1. A reforma feita por Lutero

O início do século XIV marcou definitivamente a história do Cristianismo com a Reforma Protestante. Lutero, descontente com a atuação da Igreja, do clero e sensível à necessidade que o povo tinha de instrução, levanta a voz e denuncia uma certa  anarquia da Igreja.  Ele queria os pastores mais perto do rebanho, dando-lhe alimentação doutrinal e espiritual. Colocou a “Bíblia” na mão do povo e organizou um catecismo para instruí-lo. Infelizmente faltou diálogo de ambos os lados, da parte da Igreja e dos reformadores, mas é importante avaliar a reação de Lutero de modo mais justo e dentro do seu contexto realmente insatisfatório!

2. O Concilio de Trento

A resposta da Igreja veio com o Concílio de Trento (1545-1563) e com os consequentes catecismos da doutrina cristã católica, comuns até pouco tempo. Para fortalecer a base doutrinal dos adultos e das crianças, a Igreja investiu na catequese formal, organizando salas de estudo e vinculando catequese à doutrinação nas escolas paroquiais. Começou o tempo dos conteúdos a serem decorados e das famosas “perguntas e respostas”.

A liturgia foi se distanciando do povo. A língua deixa de ser a de cada povo com a unificação do latim e sua obrigatoriedade. Adotou-se, para os ritos, um conjunto de símbolos, objetos, roupas e normas próprias da Europa. Muitas celebrações chegaram a parecer verdadeiros “teatros” ou “óperas” pela suntuosidade e dimensão espetacular.

Mas o maior prejuízo litúrgico ainda não foi esse das exterioridades! Também seu conteúdo se esvaziou, pois o próprio Mistério Pascal foi ficando de escanteio, cedendo lugar a devoções. O que acontecia na igreja era bonito de se ver, mas tinha pouca relevância na vida prática do cristão. A própria missa foi reduzida a uma entre tantas devoções, ainda que obrigatória. Até a Eucaristia servia mais para ser exposta, vista, contemplada, adorada, enquanto perdia-se a dimensão da ceia e do sacramento da união do cristão com a causa de Jesus Cristo!

3. O divórcio entre catequese e liturgia

Catequese e Liturgia se separaram drasticamente. A primeira foi reduzida a conceitos, tais como: lista de mandamentos, de pecados, de obras de misericórdia, definições doutrinais, como evitar o inferno, etc. A Liturgia, por sua vez, transformou-se, para o povo, numa grande farmácia, tendo os sacramentos como remédios e os padres como “médicos” credenciados para a função.

Foi necessário que o Espírito Santo, Eterno Renovador da Igreja, soprasse forte e iluminasse a mente de João XXIII – que teve a ousadia de afirmar em meados do século XX: “Não é o Evangelho que muda; nós que começamos a compreendê-lo melhor. Chegou o momento de reconhecer os sinais dos tempos, de aproveitar a oportunidade e olhar longe”. E o Concílio Vaticano II veio resgatar os autênticos valores cristãos dispersos nos dois mil anos de Cristianismo!

 

Pe. Vanildo Paiva

Mestrando em Psicologia e Professor do IRPAC

15.06.2012