Esta brincadeira pode ser usada como recurso de entrosamento e de orientação sobre a importância do conhecimento das pessoas. Aplica-se, principalmente, a crianças de 7 a 10 anos.
O catequista orienta o grupo, demonstrando como a brincadeira é feita: caminha para a direita, em torno do círculo, bate na mão de alguém indicando que essa pessoa caminhe na direção contrária até que se encontrem e, então, pegando nas mãos, se cumprimentam. Em seguida, continuam o trajeto, sendo que o primeiro a chegar no lugar vago ocupa-o e o outro continua a brincadeira.
Pode-se adaptar a brincadeira conforme a situação. Se for um grupo que ainda não se conheça pedir a cada um para dizer o seu nome, na hora do cumprimento.
É importante que todos participem da brincadeira, por isso, orienta-se o grupo para não repetir as pessoas.
Equipe do site
As pessoas, por meio dos bonecos, se livram de suas inibições, pois ficam encobertas pela figura dapersonagem. Os papéis não devem ser impostos nem forçados. A escolha da personagem deve ser livre.
Fantoche andarilho – prepara uma boneca de pano recheada até a cintura, com a saia aberta atrás. O andarilho pode ser preso à mão por um elástico costurado na cintura. Fazer botas de cartolina, que serão ajustadas aos dedos. Para manejá-los, é só movimentar os dedos médio e indicador, que serão suas pernas, com o elástico preso ao pulso.
Fantoche de caixinha de papelão – com a caixa fechada, cortar, no sentido de seu comprimento, a figura desejada. Pintar a cara na face mais longa da caixa, dividindo a boca.
Fantoche de lenço – Com um lenço grande envolve-se a mão. Dar um nó, cuidando para que ele fique para cima.
Sugestões que podem provocar o riso – ao escrever uma história engraçada é interessante começar por uma história real e depois recheá-la com situações criadas. A história real serve de roteiro básico, depois separamos e criamos situações em que as personagens passam apertos, ficam assustadas e atrapalhadas. Criamos suspense para serem resolvidos no final. Para provocar o riso, prever esquecimentos, enganos, o tom da voz, piadas, embaraços, contradições, sustos, movimentos, desmaios. Fazer gozações com as ações dos políticos, governantes, outros acontecimentos.
Caracterizar cada personagem – o estabanado, o irrequieto, o dedo-duro, o medroso, o triste, o repressor, o egoísta, o individualista, o autoritário, o teimoso, o chorão, o travesso...
É importante a caracterização física com duplas diferentes, como o gordo e o magro, o alto e o baixo, a dengosa e o machão. Podemos caracterizar os fantoches também: um olho preso a um barbante pode cair quando o boneco enraivece; outro espicha o pescoço, o chapéu ou a cartola quando ri, o que pode ser feito com uma vara interna; uma língua que cai; fumaça que sai dos ouvidos.
A atração que o teatro de bonecos exerce sobre crianças, jovens e adultos é antiga. Os egípcios e os chineses moviam seus bonecos. Façamos da fantasia, uma realidade.
Equipe do Catequese Hoje
O uso do recurso do teatro de bonecos, ou fantoches, exerce grande atração sobre um grupo, ilustra fatos e situações e desenvolve valores nos participantes, tais como a liberdade de colocar suas ideias, trabalho em conjunto, vivência em grupo, imaginação criadora, espírito crítico, desenvolvimento da fala, também educa para saber ouvir e valorizar o outro. Esse tipo de teatro varia conforme os recursos e a criatividade do(a) animador(a). Há várias possibilidades.
Fantoches movidos a bastão: são animados com palitos de picolé ou com varas mais longas, para encenações mais altas. Para fazer os bonecos, usam-se bugigangas, como copinhos de iogurte, bolinhas de isopor, vidrinhos, sacos de papel, cabaças, caixinhas, colher de pau, entre outros.
Fantoches com saco de papel: são feitos pintando-se a cara do boneco no saco de papel, deixando-se a parte aberta para formar o pescoço. Enfeita-se, coloca-se a mão fechada dentro do saco, formando o pescoço com o punho do(a) animador(a).
Fantoches de meia – usando a imaginação, criam-se detalhes com corda, barbante, botões, retalhos, papel. Ajustando a meia na mão, coloca-se o polegar na parte inferior e os outros dedos na parte superior.
Bonecos de mão – nossa mão é o próprio boneco: ele é pintado nas costas das mãos.
Bonecos de Luvas – vestir um saquinho em forma da figura desejada no dedo. Ela pode ser de papel, pano ou feltro.
O cenário – deve ser o mais simples possível, pois a plateia deverá estar voltada para os bonecos. Pode-se improvisar lençóis, papelões, tapumes, atrás dos quais se escondem os(as) animadores(as).
A peça – é bom partir de um tema simples e envolver o grupo na criação do texto, partindo da sua realidade. Após a construção da história, o grupo deve discutir a melhor maneira de apresentar, pensando em fazer a peça atraente aos olhos do público (iluminação, ruídos etc...) Criar poucos personagens, diálogos engraçados, frases curtas e provocar a participação do público, com perguntas, palmas, improviso e bom humor.
(continua)
Equipe do Catequese Hoje
A catequese pode utilizar de técnicas de pintura nos encontros catequéticos. É sempre uma alegria provocar os grupos de catequizandos para fazer um desenho, um símbolo, uma cena, etc. Um recurso muito simples e barato é o desenho com giz colorido (giz que se usa para escrever em quadro).
Material: uma caixa de giz colorido, cola branca e meio copo de água. Colocar um pouco de cola branca na água, molhar o giz na água com cola e desenhar. À medida em que o giz vai ficando seco, voltar a molhar na mistura de água com cola. O desenho fica mais forte e não sai fácil.
O papel para fazer o desenho pode ser um pouco mais claro, mas também no papel pardo é possível desenhar. Não só as crianças gostam, também os jovens e adultos.
Equipe do Catequese Hoje
Nem sempre há material disponível para os catequistas. Muitos reclamam da falta de material. Aqui vai uma dica simples e fácil de fazer, é a pintura com terra.
Para fazer tinta ou massa de terra, é preciso ver se ela é barrenta, se tem "liga". Terra com muita areia não serve. Na cidade ela é encontrada em parques, lotes vagos, barrancos das periferias. Num barranco podemos encontrar várias cores: é só colher separadamente. No meio rural há muita fartura de cores e de tipos de terra.
Guache de terra
Ingredientes: 1 xícara de barro grosso (se quiser, acrescente anilina da cor desejada); 1 colher de sopa de cola branca; 1 colher de óleo de cozinha. O óleo acentua a cor. Mistura tudo. Para amolecer o guache, é só acrescentar água.
Tinta simples de terra
Para fazer a tinta é só misturar água na terra da cor escolhida e acrescentar cola branca. A cola dá liga e deixa a cor "firme". A tinta fica pronta quando estiver parecendo um mingau grosso. Podemos usar copinhos para guardar as terras coloridas que serão usadas para fazer a pintura.
Use a mão, uma peneira ou pilão para depurar torrões de terra. O processo varia conforme o efeito desejado. Para produzir tinta homogênea, com textura igual à comercial, a terra deve ser triturada e peneirada por mais tempo, eliminando pedras e raízes. Se preferir que ela tenha texturas, é só deixar a terra mais bruta.
Trabalhar com terra leva várias reflexões: sobre a natureza, ecologia, consumismo... Mas, também é possível usar essa técnica para qualquer desenho, sobre qualquer assunto nos encontros catequéticos.
Equipe do Catequese Hoje
O catequista divide a turma em grupinhos, dá uma tarefa, por exemplo: a vida na cidade, símbolo da páscoa, símbolo do natal, o mundo que Deus criou, cenas bíblicas... e outros.
Sem usar tesoura rasgamos vários papéis, separando as cores. Os papéis podem ser as partes coloridas das revistas. Num papel (cartolina, papel pardo e outros) fazemos um desenho simples conforme a tarefa pedida e cobrimos cada parte com os pedacinhos de papel, sendo uma cor para cada parte. Exemplo: numa flor, pregar papéis amarelos no miolo, vermelho nas pétalas, verde nas folhas, marrom no tronco.
Uma outra técnica é usar a tesoura e picar os pedacinhos de papel da cor que o grupo precisa para o desenho a ser feito. Também é possível fazer mosaico com pedaços de pano, folhas secas picadinhas, sementes, pedaços de azulejos, papéis enroladinhos na palma da mão.
O mosaico é muito gostoso de fazer, envolve a pessoa, seja criança, jovem ou adulto na tarefa pedida pelo catequista. O mosaico ajuda o grupo aprender a trabalhar junto, dividir tarefas. Quando todos colaboram o resultado final é bem bonito, além do grupo conversar e aprender a partilhar ideias e talentos.
Equipe do Catequese Hoje
As dramatizações são realizadas espontaneamente, dando oportunidade e liberdade de manifestação. O importante é o grupo representar situações de sua realidade. Podemos sugerir temas e materiais para motivação: narizes de palhaço ou outro formato de nariz, máscaras para o rosto, que podem ser feitas de jornal, saquinho de papel, pratos de papelão etc.
O grupo de catequizandos pode dramatizar uma eleição, por exemplo. E, se inspirar nos textos: At 6,1-6; 2 Cor 8,18-22; 1,23-26. Pode também dramatizar situações vividas no bairro, na escola, na família. O importante é ligar as situações dramatizadas com o tema do encontro catequético. A mesma dica vale para as dramatizações de histórias da literatura infantil que também ajudam muito no encontro catequético.
Dramatizações nas celebrações
Há várias maneiras de realizar esta atividade. Podemos encenar uma passagem bíblica, um fato da vida ou outras situações.
É preciso lembrar a simplicidade e a improvisação organizada na realização desta atividade, tomando cuidado para manter o povo atento. As sofisticações, enfeites, fantasias podem tirar as pessoas do clima de celebração.
É importante valorizar e incentivar a participação das pessoas na liturgia, que só assim estará celebrando a sua vida na busca constante de libertação.
Equipe do Catequese Hoje
No artigo anterior, abordamos os principais pontos que compõem um encontro catequético. Aqui vamos entrar nos diversos pontos detalhadamente.
PONTO DE PARTIDA (VER)
Antes de tudo, cuidemos de uma cordial acolhida e de um ambiente alegre e feliz, onde todos se sintam bem, experimentando afeto e atenção. A catequese deve ser a vivência de uma verdadeira comunidade. O catequista procure conhecer cada catequizando. De preferência, faça uma visita à casa de cada um para conhecer melhor seu ambiente, a situação da família... Por isto, o grupo não pode ser muito grande. O ambiente seja aconchegante, ornamentado com flores ou alguns cartazes.
É necessário levar em conta a idade e o desenvolvimento psicológico dos catequizandos para que a mensagem possa ser recebida e assimilada. Não se observe somente a idade, mas também o ambiente de onde vêm. São diferentes os que vêm da classe média, que têm todos os seus desejos satisfeitos, que usam computador e andam com seu celular, frequentam as melhores escolas, dos catequizando mais pobres, a quem falta, muitas vezes, o suficiente para a sobrevivência.
Também faz diferença o fato de os catequizandos pertencerem a uma família religiosa ou a uma família indiferente à religião. Há também catequizandos de famílias desestruturadas ou desarmoniosas.
O catequista tem diante de si uma grande diversidade de situações, que precisa conhecer e levar em conta, quanto possível, na preparação do ponto de partida. Se partirmos da realidade dos catequizandos, eles sentir-se-ão interessados, porque vão refletir sobre algo que lhes diz respeito, algo que os interroga ou angustia.
Pode-se iniciar o encontro com um acontecimento recente, com uma conversa, usar gravuras que mostrem um problema ou situação vivida. Podem-se fazer dramatizações de certos acontecimentos ou situações, fazer jogos e brincadeiras, partir de uma narração. O importante é que as motivações usadas estejam sempre ligadas à realidade.
Analisemos os fatos e acontecimentos através do diálogo. Não "monologuemos". Não vamos dar uma "aula", não somos o professor que deve ser ouvido sem comentários. Não. É um refletir juntos. Converse com os catequizandos sobre suas experiências, suas reações, suas perguntas. Procuremos juntos as causas e as consequências dos fatos. Analisemos as atitudes das pessoas envolvidas. Transmitamos a mensagem do Evangelho. Procuremos a visão cristã sobre tudo isto.
Demos atenção também às criticas que os catequizandos fazem, especialmente os adolescentes e os jovens. Devemos escutá-los e não dar-lhes logo uma resposta pronta. Importante é dialogar e valorizar o que dizem.
PROCLAMAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS (ILUMINAR)
A partir do diálogo, segue a leitura da Palavra de Deus, que nunca pode faltar. Dêem atenção a uma boa leitura: pausada, clara, com boa entonação. Não tenham pressa. Não seja uma leitura longa demais. Ninguém consegue prestar atenção, durante muito tempo, em uma leitura.
A mensagem da Palavra de Deus pode ser aprofundada através de certas atividades. É uma interiorização, uma meditação ao alcance do catequizando. A mensagem precisa ser assimilada em profundidade.
Sugestões para a "interiorização" podem ser: desenhos, análise de cantos, ouvir uma música, alguma encenação, grupos de estudo, reflexão sobre uma gravura ou foto, tirando delas uma mensagem etc.
ORAÇÃO (CELEBRAR)
Depois de assimilar a mensagem, chega o momento da oração. Reservemos bastante tempo à oração, que deve ser preparada com muita dedicação. "É um momento privilegiado para uma experiência de Deus. É o feliz encontro com Deus. Supera a oração rotineira.
A dimensão orante e celebrativa deve caracterizar a catequese, para que ela não caia na tentação de ser feita de encontros só de estudo e compreensão intelectual da mensagem do Evangelho.
A celebração educa a pessoa e o grupo para a oração e contemplação, para o diálogo filial e amoroso, pessoal e comunitário com o Pai" (cf. DNC n° 157)
Pode-se rezar no início do encontro, mas o momento para uma verdadeira resposta ao apelo de Deus é depois de ter ouvido sua Palavra. Rezar, orar, não é repetição automática de palavras, mas é uma atitude interior que brota da procura do encontro com Deus. Catequista que não sabe rezar terá dificuldade de introduzir seus catequizandos a uma verdadeira atitude de oração.
Não há oração sem o silêncio interior. Há diversos modos de se criar um ambiente de silêncio, que o catequista deve conhecer e saber aplicar.
Há diversos modos de rezar: oração espontânea, oração escrita, oração com gestos, oração de fórmulas fixas evitando recitação automática, reza de pequenos trechos dos salmos, canto, uma música, e, finalmente, a oração silenciosa. Os catequizandos vão encontrar seu próprio jeito! Também pode-se fazer, de vez em quando, uma celebração com cantos, leituras, símbolos ...
A oração deve estar sempre ligada à mensagem do encontro. A oração e a celebração com símbolos também vão ajudar um maior entendimento e participação litúrgica.
COMPROMISSO (AGIR)
Terminando o encontro, pode-se combinar com os catequizandos como colocar em prática o que descobriram no encontro. Como viver melhor sua relação com Deus, sua vivência em comunidade, sua participação na liturgia ... É bom concluir com um único ponto. É bom que os catequizandos participem das atividades da comunidade como, por exemplo, Campanha da Fraternidade, Mês da Bíblia, das Vocações. Podem também planejar certas atividades como prestação de serviço à comunidade, de solidariedade com os mais necessitados.
REVER
É necessário que, periodicamente, se faça uma avaliação do caminho percorrido. O grupo de catequistas pode fazer uma análise séria do processo catequético. Os encontros são seriamente preparados? As diversas etapas estão sendo levadas em conta? Nota-se progresso nas atitudes dos catequizandos? Em que devem melhorar?
Desejo a vocês muito dinamismo, dedicação e perseverança na missão tão bonita que lhe foi confiada por Deus através dos apelos da comunidade e dos catequizandos.
Inês Broshuis
Membro da Comissão de Catequese do Regional Leste 2 da CNBB
Inicio aqui uma série de três artigos e quero, antes de tudo, dar algumas dicas de como fazer chegar a mensagem do Evangelho aos nossos catequizandos. O Diretório Nacional de Catequese (DNC) dá valiosas orientações, que abordaremos oportunamente, a fim de possibilitar uma catequese atualizada e inserida na nossa realidade.
Nestes primeiros três números do nosso Jornal, colocaremos um esquema geral como espinha dorsal para qualquer encontro.
Qual é o objetivo da catequese?
O que pretendemos fazer na nossa catequese? Não é outra coisa que fazer chegar a mensagem de Jesus, mensagem de vida e de felicidade, aos nossos catequizandos. A catequese tem tudo a ver com a vida concreta de cada um(a). Não é uma doutrina complicada a ser colocada na cabeça e ser decorada. Mas, é uma valiosa orientação para a vida de cada dia, no ambiente concreto, para se chegar à plenitude da vida cristã.
Qual o melhor método para alcançarmos nosso objetivo?
O Diretório Nacional de Catequese indica, como orientação, o conhecido método "VER - JULGAR (ou Iluminar) - AGIR - CELEBRAR - REVER (DNC cf. n° 157). Este método se aplica a qualquer tipo de catequese, seja para crianças, adolescentes, jovens ou adultos.
Um encontro catequético pode ter o seguinte desenvolvimento:
1. VER: Olhar a vida, a situação dos catequizandos, os problemas e dificuldades encontrados, as dúvidas e perguntas existentes, experiências vividas ... Através de um diálogo aprofunda-se a realidade, analisando causas, atitudes etc.
2. ILUMINAR a realidade com a Palavra de Deus: o que Deus nos diz, como encarar o problema, como descobrir a mensagem de "libertação".
3. CELEBRAR. Encontrar-se com Deus na oração, interiorizando a mensagem.
4. AGIR. Voltar novamente à vida concreta, mas com olhos diferentes, com os olhos da fé, com uma mudança de mentalidade, assumindo o compromisso de viver concretamente a mensagem recebida.
5.REVER: de vez em quando, se faz, em equipe, uma avaliação do processo catequético.
O encontro catequético faz parte de um planejamento que determina o tema, o objetivo de cada encontro. A preparação do encontro seja feita com antecedência, e não na última hora. O catequista tem que assimilar a mensagem, refletir, de antemão, sobre a Palavra de Deus que será proclamada.
O melhor é fazer a preparação junto com outros catequistas.
As três dimensões da catequese
Não podemos nos esquecer de que a catequese deve procurar sempre o equilíbrio entre a formação:
- Individual - o contato pessoal com Deus.
- Comunitária - a vivência fraterna na família, na comunidade, na vida concreta.
- Social - formando uma visão mais global da realidade, visando construir um mundo mais justo, feliz e fraterno.
Não é fácil chegar a este equilíbrio, mas é necessário, a fim de se evitar atenção desequilibrada a determinado aspecto. Os três aspectos andam de mãos dadas e se apoiam mutuamente. Às vezes, chega-se a uma formação puramente espiritual, individual, sem dar a devida importância à vivência em comunidade, ou se restringe a catequese a problemas sociais, sem ajudar o catequizando a se encontrar consigo mesmo e com Deus. Levemos sempre em conta as três dimensões.
(Compare este desenvolvimento de encontro catequético com o que você tem costume de fazer)
Continua no próximo número...
Inês Broshuis
Membro da Comissão de Catequese do Regional Leste 2 da CNBB
25.01.2014
Dinâmica de avaliação
Objetivo: Avaliar e suscitar a participação e compromisso do catequista com o grupo. Estimular atitudes para o trabalho em equipe e o cuidado pelo outro.
Participantes: Preferencialmente acima de 10 pessoas, jovens ou adultos.
Recursos necessários: Cartões quadrados (10 x 10 cm), recortados em cartolinas coloridas, com quantidade acima do número de participantes.
Ex.: 20 participantes
20 cartões verdes escritos: PASSAGEM
30 cartões vermelhos; 30 cartões amarelos; 30 cartões azuis.
Preparação: Distribuir para cada pessoa três cartões com cores aleatórias. Ex.: Uma pessoa recebe dois amarelos e um vermelho; outra, dois azuis e um vermelho e assim por diante.
Intencionalmente desequilibre a quantidade de cores, ou seja, use duas cores a mais que outra. Isso fará a dinâmica mais provocante. Chegará o momento em que faltará alguma cor. É importante que o guia não dê opinião, nem induza alguma atitude do grupo. Deixe que as coisas despertem espontaneamente. Fique com as sobras de cores e as passagens organizadas numa mesa à parte, onde será o local de troca.
Prever um espaço dimensionado para o tamanho do grupo, em pé. A dinâmica ocorre em 3 minutos, podendo aumentar o tempo para 5 minutos (dependendo do número de participantes).
Contexto a ser narrado (repetir as informações para o grupo apenas uma vez e sem mais explicações!)
Nosso grupo está num navio que está afundando. Sou o capitão e estou vendendo passagens para os botes salva-vidas. Atenção para as instruções necessárias para o resgate! Cada pessoa recebeu três cartões. Três cartões de cores diferentes equivalem a uma passagem. E, outra possibilidade: uma passagem equivale a três cartões de apenas uma cor.
Ex.: 1 vermelho + 1 amarelo + 1 azul = 1 Passagem
1 Passagem = 3 vermelhos ou 3 amarelos ou 3 azuis
Vocês têm 3 minutos para se salvarem. Comecem!
Provocações da dinâmica: Cada acerto e erro do grupo é fonte de análise na discussão posterior. Por que deu certo? Por que deu errado? Procurar nas discussões não criticar as pessoas por terem tomado esta ou aquela posição (elas são ilustrativas). Mas, juntos procurem organizar o conjunto de atitudes (interação, espontaneidade, liderança, envolvimento, indiferença, preocupação pelo outro, comprometimento...) que estiveram presentes. Após esta análise, caso seja necessário, o guia do grupo pode dar mais alguns minutos para que todos se salvem.
A dinâmica tem tarefa reflexiva seja pessoal, seja do grupo. É bom que se avalie, ao final, a caminhada de trabalho em equipe e como cada participante contribui para o grupo e com que atitudes devemos nos comprometer.
Dica para a catequese:
Esta dinâmica pode ser usada na avaliação anual dos catequistas ou mesmo numa formação/reunião sobre a organização da equipe ou projeto de catequese.
Com catequizandos, vale ressaltar que a salvação proposta por Jesus é coletiva, ou seja, para todos. “Coisas não salvam pessoas. Pessoas não salvam coisas. Mas, pessoas salvam pessoas!” É tarefa cristã o cuidado para não deixar ninguém à margem de uma vida digna, ou abandonado pela indiferença... E lembrar que mesmo Jesus quis formar comunidade de irmãos que se preocupassem uns com os outros e fosse sinal do Reino acontecendo.
Ricardo Diniz
Equipe do Catequese Hoje
01.12.2013
A Espiritualidade da Catequese com jovens
Um dos cuidados com a preparação dos catequistas e de toda a catequese com jovens é a Espiritualidade. É ela a força que anima o cristão na sua caminhada. Esta força vem do Espírito de Deus que nos impulsiona a agir, a viver. (confira mais detalhes aqui)
Como cuidar da Espiritualidade durante a catequese com os jovens? A espiritualidade perpassa toda a vivência do grupo, não diz respeito somente aos momentos de oração ou as celebrações. O jeito de acolher, o testemunho dos catequistas, a maneira de realizar os encontros, tudo evidencia se temos espiritualidade. Mas, é evidente que o catequista necessita de cuidar das orações e celebrações nos encontros catequéticos. A oração precisa dizer algo aos crismandos, que não seja somente recitação de orações decoradas, mas que esteja ligada à vida do jovem, que fale das suas alegrias e angústias. É preciso dedicar tempo para a oração nos encontros. Cultivar espaço de silêncio, de contemplação. (confira mais indicações aqui)
Haja também retiros, vigílias. Cuide-se da participação nas Celebrações Eucarísticas e à Reconciliação, despertando o amor a estes sacramentos. Isso não se faz baixando decreto que obrigue o jovem a ir à missa ou se confessar. Não se deve obrigar o jovem a nada, é preciso caminhar um tempo juntos e ir aos poucos mostrando a importância da Eucaristia e Reconciliação, sobretudo para os que estavam fora da vida comunitária e não possuem nenhuma iniciação cristã.
A espiritualidade é filtro através do qual vemos e interpretamos os outros, os acontecimentos, o mundo e o próprio Deus, em todos os momentos e atividades da vida.
Algumas orientações gerais
- Cada paróquia ou diocese pode escolher um Manual de catequese como instrumento que auxilia o catequista ou até mesmo elaborar seu próprio material. Mas, os critérios metodológicos precisam ser observados (veja em textos anteriores). Não adianta querer melhorar a catequese de crisma e usar um material ultrapassado.
- O padrinho da crisma é aquele que acompanha o crismado na sua caminhada de fé, como amigo e companheiro. Os jovens escolhem seus padrinhos/madrinhas. É bom orientar sobre a necessidade de critérios de escolha e organizar um encontro com os padrinhos/madrinhas. O Código de Direito Canônico, Cân. 892 diz que “enquanto possível” assista ao confirmando um padrinho. Isto significa que não há obrigatoriedade da presença do padrinho na crisma.
- Muitos jovens adultos não foram crismados. Cresce o número dos que também não foram batizados. O mesmo itinerário pode ser utilizado. Com adaptações ele também prepara para o Batismo e Eucaristia. Em caso de matrimônio, quando o casal, ou um dos dois não foi crismado, não se apresse a administração do sacramento da Crisma. Aconselha-se adiar a celebração da Crisma para depois de uma preparação bem feita.
Lucimara Trevizan
Equipe do Catequese Hoje
É importante não esquecer que: a missão do crismado é ser cristão no mundo, no meio em que vive. Esse é o seu maior engajamento.
“Mais do que o pós-crisma, o importante é investir na preparação dos crismandos para a vida,onde quer que estejam”.
Ser cristão implica estar ligado à comunidade cristã. Isto quer dizer: a pessoa celebra sua vida e sua fé na Eucaristia; vive uma vida impregnada dos valores cristãos; aprofunda sua fé e seu seguimento a Jesus Cristo, através dos cursos de formação que a paróquia promove etc.
A celebração do Sacramento da Crisma é ponto de partida para uma caminhada na vida e na fé cristã. A preparação precisa ajudar o jovem a se descobrir como cristão, a ser Igreja. É importante que os catequistas cuidem para não sobrecarregar o jovem com um engajamento de que ele não dá conta (não tem idade). A estrutura da comunidade paroquial precisa possibilitar diferentes engajamentos. Ao longo da caminhada crismal, o jovem pode conhecer a comunidade de que participa ou começa a participar.
O pós-crisma
A catequese necessita de uma equipe de catequistas que tenha objetivos claros. Será preciso planejar o que irá ser feito, verificar os passos que precisam ser dados, preparar quem irá assumir o trabalho, antes de iniciar qualquer coisa. Necessariamente o jovem não tem que se engajar em alguma pastoral ou movimento. O grupo de crismandos passou um ano juntos e criou laços.
Então uma das melhores saídas é: O grupo de Crismados continuar a se reunir.
Mas, o jovem só irá voltar se a preparação da crisma foi bem feita, foi gostosa, se ele se sentiu sujeito, participante do processo.
Condições necessárias:
- Catequistas que fiquem de 3 a 6 meses junto com a turma que já se crismou, até que tenham condições de caminhar sozinhos.
- Os conteúdos dos encontros precisam ser outros, diferentes do período de preparação para a crisma e podem aprofundar conteúdos já refletidos; os assuntos podem ser planejados com a turma.
- Outros catequistas podem ser preparados para assumir especificamente a turma após a crisma. Sobrecarregar os catequistas com duas turmas não dá certo.
- A paróquia precisa acolher esse “novo grupo de jovens” que nasce, e a catequese, acompanhar o grupo, para que o grupo cresça e caminhe sozinho.
- A coordenação da catequese de crisma de foranias e/ou diocese pode ajudar preparando catequistas das paróquias especificamente para o pós-crisma. Também poderia fazer subsídio orientando e dando sugestões de conteúdos, organização etc.
Outras idéias práticas:
- Marcar um encontro e convidar os crismados. Os convites devem ser entregues pessoalmente; além disso, o padre poderia convidá-los nas missas. Melhor ainda, já ter o pós-crisma “preparado” e, antes da celebração da crisma, fazer o convite.
- Esse primeiro encontro precisa ser bem dinâmico e celebrativo.
- Apresentar e ouvir sugestões do grupo para continuarem a se reunir. Deixar o grupo discutir sugestões.
- Se necessário, marcar outro encontro e definir uma ou duas propostas. Apresentar também sugestões para estudo e aprofundamento do grupo.
- Incentivar os crismados que queiram se engajar na catequese e outras pastorais.
Outras Sugestões: (estas poderiam ser adaptadas à sugestão anterior)
-Fazer encontros mensais, onde seriam debatidos, conversados, assuntos de interesse dos jovens.
- Encontros onde haja brincadeira, muita conversa, estudo e oração.
- Investir em atividades esportivas. Jogos coletivos como futebol e vôlei são os mais pedidos.
- Organizar campeonatos, gincanas, passeios ecológicos etc.
- Organizar retiros.
- Gincanas com tarefas beneficentes e instrutivas, competições esportivas e brincadeiras que levassem o jovem a tomar gosto pela vida em fraternidade, a alegria de viver em grupo e a vontade de colocar em prática o projeto de vida de Jesus.
- Formar grupos de teatro para encenações durante as missas ou ocasiões especiais, para crianças da catequese, para asilos etc.
- Envolver a Pastoral da Juventude no processo posterior à crisma (quando estiver organizada).
- Fazer visitas a pastorais para conhecer melhor o trabalho realizado pela comunidade.
- Organizar grupos de estudos para aprofundamento, como por exemplo, estudos bíblicos. Há muitos jovens que demonstram interesse em aprofundar mais o conhecimento sobre a Bíblia.
- Há muitos jovens que demonstram interesse em realizar serviços voluntários: visitas a asilos, ajudar os mais necessitados, ajudar as crianças abandonadas, visitas aos doentes etc.
- Reuniões recreativas na casa de um crismado, para assistir filmes e comemorar aniversários.
- Um grupo de Crismados poderia ser um grupo de apoio à catequese da crisma. Por exemplo, no início da preparação receberiam os crismandos com músicas e brincadeiras. Em dias de retiros, de encontros, poderiam organizar horas de lazer, o lanche, os cantos, uma oração, um teatro etc.
- Um grupo de Crismados poderia ser apoio na catequese com adolescentes (que fizeram ou não a primeira eucaristia), criando grupos de teatros, música e lazer.
- Promover festivais de músicas e envolver os jovens da paróquia. Etc.
Tudo irá depender de uma equipe de catequistas mais bem preparada e organizada. Um grupo que sabe o que quer e o que está fazendo, tenta ir melhorando o processo catequético. Não há perfeição, mas é possível melhorar a catequese que fazemos a médio e longo prazo, envolvendo os jovens nessa caminhada. Tudo para que os crismados assumam o Ser Cristão e gostem de viver em comunidade.
Lucimara Trevizan
Equipe do Catequese Hoje
Orientações para o Catequista de Crisma
1.Seja positivo e propositivo. Só positivamente se vai dar catequese. Esse sempre foi o princípio de Jesus Cristo para cativar os corações e evangelizar. A mensagem de Cristo só ressoa no coração se ela vier de uma fonte positiva: você. Sem amor, nenhuma evangelização vai dar fruto. Gente que só vê defeitos, pecados e fala mal não consegue ser apóstolo de Cristo, faz mais mal do que bem, inclusive na catequese! Proponha em vez de criticar.
2.Parta sempre da vida. Não se esqueça de comparar o que estiver falando com assuntos e exemplos diários do mundo cultural dos crismandos. O Evangelho tem que atingir a vida. Não considere tudo o que não é explicitamente religioso como pecado: Deus se vale dessas coisas para nos ir ensinando a chegar mais perto dele. Jesus valorizava o campo para os camponeses, as citações bíblicas para os doutores da lei, etc. É a partir da vida que devemos dar nossa catequese, fazendo os jovens ir vendo como Deus se manifesta na história do povo, da comunidade e na nossa história pessoal.
3.Fale apenas o que vive e viva o que ensina: catequese quer dizer fazer ecoar. É preciso que a Palavra de Deus ecoe primeiro em nós para ter força de ecoar nos outros. Catequese não é “aula de religião”: na aula eu ensino o que não vivo; na catequese, só posso ensinar o que vivo. Por isso, para despertar amor à Igreja e a Cristo é necessário amar Cristo e a Igreja antes. Partilhe o que você sabe, mas partilhe a sua experiência vivida sobre aquele assunto. Nada melhor do que um catequista que vive o que ensina.
4.Prepare antes o que vai falar e fazer. Por favor, não vá para o encontro despreparado para falar e fazer qualquer coisinha: não enrole! Ninguém gosta de gente que brinca de fazer alguma coisa. Ninguém gosta da aula chata do professor que não prepara, do sermão mal-preparado do vigário, da informação errada de quem não se comporta como profissional, né? Pois é, não faça a mesma coisa que você critica...
5.Programe horário. Não fique só no falatório: programe começo, meio e fim. Veja formas diferentes de dizer uma coisa. Procure recursos que estejam dentro da discussão (cartaz, dinâmica, música, mapas, vídeo, brincadeira, trechos de filmes, poesias, etc.) e leve a sério a programação do encontro. Se for preciso, marque horários para começar e para acabar uma atividade. Assim se evita que alguma coisa tome o tempo todo (prejudicando o conjunto) e que fique chato. Ah!, não se esqueça de chegar antes (e não depois) de todos...
6.Catequese é assunto orante. Há catequistas que se lembram de tudo, menos da oração. Catequese não é aula, mas partilha da fé vivida. É preciso orar para preparar o encontro e orar durante os encontros (no começo, no meio ou no fim) com os adolescentes. Assim, você vai motivando e formando a fé dos seus discípulos.
7.Ajude os seus catequizandos a se concentrar. Muitas pessoas, ao vir para o encontro, passaram por problemas, estão agitadas, mal-humoradas, desanimadas ou sem disposição. Acolha com alegria e carinho (todo mundo gosta de ser bem tratado e um sorriso largo desmonta o mau-humor). Mas não se esqueça de ajudá-los a estar no encontro de corpo e alma. Já vi muitos catequistas que brincam e falam tanto que atrapalham os próprios encontros. No momento da catequese você não deve ser só mais um amiguinho, mas um amigo que cresceu na fé e quer partilhar isso com eles.
8.Dê catequese por amor a Cristo e à sua Igreja. Tenho visto muitos catequistas que querem estar ali por muitos outros motivos: paquerar, sair de casa, se enturmar, etc. Se você é algum desses, revise as suas motivações e – se for preciso – dê um tempo para você, para sua comunidade e para os seus catequizandos. Vamos ser honestos, a catequese de crisma não é lugar para arrumar namorada(o), nem para outras finalidades. Quem é catequista deve estar lá servindo a Cristo como membro da comunidade dele. Outras motivações devem ser purificadas e deixadas de lado.
9.Tenha sempre uma carta na manga. Não esqueça que todo mundo gosta de uma surpresinha: apimenta o encontro e dá um sabor novo. Procure, de vez em quando, mudar algo. Você vai ver que efeito produz. Normalmente, a surpresa age positivamente nas pessoas.
10.Avalie os encontros com os crismandos. Ninguém melhor do que os próprios adolescentes para lhe dizer o que estão achando e lhe fornecer sugestões. Dê oportunidade para a sinceridade rolar entre vocês e tudo irá bem. Não precisa avaliar todo dia, mas pode ser a cada bloco de encontros. Mas não seja apenas formalidade: leve a sério e mude o que precisar.
11.Conte com a participação. Alguns catequistas morrem de medo de cobrar algo dos crismandos: assim eles vão ficando cada vez mais passivos. Programe tarefas e passeios comuns e vá dividindo as responsabilidades. Você é catequista e não papai ou mamãe deles. Deixe-os falar, peça opinião, valorize a participação, mas freie quando falarem demais ou passarem dos limites. Você não tem um cargo eletivo pra zelar, mas deve ser testemunha da fé. Aja com responsabilidade e peça isso deles também.
12.Engaje todos os crismandos durante o ano em sua comunidade. Nem todos têm os mesmos dons e os mesmos talentos. Aos poucos (não deixe para os últimos encontros!), vá encaixando os crismandos nas tarefas e nos compromissos com sua comunidade: tenha sempre em mente que o objetivo a ser alcançado é o engajamento do maior número possível de crismados na comunidade de fé. E não cobre só dos jovens: cobre também da sua comunidade e dos responsáveis por ela (padre, irmã, coordenadores, ministros, etc.) que os jovens tenham seu espaço, sua vez e sua voz. Mas vá com calma! Não precisa pegar pesado ou criar uma briga na comunidade: conversando todo mundo se entende.
13.Conte com o apoio dos grupos de sua paróquia. Se você quiser que eles se engajem, é preciso contar com a liderança de sua comunidade. Grupo de vicentinos, Apostolado da Oração, legionários, grupo de jovens, Terceira Idade, grupo de terço, vocacional, etc. Antes do final do ano, todos os adolescentes devem ter visitado todos os grupos da paróquia e escolhido um para participar. O coordenador do grupo é que vai dar o seu parecer sobre a recepção ou não da crisma, de acordo com o amadurecimento da pessoa.
14.Programe atividades extras para confraternização e amizade. O grupo precisa se sentir unido e ter uma identidade própria. Assim, quando acabar a catequese, o grupo vai querer continuar como grupo de jovens. Se isso acontecer, a catequese foi boa e frutuosa! Passeios, retiros, vigílias, gincanas, noite de talentos, festival de canção católica, concurso de teatro e encontros com grupos de outras paróquias ajudam muito. Aproveite a Campanha da Fraternidade do ano como inspiração...
15.Não faça da sua catequese uma arma: fale apenas o que sabe, não invente nem aumente. Você é instrumento de Deus e fala em nome da sua Igreja. Você não está ali para falar de sua fé pessoal, mas para transmitir a fé da Igreja de Cristo. Veja músicas, textos bíblicos e dinâmicas para motivar o encontro.
16.Trabalhe em grupo. Catequese só pode ser dada em comunidade. Peça que outras pessoas de fé lhe ajudem nos encontros. Não falte á reunião de preparação com outros catequistas. Discuta antes, com seu padre, com a irmã ou com outro catequista, o encontro: peça dicas, aceite sugestões, programe a oração inicial ou final, etc. E conte com a participação dos crismandos também.
17.Vá aos poucos, progressivamente. Você que deve ter muita coisa a dizer, deve ir parcelando as coisas aos poucos, durante o ano. É melhor fazer dois encontros de uma hora e meia do que um de três horas.
18.Catequize pais e padrinhos. A catequese de sua comunidade programou o que, para pais e padrinhos? Você precisa tê-los como aliados e precisa catequizá-los também. O grupo de catequese programou como será a participação e a catequese deles durante a preparação dos adolescentes?
19.A leitura da Bíblia nos ajuda a olhar e ver a realidade. Não o contrário. Não faça política, mas não se esqueça que a leitura da Bíblia serve mesmo é para ver a realidade que está aí. Não tenha medo de discutir e ver, sob a ótica da fé, assuntos atuais e candentes. A fé não é pra ficar na sacristia, mas serve para viver com a realidade presente e modificá-la. Não faça da fé “ópio do povo”, mas “motor de ações” que ajude a melhorar a realidade e a sociedade. A fé nos inspira a todos para ser e fazer a diferença.
20.Liturgia e catequese são da mesma família da fé. Catequizando que se preza, precisa ter participação ativa na liturgia. Agora, não basta mais vir à missa. É preciso contribuir com a comunidade de fé. Contribuir concretamente, o jovem que não quer mesmo, deve ser aconselhado a repensar a sua opção de ser crismado. É como alguém querer namorar uma garota e se recusar a ficar perto dela... (É ruim, não é?)
Se não for pedir muito, gostaria que você e seu grupo de catequistas discutissem esses passos. Vocês concordam? Discordam? Por quê? Que experiências tiveram sobre isso? O que os ex-crismandos (ou o grupo de jovens) falam sobre?
Paulo F. Dalla-Déa
Padre e doutor em Teologia, membro da Sociedade Brasileira de Catequetas e da SOTER – Sociedade de Teologia e Ciências da Religião.
Conhecimento da comunidade, paróquia e diocese
Pode-se reservar um encontro para dar maiores informações a respeito da diocese, da paróquia e da comunidade onde a catequese se realiza.
Pode-se também pedir aos crismandos para pesquisarem o que a comunidade paroquial realiza ou, então, convidar algumas pessoas engajadas para relatar suas atividades na paróquia e na comunidade. É um encontro que necessita ser bem preparado pelos catequistas e pode ser realizado no momento em que o grupo estiver refletindo sobre a Igreja.
Outra experiência interessante, criada em várias paróquias, é a elaboração de um projeto específico para o chamado “Estágio Pastoral”. Um grupo de catequistas é especialmente organizado para isso (podem ser catequistas em processo de formação para a catequese de crisma). Um catequista acompanha um número pequeno de jovens crismandos nas pastorais, movimentos e comunidades da paróquia. O objetivo é conhecer cada uma.
Os jovens participam de duas ou três reuniões de cada pastoral. Há que se prever a partilha da experiência que os jovens realizaram. É sempre muito bom o retorno e os crismandos passam a ter outro olhar para a paróquia onde participam. Além disso, a comunidade passa a conhecer os crismandos. Se não for possível conhecer todas as experiências pastorais da comunidade, o grupo elege quais irá conhecer mais de perto. Conviver com as pessoas de um trabalho pastoral da paróquia, faz o jovem ter sensibilidade para com causas antes não pensadas, tais como: pastoral da criança, trabalho com creches, asilos, grupos de jovens e etc.
Contato com o Bispo e o padre
Seria muito bom se pudesse haver um encontro com o bispo, antes do dia da celebração da Crisma. Talvez seja difícil por causa da distância e pelos muitos compromissos do bispo. Porém, é importante algum contato com o bispo antes da celebração. Uma opção interessante pode ser a comunicação por carta, algum tempo antes da Crisma: os crismandos, individualmente ou em grupo, escrevem uma carta ao bispo falando de seus sentimentos diante da vida, do sacramento, da Igreja. O bispo, por sua vez, poderia enviar uma carta ao grupo, manifestando acolhimento e dando incentivo à prática do testemunho cristão. Ou ainda, manifestar publicamente, no dia da Crisma, que recebeu com alegria uma carta dos crismandos.
O grupo de catequistas precisa manter o pároco permanentemente atualizado em relação a tudo o que acontece na catequese de crisma. Isso pode ser feito com reuniões periódicas com ele ou através do contato da coordenação. Além, é claro, da participação dele em encontros específicos.
Celebração das promessas do Batismo
É muito bom quando se consegue organizar a Celebração da Renovação das Promessas do Batismo de maneira bem consciente. Esta celebração pode ser feita depois de um encontro em que se tratou do Batismo. A celebração se faça de preferência à noite, inspirando-se na Vigília Pascal. Use-se uma linguagem que fale aos jovens. Em linguagem atualizada, os jovens se comprometem a andar pelo caminho do seguimento de Jesus e a lutar contra as forças que tentam impedir tal seguimento.
Se houver jovens que não foram batizados, é um dia especial para isso.
Celebração da Reconciliação
Esta celebração pode ser feita depois de se ter refletido sobre a formação da consciência, a recusa de engajar-se no Projeto de Deus e o Sacramento da Reconciliação. É possível organizar uma celebração criativa, com símbolos próprios escolhidos pelos crismandos, com orações que expressem o que os jovens sentem, compreendendo as suas fraquezas e limitações.
Veja as indicações sobre Liturgia e Catequese na seção DiVerso do nosso site.
Dias de Retiros
No planejamento da catequese de crisma, prever dias de retiros (ou finais de semana, manhãs...), combinando previamente com os crismandos e famílias o local, o tema, o modo de participação. Há boas experiências de catequese de crisma nessa metodologia. É preciso envolver a comunidade, os próprios crismandos na organização do retiro.
Lembrando: retiro é retiro, não é lugar de palestras longas ou metodologia de encontro de jovens.
Novena ou tríduo em preparação
A comunidade e o grupo de catequistas organiza uma novena ou tríduo. Durante estes dias, podem ser abordados os principais aspectos da Crisma, o que fará com que a comunidade, os pais e padrinhos, aprofundem o sentido do sacramento.
Vigília no dia anterior à Crisma
É uma alegria conseguir organizar uma vigília de reflexão e oração antes do dia da Crisma, sobretudo se não foi organizada a novena ou tríduo. Com leituras, cantos e orações pode-se preparar o coração para a graça e o compromisso do sacramento. Nesta ocasião é possível a participação quase total dos padrinhos.
Confraternizações e outras coisas mais...
O catequista precisa celebrar os aniversários, as pequenas conquistas que o crismando vai realizando, como passar no vestibular, um emprego novo e etc... Assistir filmes no cinema com a turma toda, ou na casa de alguém. Mas o grupo de catequistas pode prever confraternizações com todos os grupos de crismandos, apresentações de teatro, músicas, poesias feitas pelos jovens.
É possível também promover um debate com pessoas interessantes sobre temas atuais, ligados ao conteúdo da catequese. Aí é possível convidar todos os crismandos para estarem presentes e participarem ativamente do debate, um papo aberto.
Organizar caminhadas, trilhas, passeios a determinados lugares de preservação ambiental. Assim também despertam para a preservação do planeta. Sair de salas fechadas e organizar os encontros em outros locais é sempre muito bom.
(continua...)
Lucimara Trevizan
Equipe do Catequese Hoje
Recordando...
Como vimos em reflexões anteriores catequese ensina a felicidade, dá razões para viver, ajuda a encontrar sentido para a vida. Isso se dá porque o centro do processo catequético é Jesus Cristo e sua mensagem, que transforma a vida e nos faz construtores do Reino de Deus. A catequese é, sobretudo, uma vivência: experiência de amor, de comunhão, de amizade. A experiência de criar laços, de organizar um grupo é a chave do processo todo.
A caminhada que é feita na crisma precisa ajudar o jovem a superar seus conflitos, crises e a descobrir-se, a crescer como pessoa. É uma caminhada de fé na vida! Assim, o crismando passa a ter um aperitivo do que é viver a vida como uma experiência de Deus, onde fatos e eventos revelam os apelos de Deus e se tornam comunicação de Deus e com Deus.
Algumas dicas para melhorar a organização e o processo catequético:
Projeto da Catequese de Crisma
-Cuidar da formação dos catequistas especialmente para o trabalho com adolescentes e jovens. Para convidar alguém para ser catequista é importante observar:
- vivência de fé;
-maturidade psicológica, equilíbrio afetivo;
-capacidade de dialogar;
-atuação concreta na comunidade;
-disposição para trabalhar em grupo e em comunidade;
-verificar a disponibilidade de tempo para a catequese de crisma: participar de reuniões, cursos, preparar e orientar os encontros, visitar os crismandos...
-Definir os objetivos, o cronograma, a metodologia, as grandes celebrações, os retiros, os passeios, o conhecimento da comunidade paroquial, e outros...
-Numa mesma paróquia há diferentes “juventudes”. A organização da catequese de crisma precisa prever diversos grupos de adolescentes e jovens(área central, bairro mais de periferia, zona rural, etc).
-Fazer parcerias com outros setores da sociedade que ajudem a traçar um perfil dos jovens. Um levantamento é importante para saber quem são, o que pensam, sentem, como vivem, o que sonham...
-Prever e organizar a parceria do grupo de catequistas com a pastoral familiar, grupos de casais, pastoral da juventude e/ou outras pastorais da paróquia que são importantes para o processo catequético e podem ajudar.
-Prever o envolvimento do Conselho Pastoral Paroquial.
-Observar as indicações das Diretrizes para a Catequese da Crisma que a diocese possui.
Sobre as inscrições e o trabalho com a família
-As inscrições precisam ser feitas pelos catequistas e não pela secretaria da paróquia. Verificar como dividir o grupo de catequistas em diversos horários para a acolhida, conversa inicial e inscrição.
-Após a inscrição é possível organizar visitas à casa do crismando inscrito, para uma conversa inicial e entrega do convite para o primeiro encontro e para a celebração de abertura na paróquia ou comunidade.
- A pastoral familiar ou outra pastoral pode ajudar os catequistas nas visitas às famílias. Será preciso um treinamento e orientação do grupo de catequistas para esse importante trabalho. A visita permite um diagnóstico da realidade dos crismandos. Nas cidades maiores, onde a visita fica mais difícil (em prédios, por exemplo), será preciso agendar os encontros.
- Prever encontros com os pais durante o processo catequético.
Sobre o primeiro encontro
- Surpreender os adolescentes e jovens com uma boa acolhida. O primeiro encontro não pode ser agendado para depois da missa de sábado à noite na igreja da comunidade... É importante escolher bem o horário. Será preciso preparar o local (salão da comunidade, salão paroquial), organizar um bom café e lanche, enfeitar o espaço, colocar música de que os jovens gostam. Surpreender com uma boa acolhida dos catequistas.
- O(a) coordenador(a) e o grupo de catequistas se apresentam, dizem seus objetivos, que é iniciar uma caminhada de fé, de crescimento, de confiança na vida... em vista do amadurecimento da fé. Deixar claro para os crismandos que ninguém deve se sentir obrigado a fazer essa peregrinação.
- Dividir criativamente os grupos, buscando equilibrar a quantidade de homens e mulheres nas turmas. Não organizar grupos muito grandes, para que o diálogo seja mais fácil.
Celebração de acolhida dos crismandos e pais
- Agendar previamente com o padre, o Conselho Pastoral Paroquial, a Celebração de acolhida de todos os crismandos da paróquia (ou da comunidade). Pode ser agendada após o primeiro encontro com os crismandos. Os pais (convidados na visita) devem ser bem acolhidos.
- A celebração deve ser marcada pelo clima de alegria da paróquia ou comunidade pelos jovens que se dispõem a trilhar os caminhos da catequese de crisma. Rezar pelas famílias e pelos jovens.
- Prever nas celebrações das comunidades, durante as preces, uma especial pelos crismandos e suas famílias.
Apresentação dos grupos de crismandos à comunidade
-Agendar com a equipe de liturgia e o padre a participação de grupos de crismandos em Celebrações Eucarísticas da comunidade, se possível nos horários de maior participação. Isso acentua a importância que o jovem tem na comunidade. É razão de alegria e é importante que os fiéis tomem conhecimento daquilo que se está vivendo na comunidade. É uma oportunidade para se chamar a atenção para a importância da Crisma e para a responsabilidade da comunidade para a vida de fé dos crismandos.
-O grupo de crismandos pode entrar na procissão de entrada, se sentar em lugar de destaque, ser acolhido pelo padre e apresentado a toda a comunidade.
- Nas orações da comunidade pedir pelos crismandos e suas famílias.
- O Conselho da comunidade/paroquial pode estar presente e acolher os crismandos, dar uma palavra de alegria e esperança.
- Em algum momento da celebração, após a homilia, por exemplo, os crismandos podem se comprometer a participar da preparação com entusiasmo e perseverança.
- Se a paróquia possui vários grupos de crismandos, prever a participação em vários horários das Celebrações Eucarísticas de finais de semana para que esta apresentação seja feita.
- Na preparação desta celebração a equipe de liturgia e os catequistas podem envolver os jovens e suas famílias, distribuindo funções, tais como: procissão de entrada, ofertório, procissão da Bíblia, leituras, preces... e outros.
Escolher um nome para o grupo de crismandos
- É importante destacar o testemunho de pessoas importantes que inspiram os jovens hoje. O catequista pode apresentar alguns nomes e ressaltar o testemunho de paixão pela vida e por Jesus Cristo. Por exemplo: Dom Hélder Câmara, Dom Oscar Romero, Dorothy Stang, Francisco de Assis, Martin Luther King, Santa Rita, Madre Teresa de Calcutá e outros. Algumas pessoas da comunidade também podem ser lembradas.
- Após um tempo para conhecer melhor algumas pessoas, o grupo de crismandos escolhe uma para dar nome ao grupo de crisma e ser a inspiração da caminhada.
- O catequista pode fazer memória dessa pessoa e ligar assuntos importantes a esse cristão escolhido, como inspiração para o nosso ser cristão hoje.
- Encenações podem ser organizadas, com os grupos de crismandos apresentando os seus “patronos” escolhidos e a mensagem que nos deixaram.
Algumas conclusões importantes
- O catequista de crisma precisa gostar do que faz, compreender e amar os crismandos. O catequista é aquele amigo, companheiro, aquele que caminha junto, aquele que é sinal de amor, de solidariedade, de amizade.
- Os conteúdos da catequese da crisma precisam estar em sintonia com a vida dos adolescentes e jovens (veja reflexão em edição anterior). É fundamental criar empatia com os jovens, a crisma precisa ter sua cara e significar algo importante na sua vida. Nossos crismandos vivem uma vida concreta, cheia de problemas, interrogações e angústias, mas também de esperança, de alegria, de amor. Se não levarmos a vida dos jovens em conta, a mensagem cristã não chega ao coração, nem é assimilada.
- A catequese precisa ser e promover espaço de partilha de vida, de experiências. Lugar de diálogo, onde o jovem se sinta bem para falar sobre seus problemas, onde possa se expressar.
- O processo de catequese pode ajudar o crismando a “ler” sua vida à luz do Evangelho a fim de definir o caminho a seguir. Pode também fazer descobrir na vida o convite à conversão, ao compromisso com a comunidade.
- Algumas conversas são importantíssimas na caminhada com os jovens: a vida, a morte, família, drogas, desemprego, violência, etc... É preciso partir da vida, das angústias, das dores de cada um, foi assim que Jesus fez.
- Não há como “padronizar” a estrutura de organização e temas, como se o crismando entrasse numa “forma”, que é a crisma, e tivesse que fazer tudo como manda o figurino.
- O sacramento da crisma é o sacramento da maturidade cristã. Nossa missão é ajudar o jovem a compreender, a ler sua vida, a encontrar sentido de vida, a partir da fé e do seguimento de Jesus.
- A catequese de crisma precisa ser um processo dinâmico e não uma “água morna”. O jovem precisa se sentir desafiado, algumas ações transformadoras podem ser propostas, bem como entrevistas, debates, visitas etc.
- A catequese pode ser um espaço onde o jovem se sinta bem, goste de participar, um lugar gostoso pra se ir... A Crisma deve ser espaço de socialização, de encontro, de amizade. É lugar de seriedade porque viver é muito sério, é muito perigoso...
- Não é possível trabalhar com turmas grandes...
- Jesus Cristo é o amigo, o companheiro, aquele que também foi adolescente e jovem e superou crises, dúvidas, que teve também dificuldades, mas que conseguiu amar sempre, apesar de tudo.
- A Igreja é a grande mãe da gente, nela o jovem tem espaço, pode se expressar. Ela também é uma boa mestra, aprendeu muito ao longo do tempo e, por isso, tem muita experiência de vida. E nela a gente pode crescer sempre, nela a gente sempre pode encontrar o Cristo.
- Educar para o amor, esse é o desafio...
(continua na próxima edição)
Lucimara Trevizan
Equipe do Catequese Hoje
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