São muitas as vezes em que nos perguntamos isto: porque não pode ser como eu quero? Porque não posso ter o que quero, agora? Porque é tão difícil, para mim, ver resolvidos os obstáculos do meu caminho? 

Quem nunca se questionou, em voz alta, pelo menos já terá “verbalizado” alguma destas questões a um nível mais interior ou entre pensamentos mais ou menos frustrados. 

Era mais fácil se, pelo menos, algumas coisas fossem como gostaríamos. Até ousamos esquecer aquele argumento de: “mas eu posso nem sempre saber o que é melhor para mim”. Quem saberá o que é melhor para mim se não for eu mesmo/a?! 

Pois é. Esta reflexão última pode encerrar algum fundo de verdade, mas, na realidade, também podemos contar como muitas as vezes em que, posteriormente, teremos compreendido os motivos para este ou aquele acontecimento não terem sido como queríamos. Ou porque a vida nos preparava para algo melhor. Ou porque aquilo que achávamos ser bom para a nossa vida se transformou numa desilusão que até agradecemos não ter incluído ou recebido dentro do coração. 

Claro que é legítimo (e humano!) querer que as coisas sejam como imaginamos. Como queremos, até. Mas não quer necessariamente dizer que essa vontade seja condizente com o melhor cenário para mim. Para ti. Para nós. 

Talvez o maior e mais bonito mistério da vida seja, exatamente, não saber sempre tudo. Não se ter sempre tudo o que se quer. Quando se quer. 

Talvez a magia more nessa incerteza, nessa surpreendente possibilidade do que ainda está para vir e para chegar. 

Enquanto não sabemos o que chegará para nós, talvez valha a pena acender dentro da alma o desejo de querer sempre o que for melhor. Mesmo que não seja já. Mesmo que não seja com a forma que imaginámos.

Marta Arrais

27.04.22

In: imissio.net