“ Se achei graça a teus olhos, ó rei, e se ao rei lhe parecer bem, concede-me a vida, eis o meu pedido; salva meu povo, eis o meu desejo.” 
Es 7,3

 

A história de Ester foi escrita no pós-exílio, num tempo muito longínquo. Seu nome verdadeiro era Hadassa. O narrador aproxima o leitor de uma personagem jovem, sensível e frágil. Assim, temos várias surpresas no desenlace desta trama onde o leitor não imagina o que virá. A jovem tem um desafio à frente! A narrativa fala da bravura e coragem de uma jovem mulher em enfrentar um inimigo próximo, que era ministro, com plenos poderes dentro do palácio real e no reino. 


Hadassa era prima de Mardoqueu (2,7) que passou a cuidar dela na morte de seu tio. Ele era filho de Jair da tribo de Benjamim e quando mais jovem, viveu a experiência de ser exilado de sua terra: Jerusalém. Mardoqueu é protagonista da narrativa junto com Ester, e coloca nas mãos dela uma missão que dependerá de sua determinação e valentia. Ele era um homem que desafiava a autoridade de Amã, que era o braço direito do rei (3,2), e isso trouxe problemas sérios não só para ele, mas para todo o povo judeu.


A narrativa conta que o rei convidou sua rainha chamada Vasti, para um jantar (1,12) e ela se recusou a participar. O rei ficou muito chateado e mandou dispensá-la. Após um tempo, ele mandou que seus emissários buscassem algumas virgens espalhadas pelo seu reino, para que escolhesse outra mulher. É aqui que Hadassa entra na história! Mardoqueu sugeriu que ela usasse um nome estrangeiro, para que não fosse identificada como judia. Assim, começou a se chamar Ester! Como era formosa e bonita, os emissários a levaram! Mardoqueu ia sempre ao palácio saber notícias dela.


A trama da história é a rixa entre Mardoqueu e Amã.  Amã não se contentou em se vingar de Mardoqueu, mas, em seu íntimo quis destruir todo o povo judeu (3,6). Ele disse ao Rei: “Existe espalhado e dividido entre os povos em todas as províncias do teu reino, um povo cujas leis são diferentes das leis de todos os povos, e que não cumpre as leis do rei; por isso não convém ao rei deixá-lo ficar (3,8). Desta forma, Amã manda publicar um edito para que todo o povo se colocasse violentamente contra os judeus em um dia determinado (3,13)! Ester, que era escolhida do rei, era a única esperança para intervir em favor do povo! Diante do Rei ela pede e é atendida!


Os jovens de hoje enfrentam muitos "Amãs", nas situações de desânimo, violência, falta de oportunidades e de dor. Ser jovem é ter o impulso da descoberta, é ir além dos limites, é não estar satisfeito com a realidade presente. Ester era rainha, mas como qualquer súdito, ela não podia se aproximar do rei sem permissão (5,2). Ao estender o cetro à rainha, o rei permite sua presença na casa real! Ela teve coragem; arriscou, mesmo em perigo, ousou pela vida de seu povo!


Hoje, moças e rapazes são jovens e reis de sua história. Ainda que vivenciem frustrações e tristezas, vivem a alegria da esperança de recomeçar. Ser jovem não é uma questão só de idade. É estar disposto e disposta a superar-se. As decisões, as escolhas e oportunidades, quando encaradas com o coração aberto, reabrem caminhos e veredas fechadas por sonhos mal vividos. Os desafios são pontes que trazem mudanças, e fazem parte do dinamismo, do crescimento e do amadurecimento. Estamos dispostos a enfrentar a realidade? Estamos abertos à missão a que somos chamados? Deixemos que a vida nos abrace com seu dom.


Hélia Carla de Paula Santos

01.07.2013