Ave, Maria
Gosto de pensar, Maria, que também a tua fraqueza sustém a tua força, que soubeste aceitar atravessar tantas incertezas, fazendo aderir o teu coração a uma confiança que não se via. E que, por isso, não te é estranha a minha agitação confusa, a minha indecisão, os medos que em certas horas me agridem, e que tu, que tudo compreendes, sabes abraçar.
Gosto de recordar quanto foi difícil o teu caminho, repleto de obstáculos mais duros do que aqueles que eu enfrento, fustigado por sombras, derivas e dores. E que o teu olhar se tornou um imenso ventre, onde posso depor tudo aquilo que tanto me custa, e que tu, que tudo compreendes, sabes abraçar.
Gosto de contemplar essa tua capacidade de agradecer. De agradecer a anunciação luminosa e as suas ásperas consequências; essas palavras límpidas e depois uma dolorosa sucessão de momentos passados a perguntar-te como será; a brandura da brisa e a dureza do vento.
E que, por isso, tu abraças o meu cansaço de viver com esperança a minha força e a minha fragilidade; aquilo que levo ao termo e aquilo que deixarei incompleto; aquilo que depende ou não depende de mim – e tudo tu compreendes.
Gosto de saber que encontraste os planos de Deus infinitamente superiores a ti e que, mais uma vez, te sentiste pequena, só e não à altura, como tantas vezes eu me sinto. E também por isto, no fundo de mim experimento que me abraças, tu que tudo compreendes.
Trad.: Rui Jorge Martins
Imagem:
Publicado em 10.12.2020 no SNPC
Quando penso nas coisas que quotidianamente nos ensinas, Senhor, vem-me muitas vezes ao pensamento aquela Tua palavra dirigida a Marta, num dos vossos encontros em Betânia. Tu disseste-lhe: «Uma só coisa é necessária».
Mesmo num contexto tão exigente como é este em que vivemos, onde sentimos que mil braços nos puxam para direções diferentes, onde mil vozes nos gritam urgências e todas elas reais, onde é fácil que a armadilha da angústia nos capture para uma agitação que, no fundo, só serve para ampliar a impotência e o medo, recordo o teu conselho a Marta: «Uma só coisa é necessária».
Ajuda-nos, Senhor, nesta hora abrupta, a ter a sabedoria de perguntar «qual é a coisa necessária» e concentrar aí a nossa inteligência, o nosso labor e o nosso coração.
Ajuda-nos a discernir, com a luz do Espírito Santo, aquela «única coisa» que, neste momento, melhor resume a indefectível responsabilidade que somos chamados a expressar diante de Ti e dos nossos irmãos.
E ajuda-nos, como Nossa Senhora, a confiar. A confiar, como ela o fez, não só nas metas consideradas possíveis, mas até naquilo que nós, nos momentos de maior desânimo, dúvida ou cansaço, formos tentados a declarar como impossível.
Dom José Tolentino Mendonça
imagem: pexels.com/taryn elliott
In: imissio.net 2.12.2020
Dá-nos, Senhor, depois de todos os nossos cansaços, um verdadeiro tempo de paz.
Dá-nos, depois de tantas palavras, o dom do silêncio que purifica e recria.
Dá-nos, depois de tantos caminhos apressadamente eliminados pela cortina de nevoeiro da distração, a possibilidade de contemplar com disponibilidade e plenitude cada porção de realidade, inclusive as realidades que nos custam.
Dá-nos a alegria, depois das insatisfações que nos travam, como uma barca que se recorta na água.
Dá-nos, Senhor, a possibilidade de viver sem presa, extasiados pela surpresa que os dias trazem consigo pela mão.
Dá-nos a capacidade de viver de olhos abertos, de viver intensamente.
Dá-nos a humilde simplicidade dos artesãos que, preferindo a sabedoria da experiência ao aparato das teorias, reconhecem que estão sempre a recomeçar.
Permite-nos escutar a lição do cântaro na roda do oleiro; do cepo aplanado pelas mãos do carpinteiro; da massa que o padeiro pacientemente transforma em pão.
Dá-nos de novo, Senhor, a graça do canto, do assobio que imita a aérea felicidade dos pássaros, das imagens reencontradas, do riso partilhado.
Dá-nos a força de impedir que as duas necessidades do viver esmaguem o desejo dentro de nós e que se dissipe a transparência dos nossos sonhos.
Faz de nós peregrinos, que no visível vislumbram a discreta insinuação do invisível.
In Avvenire
Trad.: Rui Jorge Martins
Imagem: pexels.com
Publicado em 16.11.2020 no SNPC
Senhor,
É desconcertante muitas vezes olhar o mundo da política.
Mas, ela é um lugar onde é possível construir fraternidade, onde a caridade deve ser o centro.
Por isso, Te pedimos que o Teu Espírito Santo ilumine os eleitores, para que saibam escolher candidatos que privilegiam e buscam o bem comum.
Ilumina também os candidatos para que saibam olhar por aqueles que foram derrubados pelo peso do desemprego, da violência e da miséria.
Suplicamos, com fé: dá-nos Senhor discernimento, porque o voto é uma maneira de modificar a sociedade que vivemos.
Amém.
Lucimara Trevizan
Equipe do site
14.11.2020
Página 10 de 18