Querendo começar a dialogar com os irmãos cristãos de outras Igrejas, alguns desanimam porque a conversa acaba virando discussão sobre as divergências doutrinárias. Isso acontece porque essas pessoas tomam um caminho que não é o mais conveniente para o diálogo. Não é por aí que se começa. 

O Documento “Diálogo e Anúncio” (do Pontifício Conselho para o diálogo inter-religioso) nos inspira um caminho mais interessante, em quatro etapas. Vejam só: 

Diálogo e Vida

É a boa convivência que podemos ter com vizinhos, amigos, companheiros de trabalho, conhecidos de outra Igreja. Nesse convívio trocamos pequenos favores, conversamos, partilhamos alegrias, problemas, descobertas. Aí descobrimos que o irmão da outra Igreja pode ser ótima pessoa e talvez ele comece a pensar o mesmo a nosso respeito. 

Diálogo de ação

Diante das necessidades da comunidade, há muita coisa que cristãos de Igrejas diferentes podem fazer juntos para socorrer os que sofrem. Para fazer em conjunto uma campanha de agasalho, uma passeata para pedir posto de saúde, um trabalho de alfabetização de adultos, não é preciso discutir doutrinas. Mas esse trabalho em conjunto ajudará a perceber que o ideal que anima a todos é alimentado nas respectivas Igrejas. Cada um pode começar a descobrir que a Igreja do outro também dá bons frutos. 

Diálogo de oração

Em cerimônias ecumênicas ou nas alegrias e aflições diárias, cristãos de denominações diferentes podem unir-se em oração solidária. Isso já requer um certo cuidado com a sensibilidade e a habitual maneira de cada grupo se dirigir a Deus, mas há um vasto repertório de tradições comuns que pode ser partilhado nesta hora. Se houver verdadeiro clima de oração, dificilmente alguém será tentado a aproveitar o momento para “dar lições” ou contestar a fé do companheiro. 

Diálogo de doutrina

Se as três etapas anteriores tiverem sido bem vividas, haverá muito pouco espírito belicoso na hora de confrontar as inevitáveis diferenças. Ainda assim, esta etapa será realizada em mais profundidade pelos peritos mais preparados em cada grupo. Discutir doutrina com quem sabe pouca doutrina não é muito esclarecedor e pode dar uma falsa ideia da Igreja em questão. 

“Devagar com o andor que o santo é de barro!” – costuma dizer o povo. Isso se aplicaria ao diálogo ecumênico. É urgente e indispensável, mas precisa ser feito sem ânsia de resultado imediato, devagar, dando tempo para o Espírito do Senhor nos converter a todos.

Para refletir:

- Na sua comunidade, vocês chegam a fazer o diálogo de vida, de ação e de oração?

- De que modo isto também poderia entrar na Catequese?

Inês Broshuis

(Texto extraído e adaptado do subsídio "Diálogo e Ecumenismo" da Catequese do Regional Leste 2)

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