Caminhos de testemunho pessoal e comunitário
Esse novo anúncio torna-se importante para despertar todos aqueles que desejam percorrer os caminhos da vida com Jesus, caminhar com ele, segui-lo e reconhecer nele o Messias, o Filho de Deus, fazendo-se discípulo dele, pois anunciar Jesus implica compromisso profético e seguimento. Os caminhos dos interlocutores devem ser recheados de ações fraternas para serem partilhadas com os que se encontrarem pelos caminhos que se dispõem a percorrer. Não se pode falar de uma catequese querigmática sem abertura ao outro sem conversão, sem saída, sem aproximação do outro, sem diálogo.
Olhando para os grandes desafios da atualidade, o que vemos?
Um difícil processo de conversão pessoal, um desconhecimento religioso em relação à bíblia, à Doutrina Católica, à Doutrina Social da Igreja, o Infantilismo Religioso, o devocionismo que não leva à conversão, etc. Olhando para essa realidade, a catequese precisa ser direcionada para um anúncio de Jesus Cristo que fale aos homens e mulheres de hoje. Uma catequese que apresente Jesus Cristo como uma Pessoa: o Jesus de Nazaré, o filho único do Pai.
Quem é esse Jesus? Está aqui outro desafio. De um lado apresentar Jesus como o Filho de Deus que vem ao mundo, comunica a Boa-Nova do Reino de Deus, mostra que ele não deseja impor sua vontade, mas sim permitir que as pessoas, baseadas na compreensão e no amor, o aceitem em suas vidas. De outro lado, levar as pessoas a um encontro vivo e pessoal com Jesus Cristo, fazê-las mergulhar nas riquezas do Evangelho, ajuda-las a entrar e participar da vida da comunidade.
O querígma exige comprometimento com seus ensinamentos. Jesus pregava o Reino de Deus por palavras e obras. Esta é a Boa-Nova: todos são convidados a participar desse Reino, mas para entrar nele é preciso conversão e comprometimento: acolher a Palavra de Deus e viver conforme sua verdade. Dize-nos o documento da CNBB n. 107: Quem anuncia Jesus Cristo narra a própria história, mostra a força e a beleza de sua conversão, de tal modo que desperta no ouvinte uma abertura ao dom da fé (doc. 107 n. 158)
Também o Papa Francisco que ressalta em suas catequeses como essencial, o encontro pessoal com Jesus Cristo, o caráter comunitário e missionário da Igreja, a opção preferencial pelos pobres e a alegria no seguimento de Jesus.
Deus ama tanto o ser humano que lhe enviou seu Filho amado (cf. Jo 3,16) para estar no meio de nós, conviver conosco, assumindo a nossa condição humana. Seu Filho amado fez a experiência de ser gente assim como nós, de sentir a vida, a dor, a fome, a lágrima (cf. Fl 2, 5-11), e tudo isso para que nós pudéssemos experimentar a beleza de ser filho de Deus.
O primeiro anúncio e a catequese fundante constituem a opção prioritária no processo da nova evangelização. A Igreja convoca todos os catequistas a fazer uma catequese evangelizadora, ou seja, uma catequese cheia de seiva evangélica e com linguagem adaptada aos tempos e às pessoas.
Nesse sentido, o catequista que anuncia o Evangelho é aquele que já fez e continua fazendo a experiência do encontro com o Senhor. É um discípulo que se encontra no meio da comunidade percorrendo o caminho de Jesus e deseja que os outros também o façam.
A alegria de anunciar torna-se fator importante e atraente para os demais. Fiquemos atentos aos exemplos que temos dos catequistas da bíblia. Muitos foram aqueles que anunciaram Jesus Cristo e encantaram aos seus ouvintes. Isto porque eles também foram encantados com os ensinamentos de Jesus, tornando-se seus discípulos. Conhecem as histórias dos discípulos de Emaús, o cego de Jericó, Zaqueu, a mulher pecadora, a mulher adúltera, o cego de nascença e muitos outros. Todos eles encontraram com Jesus e diante de seu acolhimento e ensinamento, modificaram suas vidas.
Olhemos para nós, catequistas. Estamos nós ajudando as pessoas a realizarem o encontro pessoal com Jesus e assim, modificarem suas vidas? Vamos aprender com Jesus, nos Evangelhos. Atentos ao momento histórico em que vivemos, com seus valores e contravalores, desafios e mudanças, vamos atualizar nossas formações, conhecer melhor os textos bíblicos, buscar inspirações na Palavra do Senhor, renovando nosso testemunho pessoal, pelo anúncio do querígma e pela ação missionária, atividades estas que nos conduzem para a maturidade do discipulado.
Neuza Silveira de Souza.
Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte.