Onde está a salvação? 

Quando tratamos de ecumenismo, algumas pessoas ficam um pouco confusas, divididas entre a vontade de acolher o irmão de outra Igreja e um sentimento de que isso não seria exatamente uma atitude correta. 

No fundo desse mal-estar, frequentemente se encontra a idéia que cada um tem do que sejam as exigências da salvação. Em outras palavras, a pessoa raciocina mais ou menos assim: “Eu sei que é na Igreja Católica que está a salvação. Se eu aceito esta pessoa que tem outro jeito de ser cristã, não estarei me desinteressando da salvação dela? Não deveria fazer o possível para convertê-la à minha Igreja para que ele possa salvar-se?” 

De fato, se a pessoa achar que todos os não-católicos estão condenados, cortados da salvação, só lhes restam dois caminhos: lutar contra as outras Igrejas ou tentar usar o ecumenismo como uma maneira diplomática de atrair o outro para o nosso rebanho (e isso seria uma traição ao próprio espírito do ecumenismo). 

A salvação dos que não são católicos 

Já faz muito tempo que a Igreja proclamou a possibilidade de salvação dos não católicos. Mas parece que, apesar de estarmos vivendo no universo da comunicação instantânea e global, a notícia custa muito a chegar à maioria dos católicos. 

Entre outras coisas, lemos na Constituição Lumen Gentium, nº 16:

“Aqueles, portanto, que, sem culpa, ignoram o evangelho de Cristo e sua Igreja, mas buscam a Deus com coração sincero e tentam, sob o influxo da graça, cumprir por obras a sua vontade conhecida através do ditame da consciência, podem conseguir a salvação eterna, e a Divina Providência não nega os auxílios necessários àqueles que sem culpa ainda não chegaram ao conhecimento de Deus e se esforçam, não sem a divina graça, por levar uma vida reta.” 

O Concílio diz isso sobre quem nem sequer tem conhecimento da existência de Deus. Com mais razão afirmaremos a possibilidade de salvação dos irmãos que, batizados como nós, crêem em Jesus e vivem essa fé em outra Igreja, com a pura consciência de estarem fazendo o melhor para servir ao Senhor. 

Para refletir 

1. Você acha que é importante abordar a questão da salvação na Catequese? Por quê?

2. Hoje em dia, consideramos o termo “salvação” num sentido mais amplo: salvar o homem todo e todos os homens. Que dimensão acrescenta isto ao ecumenismo?

Inês Broshuis

(Texto extraído e adaptado do subsídio "Diálogo e Ecumenismo" da Catequese do Regional Leste 2)

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