OS CATEQUISTAS E A SUA FORMAÇÃO 

Diretório para a Catequese

Os capítulos 3 e 4 do Diretório estão voltados para a pessoa e a formação do catequista. Um primeiro destaque é dado à importância do testemunho de vida, indispensável para a credibilidade da missão. Aliás, isso seria válido para qualquer tipo de comunicação. Se dizemos alguma coisa e depois isso não corresponde ao nosso estilo de comportamento, quem vai nos levar a sério? Na verdade comunicamos mais através daquilo que somos do que daquilo que dizemos. Como poderíamos, por exemplo, falar de fraternidade, amor ao próximo, acolhimento se não nos interessarmos pessoalmente pelas condições de vida e necessidades de cada catequizando? 

O concílio Vaticano II já havia dado uma orientação importante na constituição Gaudium et Spes sobre a solidariedade que devemos ter com com todos: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo. Não se encontra nada verdadeiramente  humano que não lhes ressoe no coração’’ (GS 1)  É claro que a vivência de uma espiritualidade assim tornaria a catequese muito mais construtiva e convincente, através de um relacionamento iluminado pelo próprio amor que Deus quer ver entre nós. 

O Diretório fala do papel de cada tipo de vocação na catequese: bispos, presbíteros, diáconos, religiosos consagrados, leigos, pais, padrinhos e madrinhas, avôs e avós. Cada um a seu jeito tem uma contribuição importante a dar. Leigos, por exemplo, estão mais próximos das condições de vida da maioria dos catequizandos. Muitos até viveram experiências desagradáveis mas que podem se tornar uma ajuda para outros que estão em situações semelhantes. Aí penso no que eu mesma vivi. Fui filha de pais separados, cresci assustada com a atitude de rejeição que meu pai e minha mãe viviam. Sofri bastante com isso. Mas reconheço que assim fiquei bem mais preparada para acolher, ajudar, dar boas orientações e esperanças a casais e crianças que estavam atualmente vivendo algo parecido.  

A formação dos catequistas é um processo permanente e amplo que, além do conhecimento bíblico e doutrinário, passa também pelas experiências de vida que, bem compreendidas e colocadas diante de Deus, levam a uma capacidade maior de dialogar, acolher, ter compaixão e respeito pelo que outros estão vivendo. Isso é missão do catequista, mas também da comunidade como um todo. 

Ao tratar das dimensões da formação do catequista, o Diretório destaca quatro aspectos importantes.  A formação deve preparar o catequista para:

  • Ser - o catequista precisa ser amadurecido como pessoa, como fiel e como apóstolo. A pessoa que somos comunica mais do que qualquer tipo de explicação.
  • Saber ser com - aí se trata da maneira de se relacionar com as pessoas, sabendo ouvir, acolher , dialogar, ser companheiros.
  • Saber - conhecer bem a mensagem que vai ser comunicada, sem deixar de estar em processo permanente de aprendizagem.
  • Saber fazer - empregar metodologias adequadas que levam a um trabalho criativo, interessante, sempre fiel ao conteúdo da mensagem cristã.

Para viver tudo isso é claro que os catequistas precisam também “aprender a aprender” diante das realidades da vida, das metodologias e dos materiais que ajudam a aprofundar a evangelização. Estando cada vez mais preparados para apresentar a história da salvação de maneira vital, com esperança, fidelidade e entusiasmo, ajudarão outros a se sentir parte dessa história, tendo Jesus como companheiro de caminhada. 

A uma primeira vista, pode parecer que estaríamos exigindo demais de quem se dispõe a ser catequista. Mas, como dentro desse processo quem se prepara para ser catequista vai logo receber algo que vai enriquecer sua vida, o que se está propondo, mais do que uma obrigação, é um presente valioso. 

Como vamos agradecer a Deus por ter nos chamado para algo tão gratificante?

Therezinha Motta Lima da Cruz

Imagem: pexels.com

23.11.2020