A quem nos perguntasse “em que acreditais os cristãos?”, nós poderíamos dizer as palavras do “Creio” ou “Símbolo Apostólico”: Creio em Deus Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra... E se nos replicassem: “Mas quem é o vosso Deus e por que o chamais de ‘Pai’, sem tê-lo visto nunca”, responderíamos: “Deus é amor (1Jo 4,8.16), e nós o chamamos de ‘Pai’, porque foi assim que Jesus nos ensinou a chamar a Deus: Abba, Papai”.

 

Mas como explicar que Deus seja “todo-poderoso” ou “onipotente”? “Se é ‘todo-poderoso’, por que não impede as catástrofes que acontecem neste mundo? E por que não aparece para defender a causa dos pobres, das vítimas da violência e da injustiça, das pessoas que sofrem abusos sexuais, etc.?” Quem faz tais perguntas nunca entendeu o respeito que Deus tem pelas leis da natureza, nem a liberdade que concedeu aos seres humanos.

 

Deus é todo-poderoso, mas escondeu seu poder na fragilidade de um recém-nascido, na humildade de Nazaré, na desolação de Getsêmani, na impotência da Cruz, no silêncio e na imensidão do Universo.


Acostumados a que os grandes deste mundo dominem os outros, fazendo-lhes sentir seu poder (cf. Mt 20,25), custa-nos entender que Deus, sendo o Criador de tudo quanto existe, seja tão humilde e discreto.


Os filósofos perguntam: por que existimos? Que sentido tem esta vida? Em que podemos acreditar? Os cientistas constatam que o mundo em que vivemos começou com uma imensa explosão (o Big Bang). Mas, o que existia antes dessa explosão e por que aconteceu? Os nossos conhecimentos científicos não podem responder a todas nossas perguntas.

 

A ciência explica os fenômenos, mas não a causa primeira ou o sentido final de tudo o que existe. A fé judaico-cristã afirma que este universo imenso em que habitamos foi criado por um Deus que nos ama e quer a nossa felicidade. A ciência e a fé, bem entendidas, não se contrapõem, mas se complementam. “A ciência sem religião está manca. A religião sem ciência está cega” (Einstein).

 

O único que pode dar um sentido total à existência humana é o amor de Deus. Existir é ser amado por Deus. Cada um de nós, na sua pequenez e fragilidade, é uma pequena faísca da imensa obra criadora de Deus. “Nós não somos o produto casual e sem sentido da evolução. Cada um de nós é o fruto de um pensamento de Deus. Cada um de nós é querido, cada um de nós é amado, cada um é necessário” (Bento XVI).

 


Pe. Luís González-Quevedo sj

Escritor e teólogo, diretor espiritual e pregador de retiros.

01.12.2012