O mundo não é cor-de-rosa.
Insistem em repetir-me, às vezes, como quem tenta acordar-me para a realidade. Como quem quase parece tentar acusar-me de não ver bem. De só ver o lado bonito. Como se o lado bonito fosse o lado errado. E como se continuar a acreditar fosse sinónimo de fragilidade, de ilusão.
O mundo não é cor-de-rosa.
Eu sei. Eu também vejo. (Eu sei tanto.)
Mas eu também sei que é quando o mundo está cinzento, que um gesto de amor, mesmo o mais pequenino, lhe dá mais cor: É quando o mundo está cinzento, que um abraço que acolhe lhe dá mais cor. É quando o mundo está cinzento, que uma mão que se estende lhe dá mais cor. É quando o mundo está cinzento, que um sorriso do coração lhe dá mais cor. É quando o mundo está cinzento, que um olhar do fundo da alma lhe dá mais cor. É quando o mundo está cinzento, que uma presença que conforta lhe dá mais cor. É quando o mundo está cinzento, que alguém que faz sorrir lhe dá mais cor.
É quando o mundo está cinzento, que um gesto de amor lhe dá mais cor.
O mundo não é cor-de-rosa. Eu sei.
Mas eu também sei que é quando o mundo está cinzento, que faz tanta falta ver o lado bonito. E que é quando o lado bonito já não se vê, que faz tanta falta nós sermos esse lado bonito. Fazê-lo existir. Ser esse gesto de amor. E dar mais cor ao mundo. Todos os dias.
(Afinal, não é para isso que cá andamos?)
Talvez, um dia, continuar a acreditar possa voltar a ser sinónimo de força, de milagres a acontecer. De verdade. E de mais cores bonitas tatuadas pelo mundo.
Daniela Barreira
In: imissio.net 19.09.22
imagem: pexels.com
Brasília - DF, 22 de agosto de 2022
Carta aos Catequistas
Querido Catequista!
Querida Catequista!
Mais uma vez me apresento para um reconhecimento afetuoso e repleto de gratidão, neste Dia do Catequista a ser festejado no dia 28 de agosto. Faço-o em nome da Comissão Bíblico-catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Nunca é demais recordar, querido irmão e irmã catequista, que a Catequese, juntamente com a Liturgia e a Pregação dos Apóstolos, está na base da formação do Novo Testamento. Em outras palavras, o que hoje temos por Palavra de Deus foi antes Catequese dos primeiros cristãos. Cada Catequista de hoje está em linha de continuidade com aquelas vivências mais apaixonadas e alegres da fé partilhada nos primeiros dias da nossa Igreja.
O evangelista Mateus, aliás um excelente catequista, pode nos ajudar a compreender o sentido deste nosso “ministério”, como chama um outro catequista por excelência, o Papa Francisco. “Ide... fazei discípulos... ensinai” (Mt 28,19.20). São as últimas palavras do Senhor. E a catequese está no centro da missão para a qual Ele constituíra os seus enviados. Mas também um outro evangelista, desta vez Marcos, nos recorda o caráter precioso da missão do próprio Senhor: “Tomado de compaixão... começou a lhes ensinar muitas coisas” (Mc 6,34). Queridos Catequistas, seu ministério não é mera “colaboração” com a comunidade. É parte constitutiva da própria identidade da Igreja.
Mateus diria que a Igreja que valoriza a catequese e seus catequistas será rica de sua identidade missionária. Marcos, por sua vez, diria seria uma rica das compaixões do Senhor por seu povo. Eis aí, nobres Catequistas, o traço feliz que podem Vocês conferir à dimensão evangelizadora da Igreja. Isso não escrevo por mero elogio de ocasião. É para ajudá-los a despertar para a nobreza do que o próprio Senhor lhe reservou já naquele primeiro convite que lhe chegou para tornar-se Catequista. Lembra quando foi? Lembra por que aceitou? O que no início pareceu “generosidade de quem quis ajudar” é hoje missão de aproximar o Senhor Jesus aos catequizandos e de aproximar os catequizandos ao seu Senhor. Será preciso amá-Lo. E amá-los.
É verdade que há situações de desânimo, de cansaço, de desencorajamento. Também de lágrimas, de incertezas, de incompreensões... Mas Paulo, outro Catequista dos primeiros tempos da Igreja, e dos bons, também ele ferido por adversidades e até rejeições, pediu ao Senhor que o poupasse de certas dificuldades. Mas parece que o mesmo percebeu que um caminho marcado por facilitações arrisca ser pobre da força de Deus. Veja o seu testemunho: “Basta-te a minha graça; pois é na fraqueza que a força se realiza plenamente... Com efeito, quando sou fraco, então sou forte” (2Cor 12,9-10). Nunca dialogou com Paulo sobre certos entraves na Catequese? O Espírito de Deus que o acompanhou ontem, quer sustentá-lo ou sustentá-la no ministério catequético hoje.
Ahh... estava esquecendo. Percebeu quanto a Iniciação à Vida Cristã confere projeta luzes transfiguradoras para a sua missão de Catequista e para a evangelização? Há maravilhas pelo Brasil afora. É provável que alguma experiência feliz tenha acontecido em sua paróquia, ou na Diocese, ou nas vizinhanças. Recomendo-lhe vivamente de ir até lá para conhecer, para ouvir, para perguntar, para aprender... São testemunhos maravilhosos. Afloram muitos e criativos encantos pela evangelização.
Dom José Antônio Peruzzo
Arcebispo de Curitiba - PR
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética
SER CATEQUISTA É VIVER EM COMUNHÃO
Sugestões para a celebração do Dia do(a) Catequista 2022
Preparação: convidar catequistas, catequizandos, o sacerdote e um representante de cada pastoral da comunidade. Combinar com antecedência o que cada pessoa irá fazer.
- Fazer cópias para todos.
- Preparar lembranças simbólicas para os catequistas: ex.: cartões com uma frase da leitura proclamada, algum texto ilustrado de um documento sobre catequese etc.
Ambiente: organizar um espaço celebrativo, onde colocar velas, flores e a Bíblia, que será entronizada, o Catecismo da Igreja Católica, o doc. Catequese Renovada e outros e os materiais das diversas pastorais. Onde houver possibilidade, folhas e uvas, imitando uma parreira.
ROTEIRO DA CELEBRAÇÃO
1.ACOLHIDA
Receber com afeto cada participante e convidar para que expressem gestos de acolhida, conforme os costumes do lugar.
DIRIGENTE 1: Catequese é uma missão que exige responsabilidade, dedicação e amor. Tudo isso se torna semente de alegria pelo bem que podemos realizar. Nossa alegria vem dos(as) companheiros(as) que caminham conosco e da aprendizagem recíproca. Vem, principalmente, da presença de Deus que nos anima e estimula a crescer na fé, na fraternidade e a desenvolver os dons que nos oferece.
Canto: (pode ser escolhido outro, mais conhecido pelos participantes)
(Ir. Miria T. Kolling)
Vamos caminhando lado a lado
Somos teus amigos, ó Senhor.
Tua amizade é nossa alegria
Por isso te louvamos com amor!
Cristo é modelo de amizade,
Pois nos deu a vida por amor.
Dele recebemos força e alegria
Para nos doarmos aos irmãos.
Seja o nosso encontro com o Pai
Um sinal da nossa união,
Para que, vivendo nós a sua graça,
Levemos paz e amor aos corações!
CATEQUISTAS: Nós, catequistas, agradecemos esta comunidade que nos acolhe e nos dá a certeza de que não estamos sozinhos. Queremos celebrar nosso dia, em comunhão com as outras pastorais que conosco fazem parte do processo de evangelização.
(Os representantes de outras pastorais se apresentam. Se houver materiais a serem expostos devem ser mostrados e, depois, colocados sobre a mesa).
TODOS: Na catequese ensinamos e aprendemos, / convivendo com os diversos campos da pastoral da nossa Igreja. / Nós te agradecemos,/ Senhor,/ por tantos companheiros que caminham nas diversas áreas em que Deus nos chama a ser presença de fraternidade.
CATEQUISTAS: Na catequese, temos muitos textos que ajudam na nossa formação. Este ano, lembramos especialmente os 30 anos do Catecismo que a Igreja nos deu e os 40 anos que estamos quase completando do documento Catequese Renovada (2023), que nos dá orientações e conteúdos de muita importância.
UM CATEQUISTA APRESENTA O CATECISMO AO GRUPO: A Igreja nos deu em 1992 esse material de apoio e consulta, que começa assim: “Deus, infinitamente perfeito e Bem-aventurado em si mesmo, em um desígnio de pura bondade, criou livremente o homem para participar da sua vida bem-aventurada” (CIgC, 1).
TODOS: Queremos, / Senhor, / comunicar e viver tua mensagem de amor, / sendo testemunhas do teu projeto de bem-aventurança.
UM CATEQUISTA APRESENTA O DOCUMENTO CATEQUESE RENOVADA: Neste documento, a Igreja nos orienta para o desenvolvimento de uma catequese em comunidade, inculturada, que atenda ao princípio da interação vida e fé. Uma frase aqui citada ficou bem conhecida: “As situações históricas e as aspirações autenticamente humanas são parte indispensável do conteúdo da catequese”.
TODOS: Queremos, / Senhor, / que a catequese em nossa comunidade transforme a nossa vida e a de outros, /e nos ajude a olhar com os teus olhos a realidade em que vivemos./ Queremos ser construtores de um mundo que saiba viver o amor e a justiça /que sempre quiseste ver entre nós.
CANTO: (pode ser outro, à escolha da comunidade)
(José A. Santana)
O nosso Deus com amor sem medida
Chamou-nos à vida, nos deu muitos dons.
Nossa resposta ao amor será feita
Se a nossa colheita mostrar frutos bons.
Mas é preciso que o fruto se parta
E se reparta na mesa do amor (2x)
Participar é criar comunhão,
Fermento no pão, saber repartir.
Comprometer-se com a vida do irmão,
Viver a missão de se dar e servir.
Os grãos de trigo em farinha se tornam,
Depois se transformam em vida no pão.
Assim também quando participamos,
Unidos criamos maior comunhão.
2.A PALAVRA NOS REÚNE
DIRIGENTE 2: Entre todos os textos que somos chamados a consultar, a Bíblia é a fonte de vida para a comunidade, o caminho de uma leitura orante, de uma comunicação permanente com Deus. Nela se apoiam a catequese, a nossa vida, as nossas decisões e vivência da verdadeira fraternidade (Entrada solene da Bíblia, durante o canto).
CANTO: (pode ser outro à escolha do grupo de catequistas)
(Pe. José Cândido da Silva)
Toda Bíblia é comunicação
De um Deus amor, de um Deus irmão.
É feliz quem crê na revelação
Quem tem Deus no coração.
Jesus Cristo é a Palavra,
Pura imagem de Deus Pai.
Ele é vida e verdade,
A suprema caridade.
Vinde a nós, ó Santo Espírito,
Vinde nos iluminar.
A palavra que nos salva
Nós queremos conservar.
LEITOR: Leitura de Jo 15, 1-17
(Silêncio, interiorização)
DIRIGENTE 1: (Fará uma breve reflexão sobre o texto lido, ressaltando a importância da comunidade ser a realização do amor do Deus Trindade, vivendo os valores da comunhão, participação, missão. Acentuará a relação comunidade-catequese).
DIRIGENTE 2: (Divide os participantes em grupos de 4 a 6 pessoas, unindo catequistas, catequizandos e agentes de outras pastorais e movimentos. Pede que reflitam sobre as perguntas abaixo e alguém anote para o plenário).
3.A PALAVRA NA VIDA
- Grupos
- Nossa comunidade está dando sinais de que está vivendo a alegoria da videira, proposta por Jesus?
- Como e em que ocasiões, catequese e outras pastorais podem caminhar de mãos dadas, em nossa comunidade?
- A catequese pode contribuir melhor para que nossa comunidade cresça e produza frutos? Como? E a comunidade pode ajudar mais a caminhada da catequese? Dê sugestões.
- Partilha: (Alguém anota as respostas que poderão orientar a prática catequética. Faz a síntese e apresenta ao grupo).
- Canto: Eis-me aqui, Senhor!
(Pe. Pedro Brito Guimarães)
Eis-me aqui, Senhor! Eis-me aqui, Senhor!
Pra fazer Tua Vontade, pra viver do Teu Amor
Pra fazer Tua Vontade, pra viver do Teu amor
Eis-me aqui, Senhor!
4. A PALAVRA SE FAZ ORAÇÃO
DIRIGENTE 1: Como irmãos e irmãs, sabendo que nossa força vem do Alto, supliquemos confiantes:
-Pai querido, dono da vinha, cuida de nós, do nosso pároco, dos catequistas, dos catequizandos, das famílias e dos demais agentes de pastoral. Que permaneçamos sempre unidos a teu Filho Jesus, reforcemos os laços de comunhão entre nós a fim de que nossa comunidade produza muitos frutos.
Todos: Pai de bondade, protege tua vinha, a nossa comunidade!
-Senhor Jesus, queremos permanecer como ramos vivos, participantes de tua própria vida. Que as famílias e os catequistas assumam juntos a missão de formar novos discípulos missionários teus, testemunhando os valores do Reino.
Todos: Jesus, conserva-nos unidos a ti e entre nós!
-Espírito Santo, seiva divina que alimenta nossa vida de comunidade e o ministério que assumimos, faz com que nosso amor não tenha fronteiras e que nossa comunidade se abra sempre mais aos prediletos do Reino.
Todos: Espírito de amor, fortaleça-nos no amor aberto e generoso!
DIRIGENTE 2: Trindade Santa, fonte de todo amor, a melhor comunidade, que permaneçamos sempre no amor! Ajuda-nos para que, vivendo em comunhão, nossa comunidade seja “origem, fonte e meta” da catequese. Que em nosso nome e enviados por nós, nossos catequistas sejam nossos porta-vozes e que juntos possamos contribuir para que em nossa sociedade haja vida e vida plena para todos!
TODOS: Assim seja! Amém
5.ENCERRAMENTO
DIRIGENTE 1: (Agradece a presença e manifesta a alegria do encontro. Pede uma salva de palmas para os catequistas e alguns catequizandos distribuem as lembranças).
Canto: Nossos catequistas serão abençoados...
DIRIGENTE 2: Para que permaneçamos unidos, como vinha do Senhor e alegres na missão, peçamos a Maria que nos acompanhe, hoje e sempre:
CANTO FINAL: Pelas estradas da vida...
Dia do Catequista
Celebração Eucarística
Roteiro preparado para a celebração eucarística com bênção dos catequistas.
Comentário Inicial:
Convocados pelo Senhor, reunimo-nos para celebrar a Páscoa de Cristo na vida de nossa comunidade de fé. Fazendo memória do dia dos catequistas, nossos sentidos nos remetem ao primeiro catequista: Jesus de Nazaré. É Ele o modelo perfeito para a missão do catequista: saía ao encontro, dialogava, dava-se a conhecer, revelava-se com gestos e palavras, cumpria a vontade do Pai e anunciava o seu Reino, convidava os discípulos de ontem e convida os discípulos de hoje a testemunharem com alegria o Evangelho.
Nesta celebração eucarística, guiados pelos seus ensinamentos, peçamos sabedoria para continuarmos construindo o Reino de Deus, anunciando a Palavra e testemunhando, no mundo, os valores do Evangelho.
Liturgia da Palavra
Introdução para a liturgia da Palavra, com essas ou outras palavras, onde for costume.
Desde sempre, a Palavra de Deus sustentou a fé da Igreja. É Nela que vivemos a fidelidade ao ensinamento de Jesus e nos responsabilizamos pelo presente, condições indispensáveis para que o catequista desempenhe, em nome da Igreja, a sua missão evangelizadora no mundo. Ouçamos atentamente a mensagem do Senhor.
Oração da comunidade e bênção sobre os catequistas
Seguindo o modelo do ritual de bênçãos: “Segue-se a oração comum, como na celebração da missa ou do modo aqui proposto; o celebrante conclui a oração com a fórmula da bênção, se não for mais oportuno usar esta fórmula no fim da celebração da missa, como oração sobre o povo. Dentre as intercessões propostas, o celebrante poderá escolher as que julgar mais apropriadas, ou acrescentar outras condizentes com as circunstâncias e os lugares” (RITUAL DE BÊNÇÃOS, n. 375)
Presidente da celebração: Irmãos e irmãs, apresentemos, com confiança, as súplicas da nossa comunidade em oração, para que continue enviando ministros e ministras a serviço da iniciação à vida cristã.
R.: Senhor, ouvi a nossa oração.
Pela Igreja, comunidade materna e missionária, para que continue gerando, pela iniciação à vida cristã, novos filhos e filhas e enviando-os a serem luz e sal no mundo, rezemos ao Senhor.
Pelo Papa Francisco, grande catequista da Igreja, para que o seu ministério continue ajudando a Igreja a ser mais sinodal e ministerial, rezemos ao Senhor.
Pelos ministros ordenados – bispos, presbíteros e diáconos -, responsáveis pela catequese nas dioceses e paróquias, para que, juntamente com os ministros leigos e leigas, transmitam a fé com alegria e ardor missionário, rezemos ao Senhor.
Pelos catequistas - testemunhas da fé - para que, sentindo-se chamados por Deus a se colocarem a serviço da Iniciação à vida cristã, possam ser verdadeiros acompanhantes e mestres na fé, rezemos ao Senhor.
Por nossa comunidade eclesial missionária, ouvinte dos sinais dos tempos, para que, estando presente no mundo por meio do exercício do apostolado dos leigos e das leigas, possa contribuir para a transformação do mundo revelando os valores cristãos na sociedade, rezemos ao Senhor.
Outras orações da comunidade...
Pode-se convidar os catequistas para próximo de quem preside e conclui as orações com a bênção sobre os catequistas.
O presidente da celebração diz a oração de mãos estendidas (Cf. RITUAL DE BÊNÇÃOS, n. 376):
Dignai-vos, Senhor,
Confirmar em seu propósito,
com a vossa bênção + paterna,
estes vossos filhos e filhas
que anseiam por entregar-se
ao trabalho da catequese,
para que se esforcem por instruir os seus irmãos e irmãs
em tudo que aprenderam com a meditação da Palavra
de acordo com a doutrina da Igreja,
e juntamente com eles alegremente vos sirvam.
Por Cristo, nosso Senhor. Amém
Acreditar que, um dia, a paz ainda nos serena a alma.
Acreditar que, um dia, a luz ainda nos ilumina o caminho.
Acreditar que, um dia, o alento ainda nos abraça os dias.
Acreditar que, um dia, a força ainda nos inunda a vida.
Acreditar que, um dia, um milagre ainda nos salva.
Acreditar que, um dia, um olhar ainda nos cura por dentro.
Acreditar que, um dia, um sorriso ainda nos toca o coração.
Acreditar que, um dia, uma mão ainda ampara tudo o que somos.
Acreditar que, um dia, um abraço ainda nos abriga de tudo.
Acreditar que, um dia, um gesto de amor ainda é tudo.
Acreditar que, um dia, a gentileza ainda nos mostra o segredo de viver.
Acreditar que, um dia, alguém ainda nos inspira a ser do bem.
Acreditar que, um dia, nós ainda fazemos corações sorrir.
Acreditar que, um dia, as pessoas ainda se são sempre perto.
Acreditar que, um dia, o amor ainda nos muda o mundo.
Acreditar que, um dia, esse amor ainda nos faz sentido. E ainda é sentido.
Acreditar que, um dia, esse dia ainda é todos os dias.
Daniela Barreira
In: imissio.net 20.06.22
Imagem: pexel.com
O mundo corre mais depressa do que o tempo. O tempo não pára e dizem-nos que não podemos demorar. Ensinaram-nos, e ensinam-nos todos os dias, que não há tempo para parar. Não há tempo para demorar. E vamos passando, apressados, pelos dias, quase sempre sem parar. Sem reparar. Sem sentir, nada mais do que a correria do mundo e do tempo. Quase, até, sem respirar. Sem viver para o que realmente nos faz viver. Para o que nos faz amar.
Mas, hoje, eu quero dizer-te uma coisa: demora-te.
Dentro de um abraço.
Abraça alguém de quem gostas muito. Abraça alguém que precisa de um abraço. Abraça alguém porque tu precisas de um abraço. Abraça porque um abraço é a forma mais bonita de (de)morar. E demora-te.
Demora-te dentro de um abraço que, mesmo antes de abrir os braços, já está a chamar-te. Um abraço que te chama com o olhar, um abraço que te convida a entrar. A ficar. A morar. Demora-te dentro de um abraço que te abraça por inteiro. Um abraço que segura cada pedaço do teu coração. Da tua alma. Demora-te dentro de um abraço que te cura. Um abraço que sossega os medos. Um abraço que acalma as tempestades. Um abraço que te salva. Demora-te dentro de um abraço que te aquece quando o mundo é frio (e quando não é, também). Um abraço que te mostra o mundo mais bonito de todos os mundos. Demora-te dentro de um abraço-casa. Um abraço que te guarda dentro. Um abraço que te abriga do mundo inteiro. Um abraço que é o teu lugar. Demora-te dentro de um abraço que é a forma do amor. Um abraço que enlaça dois corações. Um abraço que te abraça para sempre. Demora-te dentro de um abraço que chega quando mais nada chega.
Demora-te dentro de um abraço. Mesmo que o mundo corra mais depressa do que o tempo. Mesmo que o tempo não pare e que digam que não podemos demorar. Demora-te. Demora-te, porque é dentro de um abraço que o mundo pára. Que o tempo pára. E só quando paramos para nos demorarmos em algo, em alguém, é que vivemos. É que amamos.
E a verdade é esta: Mesmo que o mundo corra mais depressa do que o tempo e mesmo que o tempo não pare, não há correria nenhuma no mundo que compense o amor de um abraço demorado. E o milagre de um coração a sorrir.
Daniela Barreira
In: imissio.net 16.05.22
imagem: pexels.com
São muitas as vezes em que nos perguntamos isto: porque não pode ser como eu quero? Porque não posso ter o que quero, agora? Porque é tão difícil, para mim, ver resolvidos os obstáculos do meu caminho?
Quem nunca se questionou, em voz alta, pelo menos já terá “verbalizado” alguma destas questões a um nível mais interior ou entre pensamentos mais ou menos frustrados.
Era mais fácil se, pelo menos, algumas coisas fossem como gostaríamos. Até ousamos esquecer aquele argumento de: “mas eu posso nem sempre saber o que é melhor para mim”. Quem saberá o que é melhor para mim se não for eu mesmo/a?!
Pois é. Esta reflexão última pode encerrar algum fundo de verdade, mas, na realidade, também podemos contar como muitas as vezes em que, posteriormente, teremos compreendido os motivos para este ou aquele acontecimento não terem sido como queríamos. Ou porque a vida nos preparava para algo melhor. Ou porque aquilo que achávamos ser bom para a nossa vida se transformou numa desilusão que até agradecemos não ter incluído ou recebido dentro do coração.
Claro que é legítimo (e humano!) querer que as coisas sejam como imaginamos. Como queremos, até. Mas não quer necessariamente dizer que essa vontade seja condizente com o melhor cenário para mim. Para ti. Para nós.
Talvez o maior e mais bonito mistério da vida seja, exatamente, não saber sempre tudo. Não se ter sempre tudo o que se quer. Quando se quer.
Talvez a magia more nessa incerteza, nessa surpreendente possibilidade do que ainda está para vir e para chegar.
Enquanto não sabemos o que chegará para nós, talvez valha a pena acender dentro da alma o desejo de querer sempre o que for melhor. Mesmo que não seja já. Mesmo que não seja com a forma que imaginámos.
Marta Arrais
27.04.22
In: imissio.net
Se te acontecer que estejas prestes a perder tudo, conserva a dignidade, sem cometeres atos dos quais, depois, só te poderás arrepender.
Muito do que temes perder, tem pouco valor, quando comparado com o que, sendo importante, dás por adquirido.
Na verdade, podes perder tudo, tudo, até mesmo a ti mesmo… Cuidado, é mais fácil do que te parece, bastam duas ou três decisões insensatas e eis que estarás no fundo de um poço. Tudo porque não aceitaste a perda como parte da vida e tenhas decidido fazer o que não devias: perder a dignidade numa teimosia contra a lógica.
Uma adversidade pode ser um trampolim para o melhor de nós, assim saibamos encará-la com a firme certeza de que estamos a ser postos à prova. Alguns perdem-se quando têm tudo e estão bem. De tal forma que só uma desgraça acaba por lhes devolver as suas virtudes mais nobres.
O que temos é finito, o que somos é infinito. Ninguém devia deixar que o que tem ou não lhe arruíne o que é.
Uma excelente indicação sobre aquilo de que somos feitos é a forma como reagimos a algo que nos rasga os sonhos.
Não troques a tua alma por nada deste mundo.
José Luis Nunes Martins
In: imissio.net 01.04.22
Há sempre um milagre, um pequenino milagre, que acontece e que chega para nos iluminar o dia, a vida, o coração.
Às vezes, tão despercebido. Às vezes, tão à vista. Mas sempre, sempre, vestido de amor.
Às vezes, escondido naquele abraço mais demorado que nos abriga. Às vezes, escondido naquela mão que se estende e que nos segura. Às vezes, escondido naquele olhar que faz parar o mundo e que nos cura. Às vezes, escondido naquele sorriso que embeleza tudo e que nos abraça. Às vezes, escondido naquele colo que sabe a casa e que nos serena. Às vezes, escondido naquela palavra do coração que nos conforta. Às vezes, escondido naquele silêncio cúmplice que nos toca. Às vezes, escondido naquele riso que se ouve ao longe e que nos contagia. Às vezes, escondido naquele gesto de amor que nos salva. Às vezes, escondido naquela pessoa que está ali e que nos faz sorrir.
Há sempre um milagre, um pequenino milagre, que acontece e que chega para nos iluminar o dia, a vida, o coração.
Talvez, às vezes, pareça que não. E talvez, nessas vezes (e em todas as vezes), o maior segredo e o verdadeiro sentido da vida seja procurarmos, todos os dias, sê-lo nós.
Ser aquele abraço que abriga. Ser aquela mão que segura. Ser aquele olhar que cura. Ser aquele sorriso que abraça. Ser aquele colo que serena. Ser aquela palavra que conforta. Ser aquele silêncio que toca. Ser aquele riso que contagia. Ser aquele gesto que salva. Ser aquela pessoa que faz sorrir.
Talvez o maior segredo e o verdadeiro sentido da vida seja procurarmos, todos os dias, ser aquele milagre, aquele pequenino milagre, que acontece e que chega para iluminar dias, vidas, corações.
Às vezes, tão despercebido. Às vezes, tão à vista. Mas sempre, sempre, vestido de amor.
Daniela Barreira
In: imissio.net
O sofrimento é sempre vivido de forma íntima, porque é no fundo de nós que reside o amor, e é sempre por causa do amor que acabamos por sofrer. Como se as dores fossem o preço a pagar por quem busca ser quem de melhor pode ser.
De cada vez que buscamos ser mais, de cada vez que largamos as certezas e os receios rumo à incerteza do futuro que ambicionamos, arriscamo-nos a perder muito. Por vezes, e não são poucas, perdemos mesmo muito.
Mas a verdade é que a felicidade nunca vem ao nosso encontro e, por isso, só quem vai por onde não há chão pode conquistá-la.
Poucos de nós são felizes. Talvez apenas aqueles que são capazes de superar os seus medos e deixar para trás as suas inseguranças, enquanto se arriscam por caminhos incertos, onde as desgraças tentam que paremos a cada passo.
A maldade quer-nos vivos. Para que soframos, sem cessar. Para se sentir poderosa. Imobiliza-nos, sem nos deixar desistir, para que possamos continuar a ser suas vítimas, e ela a senhora da nossa vida.
Não se encontra bem algum no mal, senão o de, através dele, nos fazermos melhores.
Mas uma grande desgraça pode fazer um grande coração, assim sejamos capazes de, apesar de tudo, manter vivas as nossas esperança, fé e bondade.
A esperança é a capacidade de suportar o mal até ao ponto em que, por não se perder, o vence. A fé é uma paixão, é a certeza de que nunca estamos sós. E a bondade?
A bondade é amor, é a capacidade de fazer o bem, mesmo a quem nos faz mal. Por respeito ao outro e a nós mesmos.
O perdão é uma luz que vence a maior escuridão da alma.
Perdoar é amar na sua forma mais pura e divina.
José Luis Nunes Martins
In: imissio.net 25.02.22
Os anos passam.
Que saibas olhar bem para ti. Para dentro de ti. Que saibas percorrer cada pedaço do teu coração, onde guardas (só) o que importa. O que importa de verdade.
Que saibas morar em cada abraço.
Que saibas abraçar cada mão dada.
Que saibas entregar-te em cada olhar.
Que saibas sentir cada sorriso.
Que saibas curar em cada beijo.
Que saibas amar as pessoas. As tuas pessoas. As que ficam. Sempre. Para sempre.
Que saibas tatuar corações com a tua vida.
Que saibas deixar que outras vidas te tatuem o coração.
Que saibas agradecer cada milagre.
Que saibas encontrar força para cada tempestade.
Que saibas viver e ser, sempre, com o coração.
Que saibas viver e ser, sempre, com amor.
Todos os dias.
Porque, enquanto os anos passam, é só isto que fica. E que te salva.
Sempre. Para sempre.
Que o saibas, também.
Daniela Barrera
In: imissio.net 17.01.22
Arrisco a dizer que estamos, todos, com muita sede de virar a página. Queríamos que estes tempos difíceis desaparecessem dos nossos dias; que as notícias que nunca são boas dessem lugar a pontinhos de luz e de esperança em forma de informação e de conteúdo. No entanto, parece que ainda não estamos autorizados a virar a página porque esta “página” não nos pertence, apenas, a nós. A página da pandemia é de todos. Diz respeito a todos. O respeito por estes tempos e os cuidados a ter são, e devem ser-nos, cobrados. A solução para o fim destes tempos cabe-nos a todos.
Claro que é mais fácil assobiar para o lado. Ignorar e seguir em frente como se nada fosse. Não é assim que se chega longe. Não é assim que cruzaremos esta meta que teima em fugir-nos cada vez mais para a frente, como se de uma provocação altiva se tratasse.
Que havemos de fazer, então, se nada parece estar ao alcance das nossas mãos? Do nosso controlo? Dos nossos gestos individuais?
Resta-nos (e já é muito!) fazer o que nos compete como pessoas, como responsáveis pela saúde pública (que é de todos), como cidadãos, como irmãos, irmãs, mães, pais, avós, tios, primos, amigos, conhecidos e desconhecidos.
Resta-nos cuidar, com carinho e cuidado, da página que ainda não virámos, ainda que já consigamos avistar o novo ano.
Não será estranho que suspiremos. Que desanimemos. Que pensamos que “isto nunca mais acaba”. Que nos sintamos castigados, massacrados, mastigados por um tempo tão complicado e turbulento. Que não fiquemos por aí. Que consigamos encontrar a coragem para encher o copo para brindar à esperança do que há de estar por vir. Para vir.
Dizem que atraímos tudo aquilo que desejarmos, que visualizarmos, que sonharmos como possível… por isso, fecha os olhos e imagina aquilo que será comum e feliz para todos:
O virar desta página. E que, a seguir, a página que se escreva seja profundamente melhor e mais feliz.
Marta Arrais
In: imissio.net 29.12.21
Imagem: pexels.com
O tempo nunca parou, nem vai parar. Não espera por ti, nem por ninguém. Só se compreende a vida olhando para o passado, mas só se pode viver a olhar para a frente. Não é possível compreender a vida ao mesmo tempo que se vive.
Sermos quem somos passa por estar neste mundo onde tudo pode mudar a qualquer instante, sem que sequer tenha de fazer sentido. Não há muitas certezas, mas uma delas é que pouco é certo.
O amanhã é um vazio onde habita o infinito. Tudo é possível. Um universo de horizontes imensos, porque tudo é sempre novo, único e autêntico.
A eternidade cabe num só instante. Neste preciso segundo, em que lês este texto, está a acontecer por todo o mundo um número sem fim de acontecimentos, milhares de milhões de pessoas vivem de forma diferente e singular esta migalha do tempo.
Aquieta-te por apenas um minuto. Sentes a vida a soprar em ti? Já compreendeste que viajas à velocidade da luz rumo a um amanhã sem fim? Sabes que és tu quem escolhe o caminho?
Nenhum de nós sabe quem será, mas podemos saber quem somos e o que queremos. Depois, é apontar cada passo em direção ao sonho.
Não esperes pelo tempo, porque quem cria o futuro és tu.
Sê prudente, a vida é um diálogo permanente entre nós e o mundo, em que importa muito saber qual o momento certo para cada coisa, sendo que nunca é tempo de apenas esperar.
Quem espera e desespera pelo futuro não é feliz, talvez porque não saiba o que fazer no presente…
O futuro não é lógico, mas quem olha para o seu passado com atenção sabe sempre um pouco mais. Atenta na tua história, que importância teve o que fizeste antes das coisas acontecerem? Não está o futuro já aqui, embora de forma disfarçada?
Aprende a viver o presente com alegria e com tristeza, mas não com euforia ou desespero. Concentra-te no que podes fazer para que até o impossível deixe de o ser… dessa forma, mesmo que não realizes os sonhos, terás sempre razões para sorrir e para seres feliz, apesar de tudo.
A tua vida é um dia a dia, até ao dia em que terás de saltar para a eternidade.
José Luis Nunes Martins
In: imissio.net 17.12.21
O que quer alguém que ama senão dar o que tem e o que é? Quando há amor, parecerá sempre pouco a quem o dá, mas parecerá sempre mais do que suficiente a quem o recebe!
Ao final de algum tempo, quem é amado, se aceitou o que quem o amou lhe deu, tem e é um pouco daquele que a ele se deu.
Mas serão precisos grandes gestos? Não. São as pequenas coisas. As que julgamos serem insignificantes, que, por isso mesmo, não podem ser dadas por outra razão que não a de uma gratuitidade generosa.
Quando amamos, a nossa vida é uma oração, uma presença silenciosa que dá luz às trevas do outro. Uma coragem única capaz de enfrentar o temor dos abismos da solidão e dos egoísmos.
O tempo é finito e a vida gasta-se. Mas só quando amamos podemos multiplicar o tempo e fazer vida brotar da vida, porque nos semeamos em outros corações que, por sua vez, também hão de amar e dar o que são… sendo que se dão conosco dentro! Tal como nós, de cada vez que amamos damos aquilo que recebemos de quem nos amou.
O que sou hoje é em grande parte o resultado de muito amor que me foi dado. Sou muito daqueles que decidiram dedicar-se a mim. Quem me olha vê-os, ainda que não o saiba, ainda que não saiba quem foram ou são, ainda que julgue que sou apenas eu.
José Luis Nunes Martins
In: imissio.net 19.11.21
Talvez tudo o que um dia precisa seja de um lado bonito. E talvez nós tenhamos sido feitos para ser esse lado bonito. Às vezes, um sorriso embeleza um dia.
Talvez tudo o que uma vida precisa seja de luz. E talvez nós tenhamos sido feitos para ser essa luz. Às vezes, uma mão dada ilumina uma vida.
Talvez tudo o que um coração precisa seja de paz. E talvez nós tenhamos sido feitos para ser essa paz. Às vezes, um abraço serena um coração.
Talvez tudo o que uma alma precisa seja de verdade. E talvez nós tenhamos sido feitos para ser essa verdade. Às vezes, um olhar de dentro toca uma alma.
Talvez tudo o que alguém precisa seja de acreditar. E talvez nós tenhamos sido feitos para ser esse acreditar. Às vezes, uma palavra do coração inspira alguém.
Talvez tudo o que o mundo precisa seja de um milagre. E talvez nós tenhamos sido feitos para ser esse milagre. Às vezes, um gesto de amor salva o mundo.
Talvez o amor seja tudo o que é preciso. E talvez nós tenhamos sido feitos para ser esse amor.
Mesmo com dias cinzentos, mesmo que a vida troque planos, mesmo que o mundo esteja do avesso.
Às vezes, o amor é tudo. Todas as vezes.
(Talvez seja por essas vezes que ainda cá estamos.)
Daniela Barreira
15.11.21
In: imissio.net
imagem: pexels.com
Faz tudo o que te é possível, mesmo aquilo que possas pensar que te é impossível. Não te deixes enganar pelo que os outros pensam a teu respeito. É sempre mais fácil tomar atenção ao que nos distrai e desvia do melhor caminho.
São raras as pessoas que, na vida, chegam onde podem chegar. O medo mata-nos muitos sonhos, antes mesmo de começarmos a lutar por eles. Todos devemos cumprir a missão de sermos quem somos, pagando o preço que tiver de ser.
Toda a gente sonha, mas só poucos se colocam a caminho de os concretizar. O mais fácil é sempre ficar a sonhar, até que tudo nos seja entregue sem que tenhamos de fazer coisa alguma.
Acreditamos que não somos capazes de fazer muitas coisas e isso faz com que nem sequer as tentemos. Somos vítimas das nossas ideias a respeito de nós. É difícil aceitar que talvez sejamos mesmo capazes.
É mais fácil apontar os erros aos outros do que ajudá-los.
Deixar para amanhã é caminho fácil. Porque é sempre mais leve prometer do que cumprir.
O que é melhor? Arrependermo-nos do mal que fizemos ou pararmos a tempo de não fazer o mal que temos em mente? Escolhe o mais difícil.
Algo que é muito mau nos caminhos difíceis é não vermos o sentido de ter de os fazer… mas a fé e a esperança são condições do amor. Nada garantem, mas tudo podem. É cheios de dúvidas que devemos lutar como se tivéssemos certezas.
Muitos são os que, por hábito ou preguiça, se deixam ficar pelo que é fácil. Impedem-se de crescerem, de se engrandecerem, de irem até onde podem ir.
Não percas tempo com aqueles que não acreditam que se pode subir ao mais alto das montanhas. Talvez a sua vida seja mais fácil de suportar assim, sem acreditarem em si mesmos.
Tem fé em ti.
Escolhe o caminho que te leva mais longe, por mais duro que seja.
Tem fé em ti.
José Luís Nunes Martins
22.10.21
In: imissio.net
Todas as vidas reentram na imagem diária, quase banal, do pão é partido e repartido. Porque as vidas são coisas semeadas, que crescem, amadurecem, são colhidas, trituradas, amassadas: são como o pão.
Porque não apenas nós saboreamos e consumimos o mundo: dentro de nós damo-nos conta que também o mundo, o tempo, nos consome, esboroa, devora. Por boas e por más razões, ninguém permanece inteiro.
Somos uma massa que se rasga, um miolo que se desfaz, uma espessura que se reduz, um alimento que é distribuído. A questão é saber com que consciência, com que sentido, com que intensidade vivemos este processo inevitável.
Todos nos consumimos, é certo. Mas em que comércios? Todos nos damos conta de que a vida se divide e subdivide. Mas como tornar este facto que por si é trágico, numa forma de afirmação fecunda e plena da própria vida?
Para nós, cristãos, a Eucaristia é o lugar vital da decisão sobre o que fazer da nossa vida. Porque todas as vidas são pão, mas nem todas são “eucaristizadas”, ou seja, configuradas em Cristo e assumidas, no seu seguimento, como entrega radical de si, oferta, dom vivo, serviço de amor incondicional.
Todas as vidas chegam a uma conclusão, mas nem todas chegam à conclusão do parto desta condição crística que trazem inscritas dentro de si. É destas coisas que a Eucaristia diariamente nos fala quando nos recorda: «Fazei isto em memória de mim».
Não acredites em quem te diz que as riquezas são o caminho para a alegria abundante. Os bens materiais são todos ainda mais passageiros do que nós.
Jamais alguém possuirá todas as coisas e, ainda que isto fosse possível, nem mesmo nessa altura veria a sua cega ambição acalmar. Porque a lógica de ter é acumular sempre, mais e mais. À satisfação de uma maior conquista segue-se uma fome por mais ainda. A pobreza precisa de muito menos do que a ganância.
Aprende a reconhecer o valor do pouco que tens, valoriza a liberdade de quem, por ter uma bagagem pequena e leve, pode ser tudo… e feliz.
Se os teus dias se passam a cuidares de não perder as coisas que tens e a procurares formas de ter mais, talvez seja tempo de te questionares sobre os resultados alcançados. Estás no caminho que planeaste? Por que razão há pessoas que têm tão menos do que tu, mas são muito mais felizes? Estarão elas iludidas? Ou estarás tu?
A vida passa e todas as coisas que temos deixarão de o ser em breve. O tempo que gastámos para as adquirir foi um bom investimento?
Não preciso mais do que pouco para viver aquela alegria que não é momentânea, mas um sentimento profundo que me habita, ilumina e fortalece, tornando-me capaz de viver cada novo dia apenas com o essencial, partilhando o resto com quem não o tem.
José Luis Nunes Martins
In: imissio.net 08.10.21
DISCURSO DO SANTO PADRE FRANCISCO
AOS PARTICIPANTES DO ENCONTRO PROMOVIDO
PELO PONTIFÍCIO CONSELHO PARA A PROMOÇÃO DA NOVA EVANGELIZAÇÃO SOBRE O TEMA “CATEQUESE E CATEQUISTAS PARA A NOVA EVANGELIZAÇÃO"
Sala Clementina
Sexta-feira, 17 de setembro de 2021
Caros irmãos e irmãs, bom dia e bem-vindos!
Com prazer, recebo vocês, nesta ocasião, em que tiveram a oportunidade de partilhar experiências, como responsáveis pela catequese das Igrejas particulares na Europa, analisando a recepção do novo Diretório para a Catequese, publicado no ano passado. Agradeço o Ex. Mons. Rino Fisichella por esta iniciativa que, tenho certeza, se estenderá também às conferências episcopais de outros continentes, para que o caminho catequético comum seja enriquecido por tantas experiências locais.
Acabo de voltar da celebração do Congresso Eucarístico Internacional, realizado em Budapest, dias atrás. A ocasião é favorável para verificar como possa ser eficaz, na obra da evangelização, o grande empenho pela catequese, se o olhar está fixo no mistério eucarístico. Não podemos nos esquecer de que o lugar privilegiado da catequese é, justamente, a celebração eucarística, onde os irmãos e as irmãs estão juntos para descobrirem sempre mais os diversos modos da presença de Deus em suas vidas.
Agrada-me pensar nesta passagem do Evangelho de Mateus, em que os discípulos perguntam a Jesus: “Onde queres que façamos os preparativos para comeres a Páscoa?” (26,17). A resposta de Jesus manifesta claramente que ele já tinha previsto tudo: conhecia o percurso que teria feito um homem com a jarra de água; tinha conhecimento da sala grande já preparada, no andar de cima da casa (cf. Lc 22,10-12); e, sem dizer nada, percebia plenamente o que havia nos corações de seus amigos a respeito do que aconteceria nos dias seguintes.
As palavras iniciais com as quais os envia são: «Ide à cidade» (Mt 26,18). Este detalhe - pensando em vocês e no serviço que realizam – nos faz reler o caminho da catequese como momento pelo qual os cristãos, que se preparam para celebrar o ápice do mistério da fé, são convidados a irem, antes, “na cidade”, para encontrar as pessoas ocupadas nos seus afazeres cotidianos. A catequese – como acentua o novo Diretório – não é uma comunicação abstrata de conhecimentos teóricos para memorizar como se fossem fórmulas de matemática ou de química. Antes de tudo, é a experiência mistagógica de quantos aprendem a encontrar os irmãos lá onde vivem e agem, porque eles mesmos encontraram Cristo, que os chamara a se tornarem discípulos missionários. Devemos insistir para indicar o coração da catequese: “Jesus Cristo ressuscitado te ama e jamais te abandona!”. Este primeiro anúncio jamais pode nos encontrar cansados nem repetitivos, nas várias fases do caminho catequético.
Por isso instituí o ministério de catequista. Estão preparando o ritual para a “criação” – entre aspas – dos catequistas. Instituí, para que a comunidade cristã sinta a exigência de suscitar esta vocação e de experimentar o serviço de alguns homens e mulheres que, vivendo da celebração eucarística, sentem mais viva a paixão de transmitir a fé como evangelizadores. O catequista e a catequista são testemunhas que se colocam a serviço da comunidade cristã, para sustentar o aprofundamento da fé, no concreto da vida cotidiana. São pessoas que anunciam sem se cansar o Evangelho da misericórdia; pessoas capazes de criar os laços necessários de acolhida e de proximidade, que permitem saborear melhor a Palavra de Deus e celebrar o mistério eucarístico, produzindo frutos de boas obras.
Recordo, com afeto, as duas catequistas que me prepararam para a Primeira Comunhão. Como padre, continuei o relacionamento com elas e, com uma delas, que ainda era viva, como bispo. Sentia um grande respeito, também um sentimento de gratidão, sem manifestá-lo, mas sentia como que uma veneração. Por quê? Porque eram mulheres que tinham me preparado para a Primeira Comunhão, juntamente com uma freira. Quero contar a vocês esta experiência porque para mim foi bonito acompanhar a ambas, até o fim de suas vidas. E também a freira, que me preparou para a parte litúrgica da Comunhão, já morreu, e eu estive ali, com ela, acompanhando-a. Há uma proximidade, um laço muito importante com os catequistas.
Como disse, segunda-feira passada, na Catedral de Bratislava, a evangelização não é mera repetição do passado, jamais! Os grandes santos evangelizadores, como Cirilo e Metódio, como Bonifácio, foram criativos, com a criatividade do Espírito Santo. Abriram novas estradas, inventaram novas linguagens, novos “alfabetos”, para transmitir o Evangelho, para a inculturação da fé. Isto exige saber escutar as pessoas, escutar os povos a quem se anuncia: escutar sua cultura, sua história; escutar, não superficialmente, já pensando nas respostas pré-fabricadas que tempos na maleta. Não! Escutar de verdade! Confrontar com a Palavra de Deus, com Jesus Cristo, evangelho vivente, aquelas culturas, aquelas linguagens, inclusive o não dito e o não expresso. E repito a pergunta: não é esta a missão mais urgente da Igreja, entre os povos da Europa? A grande tradição cristã do continente não deve se tornar um entulho histórico. Se for assim, não é mais “tradição”! A tradição ou é viva ou não é tradição. E a catequese é tradição, é transmitir a tradição viva, de coração para coração, de mente para mente, de vida para vida. Portanto: apaixonados e criativos, sob o impulso do Espírito Santo. Usei a palavra “pré-fabricada” quanto à linguagem, mas tenho medo dos catequistas com o coração, a atitude e o rosto “pré-fabricados”. Não! O catequista é livre ou não é catequista. O catequista deixa-se atingir pela realidade que encontra e transmite o evangelho com grande criatividade ou não é catequista. Pensem bem sobre isto.
Caríssimos, por meio de vocês quero transmitir o meu agradecimento pessoal aos milhares de catequistas da Europa. De modo particular, penso naqueles que, a partir das próximas semanas, estarão dedicados às crianças e jovens que se preparam para completar seu percurso de iniciação cristã. Porém, penso em todos e em cada um. A Virgem Maria interceda por vocês, para que sejam sempre assistidos pelo Espírito Santo. Acompanho-os com minha oração e com a bênção apostólica. Também vocês, por favor, não se esqueçam de rezar por mim. Obrigado!
Imagem: site do Vaticano
Tradução do italiano: Marlene Maria Silva
Se queres ser mais do que és, o fundamental é começares por conhecer-te a ti mesmo. Cada um de nós é único e diferente, pelo que as escolhas individuais devem ser ponderadas de acordo com as fragilidades, forças e dons, pilares da nossa identidade.
Se ter uma vida boa e feliz é um grande objetivo de quase todos nós, isso não significa que todos tenhamos de fazer o mesmo para o alcançar. Depende sempre muito do ponto do caminho onde se está e das capacidades de que dispomos.
Para saberes o que é bom e mau para ti, tens de saber bem quem és! O bem e o mal não variam de pessoa para pessoa, mas a forma como cada um de nós tem o dever de os aplicar em cada circunstância, sim.
Não vale a pena ansiares por lugares de sonho se não sabes onde estás. Pouco vale ter objetivos de vida se não nos conhecemos.
Investe algum tempo a observares-te com paciência, como se fosses alguém que pretende ter informações importantes sobre ti: Como ages e como reages ao que te acontece? O que te alegra e o que te entristece? O que te atrai e o que te repugna? De quem gostas, de quem não gostas e qual o critério para uns e para outros? Quais são os teus sonhos e, ainda mais importante, que medos têm poder, ainda que subtil, sobre ti?
Mas nada disto teria sentido se nós não fossemos também criadores de nós mesmos.
Cada um de nós é quem é, mas deve-o, em parte, a si mesmo.
Se tudo o que faz parte do passado é imutável, muito do que ainda não o é está em aberto.
Esta liberdade assusta-nos. Confessamos muitas vezes viver mal. Quando confrontados com a possibilidade de mudar isso, resistimos ao ponto de… preferirmos o mal ao bem.
Tu és, em ti mesmo, uma possibilidade. De bem, de mal ou de nada.
Se queres mesmo ser feliz, é importante que assumas que os caminhos para lá chegar são íngremes e agrestes. Tão duros que, por mais paradoxal que te possa parecer, cumpri-los já é ser feliz!
José Luis Nunes Martins
In: imissio.net 10.09.21
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