O mais certo é cada um e cada uma de nós acordar de manhã e entrar na rotina dos dias, sem muito tempo para pensar como vai e como pode acontecer a nossa vida.
Porém, muitas vezes somos surpreendidos e a vida é moldada por medos que entram dentro de nós sem pedir licença e sem data certa para se retirarem. Alguns, são reflexo do mundo em que vivemos e face a situações semelhantes pensamos que o mesmo nos pode acontecer e aí nasce o medo. Outros, são criações da nossa cabeça, em pensamentos que custam disciplinar. Muitas vezes já nem é das situações reais ou imaginadas por nós que nos escondemos. Escondemo-nos do próprio medo.
A verdade é que o medo pode tolher-nos a vida, desde os reais aos irreais, preenchendo – e muito – o tempo da nossa cabeça e fazendo-nos acreditar que a vida acontecerá de determinada forma, quando, muitas vezes, o seu alinhamento vai noutro sem que queiramos e consigamos ver, mas que no entanto é o mais positivo.
É aqui que entra a fé, essa senhora madura e que nos traz a serenidade necessária para podermos conviver com todos os acontecimento, previstos e não previstos, e tratar com cuidado e sabedoria os rasgões deixados pelos traumas criados pelo medo.
A vida não é isenta de tempestades, mas ainda assim, nestas precisamos de navegar com a firme certeza de que Alguém nos conduz e quer o melhor – só o melhor – para nós. Quanto tempo falta para a tempestade acalmar ou terminar? Não sabemos. Em períodos da vida, muitas vezes umas sucedem-se a outras sem que haja grandes tempos de grande bonança. Ainda assim, é a fé que nos move a remar com confiança e a saber que chegaremos a bom porto. É que esse Alguém que pensamos que nos espera do outro lado da tempestade, já rema connosco. E é a fé o que nos ajuda a colocar todos os acontecimentos em perspectiva.
A um dado momento da nossa vida questionamo-nos se temos consciência de quem somos. Nem que seja pela comparação que fazemos entre a nossa vida e a dos outros, ou procurar na vida dos outros uma validação para a nossa. Medimos o impacte que os nossos pensamentos, ou momentos, têm pelo número de “Likes” ou corações, mas esse estilo de pseudo-introspecção apenas faz de nós um número. Mas os números não nos definem.
O que nos define são as escolhas.
Aprendemos mais com os processos do que com os resultados e uma das escolhas para iniciar processos é ser curioso.
Se escolheres ser curioso, o caminho percorrido não é confortável, a marcha é lenta, mas com o tempo adquires a consciência do novo que se gera à tua volta , bem como o que a tua curiosidade pode gerar de novo. Dar esse passo coloca-te numa situação de vulnerabilidade. Mas também essa pode ser uma escolha.
Se escolheres ser vulnerável, o caminho percorrido é o da coragem, embora não seja óbvia a razão. Ser vulnerável implica ser o primeiro a entrar em campo; numa reunião, levantar a mão e fazer a primeira pergunta, independentemente de ser ou não inteligente. Pois, o impulso não provém daquilo que sabemos, mas da escolha anterior em ser curioso.
Porém, talvez nem sempre sejam as nossas escolhas que definem o que somos, mas as circunstâncias. Em 1994, uma jovem mulher pede o divórcio, fica sem emprego e com pouco dinheiro para viver tem uma filha bebé para criar. A mãe dessa jovem mulher tinha morrido uns anos antes e ela não falava com o seu pai há anos. Batalhava com a depressão e estava à beira do suicídio. Dizia de si mesma ”sou o maior falhanço que conheci.” Hoje, essa mulher é multi-milionária e conhecemo-la como J. K. Rowling.
Qual a escolha que a tornou naquilo que é? Um passo foi assumir que a culpa não é sua, mas a responsabilidade sim. Ninguém pede ou deseja as dificuldades que tem na vida. E nem todos temos uma história de sucesso como J. K. Rowling, mas uma vida caracterizada por uma luta diária, dia após dia. Por vezes sentimo-nos limitados nas escolhas, mas a única limitação é a que impomos a nós próprios. O que falta?
Falta confiar.
Em Deus, em ti, nos outros e na novidade de cada dia.
Confia em Deus que está sempre contigo.
Confia em ti sabendo que ninguém é escolhido enquanto não se escolher a si mesmo.
Confia nos outros porque a vida é relacional e a verdadeira coragem está na escolha da vulnerabilidade.
Confia na novidade de cada dia porque és curioso e, por isso, atento. Logo, quem sabe qual a surpresa que amanhã não transformará os teus sonhos em realidade.
Miguel Oliveira Panão
In: imissio.net 5.09.2019
Neste domingo (25/08/2019), celebramos o Dia do Catequista. O nosso dia! É o nosso momento de também agradecer a Deus pelas maravilhas que Ele nos dá e nos possibilita enquanto “dom”. Torna-nos sinal visível da missão da Igreja, fazendo-nos divulgadores da fé, anunciadores da Palavra que, com sua força, realiza o seu papel de suscitar em nossos corações a fé e o compromisso missionário. E, ao mesmo tempo faz ecoar, no coração de nossos catequizandos, o amor de Deus, constituindo-os não só bons cristãos, mas ajudando-os a aprofundar sua própria identidade cristã. Nesse sentido, a catequese é um pilar para a educação da fé.
Lembrando o Papa Francisco, também catequista, ele diz que “Ser catequista é vocação e que devemos exercer essa nossa função deixando-nos ser conduzidos ao encontro com Jesus, com as Palavras e com a vida, com testemunho”.
O Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, chama-nos de “pérolas”. Envia aos catequistas uma mensagem dizendo: “Catequista, você é uma pérola especial e um tesouro para Deus e sua amada Igreja. A sua singular vocação foi gerada no coração de Deus Pai, para que pudesse chegar aos corações dos seus filhos e filhas com a mensagem da vida – Jesus Cristo. Catequista, você não é apenas um transmissor de ideias, conhecimentos, doutrina ou, mais ainda, um professor de conteúdos e teorias, mas é um canal da experiência viva do encontro intrapessoal com a pessoa de Jesus Cristo”.
Nossa missão de levar e testemunhar a mensagem de Jesus Cristo
A catequese não oferece apenas conhecimento das coisas sobre Deus, mas nos possibilita fazer experiência pessoal com Deus. O encontro com Jesus Cristo nos encanta, nos motiva e nos tornam fascinantes. Nós somos pessoas entusiasmadas de Deus. Quanto mais nos deixamos entusiasmar por Jesus, dar a ele lugar em nossa vida, tanto mais ele nos fará sair de nós mesmos, descentrar-nos e nos aproximar dos outros.
Em nossa caminhada, Jesus é o pão da vida que nos alimenta. Ele faz com que nós, catequistas, sejamos pão para os outros. Para anuncia-lo, primeiro vamos conhecê-lo, Alimentar-se d’Ele, nos ajuda a redescobrir nossa verdadeira riqueza interior e a fazer experiência de fé, para então testemunha-lo. Jesus, fazendo-se “pão partilhado” nos ensina a gerar vida, ou seja, ele nos move para que nossa vida seja “alimento substancioso” para que outros tenham vida. “Toda vida é Pão. E a vida humana é um mistério de autotransformação” (D. Jose Tolentino).
A pessoa humana é um mistério. Chamados a adentra-se no conhecimento desse mistério, enfrentamos o desafio de ser iniciado num novo estado de vida: a vida numa comunidade. Nessa nova vida somos chamados a mergulhar nas riquezas do Evangelho, iniciar-se a nós mesmos e aos outros na vida da comunidade cristã, para participar da vida divina. Em meio à vida comunitária, somos chamados a cumprir o mandato de Jesus que é envio e missão. Na caminhada com Jesus que é o pão da vida, também nos fazemos alimento para os outros, ofertando nossos dons e ajudando-os a descobrir o sentido mais profundo da busca do ressuscitado, bem como realizar o encontro pessoal com Jesus Cristo, aquele que nos chama a segui-lo. Esse encontro renova-se constantemente, pelo testemunho pessoal, pelo anúncio do querigma, pela vivência mistagógica e pela ação missionária da comunidade. E tudo isso, com amor.
O amor é o caminho que nos leva à esperança do saber colher o invisível no visível, o inaudível no audível, alcançar o infinito dentro do finito, sentir a primavera da esperança no perfume do eterno. Percorreremos esse itinerário fazendo a experiência do que recebemos e do que ofertamos como dom da vida.
Catequistas, Jesus faz-se alimento que gera vida nova no mundo; Sejamos espelho dele, percorrendo nosso caminho, na certeza que podemos arriscar sem medo, porque conosco Ele está. Ele disse: “eu estarei contigo, não temas anunciar-me, em tua boca eu falarei”.
Receba o meu afetuoso abraço.
Neuza Silveira de Souza
Comissão para Animação bíblico-Catequética do Regional Leste 2
Querida Irmã e querido irmão Catequista,
Damos sempre graças a Deus por todos vós, lembrando-nos de vós em nossas orações. Sem cessar, diante de nosso Deus e Pai, lembramo-nos da ação de vossa fé, do esforço de vossa caridade e da constância de vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo (1Ts 1,2-3).
Acontecerá no dia 25 de agosto de 2019 o Dia do Catequista. Como o tempo se afigura muito veloz, escrever-lhe outra vez pode até parecer apenas um hábito que se repete a cada ano. Mas se lançarmos um olhar às tantas experiências catequéticas de amor, de dor, de cruz e de vitórias, então as lembranças conferem sentido a estas linhas. Esta carta, além de uma palavra de gratidão em nome dos Bispos do Brasil, quer lhes encorajar à perseverança.
Quero parabenizá-lo(a) por este dia, pois sem sua atuação catequética a fé em Jesus Cristo seria quase que apenas uma ideia. “O que vimos e ouvimos, nós vos anunciamos” (1 Jo 1,3).
Aqueles e aquelas que o Espírito Santo move, a eles também capacita e envia. Por isso mesmo, celebrar o dia do Catequista tem um significado de gratidão e de esperança: gratidão pelo amor e gratuidade dedicados a anunciar a pessoa de Jesus Cristo. Esperança, porque enquanto pudermos contar com catequistas, o anúncio terá também a marca da ternura. Os catequistas, eles e elas, evangelizam com afeto. Os tempos desafiam, requerem novos paradigmas, pedem por novas linguagens, mas se houver paixão a catequese será sempre criativa. E como é grande a afeição de muitos catequistas...!!
Faz já tempo que a Igreja no Brasil propõe uma catequese de inspiração catecumenal. Nas palavras parece que é fácil. Nas reflexões os caminhos apresentam-se evidentes. Mas a realização requer renovação interior, revisão das próprias seguranças e fé confiada na força do Espírito de Deus. Por este caminho seremos uma Igreja que apresenta Jesus Cristo como um nome e uma verdade que atrai. Isto é “evangelizar por atração” (DAp, 159). A grande poetisa brasileira ainda Cora Coralina ainda faz ressoar em muitos ouvidos sua bela frase que muito se aplica à catequese: “Não sei… se a vida é curta ou longa demais para nós, mas, sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas”.
Os Bispos do Brasil vão orar por seus catequistas. Talvez aconteça que não consigam ser suficientemente gratos aos catequistas de suas dioceses. Mas Deus nunca se deixa vencer em generosidade. Um dia Ele mesmo vai abraçá-los por terem oferecido do seu tempo para a catequese. Que a grande Catequista, aquela de Nazaré, caminhe ao seu lado nesta missão tão sublime.
Dom José Antonio Peruzzo
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética
Celebração Dia do Catequista 2019
Batizados e Enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo
Querida irmã e caríssimo irmão Catequista, Graça e paz em Cristo Jesus!
Estamos no mês vocacional e nos preparamos para celebrar o dia do catequista, 25 de agosto. Crescemos na convicção de que a catequese está a serviço da iniciação à vida cristã e em nossas realidades se fortalece a prática da inspiração catecumenal para todas as formas de educação na fé.
Estamos em sintonia com o mês da Bíblia, onde refletiremos sobre a Primeira Carta de São João, o mês missionário extraordinário e o sínodo para a Amazônia. Com essas intuições, apresentamos a proposta de uma Celebração para o DIA DO CATEQUISTA, que poderá ser feita no grupo de catequistas e também adaptada à Celebração Eucarística.
Recomendamos que a Celebração seja preparada com antecedência pela equipe de catequistas, liturgia e cantos.
Nossa gratidão aos inúmeros catequistas espalhados pelo Brasil.
Parabéns Catequistas!
Ambiente:
Bíblia, cruz missionária (ou outra), vela bonita, bacia com água e pétalas de flores, óleo perfumado, incenso.
Refrão meditativo:
Tudo por causa de um grande amor! Tudo por causa de um grande amor!
Tudo, Tudo por causa de um grande amor! Por causa de um grande amor!
Motivação inicial:
Animador: Querida comunidade, queridos catequistas! Estamos reunidos para celebrar o nosso chamado e a nossa missão. Rendemos graças ao Senhor da vida, que nos chamou a vida e, pelo batismo, nos envia como seus missionários, para anunciar ao mundo a salvação de Jesus Cristo, morto e ressuscitado, vida e esperança para nossos povos. De modo especial, nestes dias que lembramos da vocação dos nossos catequistas, agradecemos ao Senhor por Eles, que são protagonistas de nossas comunidades no processo de iniciação à vida cristã. Esta celebração nos ajudará a viver sempre mais o sentido missionário da nossa adesão a Jesus Cristo.
Hino de Abertura:
Venham, catequistas, ao Senhor cantar (bis) Ao Deus do universo, venham festejar (bis)
Seu amor por nós, firme para sempre (bis) entrada da cruz missionária Sua fidelidade dura eternamente (bis)
Toda a terra aclame, cante ao Senhor (bis)
Vivamos o batismo com todo o fervor (bis) entrada da bacia com água Nossas mãos orantes para o céu subindo (bis)
Cheguem como oferenda ao som deste hino (bis) entrada do incenso Glória ao Pai, ao Filho e ao Santo Espírito (bis)
Glória à Trindade Santa, glória ao Deus bendito (bis)
Recordação da Vida:
Convidar os participantes tocar na água com pétalas de flores e a recordar elementos ligados ao seu batismo (padrinhos, igreja, presidente da celebração…), lembrando também do seu chamado a serem catequistas (como foi, o que sentiram, por intermédio de quem). Depois da conversa em duplas, alguns partilham com o grande grupo.
Hino:
Antes que eu te formasse dentro do seio de tua mãe, antes que tu nascesses, te conhecia e te consagrei.
Para ser meu profeta entre as nações eu te escolhi, irás aonde enviar-te e o que te mando proclamarás!
Tenho que gritar, tenho que arriscar, ai de mim se não o faço!
Como escapar de ti, como calar, se tua voz arde em meu peito?
Tenho que andar, tenho que lutar, ai de mim se não o faço!
Como escapar de ti, como calar, se tua voz arde em meu peito?
Não temas arriscar-te, porque contigo eu estarei, não temas anunciar-me, em tua boca eu falarei. Entrego-te meu povo, vai arrancar e derrubar, para edificar, destruirás e plantarás!
Deixa os teus irmãos, deixa teu pai e tua mãe, deixa a tua casa, porque a terra gritando está. Nada tragas contigo, pois ao teu lado estarei. É hora de lutar, porque meu povo sofrendo está.
Salmo:
Refrão: A minh’alma tem sede de vós, como terra sedenta, ó meu Deus
— Sois vós, ó Senhor, o meu Deus! Desde a aurora ansioso vos busco! A minh’alma tem sede de vós, minha carne também vos deseja, como terra sedenta e sem água! R:
— Venho, assim, contemplar-vos no templo, para ver vossa glória e poder. Vosso amor vale mais do que a vida: e por isso meus lábios vos louvam. R:
— Quero, pois, vos louvar pela vida, e elevar para vós minhas mãos! A minh’alma será saciada, como em grande banquete de festa; cantará a alegria em meus lábios. R:
— Penso em vós no meu leito, de noite, nas vigílias suspiro por vós! Para mim fostes sempre um socorro; de vossas asas à sombra eu exulto! R:
Canto:
A comunidade dança alegre
A comunidade dança alegre e canta, acolhendo agora a Palavra Santa.
A Palavra vem, vem nos libertar
como um vento forte a nos arrastar.
Vamos caminhar, irmãs e irmãos, já chegou a hora da nossa missão.
Evangelho (Mt 28, 16-20)
Naquele tempo, os onze discípulos foram para a Galileia, ao monte que Jesus lhes tinha indicado.
Quando viram Jesus, prostraram-se diante dele. Ainda assim alguns duvidaram.
Então Jesus aproximou-se e falou:
“Toda a autoridade me foi dada no céu e sobre a terra.
Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei!
Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo”. Palavra da Salvação.
Todos: Glória a vós, Senhor.
Silêncio. Meditação. Partilha.
Meditação:
Leitor: Nestas palavras que ouvimos no Evangelho Jesus Cristo não confiou uma tarefa simples aos seus discípulos, mas deu-lhes uma identidade que os projeta para além de si, na comunhão com a Santíssima Trindade, em favor do mundo inteiro, por meio do testemunho, do serviço e do anúncio do Reino de Deus (cf. DGAE 2019-2023, n.21).
Todos: Eis-me aqui! Envia-me, Senhor!
Leitor: Batizados e Enviados: A Igreja de Cristo em missão no mundo é o tema do Mês Missionário Extraordinário, proposto pelo Papa Francisco. É o tempo oportuno para fortalecer o nosso compromisso missionário, renovando nosso encontro com Jesus Cristo e alegria da fé recebida desde o santo Batismo.
Todos: Eis-me aqui! Envia-me, Senhor!
Leitor: A missão parte do encontro com Cristo e a Ele conduz. Conhecer Jesus Cristo foi o melhor que aconteceu em nossas vida. Torná-lo conhecido é o melhor presente que podemos dar a uma pessoa (Cf. DAp. 29). Eis o sentido da missão: partilhar o Dom de sermos amados, perdoados e acolhidos por Deus. Ela é a partilha de uma alegria. É um anúncio em palavras e gestos que irradia e atrai.
Todos: Eis-me aqui! Envia-me, Senhor!
Leitor: Disse-nos o Papa Francisco: “Quem ama, põe-se em movimento, sente-se impelido para fora de si mesmo: é atraído e atrai; dá-se ao outro e tece relações que geram vida. Para o amor de Deus, ninguém é inútil nem insignificante. Cada um de nós é uma missão no mundo, porque fruto do amor de Deus.”
Todos: Eis-me aqui! Envia-me, Senhor!
Leitor: A iniciação à vida cristã é indispensável para que a Igreja cumpra sua missão, de formar discípulos missionários. É tempo de decidirmos por sermos Igreja querigmática e missionária: peregrina, desinstalada, samaritana, misericordiosa. Precisamos ter o Evangelho no coração e nas mãos e acolher quem está desnorteado, caminhar com as pessoas em situações difíceis, curar feridas (cf. Doc. 107, n.38, 109) 6
Todos: Eis-me aqui! Envia-me, Senhor!
Leitor: O catequista a serviço da iniciação à vida cristã ajuda a comunidade a se renovar e assumir o seu caráter missionário. A coragem, a decisão e a criatividade são marcas da sua espiritualidade. Muito mais que transmitir conceitos, ele transmite a graça divina experimentada em sua vida, como mistagogo e companheiro nas estradas da vida.
Testemunhos Missionários:
Convidar alguns catequistas ou outros leigos da comunidade para testemunharem brevemente alguma “alegria missionária” que sentem como batizados, membros da comunidade e enviados à missão de fazer discípulos missionários.
Momento Simbólico e Preces:
Pedir aos participantes que segurem ou toquem a cruz e recordem situações, pessoas ou realidades de sofrimento e dor que clamam pela nossa presença missionária como batizados e enviados.
Animador: Partilhemos espontaneamente os sentimentos e os propósitos pessoais. Deixar falar.
Canto:
Leva-me aonde os homens necessitem da palavra,
Necessitem de força de viver, onde falte a esperança,
Onde tudo esteja triste simplesmente, por não saber de Ti
Preces
Animador: Ao Deus que nos chama continuamente e nos faz participantes da sua missão, rezemos com a confiança de filhos e filhas:
Leitor: Leva-nos Senhor, ao encontro com a Vossa Palavra a fim de que sejamos servidores e não meros ouvintes
R: Ficai conosco, Senhor, todos os dias!
Leitor: Leva-nos à experimentarmos a alegria viver em comunidade o amor fraterno
R: Ficai conosco, Senhor, todos os dias!
Leitor: Leva-nos às famílias, especialmente as mais fragilizadas e necessitadas de ajuda:
às famílias
R: Ficai conosco, Senhor, todos os dias!
Leitor: Leva-nos aos pobres, que são a riqueza de nossa Igreja, mas descartados e excluídos de nossa sociedade
R: Ficai conosco, Senhor, todos os dias!
Leitor: Leva-nos às periferias sociais e existenciais de nossas cidades, campos e florestas
R: Ficai conosco, Senhor, todos os dias!
Leitor: Leva-nos aos jovens a fim de os acompanharmos em seu itinerário de discernimento humano e espiritual
R: Ficai conosco, Senhor, todos os dias!
Oração do Mês Missionário
Animador: Rezemos juntos a Oração do Mês Missionário:
Pai Nosso
o teu filho unigênito Jesus Cristo ressuscitado de entre os mortos confiou aos seus discípulos:
“ide e fazei discípulos todos os povos.”
Recorda-nos que através do batismo
nos tornamos participantes da missão da Igreja. Pelos dons do Espírito Santo,
concedei-nos a Graça de ser testemunhas do Evangelho,
corajosos e vigilantes,
para que a missão confiada à Igreja, ainda longe de estar realizada,
possa encontrar novas e eficazes expressões que levem vida e luz ao mundo.
Ajudai-nos, Pai Santo, a fazer que todos os povos possam encontrar-se com o amor
e a misericórdia de Jesus Cristo,
Ele que é Deus convosco, e vive e reina na unidade do Espírito Santo,
agora e para sempre.
Amém.
Animador: Nossas preces prossigamos, rezando juntos a oração que o Senhor nos ensinou:
Todos: Pai Nosso...
Animador: Chegamos ao final desta celebração. Somos gratos ao Senhor por sermos batizados e enviados. Que nossa comunidade reconheça sempre mais a importância dos catequistas, neste tempo em que a transmissão da fé é um grande desafio para todos nós. Vamos nos manter sempre unidos, com alegria, coragem e esperança, porque o Senhor que está conosco todos os dias e nos capacita para sermos seus discípulos missionários.
Bênção
O Senhor te abençoe e te guarde.
O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja propício. O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz.
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Canto (ou outro a escolha):
O Deus que me criou, me quis me consagrou para anunciar o seu amor.
Eu sou como chuva em terra seca: pra saciar, fazer brotar eu vivo para amar e pra servir!
É missão de todos nós! Deus chama, eu quero ouvir a sua voz!
Eu sou como a flor por sobre o muro. Eu tenho mel, sabor do céu, eu vivo pra amar e pra servir.
Eu sou como estrela em noite escura. Eu levo a luz, sigo a Jesus. Eu vivo par amar e pra servir!
Eu sou como abelha na colmeia. Eu vou voar, vou trabalhar. Eu vivo pra amar e pra servir.
Eu sou, sou profeta da verdade. Canto a justiça e a liberdade. Eu vivo para amar e pra servir!
Comissão para Animação Bíblico-Catequética
Para dizer a minha conversão tenho várias analogias. A primeira é com o conto A metamorfose, de Franz Kafka, em que Gregor Samsa, personagem principal, acorda em forma de inseto gigante virado para cima com o patrão a bater à porta furioso pelo indesculpável atraso.
A conversão é algo profundamente corporal. Não é só a alma que se modifica estruturalmente; também a carne rebenta em palavras e gestos estranhos de um corpo maior que o nosso. Converti-me na adolescência. A lembrança dessa metamorfose cruza-se assim com a memória da acne que era aborrecida, embaraçosa, símbolo máximo do meu estado transitivo e, por isso, de certo modo, pascal. O já distante dia da minha conversão foi o dia da inauguração da minha vida. É o coração da minha história. Ele é um ontem pegajoso, de doce e firme claridade, a pulsar na premência que faz com que este dia, entre todos, seja o de hoje.
Na verdade, o convertido quer comprovar a si próprio que se converte, como quem pede para ser beliscado numa circunstância inacreditável. A si próprio exige uma prova, uma penhora de si o mais material possível, uma rutura radical. Uma vida diferente na qual falte definitivamente algo valioso. Explica-se assim a irmandade entre o convertido e o pobre: por vontade ou por inevitabilidade, ambos suspendem o fascínio pela matéria e se refundam com a marca da sua falta.
A segunda analogia é a do vulcão. A conversão é um momento eruptivo do passado em que quem se converte decidiu e foi decidido. A lava que se expele desse microssegundo de brutal viragem transforma-se no novo país pessoalíssimo em que se passa a viver. A breve memória do consentimento cristaliza-se num território vital. Como um trauma dócil, um acidente bom, uma queda do cavalo que nos deixa com as feridas que se fizeram em nós e que nos são.
O convertido é perturbado pela sensação de ser desadequado ao mundo. Vive em tensão com uma consciência também ela nômade de imperativo falhado em imperativo falhado, com um Big Brother que lhe diz instantemente: «Estás a esquecer o teu nome». A propósito, converter-se é passar a ter um nome outro, assinalado como ferrete em carne de gado. Um nome pago com discussões familiares, com risos no corredor da escola, com uma coleção de olhares de estranheza sobre si, na dor de se ter uma fé impossível de higienizar. Para mim, foi passar a chamar-me mais «cristã» que Cátia.
A terceira e última analogia estabeleço-a com o filme Instantes Decisivos (ou Sliding Doors, de Peter Howitt, estreado em 1998). Helen, personagem principal, acaba de ser despedida e dirige-se para a estação de metro. Aí o enredo desdobra-a em duas: uma Helen que apanha o metro, chega a casa e encontra o namorado com outra mulher; e outra Helen que perde o metro e passa por um conjunto de outras peripécias não tomando conhecimento da traição.
Conversão tem a ver com «versão». É a escolha de uma versão de si e da vida. É fazer a experiência de ver passar ao seu lado a pessoa que se podia ter sido e que não se foi. E se esta atração por Jesus não tivesse incubado como um vírus que não deixa pedra sobre pedra, ideia sobre ideia, sonho sobre sonho? De repente, tem-se os medos e as prioridades trocadas. E vive-se no avesso das coisas, no seu lado de dentro e no seu lado alto. E muda-se de casa para um miradouro que é demasiado elevado para os nossos pequenos olhos.
O mundo torna-se um extenso e intenso museu que Deus dispõe e reatualiza diariamente, numa exposição de coisas belas que parece visível só para o próprio. Mas o mundo é ao mesmo tempo uma sala de espera vazia por aquele que ainda não veio, e o luto por tudo o que entretanto acontece de triste, à custa de tanta desistência do seu amor. O convertido é um irreconciliado com as suas incoerências, por tudo lhe saber a demérito comparado com aquele grande encontro, pela suspeita constante de estar a trair esse «agarramento» do coração.
A conversão não faz um alisamento às interrogações mas é o préstimo de uma angústia que em Jesus aprende a ser amada e amante. Vive-se na urgência de concretizar o programa desse «sim» que não foi propriamente dito, mas que se disse em nós e que nos disse a nós.
O convertido é alguém que diariamente tenta disfarçar a sua loucura, civilizar o aguilhão de luz que o assola desde aquele dia. Aquele dia em que acordou num outro rosto e num outro corpo. Aquele dia em que o vulcão eclodiu, e lhe deu uma morada impermanente ao expulsá-lo de si próprio. Aquele dia em que perdeu o metro para sempre, e com ele, a versão mais banal ou expectável de si; aquela que era para ser. Aquele dia em que Jesus veio, permaneceu e se tornou o seu único bem.
Cátia Tuna
31.07.2019
In: opontosj
Dom Marco Aurélio Gubiotti (bispo de Itabira-Cel. Fabriciano-MG) foi eleito para presidir a Comissão para Animação Bíblico-Catequética do Regional Leste 2 (que é responsável por este site). Nossas Boas-Vindas a ele que passa a ser o Bispo Referencial da Catequese nos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo.
Dom Marco Aurélio é mestre em Estudos Bíblicos e irá presidir esta Comissão que tem a responsabilidade de animar o trabalho Bíblico-Catequético, a Catequese a serviço da Iniciação à vida cristã, nesses estados mencionados. Além disso, a Comissão coordena o Curso de Pós-Graduação Especialização em Catequética em parceria com a PUC-MG, produz subsídios catequéticos e presta assessoria em formações nas dioceses.
Pedimos ao Espírito que o ilumine e desejamos que o trabalho na Comissão Bíblico-Catequética seja fecundo!
Num encontro com catequistas uma jovem me fez a seguinte pergunta: o que afinal é a catequese? Para que existe catequese na Igreja?
E percebi que a dúvida não era somente dela. Havia catequistas já bem "antigas" que pareciam um tanto perplexas com a questão colocada. E me olharam esperando a resposta.
A catequese, dizendo de maneira mais simples, existe para anunciar o amor de Deus revelado em Jesus Cristo. A catequese não é outra coisa senão o anúncio da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Para muitos catequistas o anúncio de Jesus Cristo ainda não é o centro do itinerário catequético. Na lista de conteúdos com crianças, por exemplo, encontramos longa lista de temas como sacramentos, mandamentos, profetas etc. Não que não sejam importantes, mas para o anúncio de Jesus é destinado dois ou três temas. O itinerário catequético tem como objetivo anunciar o nascimento, vida, morte e ressurreição de Jesus. Ele é o centro da vida cristã.
Não podemos perder de vista que hoje a maioria dos catequizandos não conhecem, não tem intimidade com Jesus Cristo. Daí a importância de dedicar um longo percurso para levar o catequizando a conhecer e amar Jesus Cristo.
O Papa Francisco assim formulou o primeiro e principal anúncio da catequese:
“Jesus Cristo ama-te, deu a sua vida para te salvar, e agora vive contigo todos os dias para te iluminar, fortalecer, libertar”. (EG 160-168)
É o primeiro anúncio no sentido de anúncio principal, diz o Papa. A ele deve-se sempre voltar durante o aprofundamento da fé na catequese, de diferentes maneiras. E diz ainda: “Não se deve pensar que, na catequese, o querigma é deixado de lado em favor de uma formação supostamente mais “sólida”. Nada há de mais sólido, mais profundo, mais seguro, mais consistente e mais sábio que esse anúncio” (EG 165).
O Catequista é essa pessoa que experimentou o amor de Deus em sua vida, apaixonou-se por Jesus Cristo e deseja colocar sua vida a serviço do anúncio desse amor apaixonado de Deus por nós. Ser catequista é anunciar incansavelmente que Deus nos ama, que Deus espera por nosso amor, que Deus veio ao nosso encontro em Jesus Cristo.
Ser catequista é testemunhar a beleza de ser amado por Deus, de ser capaz de confiar nesse Amor.
Lucimara Trevizan
No coração da vocação da Igreja no mundo está a proclamação do Reino de Deus inaugurado em Jesus, o Senhor crucificado e ressuscitado. E, na missão de proclamar a Palavra, são os desafios que nos alertam para a renovada reafirmação da identidade cultural nos diversos lugares, especialmente quando se observa a pluralidade das práticas religiosas. Esses ambientes exigem do evangelizador capacidade para estabelecer um relacionamento de diálogo com outras pessoas no sentido de discernir as insondáveis riquezas de Deus e a maneira como ele lida com a humanidade. É preciso ter a clareza de que o Espírito de Deus atua constantemente em de maneiras e formas que vão além do entendimento humano e nos lugares em que menos se espera.
Nesse sentido o catequista se encontra diante de importantes paradigmas em suas missão: encarnar o evangelho no âmbito de cada cultura, viver em comunidade, testemunhar e dialogar, ou seja, testemunhar a própria fé, mas entendendo as várias formas pelas quais Deus cumpre seus propósitos.
Deus é o anfitrião da salvação e a salvação pertence a Ele. A nós, cabe participar desse projeto divino. Nós não oferecemos a salvação, mas damos testemunho dela. Não decidimos quem será salvo, pois isso compete À Providência Divina. Nossa tarefa missionária é proclamar a Palavra de Deus, que nos capacita para discernir os sinais do cumprimento dos propósitos de Deus. Abrimo-nos, assim, a uma cultura de diálogo e solidariedade, mas sempre atentos para reconhecer as limitações humanas e da linguagem que tornam impossível esgotar o mistério da salvação que Deus oferece à humanidade. A salvação é uma “hospitalidade” eterna de Deus. Foi Ele que decidiu fazer de nós um povo portador da sua promessa. O próprio Deus nos escolheu para sermos seus servos, não de forma facultativa, mas como dever de justiça, de justiça divina, porque Deus é justo.
A questão do diálogo
A realidade plural em que vivemos, das diversas formas de pensar e viver a fé, nos convoca para o diálogo, sem que isso implique a perda da própria identidade. Pois, quando somos conhecedores da nossa própria tradição religiosa, conhecemos as identificações como valores, normas, ideias, modelos, heróis, nos quais a pessoa, e a comunidade se reconhecem e trabalham as questões de fé, esse reconhecer-se nessa realidade propicia o reconhecer-se com o outro e nesse reconhecimento de si mesmo e do outro, passa a existir a possibilidade do diálogo com benefícios para aqueles que se abrem ao outro. Isto porque ao abrir-se ao diálogo com o outro, sendo conhecedor de sua tradição, da revelação do amor de Deus à humanidade e tendo feito sua escolha histórica de fé sem excluir a sua presença transcendente em outras tradições religiosas, ou até mesmo, nas diversas práticas e crenças, o diálogo abre perspectivas para aprender com o outro, amplia sua identidade que se coloca em constante construção.
Descobrir os mistérios da pessoa de Jesus e o mistério do Reino
Toda essa nossa conversa sobre identidade pessoal, comunitária e diálogo possível nas diversas formas de vivência da fé tem sentido quando nos reportamos para o sentido e significação de ser iniciado na fé. Essa reflexão irá nos ajudar quando tomamos a consciência de que descobrir os mistérios do Reino de Deus, assumir os compromissos do caminho que nos propõe Jesus, viver a mística da moral cristã, tudo isso são realidades muito exigentes, e sem um verdadeiro processo de iniciação não se alcança seu verdadeiro sentido.
O processo de evangelização ao qual somos chamados a viver e levar em missão para as crianças, jovens e adultos, e até mesmo para as pessoas que, embora tenham recebido os sacramentos de iniciação, não foram evangelizados na experiência vivencial do mistério, exige de nós um envolvimento maior com a formação de cristãos que assumam de fato o projeto do Reino e uma revalorização dos itinerários que percorremos na tentativa de contribuir com uma participação maior das pessoas no mistério da fé cristã que gere identidade pessoal e que seja integrada num estilo evangélico de vida.
O valor do mistério de Cristo e da Igreja, explicados nas catequeses e experimentados nas celebrações necessitam de ser hoje explicados dentro de uma vivência marcada pelo rito através das catequeses mistagógicas, vivenciais. Estas experiências marcam a pessoa por inteiro e possibilita maior interiorização.
A iniciação não é uma invenção cristã. Ela está na raiz de muitas religiões na antiguidade e, mais ainda, na raiz de quase todas as culturas. Antes de ser uma realidade religiosa, é uma realidade antropológica. Daí a dificuldade que se tem da vivência do mistério, pois por ser uma realidade antropológica, o ser humano necessita de se deixar abrir ao mistério, criar suas identidades, mas sabedor da existência de um Deus que transcende, que vai além das nossas compreensões, que nos exigem diálogos que podem ser entre eu comigo mesmo, eu e Deus, eu e a natureza, eu e o outro. O diálogo ajuda no enfrentamento dos desafios que nos interpelam, atrai, questionam nossas certezas, coloca medo, mas nos possibilitam o ir além e ampliar a profundidade do mistério no qual somos inseridos, o mistério da nossa fé.
Neuza Silveira de Souza
Comissão bíblico-catequética do Regional Leste 2 da CNBB
26.10.2018
Todos nós podemos reconhecer os perigos que o papa vê na cultura de hoje. No quarto capítulo da sua exortação apostólica "Gaudete et exsultate" (Alegrai-vos e exultai), sobre o chamamento à santidade, Francisco elenca «a ansiedade nervosa e violenta que nos dispersa e enfraquece; o negativismo e a tristeza; a acédia cômoda, consumista e egoísta; o individualismo e tantas formas de falsa espiritualidade sem encontro com Deus que reinam no mercado religioso atual».
Em resposta, o papa dá-nos as cinco grandes expressões de amor a Deus e ao próximo que considera de particular importância à luz dos perigos presentes na cultura de hoje.
Perseverança, paciência e mansidão
Em resposta a esses perigos, o papa diz que é preciso «permanecer centrado, firme em Deus que ama e sustenta». É isso que nos dá a força interior para perseverar, não apenas nos altos e baixos da vida, mas também em face das «agressões dos outros, as suas infidelidades e defeitos».
A força interior que vem de saber que Deus nos ama, «o testemunho de santidade, no nosso mundo acelerado, volúvel e agressivo, é feito de paciência e constância no bem».
Citando a carta de Paulo aos Romanos, ele exorta a não retribuir o mal pelo mal, a não buscar vingança e a não ser vencido pelo mal, mas sim a «vencer o mal com o bem».
Ele chega a repreender os meios de comunicação católicos ao sublinhar que mesmo dentro deles «é possível ultrapassar os limites, tolerando-se a difamação e a calúnia e parecendo excluir qualquer ética e respeito pela fama alheia». E prossegue: «É impressionante como, às vezes, pretendendo defender outros mandamentos, se ignora completamente o oitavo, "não levantar falsos testemunhos", e destrói-se sem piedade a imagem alheia».
Por outro lado, «o santo não gasta as suas energias a lamentar-se dos erros alheios, é capaz de guardar silêncio sobre os defeitos dos seus irmãos e evita a violência verbal que destrói e maltrata, porque não se julga digno de ser duro com os outros, mas considera-os superiores a si próprio».
Só através da humildade se alcança a santidade: «Se não fores capaz de suportar e oferecer a Deus algumas humilhações, não és humilde nem estás no caminho da santidade». Neste sentido, «a humilhação faz-te semelhante a Jesus, é parte ineludível da imitação de Jesus».
Francisco elogia aqueles que, diante das «humilhações diárias», se «calam para salvar a sua família, ou evitam falar bem de si mesmos e preferem louvar os outros em vez de se gloriar, escolhem as tarefas menos vistosas e às vezes até preferem suportar algo de injusto para o oferecer ao Senhor».
Ao mesmo tempo, «uma pessoa, precisamente porque está liberta do egocentrismo, pode ter a coragem de discutir amavelmente, reclamar justiça ou defender os fracos diante dos poderosos, mesmo que isso traga consequências negativas para a sua imagem».
Alegria e sentido de humor
Os santos são alegres e cheios de bom humor, segundo Francisco, não são tímidos, rabugentos, amargos ou melancólicos. Citando S. Tomás de Aquino, escreve ele, «do amor de caridade, segue-se necessariamente a alegria. Pois quem ama sempre se alegra na união com o amado. (...) Daí que a consequência da caridade seja a alegria». A alegria sobrenatural vem de saber que somos infinitamente amados.
Ele contrasta essa alegria espiritual com a falsa alegria oferecida pela cultura consumista de hoje. «O consumismo só atravanca o coração; pode proporcionar prazeres ocasionais e passageiros, mas não alegria.» A alegria vem de dar e amar. «Concentrando-nos sobretudo nas nossas próprias necessidades, condenamo-nos a viver com pouca alegria.»
A alegria cristã, argumenta Francisco, é normalmente «acompanhada pelo sentido do humor». De facto, «o mau humor não é um sinal de santidade».
Ousadia e ardor
A santidade requer ousadia e ardor, «impulso evangelizador que deixa uma marca neste mundo». Francisco observa que a compaixão de Jesus fez com saísse fortemente de si mesmo «a fim de anunciar, mandar em missão, enviar a curar e libertar». Francisco adverte contra estar paralisado «pelo medo e o calculismo».
Esse medo pode manifestar-se de várias maneiras: «Individualismo, espiritualismo, confinamento em mundos pequenos, dependência, instalação, repetição de esquemas preestabelecidos, dogmatismo, nostalgia, pessimismo, refúgio nas normas».
Francisco diz que há um caminho para sair desse medo: «Deus é sempre novidade, que nos impele a partir sem cessar e a mover-nos para ir mais além do conhecido, rumo às periferias e aos confins. Leva-nos aonde se encontra a humanidade mais ferida e aonde os seres humanos, sob a aparência da superficialidade e do conformismo, continuam à procura de resposta para a questão do sentido da vida».
«Deus não tem medo! Não tem medo! Ultrapassa sempre os nossos esquemas e não lhe metem medo as periferias. Ele próprio fez-se periferia.»
Na comunidade
Francisco não acredita em santos solitários. Em vez disso, «a santificação é um caminho comunitário, que se deve fazer dois a dois». Cada comunidade é chamada a criar um «espaço iluminado por Deus para experimentar a presença oculta do Senhor ressuscitado».
«Partilhar a Palavra e celebrar juntos a Eucaristia torna-nos mais irmãos e vai-nos transformando pouco a pouco em comunidade santa e missionária.»
A comunidade, diz ele, também é composta de pequenas coisas quotidianas. «A comunidade, que guarda os pequenos detalhes do amor e na qual os membros cuidam uns dos outros e formam um espaço aberto e evangelizador, é lugar da presença do Ressuscitado que a vai santificando segundo o projeto do Pai.»
Em oração constante
Finalmente, Francisco diz que «a santidade é feita de abertura habitual à transcendência, que se expressa na oração e na adoração», mas essa oração não se trata «necessariamente de longos períodos ou de sentimentos intensos». Ele cita Santa Teresa de Ávila, que disse que a oração é «uma relação íntima de amizade, permanecendo muitas vezes a sós com quem sabemos que nos ama». Esta oração «não é apenas para poucos privilegiados, mas para todos».
Pergunta-nos o papa: «Tens momentos em que te colocas na sua presença em silêncio, permaneces com Ele sem pressa, e te deixas olhar por Ele? Deixas que o seu fogo inflame o teu coração? Se não permites que Jesus alimente nele o calor do amor e da ternura, não terás fogo».
Francisco encoraja a leitura orante das Escrituras. Citando os bispos da Índia, assinala que «a devoção à Palavra de Deus não é apenas uma dentre muitas devoções, uma coisa bela mas facultativa. Pertence ao coração e à própria identidade da vida cristã».
«O encontro com Jesus nas Escrituras conduz-nos à Eucaristia», escreve ele. Na Eucaristia, «o único Absoluto recebe a maior adoração que se Lhe possa tributar neste mundo, porque é o próprio Cristo que se oferece. E, quando o recebemos na Comunhão, renovamos a nossa aliança com Ele e consentimos-lhe que realize cada vez mais a sua obra transformadora».
Paciência, alegria, ousadia, comunidade e oração: cinco expressões de amor que levam à verdadeira santidade.
Caríssimos e caríssimas catequistas, bom dia!
Desejei muito compartilhar pessoalmente com vocês este momento importante em que se encontram reunidos para refletir sobre a segunda parte do Catecismo da Igreja Católica, que trata de conteúdos importantes e básicos para a Igreja e para cada cristão, a vida sacramental, a ação litúrgica e seu impacto sobre a catequese. Mons. Fisichella me informou que vocês são muitos, cerca de 1.500 catequistas e que vieram de 48 países diferentes, em muitos casos acompanhados de vossos bispos, que saúdo cordialmente. Obrigado pela presença! Obrigado pelo entusiasmo com que vivem o “ser” catequistas na Igreja e para a Igreja.
Lembro com prazer o primeiro encontro que tive com vocês no Ano da Fé, em 2013, e como lhes pedi para “ser catequistas, não trabalharcomo catequistas”. Isto não! Eu trabalho como catequista porque gosto de ensinar. Mas, se você não é catequista, não vale a pena! Não será fecundo, não será fecunda! Catequista é uma vocação: ser catequista, esta é a vocação, não trabalhar como catequista. Prestem atenção! Não disse apresentar-se como catequistas, mas sê-lo, porque envolve a vida. Leva-se ao encontro com Jesus com as palavras, com a vida, com o testemunho”.
Hoje me encontro em Vilnius, para a viagem apostólica nos Países Bálticos, que foi programado há tempos. Aproveito destes instrumentos eficazes da tecnologia para estar com vocês e dirigir-lhes alguns pensamentos que considero importantes, a fim de que a vocação para ser catequistas assuma cada vez mais uma forma de serviço, realizado na comunidade cristã, e que precisa ser reconhecido como um verdadeiro e genuíno ministério da Igreja, do qual temos especial necessidade.
Penso sempre o catequista como aquele que se colocou a serviço da Palavra de Deus, que cotidianamente se alimenta dela para poder comunicá-la aos outros com eficácia e credibilidade. O catequista sabe que esta Palavra é «viva» (Hb 4,12) porque é a regra da fé da Igreja (cf. Conc. Ecum. Vat. II, Dei Verbum, 21; Lumen gentium, 15). O catequista, consequentemente, não pode se esquecer, sobretudo, hoje, num contexto de indiferença religiosa, que a sua palavra é sempre um primeiro anúncio. Pensem bem nisso: neste mundo, nesta área de tanta indiferença, a palavra de vocês será sempre um primeiro anúncio, que chega a tocar o coração e a mente de tantas pessoas que esperam encontrar Cristo. Mesmo que não saibam, mas estão à espera. E quando digo primeiro anúncio, não o entendo somente em sentido temporal. Certamente, isto é importante, mas não é sempre assim. Primeiro anúncio equivale a ressaltar que Jesus Cristo morto e ressuscitado por amor ao Pai, dá o seu perdão a todos sem distinção de pessoas, se apenas abrirem seu coração para se deixarem converter! Muitas vezes não percebemos a força da graça que, até mesmo por meio de nossas palavras, toca em profundidade os nossos interlocutores e os plasma para permitir-lhes descobrir o amor de Deus. O catequista não é um professor que dá uma aula. A catequese não é uma aula; a catequese é a comunicação de uma experiência e o testemunho de uma fé que abrasa os corações, porque desperta o desejo de encontrar Cristo. Este anúncio feito de vários modos e com diferentes linguagens é sempre o “primeiro” que o catequista é chamado a realizar!
Por favor, na comunicação da fé, não caiam na tentação de desvirtuar a ordem com a qual a Igreja desde sempre anunciou e apresentou o kerigma, e que encontra guarida na estrutura do próprio Catecismo. Não se pode, por exemplo, antepor a lei, mesmo aquela moral, ao anúncio tangível do amor e da misericórdia de Deus. Não podemos esquecer as palavras de Jesus: “Não vim para condenar, mas para perdoar...” (cf. Jo 3,17; 12,47). Do mesmo modo, não se pode presumir impor uma verdade da fé, prescindindo do chamado à liberdade que esta comporta. Quem faz a experiência do encontro como Senhor encontra-se sempre como a samaritana que tem o desejo de beber uma água que não se exaure, mas ao mesmo tempo corre depressa aos habitantes do povoado para fazê-los vir até Jesus (cf. Jo 4,1-30). E’ necessário que o catequista compreenda, portanto, o grande desafio que se apresenta de educar à fé, em primeiro lugar, os que têm uma identidade cristã fraca e, por isso, têm necessidade de proximidade, de acolhida, de paciência e de amizade. Somente assim a catequese se torna promoção da vida cristã, sustento na formação global dos crentes e incentivo a serem discípulos missionários..
Uma catequese, que pretende ser fecunda e em harmonia com o conjunto da vida cristã, encontra na liturgia e nos sacramentos a sua linfa vital. A iniciação cristã exige que nas nossas comunidades se realize sempre mais um itinerário catequético que ajude a experimentar o encontro com o Senhor, o crescimento no seu conhecimento e o amor pelo seu seguimento. A mistagogia oferece oportunidades muito significativas para realizar este itinerário com coragem e decisão, favorecendo a saída de uma fase estéril da catequese, que muitas vezes afasta sobretudo os nossos jovens, porque não encontram o frescor da proposta cristã e a incidência na vida deles. O mistério que a Igreja celebra encontra a sua expressão mais bela e coerente na liturgia. Não nos esqueçamos de, com a nossa catequese, levar a acolher a contemporaneidade de Cristo. Na vida sacramental, de fato, que encontra seu cume na santa Eucaristia, Cristo se faz contemporâneo da sua Igreja: acompanha-a nos acontecimentos da sua história e jamais se afasta da sua Esposa. É ele que se faz vizinho e próximo de quantos o recebem no seu Corpo e no seu Sangue, e os torna instrumento de perdão, testemunhas da caridade para os que sofrem e participantes ativos no criar a solidariedade entre os homens e os povos. Como seria útil para a Igreja se nossas catequeses fossem marcadas em fazer acolher e viver a presença de Cristo que age e realiza a nossa salvação, permitindo-nos experimentar, desde agora, a beleza da vida de comunhão com o mistério de Deus Pai, Filho e Espírito Santo!
Faço votos para que vivam estes dias com intensidade, para levar depois para vossas comunidades a riqueza do quanto viveram neste encontro internacional. Acompanho-os com minha bênção e, por favor, não se esqueçam de rezar por mim. Obrigado.
Papa Francisco
Mensagem aos participantes do II Congresso Internacional de Catequese
Roma, 22 de setembro de 2018.
(Tradução: Marlene Maria Silva)
imagem: site do Vaticano 2020
Ser catequista é uma experiência tão antiga quanto a Igreja. É alguém chamado a conhecer Jesus Cristo, amá-lo e levar sua mensagem a todos por meio do testemunho de vida.
A alegria de ser catequista brota quando a pessoa se sente verdadeiramente inserida na vida da Igreja, sempre em busca de conhecimento e experiências que possam contribuir para o amadurecimento da fé de todos os irmãos. O Catequista desenvolve um bonito trabalho, apaixonante, mas exigente porque precisa testemunhar aquilo que fala. Na sua missão de atrair pessoas para o seguimento de Jesus e fazer experiência do amor de Deus, ele se torna uma pessoa encarregada para ser sinal-instrumento eficaz, para transmitir, com a própria vida e pela Palavra, a Boa Nova do Reino de Deus que se revelou plenamente em Jesus Cristo.
O catequista é chamado a ser testemunha do mistério
É importante observar que o Novo Testamento nos transmite mais ações de testemunho do que atividade missionária, sobretudo o Evangelho segundo São João. O testemunho consiste principalmente no anúncio querigmático, na proclamação direta e pública do desígnio de Deus de salvar tudo em Jesus. Segundo o livro dos Atos dos Apóstolos, além da pregação, há outra forma de evangelização, a saber, o testemunho de vida. Tanto a pregação quanto o anúncio são mediações para a caminhada de conversão.
Podemos experimentar essas mediações partindo dos relatos que provém da origem da prática batismal dos primeiros cristãos que procede do batismo de João. Ele proclamou e praticou um batismo em sinal de conversão, para o perdão dos pecados (Mt 1,4; Lc 3,3). Batizar-se, segundo o rito de João Batista, equivale a “ser submerso” ou morrer; o batismo ou a imersão já era usado no judaísmo como símbolo de uma mudança decisiva na vida, tanto religiosa como civil. Jesus, ao ser batizado por João, com uma particularidade: não confessou seus pecados (Mc 1,9), nem teve que converter-se (Jo 1,5), ele tomou consciência de sua missão na sociedade injusta de seu tempo e trouxe um significado novo, a saber, libertar os homens e mulheres de toda opressão.
Assim, o batismo cristão significa o compromisso de acabar com a injustiça e construir uma sociedade justa, para o que Deus concede o Espírito Santo, pois de acordo com a prática cristã mais primitiva, herdada por João Batista e reinterpretada por Jesus, o batismo é obra do Espírito de Cristo, em cujo nome é celebrado. Batizar-se significa identificar-se com a causa de Jesus, optar pelo sentido da vida dada por Cristo. Implica em compromisso de vida.
A experiência que leva ao mergulho do Mistério
Jesus é o primeiro iniciador da fé e o Catequista um continuador de Jesus nesse processo. A evangelização pretende comunicar a fé aos que não possuem ou a possuem insuficientemente, isto é, os que não creem ou não creem plenamente. A fé é da ordem do transcendente, não se comunica apenas com palavras. Torna-se necessário que a vida da testemunha seja o que diz. A pessoa é cristã a partir da experiência, da expressão de sua espiritualidade, ou seja, o cristão é visto, não pelo seu discurso, mas pela vida humana que emana do seu ser de um modo peculiar, à luz e exigências do evangelho.
Ao falar em experiência, utilizamos de um bom conceito expresso por Leonaldo Boff, no seu livro “Jesus Cristo libertador”. Ele diz que a experiência é a ciência ou o conhecimento (ciência) que o ser humano adquire quando sai de si (ex) e procura compreender um objeto por todos os lados (peri). Movimento de saída de si para perceber a realidade a partir de outro ponto de vista, de vários lados, e, sobretudo, aprender com o novo que está sendo contemplado. A experiência vai além do vivenciar, pois além de viver o ato em si, a experiência indica uma reflexão no ato do viver gerando nova consciência sobre o fenômeno vivido, isto é, provoca novas compreensões, novo jeito de viver.
Nesse sentido, pode-se dizer que há experiência humana quando há relação conosco mesmos, com os outros e com o mundo, participação real do sujeito num acontecimento. A experiência humana aprofundada pode ser caminho de evangelização. Assim, falar de experiência religiosa no processo evangelizador, é uma forma de o ser humano mergulhar na infinitude transcendental. Trata-se de uma experiência do sagrado, ou seja, a percepção da presença do sagrado no universo humano. É uma experiência de medo ou de atração diante do mistério. Pode-se dizer que as pessoas, diante do medo ou diante dos momentos felizes, momentos de realizações, elas se aproximam do sagrado.
Mas, para além da experiência religiosa está a experiência do mistério transcendente (Deus). Uma bela definição dessa experiência está nas palavras do professor Henrique C. de Lima Vaz, em seus escritos de filosofia 1, que a classifica como sendo a experiência do sentido radical. Trata-se de uma experiência única, particular, e ao mesmo tempo, revigora a vida de quem a realiza. Ela possibilita que o ato do viver seja construído, permanentemente e com sentido no cotidiano do dia-a-dia do existir. Assim, a pessoa que consegue contemplar os acontecimentos da vida e retirar deles um sentido ao existir realiza a experiência de Deus.
Falar das formas de fazer experiências nos chama a atenção para perceber como se realiza nossas próprias experiências na caminhada com Cristo. Perceber como vai se formando a mentalidade cristã e traduzindo-a em comportamento evangélico: desprendimento de si mesmo, entrega aos outros, compromisso social, expressão das crenças profundas e na participação em certos gestos sacramentais que se relacionam com o sentido da vida. A vida cristã é impossível sem o “sair de si” de estar em comunidade. Esta tem seu fundamento na palavra de Deus, vive um processo de conversão, está encarnada na realidade do mundo, celebra a salvação de Deus, testemunha sua própria fé e se reconhece como autêntica comunhão.
Diante da missão de evangelizar, de fazer ecoar a Palavra de Deus, o Catequista é chamado para ser encantador de pessoas por Jesus, o catequista precisa ser aquela pessoa que vive, ama e reflete seu ato de viver transformando-o em experiência que dá sentido à vida; uma pessoa de maturidade humana e de equilíbrio psicológico; pessoa de espiritualidade, que deseja crescer na santidade; que alimenta sua vida na força do Espírito Santo, para transmitir a mensagem com coragem, entusiasmo e ardor a Palavra de Deus. Que toda catequista possa renovar sua vocação e permanecer fiel na transmissão da mensagem dos ensinamentos de Jesus Cristo.
Neuza Silveira de Souza
Comissão Bíblico-Catequética do Regional Leste 2
Senhor Jesus, nosso Salvador e amigo.
Tuas palavras soam e ressoam aos ouvidos de muitos discípulos teus.
Muito mais, és Tu a Palavra que nos pronuncia o amor de Deus.
A tua voz queremos ouvir, ao teu chamado acolher, ao teu mandato obedecer.
Outrora chamaste os discípulos; hoje chamas a nós.
Outrora ensinaste as multidões; hoje pedes que te apresentemos a quem precisa de ti.
Nas margens do lago tiveste compaixão; hoje pedes que nos compadeçamos.
Desde a montanha enviaste teus discípulos; também hoje queres que façamos discípulos teus.
Senhor, são justamente estes os motivos e os anseios da nossa Semana de Catequese.
Que teu Espírito nos infunda a paz e a força de perceber tua presença.
Que Ele nos conceda a Alegria do Evangelho que queremos acolher, que queremos partilhar, que queremos transmitir.
Vem participar, Senhor, da nossa 4ª Semana Brasileira de Catequese.
Vem nos falar, vem nos inspirar, vem em socorro à nossa fé.
Tudo isso a ti pedimos porque temos um grande sonho:
Que nossa Catequese, e nossos catequistas aproximem de ti todos a quem nos enviaste.
Amém.
O símbolo visual da 4ª Semana Brasileira de Catequese, que tem como inspiração o texto bíblico: “Nós ouvimos e sabemos que ele é o Salvador do mundo” (Jo 4,42), é constituído por uma cruz central, sinal de nossa salvação, sinal do amor de Jesus que nos amou até o fim. A cruz refere-se à morte de Jesus e também à sua ressurreição. A cruz é símbolo do estilo de vida que Cristo ensinou e que agora, somos convidados a assumir, do caminho pascal, de morte e ressurreição, que Cristo percorreu e que agora somos chamados a percorrer: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” (Mt 16,24).É com o sinal da cruz que os catecúmenos são acolhidos na iniciação cristã.
Do lado esquerdo um pequeno traço nos lembra o lado transpassado de Cristo: “Pendente da cruz, do seu coração aberto pela lança fez correr sangue e água” (RICA 215). O sangue e água são identificados pela Tradição da Igreja como os dois sacramentos principais: Eucaristia e Batismo. O lado aberto de Cristo morto na cruz também evoca a nossa imersão batismal na paixão e morte do Senhor. Do seio de Jesus elevado e glorificado no mistério da morte e ressurreição, flui a água viva, símbolo do dom do Espírito Santo. O Batismo confere aos fiéis o dom do Espírito Santo e os tornam portadores e templos do Espírito.
O espiral que se forma nas cores vermelha e azul, símbolo do sangue e da água, remete-nos a caminhada que iniciamos todos nós, a partir da fé em Jesus Cristo e da sua Igreja, que nasceu do seu lado aberto, assim como nova Eva do lado do novo Adão. É símbolo da caminhada dos simpatizantes, catecúmenos, eleitos, neófitos... de todo Cristão. O espiral em sentido anti-horário, representando o Kairós de Deus, “o tempo oportuno”, pelo qual somos regidos, amadurecemos e crescemos, ano após ano, de domingo a domingo, de páscoa em páscoa, até a páscoa definitiva. As pegadas aí impressas mostram que a nossa fé não é circular, mas espiral, como no ano litúrgico. A cada ano concluído, não paramos no mesmo lugar, amadurecemos no seguimento, não somos mais os mesmos, subimos um degrau.
Assim, a logotipo da 4ª SBC em sua simplicidade e profundidade, quer nos ajudar a refletir e a resgatar a essência de nossa fé e o fundamento da Iniciação à Vida Cristã, que deve unir experiência e anúncio, fé e vida num itinerário capaz de nos transformar em discípulos missionários de Jesus Cristo.
Comissão Episcopal Pastoral para Animação Bíblico-Catequética
A Comissão Episcopal para Animação Bíblico-Catequética realizará de 14 a 18 de novembro de 2018, em Indaiatuba (Itaici-SP), a 4ª Semana Brasileira de Catequese.
Tema: 4ª Semana Brasileira de Catequese a serviço da Iniciação à Vida Cristã.
Lema: “Nós ouvimos e sabemos que Ele é o Salvador do mundo” (Jo 4,42)
Objetivo geral:
Objetivos específicos:
- Refletir sobre a condição humana, a busca de sentido e a crise de fé na contemporaneidade;
- Apresentar a iniciação à vida cristã como eixo articulador da ação evangelizadora, a serviço da qual está a catequese (CNBB, Doc. 107, 76);
- Compreender o querigma e a mistagogia como caminho de renovação da comunidade e da formação do discípulo missionário de Jesus Cristo;
- Partilhar experiências significativas da catequese a serviço da iniciação à vida cristã dos regionais.
A 4ª Semana Brasileira de Catequese é uma oportunidade de reafirmar nosso empenho e compromisso no serviço à Iniciação à Vida Cristã, como um itinerário para formar discípulos missionários de Jesus Cristo numa comunidade querigmática, mistagógica e missionária.
Resiliência é a capacidade humana para assumir, ressignificar e superar traumas e grandes sofrimentos da vida. As experiências com órfãos, crianças maltratadas, vítimas de guerras ou catástrofes naturais permitiram constatar que as pessoas que passaram por feridas profundas na vida podem, graças à sua capacidade de resiliência, encontrar um novo sentido para sua existência e olhar para sua própria história com mais realismo e gratidão.
A resiliência, embora seja uma aptidão acessível a todos, ela não é uma receita pronta para a felicidade ou uma espécie de vacina mágica contra o sofrimento, é antes uma habilidade interior que precisa de treino e, mais do que esforço pessoal, de três pilares: espiritualidade, autotranscendência e o apoio de um tutor de resiliência.
Para os estudiosos da resiliência, cultivar a espiritualidade e a dimensão interior é uma das coisas mais importantes para superar o sofrimento e dar-lhe um novo significado.
A autotranscendência é outra característica fundamental. O sofredor precisa ter coragem de reerguer-se de sua dor e projetar-se para fora de si mesmo. Em outras palavras, ele precisa voltar a querer viver e a sonhar, não sonhos egoístas, mas coletivos e cheios de compaixão pela dor do outro.
Todo aquele que passou por grandes dificuldades e sofrimentos na vida precisa, de alguma maneira, encontrar alguém a quem confiar suas angústias e suas dores, ou seja, um TUTOR DE RESILIÊNCIA. Biblicamente falando, todo sofredor necessita encontrar, no momento de seu sofrimento, um “Bom Samaritano”, alguém capaz de acolher com ternura TODOS aqueles que sofrem, especialmente os que sofrem em silêncio, os que escondem sua dor no mistério do próprio olhar.
Neste sentido, o CATEQUISTA deve tornar-se um tutor de resiliência, um especialista em humanidades e afetos. Para isso, ele precisa – mais do que falar de Jesus e do amor de Deus – ter os mesmos sentimentos dele, como ensina São Paulo.
Para que o catequista se torne um tutor de resiliência, ele precisa ter VIDA INTERIOR, SENSIBILIDADE e COMPAIXÃO, tanto pela dor do próximo quanto pela humanidade que ainda geme em dores de parto. Sem estas três dimensões, o catequista pode ser um excelente orador, alguém que fala de Deus com entusiasmo, mas que não consegue torná-lo próximo de seus ouvintes, alguém que aprendeu a falar coisas belas de Jesus, mas que nunca se abriu às sutilezas de seu amor.
O tutor de resiliência é, portanto, todo ser humano capaz de sensibilizar-se diante da dor de seu semelhante e, em seguida, “ajudar a sarar”. O catequista, assim como o tutor de resiliência, diante das feridas do próximo deve tornar-se um curador, ainda que seja, muitas vezes, um “curador ferido”.
Francisco Galvão, religioso paulino, formado em teologia,
mestrando em comunicação social e autor do livro “O Cultivo Espiritual em tempos de conectividade”, lançamento Paulus, 2018.
Apesar de ter nascido na Ilha de Tenerife, no arquipélago das Canárias, na Espanha, padre José de Anchieta ficou conhecido como o “apóstolo do Brasil” por sua atuação no País. Chegou ao Brasil em julho de 1553, com outros seis jesuítas e, em menos de um ano, dominava o tupi com perfeição. Ao longo dos 43 anos em que viveu no Brasil, participou da fundação de escolas, cidades e igrejas.
Anchieta não só trabalhou como catequista, mas também tornou-se dramaturgo, poeta, gramático, linguista e historiador. Vale ressaltar que foi o autor da primeira gramática brasileira.
Em janeiro de 1554, participou da missa de inauguração do Colégio de São Paulo de Piratininga, hoje Pateo do Collegio, local que deu origem à cidade de São Paulo.
Entre as características marcantes da atuação de Anchieta estão a disseminação dos preceitos cristãos utilizando particularidades locais e, assim como os demais jesuítas, a oposição ferrenha aos abusos cometidos pelos colonizadores portugueses contra os indígenas.
Em 1563, com o apoio dos franceses, a tribo dos Tamoios rebelou-se contra a colonização portuguesa. Anchieta e Pe. Manuel da Nóbrega, chefe da primeira missão jesuíta no Brasil, viajaram à aldeia de Iperoig (atual cidade de Ubatuba, litoral norte de São Paulo) visando conter a revolta. Anchieta ofereceu-se como refém, enquanto Manuel da Nóbrega partiu para negociar a paz. Durante o cativeiro, que durou cinco meses, Anchieta fez, então, uma promessa a Nossa Senhora: dedicaria o mais belo poema em sua homenagem se conseguisse sair casto do cativeiro (era costume entre os índios oferecer mulheres aos prisioneiros antes de sua morte). Com versos escritos na areia, ele deu vida ao Poema à Virgem.
Em 1566, Anchieta foi ordenado sacerdote. Três anos depois, fundou o povoado de Reritiba, atual Anchieta, no Espírito Santo. E, em 1577, foi nomeado Provincial da Companhia de Jesus no Brasil, função que exerceu até 1585. Em 1595, Anchieta retirou-se para Reritiba, onde permaneceu até seu falecimento, aos 63 anos de idade, em 9 de junho de 1597.
A assinatura do decreto de canonização do Apóstolo do Brasil ocorreu 417 anos depois de sua morte, no dia 24 de abril de 2014, pelo papa Francisco, em Roma. No relatório final dos postuladores sobre a vida do jesuíta, um documento de 488 páginas, há o registro de 5.350 histórias de pessoas que alcançaram graças rezando a José de Anchieta.
Anchieta é um modelo de catequista e evangelizador, pois fez uma catequese levando em conta a cultura(o jeito de ser e viver) das pessoas. Escreveu teatro, poemas, que eram usados para transmitir a fé aos habitantes desse país. Foi canonizado pelo Papa Francisco em 03 de abril de 2014.
Foi declarado em setembro de 2014, Padroeiro dos catequistas do Brasil pela Congregação para o culto Divino e a Disciplina dos sacramentos da Santa Sé.
(texto adaptado do portal jesuítasbrasil.com)
(indicações para um aprofundamento básico do novo catequista)
Propomos a seguir um itinerário, ou seja, um caminho com conteúdos essenciais para uma formação inicial com o novo catequista. O grupo de catequista pode oferecer esse “tesouro”: a formação. Pode também buscar ajuda ou unir-se a outras paróquias, mas cada vez mais é urgente dar condições ao novo catequista de assumir com consciência e preparo metodológico a iniciação à vida cristã de crianças, jovens e adultos.
As indicações de conteúdos feitas a seguir contemplam o “ser”, o “saber” e o “saber fazer” do catequista. Em cada conteúdo sugerido você encontrará os tópicos a serem desenvolvidos.
Na sociedade atual, o catequista:
- A beleza é o amor de Deus revelado: Jesus Cristo.
- A catequese está a serviço do anúncio principal (querigma).
Como comunicar a mensagem cristã
(texto extraído e adaptado do subsídio “Níveis do processo formativo de catequistas” do Regional Leste 2 da CNBB)
Lucimara Trevizan
Equipe do Catequese Hoje
O pedido por formação de catequistas é o grande grito das coordenações de catequese e catequistas. Verifica-se uma grande sede de formação. Mas, constata-se também que a formação oferecida por paróquias é fragmentada, não se pensa um processo formativo. Os temas propostos são “soltos”. É bom ter temas de atualização, mas é preciso pensar um projeto de formação de catequistas que contemple os diferentes níveis de formação.
Espanta o alto índice de rotatividade dos catequistas. Muitos desistem porque não foram orientados suficientemente para a missão que assumiram. O desânimo aparece diante de pequenos desafios. Outros descobrem que não possuem vocação, isso já desempenhando o trabalho catequético com crianças ou jovens e adultos.
Há dois anos a comissão bíblico-catequética do Regional Leste 2 realizou uma pesquisa e constatou que 70% das paróquias do Estado de Minas e Espírito Santo não oferecem formação inicial para os novos catequistas. Na análise feita, essa é a grande causa da rotatividade de catequistas.
A formação de catequistas é processo de travessia, de deixar de ser de um jeito para ir se fazendo melhor como pessoa, como cristão e como catequista. E ser catequista é um peregrinar, estar sempre em busca, querer ir além.
É muito importante a formação inicial que uma paróquia e comunidade precisa oferecer ao novo catequista. Ela é um processo de encantamento inicial pela missão de catequista, tão importante para nos sustentar na caminhada.
Alguns objetivos da formação inicial de novos catequistas:
- “Abrir o apetite” para a missão de ser educador da fé;
- Descobrir a beleza de ser catequista e a catequese como caminho onde se experimenta Deus;
- Proporcionar uma iniciação do novo catequista ao seguimento de Jesus;
- Orientar sobre o uso da Bíblia na catequese;
- Oferecer orientações metodológicas concretas sobre o “Encontro de Catequese”, para que consiga realizar encontros catequéticos mais vivenciais, orantes, celebrativos, criativos.
- Conhecer as principais características dos catequizandos nas diferentes idades.
- Orientar sobre o conteúdo da catequese com crianças, jovens e adultos.
Outras indicações importantes sobre a Formação inicial do catequista:
- É imprescindível e muito importante a formação inicial dos catequistas. A paróquia precisa assumir e investir nesta formação. Disso depende o futuro da catequese e a chance de envolver novas pessoas na catequese.
- A coordenação paroquial de catequese e o pároco são os responsáveis por essa formação. Se houver dificuldade, é possível organizar essa formação em conjunto com outras paróquias.
- Pensar em como convidar novos catequistas. Pedir ajuda e indicação ao grupo de catequistas, ao padre, ao conselho de pastoral. Fazer o convite pessoalmente.
- A formação pode ser feita: encontros semanais (durante quatro meses), encontros de dia inteiro (uma vez por mês ao longo do ano) e outras modalidades de acordo com a possibilidade local.
- Valorizar cada catequista iniciante, acolher com ternura e carinho, assumindo suas situações vida (sofrimentos, fragilidades, medos, conquistas, alegrias).
- Levar em conta as imagens de Deus que o catequista traz e ajudar a descobrir o Deus de Jesus Cristo.
- Cuidar dos momentos orantes em cada encontro e da metodologia, zelando para que a formação não se reduza a aulas.
- Proporcionar momentos de lazer, de convivência, de festa.
- Envolver a comunidade nesse processo, pedindo ajuda, orações.
- Convidar catequistas mais experientes para acompanhar como “padrinhos/madrinhas” um pequeno grupo de novos catequistas. Ao longo da formação, será importante a escuta, a partilha, a animação, o testemunho.
O papa Francisco ao visitar uma paróquia de Roma (em 12.03.2017), fez um agradecimento aos catequistas: «O que seria a Igreja sem vós? Vós sois pilares na vida de uma paróquia, na vida de uma diocese. Não se pode conceber uma diocese, uma paróquia, sem catequistas. E isto desde os primeiros tempos, desde o tempo após a ressurreição de Jesus: havia as mulheres que ajudavam os amigos e faziam de catequistas. É uma vocação belíssima. É uma vocação belíssima. Não é fácil ser catequista, porque o catequista não só deve ensinar "coisas", deve ensinar atitudes, deve ensinar valores, muitas coisas, como se vive. É um trabalho difícil. Agradeço-vos muito, catequistas, pelo vosso trabalho. Muito obrigado. Obrigado».
(no próximo artigo faremos indicações do conteúdo da formação inicial do catequista)
Lucimara Trevizan
Comissão Bíblico-Catequética do Regional Leste 2
A capacidade de nos compadecermos é o que confere à vida o seu significado mais profundo. (Paulo Casais)
É fácil ser religioso, difícil é ser espiritual. A vida religiosa requer que sejamos apenas para o outro; a vida espiritual requer que sejamos compassivos para com o outro.
Para sermos profundamente espirituais e completamente compassivos, devemos recordar que a pessoa necessitada é apenas outra versão de nós mesmos, com a qual talvez ainda tenhamos de travar conhecimento na vida, mas que um dia se revelará.
O mundo não se cura a si próprio. Isso só um coração compassivo pode fazer.
A compaixão lubrifica a astronomia da condição humana. Faz-nos entrar em contato uns com os outros, revela a luz em cada um e dilata-a a ponto de o mundo brilhar com um novo tipo de compreensão, com um tipo melhor de comunidade humana.
O conhecimento faz muito pouco pela vida. É a compaixão que a torna possível de ser vivida, que lhe transmite o tipo de visão que nos dá a todos uma razão para estarmos vivos.
Nenhum de nós está aqui só para si mesmo. Essa é a lição mais importante da vida. A compaixão, para ser real, deve ser universal, não seletiva. Eu não posso declarar que sou compassivo se deixo alguém fora das fronteiras da minha compaixão. Só se o meu coração for suficientemente amplo poderei esperar que venha ser maior do que a minha própria agendazinha pessoal. Então terei alguma coisa pela qual valerá a pena viver, dar-me, sofrer, para sempre. Então, eu próprio serei um dom para o resto da humanidade.
Joan Chittister
In: O sopro da vida interior
Nós escolhemos as nossas alegrias e os nossos desgostos
muito antes de os experimentarmos.
(Gibran Khalil Gibran)
Esperamos com demasiada frequência que a alegria venha a nós, quando a verdade é que a alegria é algo por cuja criação devemos assumir a responsabilidade, não só em nosso favor, mas também em favor dos outros. A beleza da alegria é que, tal como um vitral, através do qual a luz se decompõe em miríade de cores, essa nos permite ver como a vida é boa, mesmo quando parece não o ser. A alegria não é um acontecimento, é a atitude que uma pessoa saudável adota em cada situação da vida: trabalho, família, vida social, e até em momentos de tensão pessoal. Fala de esperança e de abertura, de possibilidades fascinantes e da convicção profunda de que aquilo que nos é dado na vida é-nos dado para nosso próprio bem.
A pessoa espiritualmente madura confia na presença de um Deus te amor que fará com que esse momento, seja ele de que tipo for, amadureça na alma. É através da lente da alegria que devemos aprender a olhar para tudo na vida. Tudo isso é bom, mas nem sempre o reconhecemos, quando acontece.
Para sermos pessoas verdadeiramente santas, devemos deixar de pensar na alegria como um acidente da natureza e começar a fazer dela uma prioridade. “Lembra-te sempre que a alegria não é acidental na tua busca espiritual. É vital”, ensinava Nachman de Breslov.
E os antigos recordam-nos: “Não há santos tristes”. Nunca confundas santidade com rigidez, morbidez ou mau humor. Esses provem da preocupação com o ego, não de uma qualquer percepção da presença de Deus.
Joan Chittister
In "Os tempos do coração", ed. Paulinas de Portugal
Página 6 de 11