Nascido a mais de dois mil anos, numa pequena aldeia do Império Romano, Jesus viveu a maior parte de sua vida numa pequena cidade da Galileia, chamada Nazaré. Conhecendo Jesus, sua pessoa e sua mensagem, fica mais fácil conhecer seu verdadeiro projeto. Muitas vezes dizemos estar seguindo Jesus, e o fazemos no seio da Igreja católica, mas nem sempre com a fidelidade que desejamos. Na Igreja, alimentamos e celebramos a fé em Jesus Cristo e, a partir dela, procuramos viver a serviço do Reino de Deus inaugurado por ele.

Jesus, ao falar do Reino de Deus, ele o faz através de parábolas. Ele utiliza-se de muitas imagens; conta história que faz parte da vida do povo, ajuda-as a compreender a partir de comparações de fatos sobre a própria realidade de cada um.  Ele diz que o Reino de Deus se põe a favor dos que sofrem e contra o mal, pois o Reino de Deus consiste em libertar a todos daquilo que os impede de viver de maneira digna e feliz.

Algumas perguntas são convenientes para nos ajudar a perceber a importância da temática do Reino para nossa fé cristã.

Quanto a Jesus, o que chama a atenção das pessoas?

O Novo Testamento mostra como chegamos à verdadeira Vida seguindo a Palavra. A vida de Jesus é um acontecimento de tal magnitude, que sua presença viva se constitui para a experiência original cristã na figura real e palpável da revelação de Deus. Ele foi mestre e revelador com a doutrina, mas também com a sua vida: com sua total presença e manifestação pessoal, com palavras e obras, sinais e milagres, e, sobretudo, com sua morte e ressurreição gloriosa dentre os mortos. É a vida do Cristo recolhida nos evangelhos sinóticos: Mateus, Marcos e Lucas que deixa transluzir algo do que, tanto para Jesus como para seus ouvintes, teve de ser a experiência da revelação.

No desenvolver dos textos nos evangelhos, percebe-se que a principal questão dos discípulos foi, sem dúvida, a identidade profunda de Jesus. Ele mesmo chama a atenção para que seus discípulos reflitam sobre quem é ele, quando pergunta a eles: “E vocês, quem dizem que sou eu?”  E eles responderam: “uns dizem João Batista; outros Elias; outros ainda, um dos profetas”. Jesus então perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “Tu és o Cristo” (Mc 8,27-29). Também em Mateus 16, 15 a resposta de Pedro é bem conhecida. Mas, só depois da morte e ressurreição, os discípulos foram capazes de proclamar que este Jesus crucificado por nós, Deus o proclamou Senhor e Messias (At 2,36).

Jesus sempre se apresentou às realidades do seu tempo de forma bem concreta. Dirigia-se às pessoas e as situavam diante da realidade própria de cada uma. Percebia-as com seus costumes, modo de vida, vivência religiosa, seus problemas. Ele procurava conhecer a pessoa toda, em sua inteireza.

Sabemos bem que Jesus entrou na história como um homem, como um homem verdadeiro. Disso não há dúvidas e sabemos a importância de reconhecer Jesus como verdadeiro homem.

Segundo os Evangelhos, multidões se congregavam para escutá-lo. Por que essas pessoas se aproximavam dele? O que tinha Jesus que atraía e “seduzia” as pessoas? O que empurrou e motivou essas pessoas a chegarem perto de Jesus?

Houve testemunhas que viram Jesus ir ao Pai e essas testemunhas começaram a perguntar com mais insistência sobre a relação de Jesus com o Pai. Quem é Jesus para o Pai?

E hoje, que pergunta cada um de nós devemos fazer para melhor conhecer Jesus?

Não é difícil constatar, nas conversas com amigos ou com pessoas conhecidas nos círculos paroquiais e pastorais, uma dificuldade em ver Jesus como verdadeiro homem. Ele aparece, com frequência, pensado a partir de sua divindade. Como acontece essa tendência, inconsciente a maior parte das vezes? Por que as pessoas têm mais facilidade de pensar Jesus a partir da sua divindade do que a partir da sua humanidade? A afirmação de que Jesus é Deus, torna-se muito difícil e complicado chegar a pensar que Jesus é também verdadeiro homem.

Não se pensa aqui, falar de uma história da vida de Jesus. Nos Evangelhos não temos uma biografia da pessoa de Jesus. Mas temos toda sua vida missionária, suas ações e suas atitudes para com as pessoas, vivenciadas como pessoa humana.

Nesse tempo atual é propicio para realizar essas reflexões, pois acabamos de celebrar seu nascimento. O menino Deus que nasce do ventre de uma mulher e vem estar conosco, vem viver nesse mundo, no meio de nós, e vem com toda a plenitude de sua humanidade.

Muitos estudos encontramos sobre Jesus. Eles nos apresentam um Jesus, às vezes como um reformador social, ou um Jesus profeta, outros o vê como o grande mestre, outros nos apresentam como o Cristo da fé, o ressuscitado. Mas quem é esse homem Jesus que viveu no meio de nós e atraiu multidões?

Para nós cristãos é muito importante conhecer a pessoa de Jesus, pois se é nele que nos encontramos com o mistério de Deus encarnado, como não desejar conhecer como é ele, o que defende, de quem se aproxima, como se comporta diante do sofrimento do outro, como busca a justiça, como vive sua religião? O que podemos dizer sobre a pessoa de Jesus e sua mensagem, nos dias de hoje?  Conhecendo sua pessoa podemos melhor experimentar o nosso encontro pessoal com ele.

Neuza Silveira de Souza

Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte

08.01.2020