JESUS  É  A  PALAVRA  DO  PAI

 

1. Introdução

Este ano, vamos apresentar, mensalmente, uma reflexão sobre o Evangelho de João.

(Sugerimos que estas reflexões sejam feitas em pequenos grupos para maior aproveitamento.)

A liturgia aborda, nos anos A, B, e C, os evangelhos de Mateus (Ano A), de Marcos (Ano B) e de Lucas (Ano C). João não tem um ano especial, mas seu Evangelho perpassa a Liturgia o ano todo, especialmente durante o tempo pascal.

O Evangelho de João, um dos 12 apóstolos, foi atribuído a ele pela tradição da Igreja antiga. O toque final foi dado por volta dos anos 90-95 depois de Cristo, portanto, depois da destruição do Templo (70 d.C.).

O Judaísmo exercia grande atração sobre os primeiros cristãos que eram judeus. Constituíam a maior parte da comunidade joanina. João, sendo judeu, tem um grande conhecimento das Escrituras de Israel. Sua linguagem é simbólica, poética, e não pode ser lida como um relato concreto de fatos ocorridos. João quer mostrar quem é Jesus, o Senhor Ressuscitado, para os seus seguidores e, conseqüentemente, para nós hoje. Para explicar isto, ele recorre a uma narração simbólica para mostrar que o Ressuscitado é como vinho, água, luz, pão e vida para nós. Mostra Jesus como Caminho, como uma videira que dá abundantes frutos. Devemos levar isto em conta quando lemos os milagres (sinais) no Evangelho de João. Melhor que palavras, os símbolos mostram a presença e atuação do Senhor Ressuscitado em nossa vida. Não devemos nos perguntar se “isto” aconteceu assim mesmo, mas qual mensagem João quer passar.

 

2. A Palavra de Deus se fez Homem

No início do seu Evangelho, João diz: A PALAVRA se fez homem (ou: “O Verbo se fez carne”) e habitou entre nós (“Fez sua tenda entre nós”).

A palavra comunica, interroga, quer dialogar. Deus também quer nos falar, se comunicar conosco. Quando é que Deus nos fala?

Deus nos “fala” pela criação, sua beleza, sua organização. Quem nunca se silenciou diante de uma bela paisagem, diante de uma flor...

Deus nos fala através das pessoas. Cada um de nós é uma “palavra” de Deus para o outro.

Deus falava ao seu Povo pelos profetas e sábios. O Antigo Testamente está cheio de belos e grandiosos textos dos profetas que enfatizavam, a cada hora: isto é “Oráculo do Senhor”.

Quando a gente lê a Bíblia, nota que Deus fala a cada hora. Como entender isto? Deus não fala com palavras humanas. Nunca alguém ouviu a voz de Deus. É uma linguagem metafórica. Deus se comunica, sim, como já vimos, através da criação, da história do seu Povo, dos profetas... Os profetas descobriram que Deus quis comunicar alguma coisa ao seu Povo, na sua situação de sofrimentos, nas lutas e conquistas.

Assim, Deus “fala” constantemente. Já no primeiro capítulo da Bíblia, lemos: “E Deus disse: faça-se a luz...” Quase não se encontra alguma página na Bíblia em que Deus não fale. Também os salmos são “Palavra de Deus”. É como um diálogo: a pessoa que reza dirige-se a Deus com palavras humanas, e Deus responde. Por exemplo, abram a Bíblia no salmo 85, 1 a 8. O orador fala. Dos vv 9 a 12 ouvimos o que diz o Senhor. Observem a beleza das palavras de Deus.

Quando João diz que a Palavra de Deus se fez homem, ele quer dizer que Deus fala a nós, de modo especial, na pessoa de Jesus, por suas palavras, suas atitudes, sua morte e ressurreição. Jesus é a Palavra do Pai, a face humana de Deus para nós. 

Vamos terminar com uma breve celebração. Coloquemos a Bíblia aberta em João 14,5-10. Acendamos uma vela bonita.

Cantemos um mantra, por ex. “Tua Palavra é lâmpada para os meus pés, Senhor”.

Leitura de Jo 14,5-10. Pode ser lido duas vezes, por pessoas diferentes, com muita atenção.

Partilha: Como Jesus diz que ele é a Palavra do Pai? Quais os versículos que falam disto?

Como Cristo nos fala, hoje, na nossa vida?

Guardemos alguns instantes de silêncio para oração pessoal.

Canto final: Envia tua Palavra, Palavra de salvação,

Que vem trazer esperança; aos pobres libertação.

 

Inês Broshuis

Comissão Bíblico-Catequética do Regional Leste 2 da CNBB