A música é uma significativa expressão da identidade e cultura de jovens e adolescentes e possui uma importância central na vida deles. Por isso, na catequese da crisma a música é muito importante.
A música é uma arte que eleva o espírito a Deus. Faz parte do cultivo da Beleza no processo de educação da fé. A música chega ao coração das pessoas, especialmente dos jovens. A música conduz à experiência da alegria, da reflexão, ao silêncio e contemplação, leva a um mergulho no Mistério.
A música é caminho para experimentar a Beleza. A música religiosa já tem seu lugar de destaque na vida das comunidades, mas precisamos estar atentos à música popular brasileira e aos outros gêneros musicais que as juventudes “curtem” e produzem.
O Rap e o Funk: uma cultura juvenil
O Rap é um fenômeno cultural de massa. Sua batida cadenciada e, sobretudo, as letras que constituem as músicas, combinando em uma feliz junção de ritmo e poesia, atraem a população jovem e o mercado de consumo cultural de massas.
O Rap é um gênero musical, consumido pela juventude, em especial afrodescendente e trabalhadora, por meio da frequência aos salões de baile na periferia ou clubes, pelo consumo de discos e audiência às rádios FMs. Mas, o rap é também produção cultural, é manifestação jovem, originada nas ruas das cidades, em bairros distantes onde vivem os setores mais empobrecidos das cidades. É produto da sociabilidade juvenil, reveladora de uma forma peculiar de apropriação do espaço urbano e do agir coletivo, capaz de mobilizar jovens excluídos em torno de uma identidade comum.
O rap fala sobre o que se passa, conta a vida das ruas, denuncia ou ridiculariza o que ocorre na sociedade. O Rap nasce no interior do mundo da exclusão social, é denúncia da marginalização do jovem;
O mesmo se dá com o Funk, também fenômeno cultural de massa, que possui código de linguagens, é a única opção de lazer de muitos, única diversão. É a alegria da vida do jovem pobre dos bairros mais afastados dos centros das cidades. O Funk é filho do Rock.
O Rap faz parte de um movimento chamado HIP-HOP, que possui três expressões: o Rap(ritmo e poesia), o break(dança) e o grafite(artes plásticas nos muros). O Hip hop é espaço de construção de identidade, os jovens se reúnem para produzir algo e se reconhecem naquilo queproduzem. O hip-hop é contra drogas e bebidas, prega a solidariedade e denuncia a condição de vida marginalizada em que vive a maioria dos jovens.
A música passou a ser um importante espaço de socialização do jovem, espaço de construção de identidade. Jovens que trabalham durante o dia e estudam à noite, jovens das camadas populares. Jovem que quer ser sujeito, que quer se manifestar, que teve sempre forte ligação com a música.
Movimentos como o Funk e o Hip-hop expressam o direito do jovem de ser jovem.
Nas cidades menores também se verifica que a música é elemento de socialização do jovem. Crescem os clubes, as danceterias, barzinhos etc. A música sertaneja tem grande "peso".
“Podemos concluir constatando que o rap e o funk, mesmo com abrangências diferenciadas, significaram uma referência na elaboração e vivência da condição juvenil, contribuindo de alguma forma para dar um sentido à vida de cada um, num contexto onde se vêem relegados a uma vida sem sentido. Ao mesmo tempo, o estilo de vida rap e funk possibilitou a muitos desses jovens uma ampliação significativa do campo de possibilidades, abrindo espaços para sonharem com outras alternativas de vida que não aquelas, restritas, oferecidas pela sociedade. Querem ser reconhecidos, querem uma visibilidade, querem ser alguém num contexto que os torna invisíveis, ninguém na multidão. Querem ter um lugar na cidade, usufruir dela, transformando o espaço urbano em um valor de uso. Enfim, querem ser jovens e cidadãos, com direito a viver plenamente a sua juventude. Este parece ser um aspecto central: pelos estilos rap e funk, os jovens estão reivindicando o direito à juventude”. (Juarez Tarcisio Dayrell)
Observação para o Catequista
-Leia criticamente as letras, busque compreendê-las como expressão religiosa, descubra a mensagem que elas transmitem. Seja fiel à letra e seu conteúdo. A princípio, veja o que a letra diz, num outro momento é possível transpor sua mensagem para a vida cristã.
-Providencie letra para todos da turma, assim poderão cantá-la.
-Prepare questões para discussão, mas deixe o clima, permita que cantem, sintam, se expressem através das músicas. As questões precisam ter como ponto de partida o sentimento deles em relação à música, no que ajudam a se expressar.
-Varie: solicite que os jovens tragam letras e CDs sobre o tema. Importante que você também as ouça antes.
-Evite músicas muito barulhentas, pois a maioria delas não conduz à admiração, à contemplação e à reflexão.
Sugestões:
-Felicidade – Marcelo Janeci
-Andar com fé -Gilberto Gil (o que é a fé)
-Se eu quiser falar com Deus – Gilberto Gil (condições para falar com Deus)
-Beleza Rara – Banda Eva – (a experiência de encontrar o amor verdadeiro)
-Metamorfose ambulante – Raul Seixas -(é preciso ter autenticidade)
-Maluco Beleza – Raul Seixas (autenticidade)
-Canção da América- Milton Nascimento (amizade)
-Caçador de mim – Milton Nascimento (a pessoa: ser em busca de si mesmo)
-O que é, o que é - Gonzaguinha (o que é a Vida)
-Romaria – Renato Teixeira (a música é uma verdadeira oração)
-Tocando em frente – Renato Teixeira ( reflexão sobre o viver, sentido da vida)
-É preciso saber viver - Roberto Carlos(conselhos sobre a arte de viver)
-Admirável Gado Novo –Zé Ramalho (opressão que sofre o trabalhador, coragem para caminhar apesar de tudo)
-Novo tempo – Ivan Lins (acreditar num novo tempo)
-Socorro – Arnaldo Antunes
- Há Tempo – Legião Urbana (senso crítico e autenticidade)
- Geração Coca-Cola – Legião Urbana (senso crítico e autenticidade)
- Pais e Filhos – Legião Urbana (os diversos tipos de família)
- Monte Castelo – Legião Urbana (namoro –amor –casamento)
- Coração de Estudante – Milton Nascimento (a vida na escola)
- Cidadão – Zé Geraldo (a vida na sociedade)
- Velha infância – Tribalistas (namoro – amor)
- Meu jardim – Vander Lee (cultivar/conhecer a si mesmo)
- Somos quem podemos ser – Engenheiros do Havai
- Dias de Luta – Ira (conflitos juvenis)
- Não é Sério – Charles Brow Jr (como a sociedade vê o jovem)
- Depende de nós – Erasmo Carlos (somos nós que fazemos o futuro no presente)
- Rap da Felicidade - Cidinho
- O velho e o Moço – Los Hermanos
- Um par – Los Hermanos
- Tempos Modernos –Lulu Santos
- Como uma onda – Lulu Santos
- Epitáfio – Titãs
- Enquanto houver Sol – Titãs
- Comida – Titãs
- Ainda há tempo – Criolo (RAP)
- Não confie em ninguém com mais de 30 – Tulipa Ruiz
- Diferenças – Tabu Brasil (Criolo) – RAP
E tantas outras músicas que podem estar a serviço da educação da fé e da vida do jovem!
Equipe do Catequese Hoje
O Diretório Nacional de Catequese(DNC) assim nos orienta: “A catequese aos jovens será mais proveitosa se procurar colocar em prática uma educação da fé orientada ao conjunto de problemas que afetam suas vidas. Para isso, a catequese integra a análise da situação atual, ligando-se às ciências humanas, à educação, à colaboração dos leigos e dos mesmos jovens. É urgente propor aos jovens uma catequese com itinerários novos, abertos à sensibilidade e aos problemas desta idade que são de ordem teológica, ética, histórica ou social. Em particular, é preciso uma catequese que aprofunde a experiência da participação litúrgica na comunidade, que dê importância à educação para a verdade e a liberdade segundo o Evangelho, à formação da consciência, à educação ao amor, à descoberta, à oração alegre e juvenil e ao compromisso cristão na sociedade” (DNC 181).
Lembramos que o objetivo da catequese da Crisma é promover uma caminhada de fé que ajude o jovem a crescer como pessoa, a descobrir sentido de vida e a assumir sua missão na comunidade e no mundo.
A catequese da crisma comunica e apresenta a mensagem cristã de Salvação anunciada por Jesus Cristo através de um conteúdo que não é para ser aprendido, como acúmulo de informações e conhecimentos, mas é para ser vivido. Os temas que “comunicam” e aprofundam a mensagem cristã estão a serviço da Vivência. Eles são os assuntos que propomos à medida que caminhamos e crescemos na vivência de comunhão, no seguimento de Jesus Cristo, tornando possível a realização do objetivo da Catequese da Crisma. Precisamos desenvolver uma caminhada de preparação à Crisma a partir da realidade dos crismandos.
Os conteúdos ou temas podem ser trabalhos em mais de um encontro. Propomos um mínimo de trinta encontros. A mensagem cristã deve ser apresentada de maneira gradual, pois também Deus se revelou e se revela de maneira progressiva e gradual. A mensagem cristã também precisa ser traduzida numa linguagem que todos entendam. É preciso saber falar a linguagem do Jovem, saber traduzir a mensagem cristã, nas linguagens das “juventudes”. Esse é um grande desafio.
A catequese é sempre um processo, ou seja, uma caminhada em que vamos aprofundando e fortalecendo a fé e a vida. Não se resolve com um curso rápido, pois ela exige mudança de vida. Educar para o amor leva tempo...
Sugestão de conteúdos:
1. Dinâmica de apresentação e entrosamento
2. Quem somos nós?
3. Amizade e grupo: eu e o outro
4. Liberdade e senso crítico
5. Quem é você? (o que pensa, sente, vive, ama, sonha....)
6. Afetividade
7. Ser família hoje
8. Sexualidade
9. O Namoro e o “ficar”
10. A Paixão na juventude
11. A difícil arte de Amar...
12. Vocação e projeto de vida
13. A vida na sociedade atual
14. Drogas e Juventude
15. O Pai de Jesus tem uma proposta, um projeto de vida
16. Jesus Cristo e sua Boa-Notícia
17. Ser Cristão não é qualquer coisa não...
18. A Bíblia, livro que relata o quanto Deus nos ama e não desiste...
19. O Espírito Santo: a ação de Jesus na vida humana
20. Igreja, comunidade continuadora da missão de Jesus
21. A missão da Igreja e a nossa missão
22. Maria, a nossa Senhora, a mulher que acreditou...
23. Espiritualidade: o sabor da vida cristã
24. Liturgia: rezar, celebrar, viver do Espírito
25. Sacramentos, sinais da graça de Deus na vida humana
26. O sacramento do Batismo
27. O Sacramento da Eucaristia e a Missa
28. O perdão é sagrado...
29. A Celebração da crisma
30. Ser cristão: fé na vida, fé no homem, fé no que virá...
Importante:
- Os encontros podem ser semanais, com grupos pequenos de crismandos, mas há outras formas de organizar o processo catequético com jovens (veremos algumas experiências nas próximas edições).
- A catequese está a serviço da vida de fé e não do dia da crisma...
- Mesmo nos encontros sobre a vida e realidade do jovem, o evangelho de Jesus é momento central e critério de análise da realidade.
- Não transformar os encontros de crisma em momentos para "encher o jovem de conteúdos". Os catequistas nos dizem: "temos que passar "tudo" porque depois eles não voltam, assim já saem sabendo tudo sobre a Igreja e Jesus". Um grande equívoco, pois após a catequese da crisma e durante a vida toda haverá espaço para os devidos aprofundamentos da mensagem cristã. O importante é "despertar" a fome, abrir o "apetite" para a beleza de ser cristão e seguir Jesus em comunidade.
- Os conteúdos indicados precisam ser organizados em forma de encontros (ver orientações sobre o encontro catequético nesta seção). Cada tema pode ser trabalhado em mais de um encontro. Por isso, o importante é a caminhada do grupo de crismandos, seu amadurecimento e envolvimento nas discussões, as descobertas sobre Jesus e a vida cristã.
- Prever festas, passeios, visitas, filmes etc... ligados à temática discutida nos encontros. Tudo isso também é conteúdo da catequese da crisma. O grupo de catequistas pode prever celebrações que marquem os passos dados e evidenciem a adesão do grupo ao seguimento de Jesus.
- Orientações sobre os conteúdos foram pensadas a partir dos seguintes documentos:
a) Estudos da CNBB nº 61 - Orientações para a Catequese da Crisma.
b) Documento da CNBB nº 84 - Diretório Nacional de Catequese.
Manuais e materiais que podem ajudar a catequese da Crisma:
Há um grande pedido por indicação de manuais. Lembramos que não há manual de catequese perfeito. Nessa perspectiva indicamos materiais que podem ajudar o grupo de catequistas a fazer o seu itinerário para a catequese da crisma.
- Crescimento do jovem na comunidade cristã - Editora Salesiana – (possui indicação de filmes, músicas, temas adequados à realidade do jovem. Trabalha bem o projeto de vida, o seguimento de Jesus e a missão na comunidade e no mundo). É possível baixar o conteúdo desse material pela internet, pois a editora disponibilizou para downloads. Veja nesta página e click em Subsídios -http://www.pj.org.br/arquivos
- Caminhando para a Crisma – Volume I e II – Arquidiocese de Florianópolis-SC (pedidos à Cúria daquela arquidiocese).
- Chamados à vida para Amar e Servir – Diocese de Frederico Westphalen-RS (pedidos à Cúria dessa diocese).
- Material da Arquidiocese de Mariana-MG – É possível pedir o material pelo telefone da mitra arquidiocesana.
- Dinâmicas indicadas pela Pastoral da Juventude - http://www.pj.org.br/dinamicas
- Material sobre afetividade e sexualidade - do Anchietanum (que trabalha com jovens em SP).
http://www.anchietanum.com.br/site/lerDownload.php?intIdCategoria=27
Lucimara Trevizan
Equipe do Catequese Hoje
Não é muito evidente para os catequistas, especialmente os da catequese da crisma o que a Igreja deseja com esse processo catequético com jovens. Em muitos lugares verifica-se uma volta a uma catequese doutrinária, como se “ensinar” o Catecismo da Igreja Católica aos jovens fosse o ideal, supondo que depois de conhecer a doutrina correta, eles irão se engajar na comunidade. Em outros lugares organiza-se uma sucessão de palestras com grupos grandes de crismandos e conteúdos sem ligação entre si. Há um grande desconhecimento do que a Igreja propõe para a Catequese da Crisma em seus documentos.
A Catequese da Crisma tem como objetivo levar o crismando à vivência de Comunhão, de Amor, de Partilha, de Solidariedade, e à medida que isso vai acontecendo ao longo da caminhada catequética de preparação, vai-se experimentando Deus mesmo.
A Experiência da fé, do encontro amigo e profundo com Deus vai se realizar na experiência de comunhão da vivência em comunidade.
O processo de preparação para o sacramento da crisma deve ser um aperitivo do que é ser cristão. A celebração da crisma é ponto de partida e não de chegada”. A Catequese está a serviço do crescimento da vida de fé e não do dia da Crisma. É evidente que os assuntos (os temas) e o jeito de realizar os encontros catequéticos vão proporcionando essa vivência.
Em síntese, o objetivo da catequese da Crisma é promover uma caminhada de fé que ajude o jovem a crescer como pessoa, a descobrir sentido de vida e a assumir sua missão na comunidade e no mundo.
No coração da catequese aos jovens está a proposta explícita do seguimento de Jesus: “Se queres, vem e segue-me” (Mt 19,21). É uma proposta que faz dos jovens sujeitos ativos, protagonistas do processo catequético e construtores de uma nova sociedade. É preciso que a Catequese saiba traduzir a mensagem de Jesus na linguagem do jovem. Apresentar Jesus aos jovens é nossa missão especial, lembrando que Jesus propõe e chama, mas não impõe o seguimento.
Muitos jovens estão buscando o verdadeiro significado da vida, a solidariedade, o compromisso social e a experiência de fé, pois é uma característica da juventude ser altruísta e idealista (DNC 177). Eles enfrentam vários desafios como: o desencanto e a falta de perspectiva profissional; experiências negativas na família; erotização da sociedade que lhes dificulta o desenvolvimento sexual; insatisfação, angústia; em muitos casos, experimentam marginalização e dependência química. Consciente de tudo isso, a catequese da crisma deve dar uma atenção especial aos jovens e tratar dessas questões nos encontros.
A catequese da crisma “ensina” a felicidade, dá razões para viver, ajuda a encontrar sentido de vida. Ela é, sobretudo, uma vivência: experiência de amor, de comunhão, de amizade. A experiência de criar laços, de organizar um grupo é a chave do processo todo.
A caminhada que é feita na crisma deve ajudar o jovem a superar seus conflitos, crises, a descobrir-se e a crescer como pessoa. É uma caminhada de fé na vida. Os assuntos (ou temas dos encontros) estão a “serviço” dessa vivência, por isso, precisam ser bem planejados. A catequese, se bem feita, recupera a Fé na Vida, realizando assim o que Jesus sempre fez ao anunciar o Reino.
Obs: veja orientações sobre o conteúdo da catequese da crisma em Metodologia (na seção DiVerso).
Lucimara Trevizan
Equipe do Catequese Hoje
A palavra dinâmica vem do grego e significa força.
1. As dinâmicas de grupo, na catequese, tem grande importância porque:
- criam dinamismo na vida do grupo;
-entrosam as pessoas na experiência grupal;
- facilitam a comunicação interpessoal e o desempenho das diferentes tarefas de liderança;
- provocam maior participação das pessoas;
- criam espírito comunitário e aperfeiçoamento nas relações humanas;
- aprende-se, fazendo;
- ajudam a ter objetivos claros e levam a um maior comprometimento;
- desenvolvem o espírito de entre-ajuda, de colaboração e responsabilidade;
- facilitam o desenvolvimento do encontro de catequese, uma maior interação entre Fé – Vida;
- sensibilizam, animam, desconstroem, entrosam, divertem o grupo;
- despertam para introduzir, aprofundar certos conteúdos da catequese;
- ajudam os participantes a escutar, pensar, refletir, analisar conteúdos, situações.
2. Para desenvolver qualquer dinâmica é preciso:
- Objetivos claros. (para que fazer esta dinâmica?);
- Quem são os destinatários? (crianças, jovens, adultos);
- Material usado. (Que material precisa ser usado? Como usá-lo?);
- O caminho a ser feito? (Quais os passos?);
- Avaliação (A dinâmica alcançou os objetivos propostos?).
A dinâmica ajuda muito na catequese, porque trabalha- se com um grupo. O grupo é fonte de vida, de animação, diálogo, partilha, alegria e corresponsabilidade.
3. As dinâmicas de grupo são muito variadas. Entre outras, podem ser de:
a) Acolhida: recortar corações; cada participante escreve uma palavra de acolhida; encontrar-se de dois a dois, para uma partilha e troca de corações;
b) Animação: - Utilizar uma caixinha com várias tarefas (dançar, correr, pular, imitar, abraçar, sorrir, falar...); O grupo determina como deve ser feita a tarefa (dançar com...); podem as ações serem relacionadas a algum conteúdo;
c) Interação do Grupo: - escrever uma frase ou usar uma figura; dividi-la em partes; as partes precisam se encontrar para formar o todo da frase ou figura; discutir: quais as qualidades de um grupo integrado?
d) Reflexão ou aprofundamento de algum conteúdo: passar um vídeo (o ideal é até 30 minutos); dividir em grupos; discutir, escrever as ideias, as mensagens principais (podem ser dadas perguntas para serem discutir); apresentar uma proposta prática para o grupo; cada grupo escolherá a forma de apresentar(desenho, entrevista, teatro, frases em cartazes, notícias de rádio, canção, poema...)
e) Avaliação:
- desenhar numa cartolina; desenhar uma rede e distribuir papéis com desenhos de peixes; cada qual escreve no peixe as conquistas do grupo, referentes ao encontro e cola na rede;
- desenhar um barco; em forma de mutirão, dizer o que faltou para o encontro ser melhor. Escrever no barco;
- desenhar o mar com peixes; cada participante, após um cochicho, dirá quais as sugestões para caminhar melhor na catequese, isto é, os peixes a serem pescados.
Esquema de Trabalho
- Apresentar dinâmicas, conhecidas e usadas na Catequese;
- Escrevê-las e discuti-las em grupo;
- Pensar a forma de apresentação;
- Avaliar a partir dos objetivos, destinatários, e condução do processo;
- Avaliar a posição do grupo: a troca de saber, a participação, a cooperação, a entre-ajuda, o crescimento como pessoa e como grupo.
In: BERTOLDI, Marlene. Metodologia Catequética. Arquidiocese de Florianópolis. 1999 (adaptação)
Equipe do Catequese Hoje
Orientações:
Colocar a Cruz em lugar de destaque. Se possível também o Círio Pascal.
Ler a estória e o texto bíblico indicado abaixo.
O PINTASSILGO E AS RÃS (Rubem Alves)
Num lugar muito longe daqui, havia um poço fundo, abandonado e escuro que alguém cavara, muitos e muitos anos atrás, não se sabe bem para quê. Lá dentro se alojou um bando de rãs. As primeiras a entrar pensaram que aquele lugar era um local bom de se viver, protegido, úmido, gostoso. De um pulo caíram lá dentro. Só que não perceberam que pular no buraco é fácil. O difícil é pular para fora dele. O poço era fundo demais e elas nunca mais puderam sair. Ficaram vivendo lá dentro. Casaram-se; tiveram filhos, multiplicaram-se. As mais velhas ainda se lembravam da beleza do mundo de fora e morriam de saudades. Contavam estórias para seus filhos e netos.
- Quando eu era jovem, e ainda não tinha caído neste buraco.. Era assim que sempre começavam. A princípio, a meninada parava para ouvir e gostava. “Estórias da carochinha”, eles diziam. O fato é que nunca haviam estado do lado de fora, e pensavam que as tais estórias não passavam de invenções de seus avós já caducos. O tempo passou, os velhos morreram, e até mesmo as estórias foram esquecidas. As novas gerações foram educadas segundo novos princípios pedagógicos, currículos adequados à realidade, o que importa é passar no vestibular, e acabaram por acreditar que o seu buraco era tudo o que existe no universo. Isto era científico, resultado da rigorosa análise material do seu mundo. O real era um cilindro oco e profundo, onde a água, a terra e o ar se combinavam para formar tudo o que existia. As rãzinhas aprendiam que o seu era o melhor dos mundos e, na escola, aprendiam a recitar:
“Rãzinha, não verás buraco algum como este
Ama, com orgulho o buraco em que nascestes...”
A vida, lá dentro, era como a vida em todo lugar. Havia as rãs fortes e truculentas. Elas mandavam nas outras que eram fracas e tinham de obedecer e trabalhar dobrado. Os insetos mais gostosos iam sempre para as mais fortes. As rãs oprimidas achavam, com toda a razão, que isto era uma injustiça. E, por isso mesmo, preparavam-se para uma grande revolução que poria fim a esse estado de coisas. Quando a classe dominante fosse derrubada, a vida no fundo do poço ficaria democrática e os insetos seriam distribuídos com justiça...
Se o buraco não era tão bom quanto cantava a poesia (assim diziam os ideólogos da revolução), era porque ele estava dominado pelas rãs fortes...
Aconteceu, entretanto, que um pintassilgo que voava por ali viu a boca do poço. Ficou curioso e resolveu investigar. Baixou o vôo e entrou nas profundezas. Qual não foi a sua surpresa ao descobrir as rãs! Mas mais perplexas ficaram elas ante a presença daquela estranha criatura. A simples presença do pintassilgo punha em questão todas as teorias sobre o mundo, pois que dele não havia registro algum em seus arquivos históricos. O pintassilgo morreu de dó ao ver as pobres rãs, prisioneiras daquele buraco fétido e escuro, sem nada saber do lindo mundo que havia fora do poço. Como é que elas podiam viver ali dentro, sem nunca pensar em sair? Claro que para se planejar sair é preciso acreditar que existe um “lá fora”. Mas as rãs sabiam que um “lá fora” não existia, pois os limites do seu buraco eram os limites do universo.
O pintassilgo resolveu contar-lhes como era o mundo de fora. E se pôs a cantar furiosamente. Queria ajudar as pobres rãs... Trinou flores, campos verdes, riachos cristalinos, lagoas, insetos de todos os tipos, sapos de outras raças e outros coaxares, bichos os mais variados, o sol, a lua, as estrelas, as nuvens.
As rãs ficaram em polvorosa e logo se dividiram. Algumas acreditaram e começaram a imaginar como seria lá fora. Ficaram mais alegres e até mesmo mais bonitas. Coaxaram canções novas. E começaram a fazer planos para a fuga do poço. Desinteressaram-se das esperanças políticas antigas.
- Não, não queremos democratizar o fundo do poço. Queremos é sair dele... Preferimos ser gente simples lá fora, onde tudo é bonito, a ser elite dominando aqui dentro, onde tudo é escuro e fedido...
As outras fecharam a cara e coaxaram mais grosso ainda. Não acreditavam...
O pintassilgo resolveu, então, trazer provas do que dizia. Chamou abelhas, com mel. Convidou borboletas coloridas. Trouxe flores perfumadas... Mas tudo foi inútil para os que não queriam acreditar.
- Este bicho é um grande enganador, eles diziam. Sabemos que estas coisas não existem. Aprendemos em nossas escolas...
O rei reuniu seus generais e ponderou que as idéias do pintassilgo eram politicamente perigosas. As rãs estavam perdendo o interesse pelo trabalho. Produziam menos. Com isto havia menos recursos para as despesas do Estado, especialmente uma ferrovia que se pretendia construir, ligando um lado do poço ao outro. Trabalhavam menos, coaxavam mais. Claro que as palavras do pintassilgo só podiam ser mentiras deslavadas, intrigas de oposição...
Os revolucionários, igualmente, puseram o pintassilgo de quarentena, pois o seu canto enfraquecia politicamente as rãs dominadas, que agora estavam mais interessadas em sair que em revolucionar o poço.
As rãs intelectuais, por sua vez, se puseram a fazer a análise filosófica, ideológica e psicanalítica da fala do pintassilgo. O seu relatório foi longo. Nele concluíram que:
-de um ponto de vista filosófico, faltava rigor ao discurso do pássaro, pois ele mais se aproximava da poesia que da ciência;
-de um ponto de vista ideológico, tratava-se de um discurso alienado, no qual não se fazia nem mesmo uma análise crítica das condições objetivas da sociedade ranal;
-de um ponto de vista psicanalítico, era óbvio que o pintassilgo sofria de perigosas alucinações que, dado o seu conteúdo, poderiam se transformar num fenômeno de massas.
Observaram, finalmente, que dadas as evidências, o pintassilgo se constituía num grave perigo tanto para a cultura como para as instituições do mundo das rãs. E com isto pediam das pessoas de boa vontade e responsabilidade as providências devidas para erradicar o mal.
O manifesto das rãs foi acolhido unanimemente tanto pelos líderes da direita como pelos líderes da esquerda pois, para além de suas discordâncias conjunturais, estava seu compromisso comum com o bem-estar e a tranquilidade da família ranal.
Por ocasião da próxima visita do pintassilgo, ele foi preso, acusado de enganador do povo, morto, empalhado e exposto no Museu de História.
Quanto às rãs, foram para sempre proibidas de coaxar as canções que o pintassilgo lhes ensinara.
Um aluninho-rã, que visitava o museu, perguntou à sua professora:
- Que é aquilo, professora?
- É um pintassilgo, ela respondeu.
- E que coisas estranhas são aquelas nas suas costas?, ele perguntou.
- São asas...
- E para que servem?. ele insistiu.
- Para voar...
- E nós voamos?
- Não, respondeu a professora. Nós não voamos. Nós pulamos...
- E não seria melhor voar?
A professora compreendeu então, com um discreto sorriso, que um pintassilgo, mesmo empalhado, nunca seria esquecido.
(R. Alves. Estórias de Bichos. São Paulo, Loyola, 1989, pp.28-32)
Leitura - Jo 20, 1-9
Refletindo
A catequista comenta a história e o sentido da ressurreição de Jesus. Verificar em que essa estória se parece com a história de Jesus Cristo. Será que a sociedade de hoje também é parecida com o poço das rãs? Como reagiu a sociedade das rãs à realidade cantada pelo pintassilgo? Como reagiu e reage a sociedade atual à mensagem de Jesus Cristo?
Em pequenos grupos: Fazer um cartaz com as situações de morte na sociedade atual e as situações de vida.
Celebrando nosso encontro: Diante do que foi refletido sobre a morte e ressurreição de Jesus, vamos rezar sobre a Cruz de Jesus, símbolo de nossa salvação e sobre o Círio Pascal(vela), símbolo do Cristo vivo, presente no meio de nós. (Uma pessoa de cada grupo coloca o cartaz com as situações de morte e vida em nosso cotidiano, no centro do grupo. Uma outra pessoa traz uma cruz e a coloca em cima do cartaz; outra pessoa traz o Círio Pascal ou uma vela e coloca perto da cruz).
Canto: Prova de amor
Cada um diz a frase que mais o tocou.
Concluir com o canto “Eu vim para que todos tenham vida”.
Equipe do Catequese Hoje
É um instrumento simples que pode ser utilizado com muita criatividade. É uma forma de comunicação humana. Através dele é possível comunicar idéias e mensagens, de forma clara. Seu objetivo é chegar a todas as pessoas.
Algumas dicas sobre o trabalho:
A) Com cartazes
O cartaz, na oficina catequética, não vem pronto. Ele é criado de forma participativa, dentro de um processo onde a experiência de Deus passa pela escuta, partilha, ajuda, colaboração dos membros do grupo. Assim:
- Todos participam, sobretudo em pequenos grupos;
- Não importa se nem tudo está cem por cento. Vale a experiência feita em grupo e a vivência conjunta de valores;
- Recomenda-se que haja imagens claras e poucas palavras para expressar a mensagem;
- Precisa estar de acordo com as necessidades do grupo e os objetivos que se quer alcançar;
- A imagem pode ser representada por símbolos, figuras, fotografias, desenhos, recortes de jornais e revistas, elementos da natureza...
- Usando o desenho, os participantes colocam elementos básicos, como: o espírito religioso, as emoções, os sentimentos, as motivações, que, de forma verbal, ficam inexpressivas;
- A participação deve ser privilegiada. Cada membro precisa sentir-se parte integrante e responsável do trabalho desenvolvido.
B) Com o desenho cartaz, que pode ser feito no quadro:
- Para expressar uma mensagem pode o catequista começar as primeiras linhas e, em seguida, ser continuada pelos catequizandos. Histórias, cenas, passagens, parábolas bíblicas, ainda dados da realidade, ou os compromissos assumidos;
- À medida que se desenvolve o encontro de catequese, o conteúdo, ou a mensagem pode ser ilustrado no quadro por diversos participantes;
- Ler um texto bíblico em partes e deixar os participantes desenharem de forma coletiva. Após, fazer uma reflexão para confronto ou ainda, desenhar ações concretas a serem assumidas.
C) Com foto linguagem
- Colecionar uma série de gravuras.
- O grupo escolhe as figuras adequadas para representar os diferentes aspectos que se quer abordar. Ex.: Preparar uma cruz, usando figuras de fome, sofrimento, de injustiçados;
- As figuras podem representar cenas evangélicas, trazidas para o nosso tempo. Exemplo: Representar as principais atitudes do “Bom Samaritano”, hoje:
Chegou junto do ferido.
Viu-o
Moveu-se de compaixão
Aproximou-se
Cuidou de suas feridas
Conduziu-o até a hospedaria.
Pagou as despesas
Recomendou ao hospedeiro que cuidasse dele... (Lc 10, 30-37)
- Selecionar figuras correspondentes a algum assunto;
- Convidar cada participante, e pegar uma figura e expressar o conteúdo que percebe, sente;
- Escrever as ideias no quadro e ilustrar o escrito, com as próprias figuras;
Todo cartaz pode ser feito com material de reciclável: folhas de jornal (pintada com giz ou carvão), papel de embrulho, recortado, papel de presente, folhas recicladas, etc.
Variando o trabalho com cartazes
- Num grande papel todos os catequizandos desenham o que assimilaram do conteúdo, permitindo ao catequista verificar a experiência feita e o que ficou memorizado;
- Recortar imagens simbólicas: - Corações, velas, barcos, folhas, flores, casa com portas, janelas, mãos, pés,... e escrever nas mesmas o resumo do conteúdo estudado;
- Fazer uma montagem com símbolos atuais que lembram a figura de São João (bandeirinhas, barraquinhas, fogos...);
-Ler os textos: Lc 1,57-66;3,1-20;7,24-28;Mc 6, 14-29; Mt 14; 1-12; Escrever: Quem era João Batista? Quem ele anunciava e em que forma? Quais as denúncias que fazia? Que conselhos dava ao povo? As questões podem ser respondidas em cartazes diferentes e ilustradas com símbolos.
-Pintar com tinta guache uma mão, ou um pé, ou ainda folhas diversas de árvores e estampar num cartaz e escrever, após estarem secas, palavras significativas de um conteúdo;
-Cada participante escreverá, a partir do conteúdo, uma palavra que será ilustrada com um desenho.
Esquema básico do trabalho com cartazes:
- Escolher o Tema:
Ex: Princípios educativos para uma boa convivência.
Festa de São João (Padroeiro)
Cartaz: de aniversário, boas vindas, celebração de algum sacramento.
- Discutir o assunto;
- Anotar as ideias principais do grupo de modo a formar palavras ou frases principais;
- Escolher o modo de montagem do cartaz (figuras? Desenhos? Símbolos, palavras?, frases? Algo da natureza?...);
- Avaliar: como caminhamos? Como cada um se sentiu? O que foi mais interessante, proveitoso, gostoso nesta experiência? Em que crescemos?
In: BERTOLDI, Marlene. Metodologia Catequética. Arquidiocese de Florianópolis. 1999 (adaptação)
Equipe do site
Ou esquema de ideias em sequência
A história em quadrinhos é um meio muito utilizado como forma de comunicação e informação. Nas mãos das crianças, adolescentes e jovens passam muitas revistas em quadrinhos. Elas transmitem idéias, mentalidades e atitudes que influenciam o comportamento dos leitores. Os jornais também utilizam esta forma de comunicação.
A catequese pode utilizar este material das revistas, jornais, dentro dos conteúdos, para discutir o que pensam, fazem, como se comportam frente às novas ideias apresentadas pelos seus personagens. Há belas histórias do Chico Bento, Turma da Mônica, Horácio e outros. Bom material que a catequese precisa e deve utilizar com crianças, jovens e adultos.
Mas, história em quadrinho é um material fácil de ser construído, de forma conjunta e participativa. Basta ter uma pequena história ou parábola ou ainda, um conteúdo em sequência.
Nas histórias em quadrinho, os personagens podem expressar seus pensamentos, atitudes e valores. A construção do material em quadrinhos facilita:
- a memorização;
- um trabalho partilhado;
- e estimula a imaginação e a criatividade.
Este material, feito em tiras ou em folhas separadas, coladas em série, desenvolvem um conteúdo em forma de história, de esquema de palavras... As histórias bíblicas, parábolas são exemplos que facilitam a uma sequência de quadros.
Exemplos:
1. Com palavras relacionadas à Campanha da Fraternidade
Fraternidade – Vida – Esperança – Educação
2. Personagens da História da Salvação. Fazer pesquisa bíblica em torno dos personagens, ressaltando suas atitudes:
- Abraão: Gn 12,1-3;
- Moisés: Ex 3, 1-6;
- Profetas: 2S2, 11-7;
- João Batista: Lc 1,57-66;
- Maria: Lc 1, 26-38;
- Jesus: Lc 4, 14-21;
- Pedro: Mt 16, 13-20;
- Paulo: At 9, 3-9
3. A Parábola do Semeador Lc 8, 4-9
- Semeador saiu;
- Semeou a semente;
- Uma parte caiu à beira do caminho;
- Outra parte caiu em solo pedregoso;
- Outra caiu entre os espinhos;
- Outras sementes caíram em terra boa;
- Como ser boa semente e boa terra
4. Colagem de Jornal, em símbolos ou sequência de figuras.
Nossa comunidade é assim:
Participativa – Unida – Festiva – Acolhedora
5. Esquema de Trabalho
-Discutir o assunto;
- Refletir e aprofundar os textos bíblicos;
- Perceber a sequência do conteúdo;
- Anotar as idéias principais;
- Escolher as palavras ou frases a serem trabalhadas em quadros;
- Repartir em pequenos grupos a elaboração do material, utilizando o desenho;
- Apresentar o trabalho, refletindo o conteúdo relacionado com a vida e a fé;
- Assumir algum compromisso ligado ao tema;
- Avaliar o crescimento, a colaboração e como cada participante se sentiu neste processo de aprender, fazendo;
- Exemplos de textos a serem trabalhados: Lc 10, 25-37; Lc 13, 6-9; Lc 18-21; Lc 19,1-10.
Extraído do Livro Metodologia Catequética da Ir. Marlene Bertoldi
Na Catequese, não podemos deixar de falar e proporcionar momentos íntimos com um Deus afetivo. Como formar, na prática da Catequese, uma atitude de oração?
Oração é um diálogo de cada um de nós com Deus
Para um bom diálogo, é imprescindível saber falar e saber ouvir. Quando se trata de dialogar com Deus, sentimos mais dificuldade, principalmente em ouvir o que Deus deseja de nós ou o que tem a nos dizer. Isto é, em parte, devido ao nosso sistema de vida muito agitado, imediatista e materialista. Mas, sempre é tempo de iniciar ou aperfeiçoar, cada vez mais, o hábito de orar. Se o próprio catequista não souber rezar, não tiver uma experiência de vida de oração, será difícil levar os catequizandos a esta experiência.
Na catequese aprende-se a falar com Deus
A Catequese deve criar nos catequizandos uma atitude de oração. Rezar na Catequese não é começar simplesmente com um “Pai Nosso”, rezado automaticamente (às vezes, até para conseguir o silêncio da turma!).
Deve-se dedicar tempo à oração e introduzir o catequizando nas diversas formas de oração.
Cada encontro termine com momentos profundos de oração/celebração, de modos mais variados, interiorizando o que foi tratado no encontro e assim colocá-lo diante de Deus com todo amor (veja as indicações da seção Liturgia e Catequese neste site).
Seguem algumas sugestões:
- Exercício de silêncio:
Convide seus catequizandos a se colocarem numa posição confortável. Se possível, coloque uma música suave, ou sons da natureza, para relaxar as tensões. Com voz tranqüila, vá falando:
“Procurem não pensar em nada, apenas sentir. “Entrem em seu quarto”...(cf Mt 6,6) voltem para dentro de si mesmos. Como estão se sentindo? (agitados... calmos... alegres...tristes... preocupados... inseguros... confiantes... Por quê?
Fiquem na presença de Deus, Pai amoroso e misericordioso. Não falem mentalmente, nem pensem em nada de modo especial. Só fiquem na presença de Deus por alguns minutos.
Devagarinho, vamos abrir os olhos e perceber como estão se sentindo. Se quiserem, façam a partilha em clima de tranqüilidade e respeito.
- Leitura meditada
Escolha um trecho do Evangelho de acordo com o assunto desenvolvido no encontro. Pode ser também a letra de uma música, religiosa ou popular, uma poesia, crônica etc., mas que tenha uma boa mensagem para a vida e que não seja longa. Convide os catequizandos a lerem silenciosamente e com muita atenção. Se houver alguma palavra ou frase que chamou a atenção, parem aí, repitam-na algumas vezes e pensem: o que ela tem a ver com minha vida? Por quê? Em seguida, faça a partilha das experiências.
- Contemplação
Contemplar quer dizer: olhar com atenção. Façam um exercício de silenciamento. Distribua gravuras ou postais com paisagens ou cenas do quotidiano. Deixem que os catequizados os contemplem por um determinado tempo.
No momento da partilha, ajude com perguntas para despertar a atenção.
- Rezar com a natureza
Podemos contemplar a natureza. Olhar o céu. Como está? Vai chover? Por quê?
Podemos observar a chuva, ou o canto e a cor dos pássaros. Podemos levar folhas e galhos de plantas, secos ou não, distribuí-los para que cada um possa perceber os detalhes, o cheiro, a textura, a forma etc.
Orientemos os catequizandos para as descobertas. Podemos também ajudar cada um a fazer suas orações espontâneas de louvor e agradecimento pelas belezas da natureza.
- A partir dos fatos da vida
É bom que os catequizandos desenvolvam a atenção e a sensibilidade para com os fatos do quotidiano e as necessidades dos outros. É tarefa da Catequese despertar para isto e, a partir da descoberta, expressar em orações o que sentem diante da realidade da vida. É um modo de ouvir o que Deus tem a dizer.
Estas são apenas algumas sugestões. Bem conduzidas, podem ajudar a desenvolver a atenção, o autoconhecimento, a sensibilidade para perceber também o invisível, porém, perceptível. Levam a uma intimidade com o Pai, o Deus da vida. Tudo isto contribui para um melhor relacionamento da pessoa consigo mesmo, com Deus, com os outros e com a natureza.
- A Celebração
Pode-se fazer uma celebração com a seguinte seqüência:
1. Canto inicial
2. Leitura da Palavra de Deus
3. Breve reflexão sobre a leitura
4. Oração
5. Canto final
Cantos, leitura e oração devem estar ligados ao tema do encontro. Haja uma idéia central que perpassa toda a celebração.
Introduzir algum símbolo, gravura ou gesto, o que dará mais brilho à celebração e ajudará a participação.
A celebração seja adaptada à idade dos catequizandos.
Pode-se fazer a procissão de entrada da Bíblia e colocá-la em lugar de destaque. Faça sempre a leitura da Bíblia e não de algum folheto. A leitura deve ser bem feita, devagar, observando pausas e pontuação.
- Orações populares
Não podemos desprezar as orações populares: as novenas, as fórmulas feitas e repetitivas, a reza do terço etc. Todas têm seu valor de tradição e alimentam a fé e a esperança de muitas pessoas. É preciso cuidar para não transformar o encontro de catequese somente em reza do terço ou novena.
A oração é uma comunicação muito íntima e peculiar. Quando adquirimos esta consciência, constatamos que ela faz parte do nosso dia-a-dia. Todas as nossas atitudes e atividades se transformam em oração desde que sejam manifestações de amor, fazendo da vida uma permanente oração.
Para refletir e rezar
Vamos ler os seguintes textos:
Mt 6, 7-8; Mc 1-35; Jo 16-20
Lc 5, 16; 6, 12-13; 10,21; 22,40-42; 23,34
Partilhemos nossas descobertas.
Terminemos com a oração que está em Mt 6, 9-13
Equipe do Catequese Hoje
01.12.2012
Atividades lúdicas e criança caminham juntas
Na Catequese, não podemos, em nenhum momento, deixar faltar a alegria, o prazer, a dinâmica, a criatividade, o sorriso.
Atividades lúdicas e criança caminham juntas. Para a criança, “brincar é coisa séria”. As relações, as regras, as fantasias características do jogo são, na verdade, meios com os quais a criança vai, gradativamente, estabelecer relações com o mundo em que vive. Os jogos e brincadeiras são fundamentais para a educação e desenvolvimento infantil. Também os jovens e os adultos gostam de atividades lúdicas.
É possível vivenciar alguns jogos ou brincadeiras nos encontros e, a partir deles, perceber a relação que têm com companheirismo, amizade, competição, respeito..., enfim, atitudes presentes também em nosso dia-a-dia e que podem ser repensadas, modificadas ou conservadas.
Algumas sugestões de jogos/brincadeiras e como trabalhá-las
Ao propor um jogo ou brincadeira para a turma, precisamos estabelecer, antecipadamente, junto com os participantes, as regras, tempo, atividades a serem feitas.
Exemplos de brincadeiras: queimada, rouba-bandeira, barra-manteiga, cabra cega, chicotinho queimado, tangrando, dominó...
Após a brincadeira, conversar:
Do que gostaram? Do que não gostaram?
Houve desobediência às regras? O que causou?
Todos se envolveram? Por quê?
Como foi a relação com os outros? De respeito, ajuda, companheirismo...?
Quem ganhou? Por quê? O que sentiu?
Quem perdeu? Por quê? O que sentiu?
O que poderia ser feito para melhorar?
O que não pode faltar em um jogo?
As atitudes que tomamos durante o jogo são as mesmas que tomamos em nosso dia-a-dia? Como? Por quê? O que podemos mudar? O que devemos conservar?
Refletir com os outros catequistas
Em nosso grupo de catequistas podemos lembrar pequenos jogos, brincadeiras e dinâmicas que sabemos e que poderão ser utilizados em nossos encontros e como podem ser mensagem de atitudes cristãs para a vida no dia-a-dia.
Consultem pequenos livros de jogos e brincadeiras e façam as adaptações necessárias para que a turma se divirta e perceba a mensagem cristã que se deseja passar.
Aconselhamos alguns livros:
Jogos dirigidos para grupos, recreação e aulas de educação física - Silvino José Fritzen - Ed. Vozes
Dinâmicas de recreação e jogos - Silvino J. Fritzen - Ed. Vozes
Como brincar à moda antiga - André Carvalho e Davi de Carvalho - Editora LER
Catecriando - Dinâmicas de grupo para a Catequese - Editora Paulus
Equipe do Catequese Hoje
A nossa catequese, em geral, é muito intelectualizada. Usamos muitas palavras, textos, livros, roteiros, manuais, atividades escritas, exercícios para pensar e memorizar... Usamos poucos gestos e ação.
As pessoas não são só cérebro. Elas são afetivas, e a afetividade é o caminho para se chegar ao coração. Chegamos a ele através de gestos e atitudes de amor, carinho, ternura, solidariedade...
A expressão corporal
Um dos meios para tornar nossa catequese mais “afetiva”, é o uso de gestos ou a expressão corporal. Em vez de muitas palavras, ajudam a transmitir a mensagem evangélica de modo mais vivo e mais vivenciado. Expressar sentimentos usando o corpo é uma das maneiras mais espontâneas.
Nós nos expressamos com nosso corpo. Ele mostra alegria, admiração, ódio, medo, respeito etc. Podemos expressar atitudes de louvor, humildade, oferta, amor, perdão...
Utilizando músicas e textos como “pano de fundo”, os catequizandos podem ser convidados a expressarem corporalmente os sentimentos que o texto ou a música evocam.
A mímica é uma atividade de expressão corporal pela qual a mensagem passada e adivinhada pelos participantes vai ser melhor interiorizada.
Algumas sugestões de gestos
Um abraço expressa amizade, carinho.
Uma caminhada simboliza a caminhada do povo de Deus, ou da Igreja em marcha.
Repartir um pão expressa fraternidade e solidariedade.
Uma mão aberta expressa doação, abertura ao outro. Uma mão fechada mostra avareza, egoísmo.
Um sorriso mostra vontade de se comunicar.
Formar uma roda faz pensar na comunidade.
Plantar uma semente expressa a ação evangelizadora.
Puxar juntos uma corda simboliza trabalho em equipe, enfrentar dificuldades juntos.
Colocar um nó numa corda pode expressar dificuldades que estamos colocando para o grupo.
Desfazer o nó simboliza resolver um problema.
Na oração ou celebração podemos usar todos esses gestos. Mas há outros, próprios para a oração ou celebração.
Ficar de pé expressa prontidão para executar a exigência do Evangelho. Mostra também respeito pela palavra de Deus.
Ficar sentado pode ser uma atitude de atenção, interiorização.
Ajoelhar expressa humildade.
Estender as mãos pode ser uma atitude de louvor, de oferta também.
Inclinar a cabeça é sinal de respeito.
Mãos cruzadas no peito expressam interiorização.
Os gestos são muitos. Nossa criatividade encontrará outros.
Para refletir
1. Usamos gestos e expressão corporal na nossa catequese e nas nossas celebrações? Quais?
2. Vamos pensar na celebração da Eucaristia. Ficamos de pé, ajoelhamos, sentamos, elevamos as mãos. Quando fazemos isto e o que significa? Há outras expressões corporais ou gestos que usamos na Missa? Quais? Qual seu sentido?
Para rezar
Podemos expressar muitos versículos do Salmo 139 (138) com gestos. Uma pessoa pode ler os versículos 1 a 14, enquanto as outras expressam a mensagem por gestos.
Equipe do site
15.10.2012
Maneiras de apresentar o texto bíblico na Catequese
Encenação de textos bíblicos
O texto bíblico pode chegar ao catequizando de diversos modos. Um deles é a encenação. Quando o texto é bem encenado, ajuda a assimilação. Exige orientação, criatividade, conhecimento da mensagem a transmitir. Não é divertimento, mas um trabalho sério que visa a formação de atitudes de fé. Há diversas maneiras de encenar.
Leitura dialogada
Uma das mais simples é a leitura dialogada. Há um narrador que lê o texto. Quando certos personagens no texto falam, estas frases são pronunciadas por outras pessoas: Jesus, os apóstolos, os adversários, a pessoa curada etc. Tal leitura, já bastante conhecida entre nós, facilita a assimilação do texto. É bom preparar esta leitura com antecedência.
Leitura com mímica
Alguém lê, devagar, o texto da Bíblia. Outras pessoas fazem os gestos, mas não pronunciam as palavras.
Esta leitura conserva todo o conteúdo do texto, mas a torna mais viva. Fazer os gestos de um modo próprio e com arte pode ajudar a saborear a beleza do texto.
Encenação da leitura
O conteúdo é apresentado por diversas pessoas, mas sem se ligar literalmente ao texto. É importante que se fique fiel à mensagem. Há um certo perigo de fantasiar demais, ou de deixar de perceber determinados aspectos. Por isto, é bom preparar antes. Cabe ao catequista avaliar, depois, a encenação e chamar a atenção para determinados aspectos importantes que talvez não foram acentuados.
É bom que todos participem. Muitas vezes, entram certos grupos em cena: os fariseus, o povo, os discípulos e outros. Assim, muitos catequizandos podem entrar em cena e não ficam simplesmente espectadores.
Evite-se, de qualquer jeito, que a encenação caia no ridículo. Neste caso, é melhor substituí-la por outra atividade, ou ficar só na leitura dialogada.
O sóciodrama
O texto da Bíblia precisa ser sempre adaptado à realidade do catequizando, às situações atuais às quais se aplica a mensagem. O chamado “sócio-drama” é uma encenação que procura mostrar a mensagem para nós, hoje. Os catequizandos podem, primeiramente, procurar a ligação do texto com a vida atual e dramatizar determinados acontecimentos que lhes dizem respeito.
Entrevista
Pode-se simular uma entrevista com um dos personagens do texto bíblico, por exemplo, de uma pessoa curada por Jesus. O “repórter” pode perguntar sobre o mal que estava sofrendo, como foi o encontro com Jesus, como mudou sua vida agora...
Fantoches
Uma encenação atraente é feita com fantoches. Dá espaço para uma boa reflexão sobre uma cena bíblica ou sobre acontecimentos da vida diária.
Júri simulado
É uma encenação para jovens e adultos. Entram em cena: o réu, o juíz, o promotor, o advogado de acusação, o advogado de defesa, as testemunhas, os jurados.
Exemplo: numa catequese sobre as injustiças sociais e o poder dos “grandes”, poder-se-ia encenar um júri simulado processando o rei Acab e sua mulher Jezabel (cf 1 Rs cap.21). Primeiro, aprofunde-se bem o texto, tire-se a mensagem e faça-se, depois, a encenação.
Outras possibilidades
Apresentamos algumas ideias, mas, com criatividade, encontrar-se-ão outras (por exemplo: uma reportagem, pela televisão ou rádio, de um acontecimento; uma entrevista com alguma autoridade ou uma pessoa prejudicada por determinadas medidas...)
Para refletir
Você tem alguma experiência de encenações? Quais?
Para rezar
Leitura dialogada de João 4,1-30.
Refletir sobre a mensagem do texto e sua importância para hoje.
Termine com uma oração ou um canto (Por exemplo: Senhor, dá-nos de beber uma água pura que nos faz viver...” ou outro)
Equipe do Catequese Hoje
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