Jesus?
Nosso contato com Deus é fonte de alegria?
Sabemos viver mergulhados na presença de Deus, em tudo que nos cerca?
Como entendemos o ecumenismo que faz parte do que a Igreja nos pede?
Therezinha Motta Lima da Cruz
Imagem: formação de catequistas(Centro Loyola BH)
23.11.2020
OS CATEQUISTAS E A SUA FORMAÇÃO
Diretório para a Catequese
Os capítulos 3 e 4 do Diretório estão voltados para a pessoa e a formação do catequista. Um primeiro destaque é dado à importância do testemunho de vida, indispensável para a credibilidade da missão. Aliás, isso seria válido para qualquer tipo de comunicação. Se dizemos alguma coisa e depois isso não corresponde ao nosso estilo de comportamento, quem vai nos levar a sério? Na verdade comunicamos mais através daquilo que somos do que daquilo que dizemos. Como poderíamos, por exemplo, falar de fraternidade, amor ao próximo, acolhimento se não nos interessarmos pessoalmente pelas condições de vida e necessidades de cada catequizando?
O concílio Vaticano II já havia dado uma orientação importante na constituição Gaudium et Spes sobre a solidariedade que devemos ter com com todos: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo. Não se encontra nada verdadeiramente humano que não lhes ressoe no coração’’ (GS 1) É claro que a vivência de uma espiritualidade assim tornaria a catequese muito mais construtiva e convincente, através de um relacionamento iluminado pelo próprio amor que Deus quer ver entre nós.
O Diretório fala do papel de cada tipo de vocação na catequese: bispos, presbíteros, diáconos, religiosos consagrados, leigos, pais, padrinhos e madrinhas, avôs e avós. Cada um a seu jeito tem uma contribuição importante a dar. Leigos, por exemplo, estão mais próximos das condições de vida da maioria dos catequizandos. Muitos até viveram experiências desagradáveis mas que podem se tornar uma ajuda para outros que estão em situações semelhantes. Aí penso no que eu mesma vivi. Fui filha de pais separados, cresci assustada com a atitude de rejeição que meu pai e minha mãe viviam. Sofri bastante com isso. Mas reconheço que assim fiquei bem mais preparada para acolher, ajudar, dar boas orientações e esperanças a casais e crianças que estavam atualmente vivendo algo parecido.
A formação dos catequistas é um processo permanente e amplo que, além do conhecimento bíblico e doutrinário, passa também pelas experiências de vida que, bem compreendidas e colocadas diante de Deus, levam a uma capacidade maior de dialogar, acolher, ter compaixão e respeito pelo que outros estão vivendo. Isso é missão do catequista, mas também da comunidade como um todo.
Ao tratar das dimensões da formação do catequista, o Diretório destaca quatro aspectos importantes. A formação deve preparar o catequista para:
- Ser - o catequista precisa ser amadurecido como pessoa, como fiel e como apóstolo. A pessoa que somos comunica mais do que qualquer tipo de explicação.
- Saber ser com - aí se trata da maneira de se relacionar com as pessoas, sabendo ouvir, acolher , dialogar, ser companheiros.
- Saber - conhecer bem a mensagem que vai ser comunicada, sem deixar de estar em processo permanente de aprendizagem.
- Saber fazer - empregar metodologias adequadas que levam a um trabalho criativo, interessante, sempre fiel ao conteúdo da mensagem cristã.
Para viver tudo isso é claro que os catequistas precisam também “aprender a aprender” diante das realidades da vida, das metodologias e dos materiais que ajudam a aprofundar a evangelização. Estando cada vez mais preparados para apresentar a história da salvação de maneira vital, com esperança, fidelidade e entusiasmo, ajudarão outros a se sentir parte dessa história, tendo Jesus como companheiro de caminhada.
A uma primeira vista, pode parecer que estaríamos exigindo demais de quem se dispõe a ser catequista. Mas, como dentro desse processo quem se prepara para ser catequista vai logo receber algo que vai enriquecer sua vida, o que se está propondo, mais do que uma obrigação, é um presente valioso.
Como vamos agradecer a Deus por ter nos chamado para algo tão gratificante?
Therezinha Motta Lima da Cruz
Imagem: pexels.com
23.11.2020
PENSANDO NA IDENTIDADE DA CATEQUESE (Novo Diretório para a Catequese)
O segundo capítulo do Diretório destaca a identidade da catequese.. Começa lembrando a importância do anúncio centrado no mistério pascal de Jesus (o querigma). Isso deve ser trabalhado de modo a provocar a descoberta da beleza do Evangelho. Catequese com conversa desanimada não funciona.
Mas a catequese não é um aspecto isolado da vida da Igreja, ela se relaciona com o conteúdo social e todas as outras dimensões da vida humana. Por isso se tornam presentes as dimensões das outras pastorais. O catequizando está sendo preparado para ser Igreja, ligando-se a tudo que é importante para a vida humana, já que Jesus veio para que todos tivessem mais vida, num sentido bem amplo.
O novo Diretório valoriza a inspiração catecumenal mas lembra que isso não significa que sempre se seguirão ao pé da letra todos os detalhes e condições do que está proposto para o catecumenato, que pode ser adaptado de acordo com as legítimas condições dos participantes. Isso é importante para não acabamos excluindo pessoas que, por válidas questões particulares, acabariam sendo rejeitadas em vez de acolhidas.
O Diretório destaca como elementos principais a serem tratados nesse processo:
- caráter pascal (centrado na oferta de Jesus por nós, sua vida, morte e ressurreição)
- caráter iniciático (que leva o catecúmeno a uma nova identidade como membro da Igreja)
- caráter litúrgico, ritual, simbólico (que leva a um envolvimento nas celebrações)
- caráter comunitário (a comunidade faz parte do processo, acolhe, testemunha, propõe ações concretas)
- progressividade na formação (centrada no primeiro anúncio, temos uma mensagem que se retoma sempre, de diferentes maneiras, e se vai aprofundando, sendo luz para todos os aspectos da vida humana.)
Assim, teremos uma catequese permanentemente ligada à Sagrada Escritura, à liturgia c aos sacramentos e também à caridade e ao testemunho de vida. É importante perceber que Deus nos fala ainda hoje através da Criação que contemplamos e da história humana que nos cerca (com aquilo que nos faz louvar ao Senhor e com o que representa o apelo que Ele nos faz para corrigir injustiças e amar ao próximo).
Esse capítulo traz uma ideia interessante, que pode gerar boas atividades e reflexões na catequese: diz que as bem-aventuranças são o bilhete de identidade dos cristãos. Após a leitura de Mt 5,1-12, podemos conversar sobre o significado mais profundo de cada bem-aventurança e descrever situações que fariam parte da vida de quem assume esse tipo de “cartão de identidade”. Por exemplo: pobres de espírito seriam os mais humildes, não vaidosos nem dominados pela idolatria do dinheiro. Os que choram seriam os que sofrem e se sentem consolados por Deus mas também os que se comovem com os sofrimentos do próximo. Sempre que leio essa bem-aventurança me lembro da cena de um seriado americano (E.R.) ambientado num hospital de pronto socorro, que era assim:
Uma enfermeira estava estreiando no pronto socorro, transferida de uma maternidade. No seu primeiro tipo de atendimento, uma senhora morreu nos seus braços.. Ela se desesperou e saiu chorando para o terraço do hospital. Um médico foi atrás dela querendo entender e ajudar. No meio das lágrimas, ela disse que não estava acostumada com pacientes que morrem, a maternidade de onde viera era um lugar de alegria, de nascimentos . O médico então lhe disse que tinha para ela duas notícias: uma ruim e outra boa. A ruim era: você nunca vai se acostumar, sempre que alguém morrer você vai sofrer. Mas a boa era: você nunca vai se acostumar porque você sempre vai ser uma boa pessoa e seu coração nunca vai se endurecer, indiferente diante do que atinge a outros.
Depois podemos imaginar como seria uma “Feliz Cidade” onde todos tivessem atitudes, sentimentos, palavras e atos de verdadeiros cristãos.
Chamamos, com razão, a Bíblia de Palavra de Deus. Ouvindo bem essa Palavra e tendo-a sempre presente vamos perceber que Deus continua falando hoje, sua Palavra é para ser percebida em tudo que Ele criou e na história que cada um de nós vive. As celebrações aprofundam esses sentimentos e nos ajudam a perceber o que Deus está nos dizendo através dos fatos que vivemos. Para isso é preciso educar a sensibilidade dos fiéis para identificarem como funciona essa linguagem também na vida através de gestos e sinais. Há um elo que deve ser bem trabalhado, que une a liturgia e a responsabilidade missionaria e fraterna dos cristãos. Seria bom também refletir sobre as palavras que ouvimos no final de cada missa: “Vamos em paz e que o Senhor nos acompanhe.” Ou seja: o encontro com Jesus não termina no final da missa, não nos despedimos deixando-o isolado no sacrário. Se o recebemos, Ele vai estar e se comunicar conosco em todos os lugares e situações. Vale a pena refletir sobre essa presença amiga, orientadora, salvadora, que vai fazer de nós pessoas melhores.
Therezinha Motta Lima da Cruz
05.11.2020
O novo Diretório mostra a fé como algo que sempre necessita de amadurecimento, que vai se aperfeiçoando à medida que vai sendo vivida. Então, catequese não seria um “curso” com começo, meio e fim. Aliás, nada na vida está completo, tudo pode e deve ir sendo enriquecido pelas nossas experiências. Somos novas edições revistas de nós mesmos a cada dia.
Esse desenvolvimento pode ser impulsionado quando nos sentimos bem apoiados por companheiros que que nos valorizam e nos dão testemunhos construtivos de vida. E esse acompanhamento não é para ser feito só pelo catequista, mas pela comunidade inteira. Ser evangelizado inclui se sentir parte de uma família que nos acolhe e nos mostra boas oportunidades de crescimento no caminho de Jesus
A catequese está ligada à liturgia e à caridade. Celebrando, expressamos e alimentamos os sentimentos que nos ligam a Jesus. É como um círculo que não para de girar, não tem fim: cremos e por isso celebramos; celebrando alimentamos a fé; essa fé bem alimentada nos leva a celebrar de novo. E aí caminhamos num processo que nos faz estar cada vez mais unidos a Jesus. A caridade é a expressão bem coerente de nossa adesão ao Mestre. Foi Ele que nos disse que tudo que fizermos aos mais pequenos e necessitados é a Ele que estamos fazendo. Esse amor ao próximo também se manifesta na maneira de nos relacionarmos com todos. Pensando nisso, vemos que a catequese não é um sistema de ensinamento frio, em que vamos cobrar simples conhecimento de doutrinas; é a experiência de um novo modo de viver como parte da família humana.
A Revelação de Deus que vamos comunicar é o desejo do Criador para que vivamos como construtores de fraternidade e felicidade. Não há notícia melhor do que o que Deus anunciou em Jesus. Ele quer que todos sejam salvos, desenvolvendo sempre mais os dons que sua graça nos concede. Por isso temos que trabalhar a auto estima de cada pessoa, que não é vaidade, orgulho ou pretensão, mas é a consciência de termos sido criados por um Pai que faz boas obras e nos olha com muita esperança. Esse seria um tema a ser abordado também como preparação para o sacramento da Confissão, que é uma entrega confiante ao amor desse Deus que nunca desiste de nós. É sabendo que somos filhos de um Criador sábio e amoroso que cada um vai se animar e vai ser melhor a cada dia. O perdão de Jesus foi (e continua sendo) sempre um estímulo para escolher um caminho mais construtivo. Para comunicar isso temos que desenvolver uma catequese que não seja só uma cobrança de conhecimentos, mas leve cada um ao desejo de corresponder cada vez mais ao que Deus nos dá capacidade de fazer.
O clima será de convívio fraterno, valorização mútua e disposição para estar a serviço do bem de todos.
A Igreja começa evangelizando a si mesma, já que só sendo bem fiel a Jesus pode ser coerente em seu anúncio. A vida da Igreja na comunidade tem que ser um sinal do bem, da fraternidade que Jesus quer ver entre nós, com todos ligados por um bonito amor fraterno.
No seu primeiro capítulo o Diretório fala de características importantes para uma boa catequese:
1. Reconhecer os sinais do bem e da presença de Deus nas pessoas
2. Ter um diálogo respeitoso, que valorize o outro
3. Relacionar a catequese com os ritos litúrgicos, as obras de caridade e a experiência de fraternidade
4. Anunciar a boa nova sem excluir ninguém, não como uma obrigação mas como quem proclama uma alegria
5. Ser sinal de uma Igreja em saída missionária
6. Destacar a misericórdia de Deus, que quer salvar a todos
7. Mostrar uma Igreja em diálogo com o mundo, a cultura e as ciências.
Pensando nessas orientações podemos avaliar e planejar melhor a nossa catequese:
- Esses aspectos que o Diretório aponta estão presentes e são valorizados em nossa catequese e na comunidade?
- O que precisaria ser melhorado? O que já funciona bem e até pode ser ampliado?
- Como preparamos catequistas e a comunidade para esse tipo de testemunho?
- Em nossa vida particular, como cultivamos essas atitudes?
- O que significa para nós ser catequista?
Therezinha Motta Lima da Cruz
01.10.2020
Recentemente o Vaticano nos mandou um novo Diretório para a Catequese. Ele retoma orientações que já eram conhecidas na formação dos catequistas. Insiste em considerar a situação atual em que vivemos e a necessidade de termos uma comunicação adequada às necessidades e à compreensão de cada pessoa.
São tópicos destacados na apresentação do texto:
- Tornar o Evangelho de Cristo sempre atual: Faríamos isso perguntando, como está proposto na leitura orante da Bíblia: “o que esse texto diz para nós hoje?” Aí teríamos que nos acostumar a fazer “viagem no tempo”, vendo como nos sentiríamos se ouvíssemos a mensagem na época em que foi escrita e percebendo quais seriam as situações correspondentes hoje.
- Ter um método adaptado às necessidades do nosso tempo e à índole, às capacidades, à idade e às condições de vida de cada ouvinte. Isso evidentemente exige algo mais do que uma “aula”; é preciso dialogar, conhecer bem cada catequizando e apresentar o Evangelho como uma proposta que vai possibilitar uma vida mais construtiva, interessante, onde cada pessoa se sinta acolhida, valorizada, amada por Deus.
- Uma catequese que não pode se isolar do contexto histórico e cultural . O texto fala muito de “inculturação” da catequese. Quando ouvimos essa palavra em geral pensamos na catequese que tem que se adaptar a indígenas, pessoas de outros países, grupos mais isolados do conjunto em que estamos acostumados a viver. Isso deve ser feito, é claro. Mas, ao falar de inculturação, o texto está chamando a atenção também para a própria cultura e a história em que vivemos. O nosso ambiente cultural tem recursos , questionamentos, hábitos, vantagens e problemas que a catequese precisa considerar. O que acontece na televisão, nas redes sociais, na música e nas outras artes de cada tempo e lugar precisa ser considerado, tanto como parte do conteúdo a ser trabalhado como um conjunto de recursos pedagógicos que podem enriquecer a nossa comunicação (se forem bem usados, é claro). Ao ler essas observações fiquei lembrando do meu animado companheiro e querido amigo frei Bernardo Cansi, falecido há tantos anos, que gostava de ser retratado com a Bíblia em uma das mãos e o jornal na outra. Hoje talvez , além do jornal, ele colocasse um smart fone...
- Na apresentação do Diretório são mencionados dois documentos que falam da missão evangélica da Igreja: Evangelii Nuntiandi e Evangelii Gaudium (do papa Francisco, onde ele diz : eu sou uma missão nesta terra e para isso estou no mundo. É preciso nos considerar marcados para a missão de iluminar, abençoar, vivificar, levantar, curar, libertar...). Dá para perceber aí a proposta de uma catequese feita com alegria, entusiasmo, fraternidade e intimidade com Jesus. É um ardor missionário que precisamos viver e comunicar.
- Outro grande destaque é o foco no anúncio básico principal (o chamado “querigma”) que ilumina todo o resto da nossa missão catequética: o centro de tudo é Jesus, sua presença salvadora. Tudo tem que estar ligado a essa mensagem central, que nos faz mudar de vida animados por essa presença que dá novo sentido a tudo. O permanente encontro com Jesus é fundamental.Aí dá para lembrar o refrão daquela linda canção “A barca”: Senhor, tu me olhaste nos olhos/ A sorrir pronunciaste meu nome/ Lá na praia eu deixei o meu barco/ Junto a ti buscarei outro mar. Afinal, encontrar Jesus é uma experiência nova, transformadora, poderosa e especial.
- Um objetivo que se deseja é santidade, não como algo destinado a uns poucos e sim um alvo que todos podem e devem buscar. Então o Diretório ilustra isso com um texto bonito do papa Francisco: Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra. És uma consagrada ou um consagrado? Sê santo, vivendo com alegria a tua doação. Estás casado? Sê santo, amando e cuidando de teu marido ou da tua esposa, como Cristo fez com a Igreja. És um trabalhador? Sê santo, cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho ao serviço dos irmãos. És progenitor, avó ou avô? Sê santo, ensinando com paciência as crianças a seguirem Jesus. Estás investido de autoridade? Sê santo, lutando pelo bem comum ... (Gaudete et Exsultate )
O conjunto do texto do Diretório é um convite a uma catequese em que ensinamos e aprendemos, aprofundamos o convívio com Jesus e com os irmãos que estão à nossa volta, vivemos a emocionante aventura de ajudar a construir um mundo melhor. Isso vai exigir uma preparação especial e contínua? Com certeza! Mas é uma construtiva e emocionante caminhada que vai valer muito a pena.
Therezinha Motta Lima da Cruz
29.08.2020
A alegria é apenas uma parte da vida, por muito que alguns tentem convencer-nos de que a sua existência é apenas feita de bons momentos.
Ser humano é ser de carne e osso. A vida que queremos parece que passa o tempo a fugir-nos, e enquanto perseguimos o que sonhamos a cada dia há tropeços e quedas. Vamos absorvendo esses sofrimentos que fazem parte de qualquer caminho, até que, num inesperado momento, temos de os enfrentar no íntimo. Sussurramos e gritamos com a tristeza que nos abraça o coração.
O mundo de hoje pressiona-nos a estar sempre felizes, ou pelo menos a parece-lo Uma pressão forte e constante para que apenas consideremos o lado positivo de tudo. Ora, o mundo é muito mais do que as cores da alegria, há tempos e lugares onde a tragédia vive e cresce…
A minha felicidade tem de integrar os momentos em que, de forma inesperada, uma aflição vaga, sossegada e profunda chega, fazendo com que deixemos de encontrar gosto e diversão nas coisas comuns. E é nesses terrenos inexplorados que devemos procurar as belezas raras que não existem senão nos vales mais profundos da condição humana.
Há caminhos para o alto! Mas é preciso procurá-los e reconstruir as partes que se estragaram por falta de uso.
A tristeza eleva-nos, na medida em que nos desvia o olhar do inútil e nos faz ver o importante.
Hoje, as grandes conquistas são as de coisas, o sucesso material… Não se valoriza quem enfrentou os seus pesadelos e alcançou a paz. Como se isso não fosse o mais importante. Quanto valem todas as riquezas para quem se perdeu a si mesmo de modo a alcançá-las?
É possível que eu impeça o meu coração de sentir tristeza, mas isso tem um custo: estarei a desligar-me de todas as outras emoções, boas e más. Só pode ser feliz quem permite a si mesmo sentir todos os sentimentos.
Sem tristeza própria, não posso compreender nem ajudar na tristeza de quem quer que seja… E, sem amor, ninguém é feliz, nem sequer fica perto!
Ainda que a minha história seja um mar de infortúnios, acredito que há e haverá sempre algo que me ultrapassa e justifica a minha vida.
Uma alma triste não deixa de ser nobre, muito pelo contrário.
E quando é tempo de paz e alegria, ninguém voa mais alto do que aqueles que aceitam a vida tal como ela é: longa, larga, profunda e tão alta que chega ao céu.
Há uma certa doçura na tristeza que revela a nossa fragilidade autêntica, mostrando-nos, a nós mesmos e aos outros, como verdadeiros. Tristes, mas inteiros.
Que a tristeza não nos faça mentir e criar falsas aparências de sucesso e alegria. Que não nos feche em nós e assim nos impeça de amar e de ser amados.
Celebrando o dia do Catequista, desejo expressar a alegria de percorrer esse caminho do anúncio da Palavra de Deus, juntamente com vocês. A cada ano que passa vamos aprimorando nosso saber e o saber fazer catequético. Esse ano se tornou exigente para todos nós catequistas. Ele nos tirou do comodismo, da rotina e nos possibilitou um aprimoramento dos nossos saberes. Quanta riqueza, quantas criatividades foram se manifestando e se expandindo até chegar a lugares antes não alcançados. Nesse tempo de isolamento, mesmo diante das dificuldades e conhecimentos sobre as redes digitais, a Palavra foi partilhada, a fé vivenciada e experimentada. Foi possível chegar perto de tantas outras catequistas, através das lives, conhecer seus trabalhos e nos atualizarmos com várias experiências e formações. Um tempo não desejado, mas quando entra na história, vem fazer parte da realidade. É nele que vamos continuar a caminhada, renovando, recriando, reinventando para fazer chegar o anúncio de Jesus Cristo a todos os lugares e às famílias. Podemos dizer como Paulo: Vamos fazer chegar a Palavra de Deus até os confins da terra, através das redes digitais.
Nesses momentos difíceis e mesmo percebendo vários obstáculos à nossa frente, está sendo possível caminhar e nos manter na luta para conseguir vencer as batalhas. Podemos nos lembrar aqui do profeta Elias: O caminho é longo, temos muitas coisas a enfrentar, mas vamos em frente, pois a presença de Deus conosco é constante. Deus em sua misericórdia e profundo amor por nós, continua enviando recursos para nos estabelecer em sua presença. Quanto ao tempo, este pertence a Deus. É só irmos caminhando, realizando nossas tarefas de ser catequista, deixando-se guiar pelo Espírito Santo. A vitória é certa.
Podemos também lembrarmos o livro de Eclesiastes, que nos ensina que tudo tem seu tempo determinado. Há tempo para tudo: para nascer e morrer, chorar e rir, entristecer e alegrar. Há tempo para todo o propósito debaixo do céu. O tempo nos ensina a esperar e amadurecer como pessoas. Assim, vamos vivendo o tempo, vamos cuidando de nossos catequizandos e catequistas. Vamos aguardar o tempo propício para a retomada das catequeses. Enquanto isso, vamos gastar o nosso tempo vivendo nossa vocação de catequistas e realizando nossa missão junto aos catequizandos. Vamos colocar o nosso agir cristão na prática da justiça, da misericórdia e na fidelidade ao projeto de Deus.
Mas quem são os catequistas?
Somos todos chamados à vocação. Todos os batizados que constituem uma comunidade e respondem ao chamado de Deus, comprometendo-se com o Reino. Cada um na sua função específica. No ministério da catequese, o primeiro catequista é o Bispo, depois o presbítero, como primeiro colaborador do Bispo. Os presbíteros discernem e promovem a vocação e o serviço dos catequistas. Temos o diácono, os consagrados e os catequistas leigos, estes mediante sua inserção no mundo, oferecem um precioso serviço à evangelização: sua própria vida como discípulo de Cristo é uma forma de anúncio do Evangelho.
Mas quem é a pessoa do Catequista?
O Catequista é uma pessoa de fé, em busca de uma profunda espiritualidade sustentada pela Palavra e vida de oração, alimentada pela Eucaristia. É alguém que integrado na comunidade, conhece bem sua história e suas aspirações e sabe animar e coordenar a participação de todos. (CR 144). Por isso deve ter plena consciência de que, como Igreja que é, atua, fala e age em nome dela. E a exemplo do Mestre Jesus, deve se esforçar para adquirir um perfil de servidor da comunidade.
Agradecemos a todos vocês catequistas que vêm dedicando suas vidas ao serviço do Reino de Deus, anunciando a Palavra, se colocando no seguimento de Jesus e ajudando os catequizandos a serem conduzidos para o mistério da nossa fé, o Mistério Pascal. Cada vez mais vive-se o amor, um amor exigente, mas que se torna cada vez mais forte a Cristo e ao irmão. Um amor que dá a direção: colocar-se a serviço do desígnio salvífico de Deus em favor da humanidade.
Falar de desígnio de Deus é falar de algo que vai além de um desejo simples, pois são as disposições do Senhor. Seus planos projetos e propósitos de amor para nós. Fazer essas disposições chegar até às pessoas e ajuda-las fazer a experiência do encontro pessoal com Jesus Cristo, educando-as na fé e à missão de iniciar à vida cristã. Ter o compromisso de levar até às pessoas a beleza da Sagrada Escritura, que tem Deus como fonte de todo esplendor e beleza, e os evangelhos onde toda a beleza se concentra na pessoa de Jesus Cristo, revelador de Deus e resplendor da glória do Pai, a expressão do seu ser” (Hb 1,3). São Evangelhos fascinantes.
Neuza Silveira de Souza
Comissão Bíblico-Catequético do Regional Leste 2
Brasília - DF, 27 de agosto de 2020.
Caríssimos (as) Catequistas do Brasil
Mais uma vez estamos a celebrar o Dia do (a) e da Catequista. E outra vez tenho a alegria de lhe manifestar, em nome da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a gratidão da Igreja por sua vocação, por seu serviço, por seu ministério, por sua fé partilhada. Talvez nunca sejamos suficientemente gratos àqueles (as) que oferecem do seu tempo, dos seus afetos, dos seus dons, para partilhar com os (as) catequizandos (as) a fé que receberam e os encantos da amizade com Jesus Cristo.
O tempo lhe ensinou, querido (a) Catequista, que a Catequese não é apenas uma função a desempenhar. Para apresentar certas verdades parece bastar competência pedagógica. Mas quando se trata de apresentar uma pessoa, mais ainda, quando se trata de transmitir o amor de alguém, então é preciso muita intimidade. Intimidade com o Senhor Jesus e afeição aos catequizandos. Com o Senhor se trata de Vocação. Com os catequizandos se trata de Missão. Nestas duas realidades o Espírito Santo esteve lá.
Recorda de sua experiência vocacional? Nestes tempos de pandemia sentiu saudades deles, os catequizandos? O Espírito Santo continua a lhe “inquietar” o coração. Ele é capaz de tornar fecundas até as lágrimas que a missão suscita.
Com muito respeito e afeto quero lhe recomendar muito zelo por sua espiritualidade. A “Catequista de Nazaré” pode lhe ajudar muito a compreender que catequese não é apenas um modo de fazer. É, antes, um modo de ser. De fato, Catequese não é possível sem a ação do Espírito Santo. Técnicas pedagógicas, personalidades cativantes nunca substituem o “mestre interior”, o Espírito de Deus. Por isso mesmo gostaria de enfatizar: seja orante. Seja orante servindo-se da Palavra. E suas palavras serão pronúncia viva da ternura de Deus pelos seus catequizandos.
Termino dizendo-lhe, mais uma vez, que o episcopado brasileiro louva a Deus pelos (as) Catequistas deste nosso Brasil. Até o seu silêncio orante faz ecoar da voz do Senhor.
Com muito carinho,
Dom José Antônio Peruzzo
Arcebispo de Curitiba - PR
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a
Animação Bíblico-Catequética
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