O Símbolo Apostólico termina afirmando a nossa fé em que, depois desta vida passageira, há “Outra Vida”, que é eterna. Talvez seja essa a mais extraordinária afirmação do Credo. Que maravilha, que alegria, saber que, depois desta vida, há mais Vida! Isso relativiza as pequenas picuinhas do nosso dia-a-dia. Como dizia Santa Teresa, “de penas que acabam não façais conta!” E São João Bosco: “Tudo passa: o que não é eterno não é nada”. O importante é que você, leitor, e eu viveremos para sempre, sempre, sempre...

 

No Céu, todos os “dias” serão festivos, “dias santos”, domingos (“dias do Senhor”). A vida será sempre nova, juventude perene, alegria sem fim. Santo Agostinho chama a vida eterna de a “sétima idade”, nosso “sábado”, cujo final não será um entardecer, mas o “Dia do Senhor”, como um oitavo dia eterno, que foi santificado pela ressurreição de Cristo e prefigura o “descanso eterno”, não só do corpo, mas também do espírito. “Lá folgaremos e veremos, veremos e amaremos, amaremos e louvaremos. Eis o que será naquele fim sem fim. Pois qual é o nosso fim, senão chegar ao Reino que não tem fim?” (De Civ. Dei, 22,30).

Mas, por que acreditamos na vida eterna, se ninguém retornou do “outro lado”, nem nós acreditamos na “comunicação com os mortos”, como acreditam nossos irmãos espíritas? O espaço que o site me oferece é pequeno para elencar todos os motivos que temos para acreditar na vida eterna, mas os sintetizarei em três:

 

a) As palavra de Jesus: “Todo aquele que tiver deixado casas (...) ou campos, por causa do meu nome, receberá cem vezes mais e terá como herança a vida eterna” (Mt 19,23); “Quem crê tem vida eterna... e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6,47.54).

 

b) A doutrina da Igreja, que interpreta as Sagradas Escrituras, com a assistência do Espírito Santo, e conserva a tradição apostólica. Confiamos no testemunho dos mártires, das virgens e dos confessores, ao longo dos séculos. Cremos no que vinte Concílios ecumênicos definiram e 266 Papas (de São Pedro ao Papa Francisco) ensinaram. Embora nem todos os Papas fossem santos, confiamos na sua palavra, quando falam em comunhão com toda a Igreja.

 

c) Por último, cremos na vida eterna porque confiamos no infinito amor de Deus por nós. E “o amor quer a eternidade” (Goethe). Se Deus é Todo-poderoso e nos ama infinitamente, Ele pode e quer dar-nos a felicidade eterna. E, assim, a nossa comunhão com Deus não terá fim.

 

Este é o último artigo da série Comentários ao Símbolo Apostólico, por ocasião do Ano da Fé.

 


Pe. Luis González-Quevedo, SJ

É jesuíta, teólogo e escritor, pregador de retiros inacianos

15.06.2013