Na reflexão anterior, falamos sobre a necessidade de saber escutar: escutar o outro com toda a atenção e interesse, escutar o que diz e perceber o que não diz, “escutar” o que dizem suas atitudes e gestos. Agora, vamos ver a importância de saber falar.
Um fato
Outro dia, ouvi alguém dizer: “Hoje, vou ter uma boa conversa com F. Sou franca e vou lhe falar umas verdades que ela precisava ter ouvido há muito tempo. E, se não quiser ouvir, azar dela!”
Será que é assim que se faz um bom diálogo?
Como começar?
O início de um diálogo sempre supõe uma palavra acolhedora, que coloca o outro à vontade, faz se sentir bem e levado a sério.
Depois, coloca-se a questão, o assunto, o problema, de um modo objetivo, sem deixar-se levar pelas emoções. Ou, se o convite para uma conversa vem do outro, deixe-o colocar o motivo da conversa.
Conversar, como?
Em qualquer momento do diálogo, evitemos o sarcasmo, a censura, a agressão, a ironia, ares de superioridade, desprezo... Tudo isto machuca e mata qualquer diálogo.
A conversa seja mais interrogativa. Por exemplo: “Esta é minha opinião. Mas, o que você acha? Talvez veja nosso caso de maneira diferente...”
Ou: “Gostaria que você me dissesse o que você sente diante da minha atitude, ou das minhas palavras...”
Estejamos sempre cientes de que ninguém possui a verdade inteira e que qualquer assunto pode ser visto sob diferentes aspectos. Ninguém é igual em sentir e pensar. Não podemos exigir que o outro pense e sinta igual a nós.
Já vimos que é necessário ser humilde, aceitando que o outro possa ter razão e quem deve mudar talvez seja eu. O verdadeiro diálogo sempre faz crescer ambas as partes. Nunca faz de alguém o vencedor.
O diálogo supõe que saibamos reconhecer as razões, os motivos, os sentimentos do outro, que saibamos pedir perdão se for necessário, que saibamos agradecer a confiança que o outro depositou em nós abrindo-se para nós.
Só chegaremos a “falar” do modo certo, se procurarmos entender os sentimentos, as razões, os motivos do outro, com a firme vontade de acertar o passo para um melhor relacionamento.
Inês Broshuis
(Texto extraído e adaptado do subsídio "Diálogo e Ecumenismo" da Catequese do Regional Leste 2)