CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA
DIA DO CATEQUISTA
PROPOSTA:
Roteiro preparado para a celebração eucarística com bênção dos catequistas.
Comentário Inicial:
Convocados pelo Senhor, reunimo-nos para celebrar a Páscoa de Cristo na vida de nossa comunidade de fé. Fazendo memória do dia dos catequistas, neste ano em que celebramos os 40 anos do documento Catequese Renovada, nossos sentidos nos remetem ao primeiro catequista: Jesus de Nazaré. É Ele o modelo perfeito para a missão do catequista: saía ao encontro, dialogava, dava-se a conhecer, revelava-se com gestos e palavras, cumpria a vontade do Pai e anunciava o Reino de Deus, convidava os discípulos de ontem e convida os discípulos de hoje a testemunharem com a alegria do Evangelho.
Nesta celebração eucarística, guiados pelos seus ensinamentos, peçamos sabedoria para continuarmos construindo o Reino de Deus, anunciando a Palavra e testemunhando, no mundo, os valores do evangelho.
Liturgia da Palavra
Introdução para a liturgia da Palavra, com essas ou outras palavras, onde for costume.
Desde sempre, a Palavra de Deus sustentou a fé da Igreja. É Nela que vivemos a fidelidade ao ensinamento de Jesus e nos responsabilizamos pelo presente, condições indispensáveis para que o catequista desempenhe, em nome da Igreja, a sua missão evangelizadora no mundo. Ouçamos atentamente a mensagem do Senhor.
Oração da comunidade e bênção sobre os catequistas
Seguindo o modelo do ritual de bênçãos: “Segue-se a oração comum, como na celebração da missa ou do modo aqui proposto; o celebrante conclui a oração com a fórmula da bênção, se não for mais oportuno usar esta fórmula no fim da celebração da missa, como oração sobre o povo. Dentre as intercessões propostas, o celebrante poderá escolher as que julgarem mais apropriadas, ou acrescentar outras condizentes com as circunstâncias e os lugares” (RITUAL DE BÊNÇÃOS, n. 375)
Presidente da celebração: Irmãos e irmãs, apresentemos, com confiança, as súplicas da nossa comunidade em oração, para que Deus continue enviando ministros e ministras a serviço da iniciação à vida cristã.
R.: Senhor, ouvi a nossa oração.
- Pela Igreja, comunidade materna e missionária, para que continue gerando, pela iniciação à vida cristã, novos filhos e filhas e enviando-os a serem luz e sal no mundo, rezemos ao Senhor.
- Pelo Papa Francisco, grande catequista da Igreja, para que o seu ministério continue ajudando a Igreja a ser mais sinodal e ministerial, rezemos ao Senhor.
- Pelos ministros ordenados – bispos, presbíteros e diáconos -, primeiros responsáveis pela catequese nas dioceses e paróquias, para que, juntamente com os ministros leigos e leigas, transmitam a fé com alegria e ardor missionário, rezemos ao Senhor.
- Pelos catequistas - guardiães da memória de Jesus - para que, sentindo-se chamados por Deus a se colocarem a serviço da iniciação à vida cristã, possam ser verdadeiros acompanhantes e mestres na fé, rezemos ao Senhor.
- Por nossa comunidade eclesial missionária, ouvinte da Palavra e dos sinais dos tempos, para que, estando presente no mundo por meio do exercício do apostolado dos leigos e das leigas, possa contribuir para a transformação do mundo revelando os valores cristãos na sociedade, rezemos ao Senhor.
Outras orações da comunidade...
Pode-se convidar os catequistas para próximo de quem preside e conclui as orações com a bênção sobre os catequistas.
O presidente da celebração diz a oração de mãos estendidas (Cf. RITUAL DE BÊNÇÃOS, n. 376):
Dignai-vos, Senhor,
Confirmar em seu propósito,
com a vossa bênção + paterna,
estes vossos filhos e filhas
que anseiam por entregar-se
ao trabalho da catequese,
para que se esforcem por instruir os seus irmãos e irmãs
em tudo que aprenderam com a meditação da Palavra
de acordo com a doutrina da Igreja,
e juntamente com eles alegremente vos sirvam.
Por cristo, nosso Senhor.
Amém
Celebração no Dia do Catequista
"Vocação: Graça e Missão”
40 ANOS DO DOCUMENTO CATEQUESE RENOVADA
(Proposta de Celebração para ser feita com Grupo de Catequistas)
Material e ambientação: cadeiras em círculo, espaço celebrativo, onde serão colocados: círio, bacia com água perfumada, ramo para aspergir, Bíblia, documentos Vat. II, Medellìn, Puebla, Santo Domingo, Catequese Hoje (Catechesi Tradendae) e Catequese Renovada, flores e um bolo (sem velas) que dê para ser partilhado com o grupo. Velinhas de aniversário para todos os participantes. Em quatro delas, um cartão, cada qual com uma característica: Concepção de revelação; Princípio de interação fé-vida; Comunidade catequizadora e Novo perfil do catequista, para serem lidas e acesas em momento oportuno.
1. Canto de abertura
Amigo, sê bem-vindo! / Vem trazendo amor e paz. / Corações também amigos / tu aqui encontrarás! (Ir. Míria T. Kolling)
2. Acolhida
Animador(a): A celebração do Dia do Catequista, neste ano, tem um significado especial: no Ano Vocacional, nos 40 anos do documento Catequese Renovada, somos convidadas(os) a louvar a Deus pela graça da vocação e assumir um renovado compromisso com a missão de catequizar. Ser catequista é graça, é dom! Expressemos esta alegria com sorrisos e abraços fraternos.
3. A Palavra que nos convoca
(Durante o canto, introduz-se a Bíblia, o Círio, um recipiente com água perfumada e ramo verde para aspersão)
Canto: Jesus, tu és a luz dos olhos meus. Jesus, brilhe esta luz nos passos meus seguindo os teus. (Ir. Míria T. Kolling)
- Proclamação: Lc 4, 14-21
- Ressonância da Palavra (relacionar com os motivos da Celebração: Dia do catequista. Ano Vocacional e 40 anos do CR)
4. Batismo, fonte da vocação e missão
Animador(a): O batismo é fonte da nossa vocação e da nossa missão de catequistas. Renascidos em Cristo, ungidos pelo Espírito, somos família de Deus e, na Igreja e em nome dela, estamos a serviço da iniciação à vida cristã e do acompanhamento das pessoas, na grande aventura do caminho da fé. Queremos ser companheiros(as) de caminhada de quantos querem assumir o projeto de vida de Jesus
Animador(a): Renovemos nossos compromissos batismais, com a mão direita estendida para o Círio.
a) Cremos em Deus Pai misericordioso, fonte de todo bem; em Jesus, que nos liberta, nos convida a segui-lo e a ser catequista e no Espírito que nos conduz e fecunda nossa ação?
T: Creio!
b) Renunciamos ao desamor, ao egoísmo, à indiferença, à falta de compromisso com a justiça e a solidariedade, que nos impedem de encantar outros para o Reino?
T: Renuncio!
c) Queremos expressar nosso amor a Deus, amando nossos catequizandos, de modo especial os que mais precisam, com ternura, misericórdia, revelando-lhes a beleza de ser discípulo missionário e viver em comunidade?
T: Quero!
- Oração: Pai de bondade, nós vos agradecemos pelos catequistas que, fiéis à graça do batismo e por fidelidade a teu filho Jesus, assumem a missão de anunciar a boa-nova do evangelho. Tu os inspiraste e atraíste. Eles te procuraram, e responderam ao chamado que um dia lhes dirigiste. Por isso, Senhor, nós te louvamos e bendizemos (cf. Rica, n. 82). Amém
(Asperge-se o grupo, enquanto se canta:)
Canto: Purifica-me, Senhor, com tuas águas (Pe. João Carlos).
5. Catequese Renovada, nossa louvação
Animador(a): 1983-2023, quarenta anos de uma trajetória marcante na história da Igreja no Brasil, na história da catequese. O esforço de leigos, religiosos, diáconos, padres e bispos para realizarem as inspirações do Concílio Vaticano II e as demais orientações que se seguiram, presentearam-nos com um Documento Mestre: o Documento 26 da CNBB – Catequese Renovada, orientações e conteúdos.
(Todos em pé. Os documentos do Vaticano II e os demais são apresentados e pede-se uma salva de palmas. O documento Catequese Renovada é introduzido separadamente, acompanhado de flores e um lindo bolo, colocado no centro do grupo. Distribuem-se as velinhas).
Canto: Catequista te escolhi, para evangelizar (Pe. Luiz A. Lima e Dalcides B) ou à escolha.
(https://pt.scribd.com/document/369131196/Cancao-Do-Catequista)
Leitor(a) 1: (Sentados) Somos agraciados com tantas riquezas pelo Documento Catequese Renovada! No decorrer destes quarentas anos, muitas conquistas e muitos desafios nos acompanharam. Hoje, entendemos a catequese como serviço à iniciação à vida cristã, que ajude a pessoa a viver em Cristo, tornando-se sua discípula, na comunidade de fé, assumindo sua missão no mundo. O suporte para tanto, encontramos nas orientações do Documento Catequese Renovada. Alguns catequistas nos ajudarão a recordar alguns de seus “clarões”, que são muitos!
(Quem tem o cartão 1 aproxima-se do centro, lê a frase, acende a vela, colocando-a sobre o bolo).
Animador(a): Nova compreensão da Revelação: Deus não revela apenas verdades sobre si mesmo, mas Ele se revela e revela o seu projeto de amor e salvação para a humanidade. O centro deste projeto é Jesus Cristo. Supera-se, assim, uma catequese meramente doutrinal. A catequese é uma mediação, na Igreja, que anuncia Jesus Cristo e convida ao encontro pessoal com Ele, na comunidade de fé e a ser sal, luz e fermento no mundo.
Leitor(a) 1: Catequese é ministério da Palavra, faz da Bíblia seu texto principal, pois anuncia Jesus, narra os fatos bíblicos, faz a leitura orante da Palavra, celebra-a na liturgia e leva à ação transformadora.
Todos: Eu louvarei, eu louvarei, eu louvarei ao meu Senhor! (Pe. José Weber)
(Quem tem o cartão 2 aproxima-se do centro, lê a frase, acende a vela, colocando-a sobre o bolo).
Animador(a): Princípio de interação vida e fé: é o grande fio condutor do jeito de fazer catequese, pois é o jeito de Deus agir com seu povo na história da salvação. Na encarnação de Jesus, Palavra e acontecimento se uniram e o rosto misericordioso do Pai foi revelado definitivamente. Jesus, com palavras e ações, sempre partindo da vida, dialogando e reunindo homens e mulheres, anuncia o Reino e transforma a realidade. Catequese é proximidade, diálogo amoroso de coração a coração, revelação da ternura de Deus, em Jesus, pela ação do Espírito.
Leitor(a) 1: O método “ver, iluminar, agir, celebrar e rever” tornou-se o método privilegiado da catequese. Os temas fundamentais da catequese: a verdade sobre Jesus Cristo, a verdade sobre a Igreja e a verdade sobre o homem e os compromissos do cristão iluminam, interpretam a realidade e provocam uma interpelação mútua, suscitando o compromisso com o sonho de Jesus “que todos tenham vida e vida plena” (Jo 10,10), na construção de um mundo justo, solidário e fraterno.
Todos: Eu louvarei, eu louvarei, eu louvarei ao meu Senhor! (Pe. José Weber)
(Quem tem o cartão 3 aproxima-se do centro, lê a frase, acende a vela, colocando-a sobre o bolo).
Animador(a): A comunidade catequizadora: origem, lugar e meta da catequese, é a primeira que, com sua vida de fé, vivência fraterna, celebração e missão, contribui para iniciar e propiciar a educação da fé. É responsável por despertar a vocação e formar os catequistas, bem como fazer com que ninguém fique excluído da catequese.
Leitor(a) 1: Cabe à comunidade empenhar-se em organizar a catequese nos diversos níveis. Porém, a catequese com adultos deve ser privilegiada a fim de que se “ultrapasse uma fé individualista, intimista e desencarnada”.
Todos: Eu louvarei, eu louvarei, eu louvarei ao meu Senhor! (Pe. José Weber)
(Quem tem o cartão 4 aproxima-se do centro, lê a frase, acende a vela, colocando-a sobre o bolo).
Animador(a): Novo perfil do catequista que nós queremos reconhecer e agradecer, antes de tudo, nos autores do Catequese Renovada, os que já estão na vida eterna e feliz e os que celebram estes 40 anos conosco; nos que o acolheram “na primeira hora” e o divulgaram com tanto carinho.
(Pedir que o grupo cite alguns nomes, lembrando dos catequistas de sua comunidade)
Todos: Eu louvarei, eu louvarei, eu louvarei ao meu Senhor! (Pe. José Weber)
6. Nossa súplica confiante
(Ao redor do bolo, com as velinhas acesas, fazem-se as orações)
Leitor(a) 1: Nós, que nos rejubilamos com a celebração destes 40 anos, neste dia a nós dedicado, queremos implorar o Espírito de Deus a fim de que tenhamos o “novo perfil do catequista”. Que sejamos capazes de colaborar com sua ação, no esforço de formação contínua, a fim de correspondermos ao que a Igreja e os catequizandos esperam de nós.
a)Dá, Senhor, à tua Igreja colher os frutos de uma cultura vocacional. Que nosso testemunho como catequistas contribua para que as pessoas respondam com prontidão aos teus apelos de serviço ao Reino, nas diversas vocações.
Todos: Ó luz do Senhor, /que vem sobre a terra, / inunda meu ser, /permanece em nós!
b) Nós te apresentamos, Senhor, nossos familiares e amigos que incentivam e apoiam nossa vocação e os catequistas que se encontram em alguma dificuldade ou doença. Sustenta a todos com tua graça e com tua bênção.
c) Faz, Senhor, que nós, catequistas, nos apaixonemos sempre mais por tua Palavra, que é Jesus, e que a alegria de viver o evangelho faça de nós testemunhas capazes de chegar ao coração dos catequizamos.
d) Ajuda-nos, Senhor, a ter consciência de nossa imperfeição, a superar os desafios da vida em comunidade e da catequese, a ser criativos diante dos apelos da cultura digital e a usar a via da beleza a fim de que a catequese conduza a ti, beleza infinita.
e) Mantém, em nós, Senhor, a fidelidade ao princípio da interação vida e fé. Que a história de cada catequizando e as situações da humanidade sejam apelos para que busquemos superar a injustiça, as polarizações, a exclusão e edificar teu Reino de paz e amor.
Animador(a): Confiemos à Maria, primeira cristã e primeira catequista, estas nossas preces, saudando-a
Todos: Ave Maria...
7. Festejar é se comprometer
a) Animador(a): Cada um de nós, nesta celebração, certamente sentiu um apelo para ser e agir melhor como catequista. Somos chamados a irradiar a luz, que é Jesus, como catequistas. Olhe para esta luz e pense nesse apelo e se comprometa em realizar a “conversão” que lhe é necessária, a fim de que você seja luz. Assumindo a letra do canto, com as velinhas erguidas, festejemos o Documento Catequese Renovada, cantando:
Canto: 1. Quero ouvir teu apelo, Senhor, ao teu chamado de amor responder. Na alegria te quero servir, e anunciar o teu Reino de Amor. E pelo mundo eu vou, cantando teu amor, pois disponível estou, para servir-te, Senhor! 2. Dia a dia, tua graça me dás, nela se apoia o meu caminhar. Se estás a meu lado, Senhor, o que, então, poderei eu temer?
b) No Final, cantar parabéns aos catequistas e repartir o bolo!
Imagem: pexels.com
O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aprovou dia 22 de junho, o nomes dos assessores que estarão a serviço do Secretariado Geral da entidade e das doze Comissões Episcopais Permanentes no quadriênio 2023-2027.
Houve alteração dos assessores da Comissão para Animação Bíblico-Catequético. São eles:
COMISSÃO EPISCOPAL PARA A ANIMAÇÃO BÍBLICO-CATEQUÉTICA
Mariana Aparecida Venâncio
Leiga da arquidiocese de Juiz de Fora (MG). Doutoranda em estudos Literários, tem mestrado em Literatura Brasileira, especialização em Sagrada Escritura e graduação em Teologia. Reconduzida na assessoria da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB.
Pe. Wagner Francisco de Sousa Carvalho
Do clero da diocese de Picos (PI). Doutorando em Teologia, mestre em Ciências da Educação/Catequética, bacharelado em Teologia e licenciatura em Filosofia.
O Pe. Janison de Sá Santos, passou a ser Subsecretário adjunto de Pastoral da CNBB. Agradecemos ao Pe. Janison por todo trabalho na Comissão nos últimos anos. Deus lhe pague.
Damos boas-vindas ao Pe. Wagner que assume junto com Mariana (que continua como assessora para a Animação Bíblica da Pastoral) essa missão tão bonita!
Precisamos tanto de gente que cuida.
Gente que cuida com abraço que abriga e que sabe a casa.
Gente que cuida com mão que ampara e que conforta.
Gente que cuida com olhar mais fundo, que olha dentro da alma.
Gente que cuida com sorriso que abraça e que serena o coração.
Gente que cuida com beijo tão terno que parece que cura.
Gente que cuida com colo que aconchega, colo onde repousar.
Gente que cuida com palavra do coração e com silêncio que diz tudo, sem ser preciso dizer.
Gente que cuida com presença de verdade, de quem fica, de quem se importa.
Gente que cuida com amor, como quem sabe que o amor salva.
Gente que cuida não importa quando, onde, nem porquê.
Gente que cuida como quem respira, como quem existe.
Gente que cuida porque é: gente que é vida que cuida.
Gente que cuida e que, quase sem notar, fala de amor da forma mais bonita de todas: sem ser preciso falar.
Precisamos tanto de gente que cuida.
Precisamos tanto de ser gente que cuida.
Precisamos, não precisamos?
Daniela Barreira
In: imissio.net 19.06.23
Nem sempre está tudo bem. No entanto, é essa a resposta que continuamos a dar na maioria das vezes em que a pergunta “como estás?” nos é feita.
Mas, então, será que gostamos de mentir?
Julgo que não. Mas gostamos de nos proteger. De nos reservar. De fingir uma versão nossa que, às vezes, só existe mesmo para dar de comer às idealizações dos outros. Não conseguimos dizer a verdade sobre como nos sentimos também por outra razão. Ninguém nos ensinou. Ninguém nos autorizou. Ninguém nos disse que não somos menos por não estar sempre bem.
O problema é que ainda precisamos de aprender que não há nada de mal em ser como somos. Ou em estar como estamos.
Ainda assim, parece-nos mais fácil criar rugas de expressão regadas pelos sorrisos forçados que, tantas vezes, temos de atirar aos outros. Jogamos, todos os dias, uma espécie de jogo do mundo ao contrário:
Estamos mal e fingimos estar bem.
Estamos bem e teimamos em acreditar que, por isso, alguma coisa tem de estar mal.
Queremos seguir a nossa vocação, mas decidimos que vamos continuar reféns do pagamento das mesmas contas.
Brilham-nos os olhos pelos sonhos que trazemos dentro, mas apagamo-nos nas expectativas dos outros, no julgamento dos que passam por nós, nas mentiras que nos contam como verdades.
Entramos no carro, mas o que queríamos era apanhar um avião.
Somos pessoas tranquilas, mas, sem perceber como, os dentes lá nos vão arregaçando as mangas da raiva que nem sabíamos que tínhamos.
Ouvimos podcasts de motivação e empoderamento, mas rendemo-nos ao piloto automático.
Vivemos como podemos. Fazemos o melhor que sabemos. Dizemos o que temos de dizer para sobreviver numa sociedade em que estamos todos a fazer teatro. Vamos caminhando como quem quer acreditar que há de dar tudo certo. Mesmo que uns dias dê. E outros não.
Marta Arrais
In: imissio.net 24.05.23
Quem não cometeu nenhuma loucura por amor nos tempos mais recentes, por mais que julgue o contrário, está parado no caminho da vida. Está em modo de sobrevivência.
Amar é uma loucura, porque qualquer gesto de amor envolve algo mais do que lógica. Amar é exceder o normal, ir mais além, sair de si e entregar-se, de forma tão bela quanto destemida.
Que nome têm aqueles que andam por aqui, indiferentes a tudo o que importa, assistindo apenas ao passar dos dias, preocupados com os seus hábitos e as suas insignificâncias?
Os burros são sérios, julgam-se certos e defendem as suas ideias até ao limite. Os loucos são tão livres que, se for preciso, duvidam até de si mesmos!
A criação é um gesto de amor, uma insensatez brilhante. As mais belas obras que existem no mundo são resultado de uma certa dose de loucura. Nem muita, nem pouca. Apenas a que é necessária ao compromisso de amar, dando de si ao mundo o que têm de melhor!
Os loucos são honestos e puros? Ou será que é a honestidade e a pureza que são verdadeiras loucuras?
O amor exige-nos que abandonemos seguranças e certezas. Só um grande espírito é capaz de fazer tudo quanto o amor lhe pede!
Nem todos os dias são em forma de sorriso. Às vezes, também há dias cinzentos. Que te pesam na alma. Que te apertam o coração. Há dias assim.
E depois, um abraço. Um abraço que te abraça além do abraço. Um abraço que te chama, que te acolhe e que te deixa ficar. E tu, que te deixas ficar e (de)morar, como quem não conhece lugar mais bonito do que este. Para ser. Para estar. Para existir.
Um abraço que te abriga. Um abraço onde te deixas (re)pousar. E todo o peso do mundo e todo o aperto da vida, que guardaste em ti, começam a desatar-se de ti. Desatam-se, pouco a pouco, e devolvem-te a respiração, enquanto te percorrem a alma, o coração, o sorriso, o olhar.
Desatam-se de ti porque há um novo laço a envolver-te. Mais forte do que todos os pesos do mundo. Mais forte do que todos os apertos da vida. Mais forte do que todos os dias cinzentos.
Há aquele abraço. Que te envolve bem e que se enlaça a ti. Enlaça-se mesmo a ti. Por fora e por dentro. Como quem não conhece definição de amor mais bonita do que esta: um abraço que te chama, que te acolhe e que te deixa ficar. Um abraço a ser-te tudo. Um abraço a salvar-te.
Um abraço a provar-te que os milagres acontecem: que até uma alma pesada e um coração apertado podem ser salvos. Que até os dias que não são em forma de sorriso podem ser em forma de amor. E que não há forma mais bonita do que esta. Para ser. Para estar. Para existir.
Sabes o valor infinito que tem abraçar alguém?
Daniela Barreira
In: imissio.net 15.05.23
imagem: pexels.com/Helene Lopes
Foi eleito no final da segunda sessão desta terça-feira, 25 de abril, como presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leomar Antônio Brustolin, arcebispo de Santa Maria (RS).
O prelado atuava como membro da Comissão para a Doutrina da Fé desde 2019. Ele também coordena a comissão que está responsável pelo processo, em curso, de atualização das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE).
Em sua primeira manifestação ao episcopado brasileiro, dom Leomar Brustolin justificou as razões de aceitar o desafio de conduzir a comissão: “Porque todos nós cremos que a transmissão da fé para as novas gerações é um dos maiores desafios para a nossa missão e também por dar continuação à animação bíblica, eu aceito!”.
Biografia e trajetória eclesial
Leomar Antônio Brustolin nasceu no dia 15 de agosto de 1967, no município de Caxias do Sul (RS), a 128 km da capital Porto Alegre. Cursou Filosofia na Universidade de Caxias do Sul (UCS) e Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), concluindo em 1990.
Foi ordenado presbítero em 20 de dezembro de 1992. Obteve o mestrado em Teologia Sistemática na Faculdade Jesuíta de Belo Horizonte (MG), concluindo em 1993, e concluiu o doutorado em Teologia Sistemática na Pontifícia Università San Tommaso de Roma – Angelicum, Itália, em 2000.
Atuou na Diocese de Caxias do Sul até ser nomeado bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre – a ordenação episcopal ocorreu em 25 de março de 2015, na sua cidade de origem, sob a presidência de Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre.
Dom Leomar foi professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e coordenador do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Teologia da PUCRS. Tem experiência na área de Teologia Sistemática, atuando em ensino, pesquisa e extensão com Antropologia Teológica, Catequética e Pastoral Urbana, coordenou o Grupo de Pesquisa Antropologia Teológica, ética e pastoral. De 2015 a 2021 atuou como bispo Auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre.
Em 02 de junho de 2021 o Papa Francisco o nomeou para a Arquidiocese de Santa Maria, tomando posse canônica no dia 15 de agosto, no Santuário Basílica da Medianeira, tornando-se o 2º Arcebispo Metropolitano de Santa Maria. Como autor, coautor e organizador já lançou dezenas de obras que abordam temáticas como Catequese, Mariologia, Escatologia, Pastoral e Ética, entre outros.
Na CNBB, ainda como sacerdote atuou participou, no período de 2013 e 2014, da Comissão do Tema Central da 51ª Assembleia Geral da CNBB – “Comunidade de Comunidades, uma nova paróquia”. Em 2015, foi nomeado membro da Comissão para a Doutrina da Fé da CNBB e bispo referencial para Educação e Cultura no Regional Sul 3 da CNBB.
A Comissão para a Animação Bíblico-Catequética
A Comissão Episcopal Pastoral para Animação Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tem a missão de animar, acompanhar, promover e orientar a caminhada Bíblico-Catequética da Igreja no Brasil.
Atua para promover tudo o que está ligado à evangelização no âmbito da difusão da Palavra de Deus e no campo do aprimoramento e do aprofundamento na busca de caminhos para a vida catequética em tempos culturais agitados e em processo de mudança tão grande.
Fotos: Victória Holzbach (Sul 3) – Comunicação 60ª AG CNBB.
In: site da cnbb 25.04.23
Vivemos para agradar. Para fingir. Para fazer de conta. Moldamo-nos para pertencer e para nos convencermos a nós (e aos outros) que vamos na direção oposta do vento que nos sopra dentro do coração. É mais fácil ser-se o que não se é. Viver uma vida que alguém desenhou, pensou ou perspetivou. E enquanto nos vamos adaptando às expectativas alheias, já nem sabemos quem somos. Perdemo-nos da nossa raiz e da luz que, em vez de brilhar, só conseguirá apagar-se.
Quando nos perguntam de que é que precisamos, não sabemos responder. Abrimos os olhos e a vida de espanto e de dor. Sabemos lá do que precisamos. Sabemos lá o que queremos. Fomos andando para a frente sem saber se era por aí o caminho. E é assim que, um dia, damos por nós a precisar de voltar para trás. Damos por nós a seguir uma urgência de compreender o que ficou por desatar, por viver, por descobrir.
A nossa vida não é de ninguém. Não pertence a um grupo. A uma rede social. A uma pessoa ou a vários. Não se restringe a um trabalho, a uma profissão ou a uma vocação. A nossa vida é única. Como um fio de água que faz o rio crescer, mas que ninguém vê. A vida rasgou-nos para nos construir naquilo que precisamos de ser. E o tempo passa demasiado depressa para vivermos para as aparências. Para as necessidades dos amigos, da família, dos maridos, das mulheres, dos namorados ou das namoradas. Ninguém te pode explicar como é que (te) vais fazer feliz. Como é que podes aproveitar o teu caminho para deixar marca.
Essa responsabilidade é tua. Esse presente foi-te dado a ti.
Não passes a bola a mais ninguém.
Viver é agora. E aqui.
Viver é o que tu quiseres. É aquilo em que acreditas. É a pessoa que amas. Seja ela quem for.
Viver é ser capaz de fazer o que só te cabe a ti.
Viver é contigo. E só podes ser tu.
Marta Arrais
In: imissio.net 19.04.23
Deixo-me encantar.
Deixo-me encantar por aqueles abraços que abrigam. Por aqueles abraços que se deixam (de)morar.
Deixo-me encantar por aquelas mãos que amparam e que confortam.
Deixo-me encantar por aqueles olhos que brilham. E por aqueles olhos que olham bem dentro, que tocam.
Deixo-me encantar por aqueles sorrisos que abraçam o coração.
Deixo-me encantar por aqueles beijos que curam a alma.
Deixo-me encantar por aquelas palavras (e por aqueles silêncios) que falam com amor. Que falam de amor.
Deixo-me encantar por aquele céu cheio de estrelas. E de lua.
Deixo-me encantar por aqueles sempres que ainda existem e que são mesmo para sempre.
Deixo-me encantar por aquelas pessoas que fazem sorrir. Por aquelas pessoas que são amor em forma de gente.
Deixo-me encantar pelo amor. Que torna tudo mais bonito. Que salva.
Deixo-me encantar.
Deixo-me encantar porque, enquanto os dias passam, são estes pequenos nadas que me vão mostrando tudo. Tudo o que há de mais bonito. Para encontrar, para conhecer, para sentir, para viver.
Tudo o que há de mais bonito para ser.
Daniela Barreira
in: imissio.net 17.03.23
imagem: pexels.com
A Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) abriu nesta quarta-feira, 4 de janeiro, as inscrições para o encontro “Catequese Renovada – 40 anos” que acontecerá de 1º a 3 de setembro de 2023, em Aparecida (SP), no Santuário Nacional de Aparecida.
O encontro tem o objetivo de revisitar o documento “Catequese renovada: orientações e conteúdo” aprovado na 21ª Assembleia Geral da CNBB, em abril de 1983 e reimpulsionar sua recepção na Igreja no Brasil. De acordo com a assessora da Comissão, Mariana Aparecida Venâncio, trata-se do documento mais importante para a Igreja do Brasil em termos de catequese, até a publicação do novo Diretório Nacional de Catequese (DNC). O documento, que impulsionou a renovação da catequese nestes últimos 40 anos, CR permanece como uma grande referência para a catequese no Brasil.
Para garantir a inscrição, com R$ 250,00 até dia 2 de abril e R$ 280,00 até 10 de agosto deste ano, é necessário entrar no hot site do evento (link) e preencher, se cadastrar na página de serviços da CNBB e preencher o formulário. A inscrição inclui a participação nas atividades, os lanches entre as atividades do dia e o kit do evento (que será entregue no primeiro dia no credenciamento).
Garanta a sua inscrição:
Para se inscrever, basta acessar o hot site do evento.
Hoje, as histórias de amor parece que acabam pouco depois de começarem. Poucos são os que julgam que o verdadeiro romantismo não está no primeiro beijo, mas sim no abraço que se dá todos os dias, mesmo quando não há grande vontade, e que dura anos. Muitos. Todos.
Os verdadeiros heróis do amor são os que encontram forma de o promover e renovar vezes sem conta, aconteça o que acontecer, porque não são simples vítimas de uma paixão que lhes toma conta da vida, mas sim protagonistas de uma aventura que nasce da sua vontade.
É romântico encontrar formas de compatibilizar: disponibilidades e horários de trabalho, ideias diferentes sobre temas tão triviais como um rolo de papel higiénico, e perspetivas desiguais face à gestão financeira, educação dos filhos, familiares problemáticos, e, talvez o mais importante: opiniões diferentes sobre quais devem ser os objetivos comuns, enquanto casal, e como os conjugar com os que são exclusivos de cada um dos membros.
O amor é um esforço constante para superar barreiras, não é ficar sentado num trono e receber tudo de todos, sem sequer ter de pedir…
Porque são poucos os que amam? Porque isso implica perdoar, ouvir antes de falar, compreender o que o outro nos está a tentar dizer mesmo quando não consegue, muito sentido de humor, criatividade e alguma loucura, e, muito importante: não deixar de ver o outro sempre como alguém bom, apesar de tudo.
Amar implica sacrifícios sem fim. Perder-se-á se não formos capazes de lutar, várias vezes ao dia, contra os nossos egoísmos e orgulhos, com a força que tantas vezes não temos, a firmeza de quem confia em absoluto e a coragem de quem é capaz de se esquecer de si.
É preciso ceder. É preciso pedir desculpa, mesmo quando não sentimos grande culpa. É preciso ceder. É preciso aceitar que o outro tem falhas, insuficiências e defeitos, mas também que nós os temos. É preciso ceder.
O amor não é paixão. É algo que se constrói numa vida partilhada, cheia de coisas que não aparecem em nenhuma obra de arte.
O amor vence quando duas pessoas reais e honestas assumem o compromisso de o fazer vencer.
José Luis Nunes Martins
In: imissio.net 03.06.23
imagem: pexels.com
Pessoas que nos abraçam e nos deixam (de)morar.
Pessoas que nos abrigam dentro da sua mão dada.
Pessoas que nos sorriem do coração e que nos fazem sorrir o coração.
Pessoas que nos olham nos olhos e nos vêem por dentro.
Pessoas que nos curam com beijos de ternura.
Pessoas que nos são colo sempre seguro.
Pessoas que nos falam com palavras, com gestos e com silêncios.
Pessoas que nos escutam as palavras, os gestos e os silêncios.
Pessoas que, longe ou perto, nos estão sempre perto.
Pessoas que nos abraçam a alma e que nos sentem o coração.
Pessoas que nos querem bem de verdade.
Pessoas que nos tatuam amor no coração.
Pessoas que nos inspiram a ser do bem.
Pessoas que nos fazem acreditar.
Pessoas que nos são tanto. Que nos fazem ser tanto.
Pessoas que nos salvam, mesmo sem saberem. Só por serem, por estarem, por existirem.
O lado bonito da vida. O lado bonito de tudo.
O amor em forma de gente.
Que as saibamos agradecer sempre.
E ser também.
Daniela Barreira
In: imissio.net 16.01.23
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Esperança.
Precisamos tanto de a encontrar: a esperança. De a encontrar e de deixar que ela nos envolva e nos conforte.
Não é sempre fácil... encontrá-la. E talvez, exatamente por isso, o verdadeiro sentido de tudo seja nós procurarmos, todos os dias, sê-la. Ser essa esperança. Fazer essa esperança existir, ser verdade.
Um sorriso do coração. Dar a mão como quem segura. Um abraço mais forte. Um olhar mais fundo, um olhar de verdade. Falar (e escutar) com amor. Cuidar com ternura, ser vida que cuida. Um gesto de amor. Ser do bem.
Pode ser a parte mais bonita do dia de alguém. Pode ser luz na vida de alguém. Pode fazer sorrir o coração de alguém. Pode abraçar a alma de alguém. Pode ser tanto. Pode ser tudo. Pode mudar o mundo de alguém.
E talvez seja um pedacinho de esperança a acontecer. Talvez seja um pedacinho de esperança a envolver e a confortar. Um pedacinho de esperança a existir, a ser verdade. Para alguém. E para nós também.
Esperança.
Que a encontremos. Que ela nos envolva bem e nos conforte. Que nunca nos falte. E que a sejamos. Que a façamos existir, ser verdade. Que nunca a deixemos faltar.
Talvez seja esse o verdadeiro sentido de tudo. E o nosso também.
Sejamos Natal. Feliz Natal.
Daniela Barreira
In: imissio.net 19.12.22
Ainda há coisas boas, sabes? Por mais que pareçam mostrar-te que não. Por mais que pareçam fazer-te sentir e acreditar que não. Por mais que (quase) consigam. Ainda há coisas boas.
Sabes?
Os abraços fortes que te abraçam por dentro e por fora.
As mãos que se enlaçam às tuas para sempre.
Os olhos que olham dentro dos teus.
Os sorrisos que te salvam o coração.
Os beijos que te curam a alma.
Os colos que se fazem casa.
As tuas pessoas.
Os "gosto de ti" do coração.
As palavras que falam com amor.
Os silêncios que falam mais do que as palavras.
Ouvir o coração bater.
A magia do céu cheio de lua e de estrelas.
Os olhos a brilhar.
As lágrimas que acabam em sorrisos.
Os risos que acabam em dores de barriga.
Os sempres que sabes que são mesmo para sempre.
Os corações que tatuas com a tua vida e as vidas que te tatuam o coração.
Viveres e seres, sempre, com o coração.
Viveres e seres, sempre, com amor.
No final é (só) isto: o amor.
Ainda há coisas boas, sabes? Pode não estar tudo bem. E o mal pode até contagiar. Mas deixa-me contar-te uma coisa: o amor, o bem, também contagia. Tanto. Se o deixares acontecer. Se o fizeres existir, ser verdade.
E, enquanto não te esqueceres disto, ainda há coisas boas. Sempre. Mostra-as. Vive-as. Sê-as. Todos os dias. E nunca te esqueças delas, por favor.
Daniela Barreira
In: imissio.net 21.11.22
imagem: pexels.com
Será que há um Deus capaz de dar fé a uns, mas a outros não? Será que somos nós que devemos inventar aquilo em que acreditamos a partir do nada?
Se Deus me batesse à porta será que eu abriria a porta? Será que escolheria acreditar que quem estava a chamar-me não era Ele? Afinal, se Deus existir, por que razão quereria falar comigo?
Ou, se na verdade Deus existe e me ama, então faz sentido que esteja à minha porta e me chame! Mas, porque me respeita, só entra no meu coração se eu O convidar.
Quando amo alguém e me dou a essa pessoa, é essencial que eu encontre abertura. Sem a sua concordância, não chego ao seu coração. A porta do íntimo só abre para fora. Por mais força que alguém faça para entrar, só quem lá vive pode destrancar e abrir a porta.
Se alguém resolver trancar e selar a sua caixa do correio para não receber correspondência, de quem é a responsabilidade de não a receber? De quem lha envia? Do carteiro?
Deus dá o primeiro passo, mas se eu não quiser ir à porta, não vou. Se eu estiver convencido de que não preciso de nada nem de ninguém para ser feliz, então, ainda que alguém me chame.
Se alguém me ama, não deixará de tentar encontrar forma de eu o saber. Mas só o conseguirá se, em algum momento, eu não estiver fechado e virado para mim mesmo. Há até quem procure bastar-se a si mesmo, julgando-se Deus da sua própria vida. Quererá alguém assim saber a verdade a seu respeito? Irá escutar o que lhe dizem? Não. Até porque julga que um Deus nunca ouve ninguém!
A fé é uma paixão caridosa e vivida a dois, chega-te de fora, como quem te bate à porta. Abre!
José Luis Nunes Martins
In: imissio.net 18.11.22
Chega a ser ridícula a forma como nos dispomos a viver a nossa vida. Estamos nos inícios de novembro e já as lojas se encheram de decorações de Natal, de saldos, de oportunidades “únicas” para não desperdiçar uma época que, claramente, tem tudo que ver com consumos e promoções.
No entanto, quase arrisco dizer que o problema nem são as montras, as black Friday, as falsas promoções e os “imbatíveis” descontos. O problema é o “timing”. O momento em que tudo isto sucede e acontece. Será viável, ou apenas ridículo, viver o Natal em novembro? Que mensagem passa, para a dimensão mais interior do que somos, quando somos obrigados a pré-celebrar? A viver uma data antes de tempo?
A verdade é que esta necessidade social de viver tudo antes de tempo nos coloca perante um cenário de ansiedade praticamente invisível. Se eu não me alegrar com as canções natalícias em novembro, se não gostar de ver tudo decorado para o Natal quando ainda agora comprei o material escolar, é porque estou a perder alguma coisa. É porque estou a ser deixado para trás.
Não consigo compreender esta necessidade que temos de viver tudo antes de tempo. De viver para o futuro. Para o que ainda não aconteceu. Também me incluo no grupo de pessoas que o faz, mas gostava de deixar de o fazer. Gostava que o fizéssemos. Que pudéssemos ignorar essas decorações por um momento ( e essa imposição de viver o Natal mais cedo) e que nos pudéssemos focar naquilo que nos está a acontecer agora. Na pessoa de quem nos temos de despedir. Na pessoa a quem precisamos de apoiar. Na pessoa em quem nos apoiamos. No dia que nos deu aprendizagens, luzes ou desânimos. No momento que nos é dado a viver agora.
Não estamos à frente do nosso tempo se quisermos viver tudo antecipadamente. Não somos melhores nem mais evoluídos. Somos, isso sim, menos conscientes do que realmente nos ocupa e nos acontece.
Ocupa-te das tuas raízes e da tua árvore de dentro antes de te preocupares com a de Natal. Vê que folhas precisas de limpar, que áreas precisas de regar e concentra-te no tanto que há a fazer do lado de dentro.
Marta Arrais
09.11.22
In: imissio.net
Que nunca nos esqueçamos de deixar um abraço de amor pelo caminho. Talvez esse abraço faça sorrir o coração de alguém.
Que nunca nos esqueçamos de estender uma mão de amor pelo caminho. Talvez essa mão abrigue a vida de alguém.
Que nunca nos esqueçamos de deixar um sorriso de amor pelo caminho. Talvez esse sorriso seja a parte mais bonita do dia de alguém.
Que nunca nos esqueçamos de deixar um olhar de amor pelo caminho. Talvez esse olhar abrace a alma de alguém.
Que nunca nos esqueçamos de deixar um gesto de amor pelo caminho. Talvez esse gesto mude o mundo de alguém.
Que nunca nos esqueçamos de ser vida de amor pelo caminho. Talvez essa vida ilumine alguém.
Que nunca nos esqueçamos de deixar amor pelo caminho. Talvez esse amor seja tanto para alguém.
Talvez cure. Talvez salve. Talvez seja tudo.
É isso: talvez esse amor seja tudo. Para alguém. E para nós também.
(E é.)
Daniela Barreira
17.10.22
In: imissio.net
Está em curso uma terceira guerra mundial “em pedaços”, afirma reiteradamente o Papa Francisco, explicando, na Carta Encíclica Fratelli Tutti – sobre a amizade social: há uma luta de interesses em que todos se colocam contra todos. Nesta luta, vencer se torna sinônimo de destruir, inviabilizando o levantar a cabeça para reconhecer o vizinho, ou ficar ao lado de quem está caído à beira da estrada. E, assim, pela força do ódio, que vai tomando o lugar do amor, da gratidão e do bem, instaura-se uma insana batalha, onde se busca destruir, inescrupulosamente, até mesmo a reputação alheia. Equivocadamente, pensa-se que essa destruição pode significar uma “escada” para a autopromoção. Esse tipo de pensamento não é novidade e acompanha o ser humano em todos os tempos. Talvez, o que vem mudando sejam os instrumentos para atacar a moral do semelhante, especialmente em razão das facilidades oferecidas pelo campo tecnológico. Mas, ao se reconhecer que a busca pela destruição do próximo é problema histórico, constata-se: a humanidade é permanentemente chamada a protagonizar a fraternidade.
Para os cristãos, protagonizar a fraternidade é possível quando se reconhece a centralidade de Cristo Jesus, Mestre e Senhor, na vida e na história. Nessa centralidade reside o desafio de se respeitar diferenças, tornando-as sempre uma riqueza. Isto significa jamais seguir o caminho da destruição. Assim, quando se considera a sociedade contemporânea, a fé cristã, por sua força de correção, pode indicar caminhos e dinâmicas no processo de iluminação da cidadania e na organização política. Mas é preciso absoluto respeito aos princípios que permitam reconhecer a distinção entre o campo da política e a vivência da fé. Quando não há clareza sobre as fronteiras de cada campo, corre-se o risco de um desvirtuamento da fé, impedindo-a de ser o luzeiro que orienta direções, promove reconciliações e até a relativização de escolhas, especialmente daqueles que se apresentam como “donos da verdade”.
A fé não pode ser reduzida a instrumento para embates no campo político, pois a sua vivência autêntica dissipa a busca pela destruição do outro, reconfigurando discursos e escolhas. A fé cristã tem propriedades específicas com dinâmicas experienciais fortes, capazes de alertar sobre o perigo de semear o ódio, de convencer a respeito da honestidade, que faz parte da vocação de toda pessoa para promover a bondade, o bem comum e uma ordem social justa. Cristãos autênticos não buscam destruir. (Re)constroem com a força da verdade, com a primazia do bem e do respeito moral. O ódio é perigoso e estará sempre na contramão da verdadeira fraternidade ensinada por Jesus. Fraternidade é, pois, o grande investimento a ser feito para efetivar o bem, com a correção de rumos e com a reabilitação da verdade. Sem esse investimento, prevalece um “vale tudo” ensandecido, com ataques a pessoas, instituições, povos e nações. Perde-se a razoabilidade mínima, gera-se descrédito, pois disseminam-se afirmações e informações distantes da verdade, obscurecendo mentes e corações, para se alcançar propósitos a qualquer preço.
O ódio cega, traz justificativas para atitudes inconsequentes, até mesmo quando reputações e vidas estão em jogo. No caminho do ódio, torna-se perdedor não somente adversários e a sociedade, mas, também, aquele que investe na destruição, em nome de um êxito ilusório. O Papa Francisco adverte a respeito do comum mecanismo político contemporâneo de exasperar, exacerbar e polarizar. Um método para negar ao outro o direito de existir e pensar de modo diferente. A partir desse mecanismo, recorre-se à estratégia de ridicularizar e de insinuar suspeitas a respeito de condutas, buscando impor um tipo de repressão àqueles com quem se diverge. Um recurso fundamentado no ódio, que manipula e acirra a revolta. Um grave equívoco, pois a verdade sempre prevalece. O bem sempre vence o mal.
Quem se deixa inocular pelo veneno do ódio age em clara oposição à autenticidade da fé cristã. E pode-se correr o sério risco de não se perceber agente do desamor, quando, dentre outros aspectos, deixa-se escravizar pelo mundo obscuro do mercado, da idolatria do dinheiro e, até mesmo, de uma baixa autoestima. Ilusoriamente, tenta-se reagir, buscar reconhecimento, pisando nos outros, com mecanismos de desmoralização. Quem procura construir a própria reputação a partir desses mecanismos não será reconhecido por sua relevância, ou verá, a seu tempo, a própria imagem desmoronar, esvaindo-se feito um castelo na areia. Por isso mesmo, há tanto descrédito em relação à autoridade política, pois muitos que ocupam as instâncias do poder não priorizam a missão de edificar e promover a cidadania. Ao invés disso, atuam a partir dos mecanismos de desmoralização, buscando simplesmente destruir pessoas com perspectivas divergentes.
O horizonte cristão investe no protagonismo da fraternidade – inegociável recurso para um qualificado serviço à sociedade, à promoção da vida como dom de Deus a cada pessoa, sem exceção. Todos, indistintamente, merecem respeito. Oportuno é sempre se recordar de um princípio proclamado pelo apóstolo Paulo: a plenitude da lei é o amor. O amor que vence todo tipo de ódio. Na tarefa de impulsionar o bem comum, os cristãos, ao lado de dos homens e mulheres de boa vontade, por vocação e missão, devem sempre, e cada vez mais, protagonizar a fraternidade.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte
Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
14.10.22
In: site da Arquidiocese de Belo Horizonte-MG
Quantas vezes erramos nos nossos julgamentos apenas porque estamos fatigados? Por que razão o cansaço nos faz aceitar com tanta facilidade coisas a que diríamos não noutro momento qualquer?
A fadiga afeta-nos o discernimento a um tal ponto que o descanso devia ser obrigatório a fim de evitar a nossa própria destruição.
Seja o cansaço o resultado de um exercício repetitivo do qual nos aborrecemos até ao limite, quer a fadiga resulte de um esgotamento de forças, em ambos os casos é sempre um desgosto. Pois ainda que muitas vezes nos fique a honra de termos cumprido, ou mesmo excedido, o nosso dever, a fadiga é sempre um preço a pagar e não um prazer do qual se desfrute.
Mas o que nos cansa a alma? Viver sem esperança, numa rotina vazia de sentido. Talvez porque tenhamos desistido de lutar… ou de sonhar. Quantas vezes o medo se disfarça de cansaço? Tantas quantas a esperança e a coragem nos dão forças!
E há um tempo ainda mais perigoso do que o cansaço, que é o que algumas vezes lhe sucede, se não houver descanso: o tempo do desinteresse, da desmotivação completa, do já nada importa.
O meu mundo e o dos meus seria muito melhor se eu descansasse mais, me empenhasse em recuperar forças quando já não as tenho, e respeitasse os meus limites.
Para termos paz e sermos felizes, importa que ninguém confunda a necessidade e o dever de descansarmos com uma vontade perversa de desistir e de se entregar.
Se estou cansado, não decido, descanso.
José Luis Nunes Martins
In: imissio.net 14.10.22
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