Chegamos à terceira parte do Símbolo Apostólico, que estamos comentando. Nela, confessamos nossa fé na terceira pessoa da Santíssima Trindade, o Espírito Santo.
Deus Pai é o Grande Amante. Tudo o que existe na imensidão do Universo é manifestação do seu amor criador. Deus Filho é o Amado por excelência, a quem o Pai ama desde toda a eternidade. Por último, Deus Espírito Santo é o Amor de Deus em pessoa. Ele se manifestou na Criação e na vida de Jesus, e continua a se manifestar na vida da Igreja e na nossa própria vida.
No Antigo Testamento, o Espírito - em hebraico ruah (sopro, vento, alma) – manifestou-se como força, energia, princípio de vida e ação. No Novo Testamento, ele se manifestou em plenitude na pessoa de Jesus de Nazaré.
O livro dos Atos dos Apóstolos é chamado “o evangelho do Espírito Santo”, por narrar a efusão do Espírito em Pentecostes e a expansão da Igreja, por meio da pregação e do testemunho apostólico. Animados pelo Espírito, os Apóstolos davam testemunho de Jesus com toda confiança, liberdade e destemor (em grego, parresia)
A “vida segundo o Espírito” se caracteriza pela liberdade (cf. 2 Cor 3,17). Entre os frutos do Espírito, São Paulo cita, em primeiro lugar, o amor (ágape: Gl 5,22-23). Ele fala também dos diversos carismas que existiam na Igreja primitiva. Os carismas são dons particulares, que Deus concede gratuitamente de acordo com a vocação de cada um, mas São João diz que devem ser examinados “para ver se são de Deus”, pois sempre houve “falsos profetas” (1 Jo 4,1).
Em outros tempos, o Espírito Santo foi chamado de o “Grande Desconhecido”. Mas, nos nossos dias, as Igrejas e comunidades cristãs, bem como os movimentos apostólicos, redescobriram a sua importância na vida da Igreja. Já os Santos Padres diziam que “onde está a Igreja, ali está também o Espírito de Deus” (Santo Irineu).
O Concílio Vaticano II fala do Espírito Santo como princípio que constrói, anima e vivifica o corpo de Cristo, que é a Igreja. É o Espírito quem garante a fidelidade da tradição e a verdade dos pronunciamentos solenes do magistério. Ele habita na Igreja e nos corações dos fieis (cf. 2 Tm 1,14).
Invoquemos o divino Espírito Santo, neste “Ano da Fé”, para que ele nos ajude a discernir a vontade de Deus, a saber, “o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito” (Rm 12,2).
Padre Luís González-Quevedo, sj
Teólogo, pregador de retiros inacianos, diretor do Centro Loyola de Goiânia-GO
28.03.2013