No nosso texto anterior, tratamos da metáfora do VINHO. Hoje, abordaremos o sinal da ÁGUA.
Vamos preparar o ambiente, colocando, além da Bíblia, diversas gravuras ligadas à água e uma jarra bonita cheia d’água potável e copos na quantidade dos participantes. Também podemos colocar alguns ramos secos e gravuras de solo ressequido.
Observemos as gravuras e os símbolos. O que nos dizem? O que sentimos? De qual experiência nos lembramos?
O Antigo Testamento fala muito sobre a água. O povo sentia demais a sua necessidade. A terra era seca e quase não dava fruto, assim como nosso povo do Nordeste, que passa meses sem chuva! Por isto, encontramos muitos textos sobre a falta de água.
Vamos ouvir a leitura do livro do Êxodo, 17,3-7.
Porque o povo estava torturado pela sede, murmurou contra Moisés:
“por que nos fizestes sair do Egito? Foi para nos matar de sede, a nós e a nossos filhos e a nossos animais?”
Moisés clamou ao Senhor: “Que farei a este povo, pois, pouco falta para me apedrejar.”
O Senhor respondeu a Moisés: “Caminha diante do povo, em companhia de alguns anciãos de Israel, leva contigo a vara com que feriste o rio, e vai. Eu irei à tua frente, e lá estarei sobre o rochedo em Horeb. Baterás na pedra, a água brotará e o povo poderá beber...”.
Encontramos um outro trecho bonito em Isaías 41, 17-18.
“Os miseráveis e os pobres buscam a água, e não há!
A sua língua secou com a sede. Eu, o Senhor, os atenderei. Eu, Deus de Israel, não os desampararei. Farei brotar rios nos montes nus e fontes no meio dos vales. Transformarei o deserto em lagoa e a terra árida em fontes.”
O Profeta Amós (8,11) diz:
“Dias hão de vir – oráculo do Senhor – quando hei de mandar à terra uma fome que não será fome de pão nem sede de água, e sim de ouvir a Palavra do Senhor”.
Observando estas três leituras, notam diferença no sentido da sede e da água? Vamos comentar.
Depois, podemos cantar:
Sobre a terra sede e fome eu mandarei,
não de pão, nem de água, mas de ouvir a Palavra de Deus.
Andarão de um mar a outro procurando,
no desejo ardente de encontrar a Palavra de Deus.
João usa o simbolismo da água para falar da nossa sede de Deus e de Jesus que sacia nossa sede.
Muito conhecido é o texto 4,5-14 sobre a mulher samaritana, que pode ser lido depois.
Mas, hoje, vamos ver mais de perto Jo 5,1-9a.
Houve uma festa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. Ora, existe em Jerusalém, perto da Porta das Ovelhas, uma piscina com cinco pórticos, chamada Bezata em hebraico. Muitos doentes, cegos, coxos e paralíticos ficavam ali deitados. Encontrava-se ali um homem enfermo havia trinta e oito anos. Jesus o viu ali deitado e, sabendo que estava assim desde muito tempo, perguntou-lhe: “queres ficar curado?” O enfermo respondeu: “Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina, quando a água se movimenta. Quando estou chegando, outro entra na minha frente. Jesus lhe disse: “Levanta-te, pega a tua maca e anda”. No mesmo instante, o homem ficou curado, pegou sua maca e começou a andar.
Observem nesta leitura: o homem se curou sem ter entrado na água. João quer dizer: Jesus é a Água que cura.
Outro texto de João (7, 37-39a) fala sobre a água que Jesus dá:
No último e mais importante dia da festa, Jesus, de pé, exclamou:
“Se alguém tem sede vem a mim, e beba quem crê em mim”, conforme diz a Escritura: “Do seu interior, correrão rios de água viva”.
Ele disse isso falando do Espírito que haviam de receber os que acreditassem nele.
Vamos cantar:
Eu te peço desta água que tu tens, és água viva, meu Senhor.
Tenho sede e tenho fome de amor, e acredito nesta fonte de onde vens.
Vem de Deus, está em Deus, também é Deus, e Deus contigo faz um só.
Eu, porém, que vim da terra e volto ao pó, quero viver eternamente ao lado seu.
És água viva, és vida nova, e todo dia me batizas outra vez.
Me fazes renascer, me fazes reviver.
Eu quero água desta fonte de onde vens.
(Todos podem beber da água que está na jarra)
1. Sentimos sede de Deus? Jesus sacia esta sede? Como?
2. Nós somos rios que levam a “Água da Fonte” aos nossos irmãos? Como?
Canto final: A minh’alma tem sede de Deus, pelo Deus vivo anseia com ardor.
Quando irei ao encontro de Deus e verei tua face, Senhor?
Inês Broshuis
Comissão para Animação Bíblico-Catequética do Leste 2
Introdução
Como já vimos, característico para o Evangelho de João é seu simbolismo. Através de metáforas, ele procura mostrar quem é Jesus para nós, para nossa comunidade. Os milagres em João, chamados “sinais”, têm por objetivo mostrar quem é Jesus, o Senhor Ressuscitado.
Vamos abordar o sinal do VINHO. Jesus é o Vinho novo que nos dá alegria, força, união.
(Preparemos para a celebração uma taça de vinho, suficiente para todos tomarem dela)
O vinho no Antigo Testamento
O símbolo do vinho, do vinhateiro, da videira perpassa toda a Bíblia. No Primeiro Testamento, a Vinha é o Povo de Deus. Infelizmente, esta vinha não está dando bons frutos. Vamos parar um pouco e ler Is 5,1-7. (Tempo para leitura. Se nem todos têm a Bíblia na mão, pode-se fazer a leitura duas vezes. Depois, comentemos a leitura).
A comparação com a festa de casamento
Em vez de usar a metáfora da vinha, a Bíblia usa também a comparação com o casamento, uma festa de núpcias. Deus se casa com seu Povo, faz com ele uma eterna Aliança.
O Profeta Oséias cita as palavras de Deus:
“eu me casarei com você para sempre; me casarei com você na justiça e no direito,
no amor e na ternura.
Eu me casarei com você na fidelidade, e você conhecerá a Javé!” (Os 2,21-22).
Mas o Povo não responde ao amor de Deus com a mesma fidelidade. A Bíblia relata, constantemente, os pecados de Israel que se torna assim uma esposa infiel.
A Aliança no Novo Testamento
O tema da Aliança como casamento continua no Novo Testamento. No Novo Testamento, o Senhor Ressuscitado se “casa” com sua comunidade, a Igreja. Todos os textos do Novo Testamento que falam de Noivo, casamento, banquete de núpcias se referem à Aliança que Deus faz conosco em Cristo, o verdadeiro Noivo. A narração das Bodas de Caná fala disto.
Vamos ler Jo 2,1-11 (tempo para leitura e comentário).
Como interpretar o texto?
Não devemos tomar esta leitura apenas como um relato em que Jesus, convidado para um casamento, alivia os apuros do noivo, mudando 600 litros de água no vinho.
Em João, as narrações têm um sentido muito profundo. Se ficarmos numa leitura literal somente, perdemos a profundidade da mensagem. João quer dizer que a festa do Reino de Deus já está acontecendo.
Vamos observar o sentido de alguns detalhes.
a) Jesus fez o sinal no terceiro dia. O terceiro dia nos lembra a Ressurreição. João está falando do Senhor Ressuscitado e da comunidade dos seus discípulos. Onde estão os noivos na história? Praticamente, não aparecem. É porque quem é o verdadeiro noivo é Jesus e a noiva é a comunidade.
b) As seis talhas de pedra simbolizam a lei do Antigo Testamento e a Aliança de Deus com seu povo, concluída no Monte Sinai. Seis é o número que indica algo incompleto. Sete é a plenitude, seis chega quase a isto. João quer dizer que, para a comunidade cristã, a Aliança está completa em Jesus que vem lhe dar perfeição.
c) Jesus manda encher as talhas com água e transforma a água em vinho. São seiscentos litros. É vinho em abundância, sinal do Reino quase plenificado. (Setecentos litros seria a plenitude que se dará no fim dos tempos.) Jesus é o Vinho Novo que transforma a Lei simbolizada pela água, com novo vigor e alegria. Sobrou vinho, e muito! Podemos nos perguntar: que fizeram com esse vinho que sobrou? Nós bebemos dele até hoje, na Eucaristia.
João compara Jesus e a comunidade também com uma videira (Jo 15, 1-8)
Primeiro, vamos fazer a leitura, com muita atenção. A videira é a imagem da comunidade. Jesus é aquele que está ligado à sua comunidade, como um todo. Sacia a sua comunidade com o Vinho Novo que nos dá vigor, alegria, união. Ele nos dá de beber este Vinho em cada Eucaristia formando, assim, sua comunidade em cada festa de união e amor mútuo.
Vamos fazer uma breve celebração
a) Coloquemos uma taça com vinho, bastante para todos os participantes tomarem.
Olhemos este vinho. O que este símbolo nos diz.
b) Leiamos Jo 15, 4a e 5b
“Permanecei em mim e eu permanecerei em vós.
Quem permanece em mim, como eu nele, esse dá muito fruto,
pois, sem mim nada podeis fazer.”
c) Vamos refletir: que quer dizer, bem concretamente em nossa vida, que Jesus é o Vinho Novo? Isto tem algo a ver com nossa comunidade (Paróquia... Catequese...)? O quê?
d) Depois da reflexão, passemos a taça e todos tomam dela. Porém, antes de tomar, cada um diz: “Jesus é para mim o Vinho que...”
Depois de tomar o vinho, fiquemos alguns minutos em silêncio.
e) Terminemos cantando:
Permanecei em nós, é teu pedido, Senhor,
nós ficaremos em Vós, é tua promessa de amor.
Une em ti, nosso Senhor, o nosso nada com o teu ser,
nossa fraqueza e a tua força, nosso viver com o teu viver.
Permanecei em nós...
Inês Broshuis
Comissão Bíblico-Catequética do Regional Leste 2
JESUS É A PALAVRA DO PAI
1. Introdução
Este ano, vamos apresentar, mensalmente, uma reflexão sobre o Evangelho de João.
(Sugerimos que estas reflexões sejam feitas em pequenos grupos para maior aproveitamento.)
A liturgia aborda, nos anos A, B, e C, os evangelhos de Mateus (Ano A), de Marcos (Ano B) e de Lucas (Ano C). João não tem um ano especial, mas seu Evangelho perpassa a Liturgia o ano todo, especialmente durante o tempo pascal.
O Evangelho de João, um dos 12 apóstolos, foi atribuído a ele pela tradição da Igreja antiga. O toque final foi dado por volta dos anos 90-95 depois de Cristo, portanto, depois da destruição do Templo (70 d.C.).
O Judaísmo exercia grande atração sobre os primeiros cristãos que eram judeus. Constituíam a maior parte da comunidade joanina. João, sendo judeu, tem um grande conhecimento das Escrituras de Israel. Sua linguagem é simbólica, poética, e não pode ser lida como um relato concreto de fatos ocorridos. João quer mostrar quem é Jesus, o Senhor Ressuscitado, para os seus seguidores e, conseqüentemente, para nós hoje. Para explicar isto, ele recorre a uma narração simbólica para mostrar que o Ressuscitado é como vinho, água, luz, pão e vida para nós. Mostra Jesus como Caminho, como uma videira que dá abundantes frutos. Devemos levar isto em conta quando lemos os milagres (sinais) no Evangelho de João. Melhor que palavras, os símbolos mostram a presença e atuação do Senhor Ressuscitado em nossa vida. Não devemos nos perguntar se “isto” aconteceu assim mesmo, mas qual mensagem João quer passar.
2. A Palavra de Deus se fez Homem
No início do seu Evangelho, João diz: A PALAVRA se fez homem (ou: “O Verbo se fez carne”) e habitou entre nós (“Fez sua tenda entre nós”).
A palavra comunica, interroga, quer dialogar. Deus também quer nos falar, se comunicar conosco. Quando é que Deus nos fala?
Deus nos “fala” pela criação, sua beleza, sua organização. Quem nunca se silenciou diante de uma bela paisagem, diante de uma flor...
Deus nos fala através das pessoas. Cada um de nós é uma “palavra” de Deus para o outro.
Deus falava ao seu Povo pelos profetas e sábios. O Antigo Testamente está cheio de belos e grandiosos textos dos profetas que enfatizavam, a cada hora: isto é “Oráculo do Senhor”.
Quando a gente lê a Bíblia, nota que Deus fala a cada hora. Como entender isto? Deus não fala com palavras humanas. Nunca alguém ouviu a voz de Deus. É uma linguagem metafórica. Deus se comunica, sim, como já vimos, através da criação, da história do seu Povo, dos profetas... Os profetas descobriram que Deus quis comunicar alguma coisa ao seu Povo, na sua situação de sofrimentos, nas lutas e conquistas.
Assim, Deus “fala” constantemente. Já no primeiro capítulo da Bíblia, lemos: “E Deus disse: faça-se a luz...” Quase não se encontra alguma página na Bíblia em que Deus não fale. Também os salmos são “Palavra de Deus”. É como um diálogo: a pessoa que reza dirige-se a Deus com palavras humanas, e Deus responde. Por exemplo, abram a Bíblia no salmo 85, 1 a 8. O orador fala. Dos vv 9 a 12 ouvimos o que diz o Senhor. Observem a beleza das palavras de Deus.
Quando João diz que a Palavra de Deus se fez homem, ele quer dizer que Deus fala a nós, de modo especial, na pessoa de Jesus, por suas palavras, suas atitudes, sua morte e ressurreição. Jesus é a Palavra do Pai, a face humana de Deus para nós.
Vamos terminar com uma breve celebração. Coloquemos a Bíblia aberta em João 14,5-10. Acendamos uma vela bonita.
Cantemos um mantra, por ex. “Tua Palavra é lâmpada para os meus pés, Senhor”.
Leitura de Jo 14,5-10. Pode ser lido duas vezes, por pessoas diferentes, com muita atenção.
Partilha: Como Jesus diz que ele é a Palavra do Pai? Quais os versículos que falam disto?
Como Cristo nos fala, hoje, na nossa vida?
Guardemos alguns instantes de silêncio para oração pessoal.
Canto final: Envia tua Palavra, Palavra de salvação,
Que vem trazer esperança; aos pobres libertação.
Inês Broshuis
Comissão Bíblico-Catequética do Regional Leste 2 da CNBB
"Alegres, os apóstolos contaram a Tomé:
"Jesus esteve aqui!"
Tomé desconfiado respondeu:
"Não acredito porque eu não vi!"
Tomé desconfiado respondeu:
"Não acredito porque eu não vi!"
Um dia estavam todos reunidos,
então, no meio deles, Jesus apareceu.
E disse a Tomé:
"Põe teu dedo nesta chaga!"
Foi assim que Tomé acreditou.
Alegres os apóstolos rodearam a Jesus!
Jesus estava ali, Jesus estava ali!
Sou muito mais feliz do que Tomé,
Eu nada vi, e é grande a minha fé".
(Música Tomé - CD A Sementinha 1 e 2)
O uso de canções bíblicas na catequese é um recurso indispensável nos encontros catequéticos. As canções bíblicas são profundamente motivadoras:
- ajudam na interiorização e assimilação da mensagem;
- criam clima de oração;
- desenvolvem o senso comunitário;
- auxiliam a memória: a mensagem cujo conteúdo foi cantado, dificilmente é esquecida.
Para que atinjam estes objetivos, é necessário, porém, que as canções sejam cuidadosamente escolhidas dando-se especial atenção para:
a) O ritmo - deve ser apropriado à faixa etária dos catequizandos.
b) A letra - as palavras devem ser acessíveis aos cantores.
c) O conteúdo - deve estar de acordo com a finalidade a que servem.
Conforme a finalidade a que se propõem, as canções poderão ser usadas em diferentes momentos do encontro catequético:
- Para criar clima para o trabalho(no início). Para isso, canções que acalmem, que disponham a ouvir, a participar.
- Para interiorizar a mensagem (após a proclamação da palavra). Usem-se canções que retomam o conteúdo da palavra que foi proclamada. Ex.: Sl 23(22) depois da leitura da passagem do Bom Pastor; canções sobre a semente, depois da leitura do Evangelho do Semeador etc.
- Para rezar - canções com conteúdo apropriado à oração.
- Para favorecer a expressão corporal - canções acompanhadas de gestos.
Os gestos são, para a criança principalmente, uma riquíssima forma de expressão. Aconselha-se que sejam usados amplamente, principalmente nas canções.
(fonte: Livro - A Bíblia: fonte da catequese e do Ensino Religioso. Ed. Vozes - já esgotado)
Há vários CDs com canções bíblicas:
- A Sementinha 1 - 2 - 3 - 4 - (Paulinas - COMEP)
- Cantando as parábolas de Jesus - etc.
Equipe do Catequese Hoje
25.01.2014
-Contar, em suas palavras, uma passagem Bíblica que para isso se preste (a história de Zaqueu, algum conto do A.T...) sem acrescentar nem omitir nada (fidelidade ao texto).
- Ler o texto previamente reelaborado (numa redação mais acessível), substituindo palavras ou expressões de difícil compreensão por outras mais fáceis, mantendo também absoluta fidelidade ao conteúdo da passagem Bíblica.
Convém dizer que a passagem se encontra na Bíblia mas que foi feita nova redação para que seja mais fácil compreender. O uso de edições mais populares da Bíblia ajuda muito.
- Proclamar o texto tal como se encontra na bíblia, quando se percebe que o grupo (catequizandos) tem capacidade de entendê-lo.
-Apresentar o texto em forma de jogral, com a participação ativa dos catequizandos.
-Proclamar a Palavra em forma de diálogo quando a passagem bíblica se presta para esta forma, isto é, quando diversas personagens falam no texto(ex: Lc 19,1-10 -narrador, Jesus, Zaqueu, fariseus).
-Ler uma primeira vez o texto, deixando alguns momentos de silêncio( para a Palavra de Deus penetrar no coração das crianças); em seguida, fazer nova proclamação. Esta maneira é útil principalmente quando o texto é pequeno.
- Apresentar, em poucas palavras, o texto que será lido; sugerir que cada criança vá até à Bíblia, colocada em destaque na sala, aberta na página em que está a passagem que vai ser lida, ponha a mãozinha sobre o livro e faça sua acolhida (ex: Que esta Palavra oriente o meu caminho). Em seguida, a Palavra de Deus será proclamada.
Na catequese, é preciso que a Palavra de Deus seja “proclamada”. Proclamar não é simplesmente ler. É, em primeiro lugar, procurar assimilar o conteúdo do texto Bíblico, entusiasmar-se por ele e tentar comunicá-lo aos outros. Requer preparação remota(formação bíblica) e preparação próxima( leitura e meditação do texto que vai ser lido).
Equipe do Catequese Hoje
01.12.2013
ADOLESCÊNCIA: pelos 12-15 anos:
a) Características: são visíveis a insegurança, a instabilidade e a aguda emotividade; retirada ao próprio mundo interior - com o sofrimento que esta solidão traz; sensação de não ser compreendido e de sequer ser capaz de compreender; tempo de afirmação da própria personalidade; é contra todo autoritarismo; desconfia do adulto - mas precisa dele; idade de interesse pelo sexo e do amor; das cartas pessoais e dos diários íntimos(meninas); dos conflitos na família; de preocupação pelo futuro (vocação).
b) Quanto à Bíblia: atenção especial ao aspecto afetivo, emotivo. Há muita identificação com personagens que se impõem por seu humanismo. Especial atenção despertam os profetas, por sua crítica às situações de injustiça ou de incoerência. São importantes os textos que encaram o misterioso da vida e seu sentido mais profundo; os que orientam a busca desse sentido, inclusive do ponto de vista da vocação (Mt 5,7).
Será interessante tomar, agora, unidades maiores: parábolas, pequenos livros como Jonas, Judite, Amós.
FINAL DA ADOLESCÊNCIA: pelos 15-19 anos:
a) Características: há especial interesse pela experiência dos outros e com os outros: a consciência crítica faz com que se posicione diante dos males e das contradições do mundo.
b) Quanto à Bíblia: tempo de tomar textos mais difíceis, profundos. Pode-se abordar qualquer texto Bíblico. Será bom proporcionar uma visão de conjunto da Bíblia, colocando os problemas com que a Bíblia nos quer confrontar.
c) Sugestão de textos:
-Gn 1-11 visto como reflexão sobre o nosso hoje( o homem no mundo; problemas de relacionamento, pecado e salvação).
-Narrativas da infância de Jesus.
-Narrativas de milagres.
-Jó, Eclesiastes, Evangelho de Marcos, Cartas de Paulo(1 Cor).
Vale a pena chamar a atenção também para a Linguagem da Bíblia. Descobrir a linguagem como parte de um conjunto, como sintoma de uma situação e, ao mesmo tempo, instrumento, seja de opressão ou de libertação.
ALGUNS CUIDADOS:
-Não usar a Bíblia só por curiosidade, passatempo piedoso, sem entrar na dinâmica do povo que a escreveu e na da nossa comunidade.
-Não se usa a Bíblia para domesticar crianças e adultos em nome de Deus. A obediência a fé é outra coisa.
-Cada frase da Bíblia está dentro de um contexto. Não deve-se usar frases pescadas cá e acolá e isolados do seu contexto para impor uma ideia, um pensamento.
-Na Bíblia o único herói é Deus. Cuidado para não elevar certos personagens à dimensão de super homens, sem defeitos.
-O único jeito de ler a Bíblia que a Igreja condena é a leitura fundamentalista, que lê tudo ao pé da letra; se aparece algo estranho, invoca-se o poder de Deus, e pronto.
Equipe do Catequese Hoje
INFÂNCIA: pelos 7-8 anos:
a) Características da idade: fase marcante no desenvolvimento humano; ainda muito concentrada no seu “eu”; sente enorme necessidade de estima, de amor; aberta à contemplação, à admiração; gosta de ouvir o silêncio; aprecia símbolos, a expressão corporal, os bichos, tudo o que é vida; gosta de saber fazer as coisas, de rir e brincar, de aprender e decorar.
b) Quanto à imagem de Deus: prevalece a imagem do Deus grande, forte, que tudo sabe e pode, justo, santo, bom: do Deus da criação e dos milagres.
c) Quanto à Bíblia: A criança está na fase de alfabetização: boa ocasião para apresentar-lhe a Bíblia como livro bonito, importante, que os homens apreciam mais que qualquer outro. Pode-se contar como é que ela apareceu na vida do povo, como ela continua sendo importante para as pessoas aprenderem a resolver seus problemas. Usar cartazes, desenhos, expressão corporal. Deixe que as crianças vejam, toquem, perguntem, dêem palpite, façam.
Conte histórias de enredo curto, mantendo a tensão até o fim, narrativas simples, distinguindo claramente entre o bem e o mal. Evitar preconceitos a respeito de pessoas e tipos. O sofrimento e o mal, podem e devem ser abordados, mas de modo a inspirar confiança; a história terminará com a vitória do bem.
Cuidado com os aspectos chocantes da mentalidade infantil: histórias como a de Herodes(matança de bebês), de Caim(que mata o irmão), os pormenores da paixão de Jesus e outros textos semelhantes, são traumatizantes nesta idade. Enfim, narrativas bíblicas que impressionam negativamente a criança e amedrontam podem provocar antipatia pela Bíblia durante longos anos.
d) Sugestão de texto
-histórias de Abraão, Zaqueu, principalmente falemos de Jesus, amigo dos pobres e pequenos; de suas atitudes; de sua oração, de seus amigos.
-textos contemplativos: frases dos salmos e dos Evangelhos que exprimem alegria, louvor, agradecimento, confiança. Um salmo inteiro será cansativo demais, por isso, devemos escolher as frases mais falantes.
-textos sapienciais: dois excelentes repertórios são o Livro dos Provérbios e o Eclesiástico (não confundir com Eclesiastes que é muito pesado para essa idade).
FINAL DA INFÂNCIA: pelos 9-10 anos:
a) características: viva, ativa; interessa por aventuras, viagens, ação; gosta de ler, de estudar, de aprender; está mais socializada, o que lha dá mais segurança; quer saber os porquês - se o fato aconteceu mesmo; quer coisas concretas (não está mais ligado à linguagem poética, lendas e fábulas).
b) Quanto à Bíblia: tempo favorável para boas informações sobre o livro: como foi escrito, quando, por quem, para que, diversidade dos escritos; informações sobre o povo, a terra, os costumes; tempo de familiarizar-se com nomes e lugares da Bíblia; tempo de manusear a Bíblia: saber encontrar livro, capítulo e versículo; agora, mais que o desenho, serão apreciadas a montagem e a colagem de figuras; a expressão corporal será substituída pela encenação - não mera repetição do texto, mas a sua atualização.
c) Sugestão de textos: deverão ser concretos, movimentados. Boa ocasião para aprofundar a vida adulta de Jesus. Nos Atos encontraremos bons textos sobre comunidades primitivas.
Fala-se de Deus criador, da sua grandeza, conforme a Bíblia nos fala, mas sem usar a linguagem simbólica própria do Gênesis 1 e 2. Esses textos são difíceis para essa idade. Eles exigem uma boa formação do catequista também. Mas, são textos para serem usados com os jovens e não com crianças. Por enquanto, fala-se de Deus criador sem usar esses textos.
Os relatos de milagres e as parábolas de Jesus, ao contrário do que em geral se pensa, não são os mais indicados. A criança pode ficar com uma imagem deturpada de Jesus, como se ele fosse um mágico, parecido com os dos desenhos da televisão. Os livros de catequese mais atualizados não usam essas narrativas.
PRÉ-ADOLESCÊNCIA: pelos 11-12 anos:
a) Características: mundo infantil começa a desmoronar-se: questiona tudo; surge a consciência das próprias limitações; há uma nova volta para o próprio “eu”; é a época dos grupos solidários; da imitação dos adultos. Devido a uma série de fatores, principalmente os meios de comunicação social, está fase tem começado antes dos 11 anos.
b) Textos bíblicos: numa linha mais refletida, tomem-se as figuras de Jesus, Jeremias. Ainda não é tempo para anjos e demônios, lendas e insistência em milagres para não reforçar a mentalidade mágica, própria da idade.
Equipe do Catequese Hoje
1. DICAS DE INÍCIO - sobre o uso da Bíblia na catequese é importante saber:
a) Respeitar a interação vida-Bíblia. Que também a criança, o adolescente, aprenda a ler a Bíblia a partir da vida e em função dela. Trabalhar com a Bíblia sem ligá-la com a vida é como querer utilizar um aparelho elétrico desligado da eletricidade: não funciona! A Bíblia brotou da vida de um povo e para que seja captada em seu verdadeiro sentido tem de estar ligada à vida do grupo que a lê, reflete e reza a partir dela.
O catequista precisa ter uma boa formação Bíblica para não fazer uma leitura fundamentalista, ou seja, ler tudo ao pé da letra. Como vimos nos encontros anteriores é preciso descobrir o que o texto está dizendo, que linguagem o autor utilizou para dar seu recado.
b) Não dizer hoje o que teremos de desdizer amanhã. Quando o catequista não sabe responder o que a criança perguntou, é bom dizer que não sabe e que dará a resposta depois.
c) Sempre que possível, não só falar da Bíblia, mas dar-lhe a palavra.
2. ESCOLHA DOS TEXTOS BÍBLICOS
Não vamos nos deter a elencar um monte de critérios, achamos mais interessante, neste momento, nos prendermos a um critério básico, que iluminará todos os demais: é a questão da gradualidade. Vejamos:
"Uma certa manhã um fazendeiro montou a cavalo e foi inspecionar suas roças. Chegando lá viu os pés de milho todos muito bonitos, mas ainda muito pequenos. De repente, pôs-se a gritar com os colonos: “Como é que vocês não fazem nada para ajudar meu milho a crescer mais depressa?”. Apeou e , com as duas mãos, começou a puxar e espichar os pezinhos de milho, um por um. De noite, voltou para casa. Estava exausto! Mas comentava: “O dia foi puxado, mas valeu: ajudei o nosso milho a crescer”. No dia seguinte o milharal estava todo ressequido. Morto.
Com as pessoas humanas acontece a mesma coisa. Tudo se dá no tempo certo. E este crescimento às vezes é lento. O catequista deve saber respeitar este ritmo, dar tempo ao tempo.
Quando formos trabalhar com um texto bíblico na catequese devemos estar atentos:
1º - ao linguajar do texto: ver se tem palavras difíceis que precisam ser substituídas.
2º - à experiência de vida do catequizando: entrar em sintonia com a situação que estão vivendo no momento( dor, alegria, luto, festa, esperança, temor...); procurar conhecer o catequizando, o que pensa, vive, sente... A criança evolui, passa de uma mentalidade mágica para outra cada vez mais concreta, crítica, feita de curiosidade e indagação. A leitura Bíblica também terá que evoluir.
3º - à sua maturidade na fé: é importante não esquecer que a criança, o adolescente, o jovem, estão num processo de iniciação a vida de fé. É preciso ir devagar, não podemos usar textos que ainda não estão à altura dos catequizandos, que são difíceis demais.
4º - às prioridades: “Tudo é bom, mas nem tudo é bom para todos aqui e agora”.
Como fazer uma catequese Bíblica?
Vamos tratar sobre como transmitir a mensagem da Bíblia.
1. Ter bem clara a mensagem que queremos transmitir, a atitude evangélica que queremos despertar.
2. Levar em conta o perfil do catequizando: se é criança, jovem ou adulto, qual sua situação de vida, sua cultura, suas experiências. Cada grupo é diferente, como também cada catequizando tem suas próprias experiências. Devemos estar atentos e saber escutar o que eles nos dizem a respeito da sua própria realidade.
3. Procurar os meios, as técnicas que podem proporcionar uma melhor assimilação da mensagem.
4. Não pode faltar o aspecto da vivência concreta que resulta da reflexão feita em grupo.
Algumas notas pedagógicas
Os pequenos
Para os pequenos trata-se mais de uma formação bíblica remota. É importante que a criança se sinta segura com Deus, sinta sua presença amorosa.
É importante experimentar o silêncio, a admiração já tão natural para ela. A criança, facilmente, chega a admirar e escutar Deus, quando há alguém que a toma pela mão. Gosta de rezar pequenos trechos dos salmos com expressão corporal e gestos.
Podemos fazê-la sentir a importância do Livro Sagrado mediante uma pequena procissão, tratando com respeito a Bíblia. Já podemos contar alguns fatos da vida de Jesus, mas o Primeiro Testamento ainda não deve ser abordado. Muitas vezes, são contadas às crianças as narrações dos primeiros capítulos do Livro de Gênesis, justamente por serem "fantásticas". Muitas vezes são apresentadas do ângulo de um Deus que castiga e quer pôr fim à humanidade. Tais narrações foram escritas para adultos a fim de mostrar que a infidelidade à Aliança traz suas consequências para a humanidade. A criança ainda não chegou a essa experiência. Pode ficar amedrontada.
Não apresentemos nunca o Deus que castiga. Não é a mensagem para a criança pequena.
(continua...)
Equipe do Catequese Hoje
Vários gêneros literários
Como já falamos, em um livro da Bíblia encontramos estilos "menores". Vamos ver alguns.
A poesia
Está amplamente presente nos diversos textos, especialmente nos Salmos, no livro Cântico dos Cânticos, no livro de Isaías etc.
Listas
São as genealogias, listas das descendências de povos e importantes personagens.
Leis e Normas
Os 10 mandamentos, as muitas leis e prescrições no livro Levítico etc. Narrativas de fundo mitológico: Entre os diversos sentidos que esta palavra tem, destacamos: uma narrativa de sentido simbólico sobre certos aspectos da condição humana; uma representação de um estado ideal. É uma forma de pensamento oposto ao pensamento lógico ou científico. O mito aborda reflexões profundas que dificilmente se podem descrever numa linguagem exata. Exemplos são as narrativas do livro Gênesis 1 a 11.
As sagas: São histórias transmitidas oralmente durante muito tempo, em que se contam e guardam na memória os acontecimentos e experiências que deram origem a um determinado grupo ou povo, ou um herói (Exemplos: as histórias dos patriarcas e matriarcas (Abraão, Isaac, Jacó e suas esposas, Sansão etc.).
Novelas e romances: narrações "românticas" sobre determinadas pessoas importantes para a história do povo. Exemplos: Rute, Judite, Ester, José do Egito ...
Fábulas: As fábulas são histórias em que animais, plantas ou objetos falam e tomam certas atitudes. Eles representam o ser humano no seu agir e falar. Também na Bíblia aparecem traços de fábulas. (Vamos ler Jz 9,8-15)
Epônimos: São narrativas que explicam a origem de grupos, raças e povos. Na maioria das vezes, não retratam fatos reais, mas são uma forma de explicar a situação atual. Exemplos: a origem dos inimigos de Israel: os moabitas e os amonitas. (Gn 19,30-38); a origem dos Edomitas (descendentes de Esaú) e dos Israelitas (descendentes de Jacó) (Gn 25,21ss); a origem da humanidade (Gn 1,26-27; Gn 2,7.22).
Parábolas e alegorias: São comparações tiradas da vida para levar as pessoas a refletirem e provocar uma atitude diante da mensagem de Deus. Estamos acostumados com as parábolas que Jesus contava, mas o Primeiro Testamento também tem suas parábolas. Podemos conferir em 2Sm 12,1-10; Is 5,1-7 (Vamos parar para ler uma delas)
São muito conhecidas as parábolas de Jesus. Há diferentes tipos de parábolas:
a) Alegorias são comparações em que cada detalhe tem seu sentido. (Vamos ver isto em Lc 14,16-24) O primeiro grupo de convidados são os conterrâneos de Jesus que não aceitam o convite. O segundo grupo são os pobres e marginalizados que são também chamados para entrar no Reino. O terceiro grupo são os pagãos que vão entrar mais tarde na comunidade cristã.
b) Há parábolas (também chamadas "comparações") que narram situações comuns de cada dia (Cf Mc 4,30-31; Lc 13,20-21, Mc 4,26-29; Lc 10)0-37; Lc 18,10-14.
c) Outras parábolas dão uma única ideia. Contam fatos extraordinários. Querem explicar que Deus pensa e age diferente dos homens. (Vamos ver o extraordinário e o que diz isto a respeito de Deus: Lc 15,11-32; Le 16,1-8; Mt 20,1-16; Mt 18,23-35; Mc 12,1-11)
Relatos de vocação: A vocação na Bíblia é, quase sempre, descrita conforme determinada forma fixa
- Descrição da situação que reclama missão.
- Deus, ou seu mensageiro, fala o nome da pessoa, chamando duas ou mais vezes.
- A pessoa chamada interroga a Deus ou o mensageiro e, às vezes, apresen-
ta alguma dificuldade.
- Deus responde, explicando ou removendo a objeção.
- Deus entrega a missão.
(Vamos verificar estes elementos em Ex 3,1-14; Jr 1,4-10,1Sm 3,1-10)
Narrações de milagres: Toda a Bíblia está impregnada de narrativas de milagres e sinais. No Primeiro Testamento, lemos que "o sol parou" (Js ] 0,13); Elias ressuscitou o filho da viúva (lRs 17,] 7-24); Eliseu curou Naamã, o leproso (2Rs 5,1-20). O maior milagre é a libertação do Egito: as pragas, a passagem pelo Mar Vermelho, a nuvem e a coluna de fogo, o maná, a água que sai da rocha, a Aliança concluída no Sinai.
Também no Segundo Testamento encontramos os milagres a cada hora: curas, expulsão de demônios, ressurreição de pessoas falecidas, intervenções na natureza.
Diante destas narrativas, há muitas perguntas. Aconteceu mesmo? Haverá uma explicação natural para isso?
Seja como for, os milagres trazem uma mensagem. São relatos de uma experiência de Deus no decorrer da história. São sinais da chegada do Reino de Deus. Às vezes, são relatados com um estilo literário que exagera o aspecto extraordinário (por exemplo, a libertação do Egito). Outras vezes, querem se referir a uma realidade mais profunda (por exemplo, as multiplicações dos pães que se referem à Eucaristia e à partilha). Coisas extraordinárias acontecem até hoje. Curas que a medicina não explica não aconteciam somente no tempo de Jesus. O mais importante é procurar a mensagem que está por trás de cada milagre contado. Que significa este milagre para nós, hoje? O que tem a ver com nossa vida? Podemos, nós também, fazer milagres: dar pão aos famintos, curar os enfermos, expulsar os espíritos violentos, desonestos, desanimados, expulsar a injustiça, a guerra, o ódio!
Importante para nós é saber que o Segundo Testamento é uma reIeitura do Primeiro Testamento. Os acontecimentos, os milagres, as profecias são lidos com novos olhos. Têm sua última realização e seu sentido mais profundo em Jesus. Para entender a riqueza do Novo Testamento, precisamos ter um certo conhecimento do Antigo.
Vimos alguns gêneros literários para entender melhor a Bíblia. Não são todos, mas são os mais frequentes. Importante é saber que devemos procurar, em cada estilo literário, a mensagem para nós, hoje. Se a Bíblia não entrar em nossa vida concreta, nenhum estudo adianta.
Para terminar
Podemos concluir com uma breve oração:
-Canto: Tua palavra é lâmpada para os meus pés, Senhor.
Lâmpada para os meus pés, Senhor, luz para meu caminho. (bis)
-Leitura de Ez 2,8 a 3,3
-Em qual gênero literário podemos encaixar este texto? Que simbolismos encontramos neste texto?
- Partilhemos a beleza deste texto e procuremos a sua mensagem para nós, hoje.
- Oração: SI 19,8-15
- Canto sobre vocação.
Inês Broshuis
Equipe de Catequese do Regional Leste 2 da CNBB
01.10.2013
Os números na Bíblia
A Bíblia dá também sentido simbólico aos números. Nós o fazemos também. Dizemos: "Já lhe falei mil vezes", enquanto foram somente 3 vezes. Dizemos que "fulano é Dez" o que quer dizer que ele é excelente.
Vamos ver alguns números da Bíblia com seu sentido simbólico:
3 - Fazer algo 3 vezes é fazer para valer. Pedro negou Jesus 3 vezes. Afirmou seu amor a Jesus 3 vezes. O menino Samuel é chamado por Deus 3 vezes. Indica também um dia de Deus: Jesus ressuscitou no terceiro dia
4 - São os 4 pontos cardeais, todo o espaço terrestre. Os 4 seres no livro do Apocalipse significam a criação inteira.
7 - Plenitude, perfeição. Jesus mandou perdoar 70 x 7 vezes (sempre). Madalena foi libertada do poder de 7 demônios (todo tipo de mal). No Apocalipse, Jesus envia cartas às 7 Igrejas (a toda a Igreja).
6 - Imperfeito (7 menos 1). No Apocalipse, o número da besta é 666. Refere-se ao Imperador Nero que perseguia os cristãos. Três vezes imperfeito.
12 - Indica o conjunto do Povo, as 12 tribos de Israel. Depois da multiplicação dos pães, sobraram 12 cestos (para todo o povo). Os 12 apóstolos são os pilares do novo Israel.
40 - Indica um tempo de amadurecimento. O povo passou 40 anos pelo deserto antes de chegar à Terra Prometida. Jesus passava 40 dias e 40 noites jejuando, preparando-se para sua missão; passaram-se 40 dias entre a ressurreição e a ascensão, preparando os discípulos para sua missão.
1000 é uma quantidade sem fim.
A Bíblia gosta de exagerar nos números, mostrando a importância de algum acontecimento.
As narrativas na Bíblia
Na Bíblia, encontramos muitas narrativas. Para dar resposta às perguntas da vida, o povo da Bíblia não faz grandes discursos, mas conta histórias. Mesmo os chamados livros históricos não são livros de história no atual sentido da palavra, mas são narrativas para passar certas mensagens ao povo. Mais importante que os fatos narrados é a mensagem de libertação e salvação que eles querem transmitir. Sabemos que ler a Bíblia ao pé da letra não nos leva a captar a mensagem profunda destas narrativas. Por isto, é importante conhecermos um pouco os gêneros literários. "A letra mata; o espírito vivifica" (2 Cor 3,6)
A Bíblia e a Ciência
A Bíblia não quer ensinar ciências ou história assim como entendemos hoje. Ela quer transmitir uma mensagem de Deus para a qual ele espera nossa resposta. Ciência e Bíblia não se contradizem porque têm objetivos diferentes. A ciência busca explicações que possam ser comprovadas. A Bíblia busca o sentido das experiências de vida e de fé. Cada uma trabalha no seu próprio campo.
Como entender melhor um determinado texto
Para entender melhor a mensagem de um determinado texto, podemos fazer algumas perguntas:
Quem é o autor?
Quando escreveu? Em que época?
Onde foi escrito?
(nem sempre é possível encontrar as respostas às três primeiras perguntas)
A quem o autor se dirige')
O que o levou a escrever?
Quais são os personagens principais do texto? Qual a atitude de cada um?
Qual a mensagem central do texto?
Qual o gênero literário?
Podemos fazer um exercício. Vamos ler o livro de Jonas; leiamos a introdução que a Bíblia dá e conseguiremos responder às perguntas colocadas. Assim, descobrimos a riqueza do texto, seu contexto e o pretexto (motivo).
(continua na próxima edição...)
Inês Broshuis
Equipe de Catequese do Regional Leste 2
16.09.2013
Há muitos modos de narrar e escrever acontecimentos, sentimentos, histórias. Há diferentes maneiras de se comunicar um pensamento, uma experiência.
Em nosso dia-a-dia, temos muitas formas de falar e escrever. E podemos observar que, muitas vezes, usamos certas formas fixas para nos comunicar quando nos encontramos, nos saudamos e perguntamos: Como vai? Quando damos parabéns, expressamos nossos pêsames ou apresentamos uma pessoa, usamos frases de uso ou estilo fixo. Encontramos estas formas fixas também na literatura. Um conto de fadas começa com "Era uma vez ... " e termina: "e viveram felizes para sempre". Começando e terminando uma história assim, sabemos que se trata de um conto de fadas e sabemos que o conteúdo é de ficção, de muita fantasia, através do qual o escritor quer passar uma mensagem.
Se abrirmos um livro de arte culinária, encontramos uma lista de ingredientes e depois o modo de se preparar o prato. É sua "forma literária". Quando escrevemos uma carta, começamos com uma saudação e terminamos com uma despedida. (outras formas fixas, por exemplo, convite para um casamento, notícia de falecimento ... )
É importante conhecer o estilo de certos livros e escritos. Você lê com olhos diferentes um romance, um livro de história ou de ciências, uma poesia ou uma fábula. Quando você abre um jornal, espera notícias objetivas sobre a atualidade da vida. Não espera um romance. Cada estilo tem seu objetivo. Em geral, isto não causa muito problema. Quando vamos a uma biblioteca, já sabemos que tipo de livro queremos.
A Bíblia é como uma biblioteca
Falamos que a Bíblia é uma biblioteca. Ela contém 73 livros. Mas, dizendo que é uma biblioteca, já queremos dizer que encontramos diversos estilos literários na Bíblia. Assim, encontramos nela narrações, leis, cantos e hinos, profecias, cartas, parábolas, sagas, poemas, romances, provérbios etc. E, em meio a tantos estilos, é importante entendermos qual gênero literário estamos lendo, para entendermos a finalidade do livro e não tirarmos conclusões erradas. Se você lê a Bíblia como uma descrição exata de fatos, como um jornal, você corre o risco de entender mal certos trechos e tirar conclusões que não eram a intenção do autor. Se você lê um poema como um fato histórico, você não entendeu o que o autor quis dizer. Por isto, vamos falar um pouco sobre diversos estilos literários na Bíblia.
Diversos modos de transmitir' uma mensagem
Quando abrimos a Bíblia e olhamos o índice, logo descobrimos diversos estilos literários. (Vamos procurar, na nossa Bíblia, o índice. Quais são os grupos de livros que estão lá?)
O índice fala de livros históricos, proféticos e sapienciais, de evangelhos, cartas, apocalipse. Estes livros indicam determinados estilos. O estilo dos livros históricos é diferente dos livros sapienciais, dos livros dos profetas ou das cartas de São Paulo.
Mas, abrindo cada livro, encontramos, muitas vezes, trechos com estilos diferentes do grande conjunto. Vamos dar um exemplo: lendo um jornal, esperamos informações fidedignas sobre os acontecimentos dos últimos dias. Esta é a finalidade do jornal. Esperamos uma linguagem objetiva em que podemos confiar. Mas, lendo bem, encontramos outros "estilos" ou "gêneros literários" neste mesmo jornal: propagandas, anúncios, horóscopos, crônicas sobre determinados assuntos atuais, reportagens da vida social etc. (Pode-se verificar isto num jornal). Assim acontece também na Bíblia. Um Evangelho, que procura transmitir uma mensagem a respeito de Jesus, é escrito em diversos estilos: parábolas, advertências de Jesus, citações de textos proféticos, orações, mandamentos, curas, anúncios, sermões. Cada qual tem um estilo próprio para falar de Deus. Então, a Bíblia fala da voz de Deus, dos olhos de Deus, dos seus braços, da sua mão direita; ele fica sentado num trono, nossos nomes estão escritos na palma da sua mão, ele nos protege com a sombra das suas asas etc. (cf SI 17,8; Sl 17,2; Is 23,11)
A Bíblia tem seus simbolismos próprios: a nuvem simboliza a presença de Deus; a montanha é um lugar para rezar, pois, estando lá, se está mais perto do céu; trovão e relâmpago são manifestações de Deus; o sangue é símbolo da vida; e assim por diante.
A Bíblia é um relato das experiências do povo com Deus. Especialmente os profetas ajudaram a perceber o sentido destas experiências. São experiências profundas que dificilmente se podem expressar numa linguagem objetiva e concreta. Lembremo-nos dos nossos próprios cantos de amor, do nosso Hino Nacional. Quanta linguagem simbólica! (Analisar um pouco a linguagem poética do Hino Nacional)
Vamos procurar alguns textos e verificar a linguagem simbólica e poética da Bíblia: SI 19,2-7; SI 104,3-4; SI 98,8; SI 114,4-6; Is 6,1; 1s 11,1-9; 49,14-16a. (Podem observar que o livro de Isaías é, praticamente, uma grande poesia)
(continua na próxima edição)
Inês Broshuis
Comissão para a Animação Bíblico-Catequética do Leste 2
05.09.2013
As setas
Os Evangelhos de Marcos (14,3-9), de Mateus (26,6-13) e de João (12,1-8) falam de uma mulher que ungiu os pés de Jesus com um perfume caríssimo. Respondendo à crítica dos discípulos ou de Judas, que afirmava que o valor daquele perfume poderia ser dado aos pobres, Jesus disse: “Pobres sempre tereis convosco!” Daí, muita gente acha que o cristão não deve se preocupar com situação de pobreza e miséria no mundo. É isso mesmo?
Mais. As palavras de Jesus são tomadas do livro do Deuteronômio, capítulo 15, versículo 11: “Nunca deixará de haver pobres na Terra”. O versículo 4 do mesmo capítulo, porém, diz: “É verdade que em teu meio não haverá nenhum pobre”. O versículo 7 diz: “Quando houver um pobre no teu meio, seja um só dos teus irmãos”. Como ficamos: É para haver pobres? Muitos? Poucos? Ou não deve haver? Para onde apontam essas setas?
A palavra de Jesus nos Evangelhos significa apenas que depois de sua morte os pobres continuariam no mundo, só ele iria morrer. Marcos deixa claro: Vocês estão querendo ajudar os pobres? Podem ajudar, eles continuam aí! E João desmascara Judas: Ele se interessava pelos pobres, coisa nenhuma! Queria era pôr a mão naquele dinheiro...
Além disso, podemos ver nas palavras de Jesus nos Evangelhos, que ele está presente no pobre. Aquela foi a vez da mulher de prestar serviço ao Jesus histórico, depois virá a vez de todos, discípulos ou não, prestarem serviço a Jesus presente nos pobres (Mt 25,31-46).
A palavra que os Evangelhos colocam nos lábios de Jesus foi tomada do livro do Deuteronômio. Ali a coisa parece meio confusa: primeiro não haverá pobres, depois pode ser que haja um ou outro, por fim sempre haverá pobres. Qual seria a meta, a intenção, do Deuteronômio?
É simples. Basta ler os outros versículos do trecho, o seu contexto. Está falando do ano do jubileu ou do ano sabático. Fala do perdão das dívidas, proíbe a agiotagem contra os compatriotas e afirma que no povo de Deus não deve haver pobres (Dt 15,3). Só há uma condição: “que você de fato obedeça à voz de Javé teu Deus, cuidando de pôr em prática todos os mandamentos”. Observe aqui a meta, o objetivo dos mandamentos. Os mandamentos não visam a regular o comportamento individual das pessoas e, sim, a criar uma sociedade onde não haja pobres! (versículo 5)
Então, numa sociedade organizada de acordo com os mandamentos, nunca será preciso a gente se preocupar com pobres? Não! Algum haverá. Mas tu não lhe deves fechar a mão, nem ter receio de emprestar o que ele necessita, mesmo às vésperas do ano do perdão das dívidas (versículos 7 a 10).
Sendo mais realista ainda em sua meta, pobres sempre haverá. A lei de Deus nunca será posta em prática em toda a sua força e extensão, pobres sempre haverá, porque esperteza, injustiça e opressão sempre vai haver. É bom lembrar que pobre nunca faltará e, por isso, tua mão nunca se há de fechar (versículo11).
Não deve haver pobres, mas pobres sempre haverá, mesmo quando se procura observar a lei de Deus. É a direção para onde aponta o Deuteronômio. Os Evangelhos, porém, lembrando a presença do pobre mesmo depois da morte de Jesus, apontam para Mateus 25, onde o julgamento final da humanidade, “todas as nações da terra”, não vai depender do progresso intelectual, científico ou tecnológico, vai depender do que ela fez com o pobre: “Tudo o que fizestes ao menor... foi a mim que o fizestes!”.
Até aqui chega a meta dos Evangelhos.
Pe. José Luiz Gonzaga do Prado
É da Diocese de Guaxupé-MG, um dos tradutores da Bíblia da CNBB, Professor de Sagrada Escritura.
15.04.2013
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