Você já observou uma criancinha de colo, quando a mãe lhe fala, às vezes com o rosto bem próximo ao da criança? Olhos nos olhos, todo o seu ser está concentrado em captar a comunicação que se estabelece além das palavras. A criancinha escuta!
Você sabe escutar?
Para a criancinha, naquele momento de intensa comunicação, só existe a mãe e o que ela lhe fala.
Ao darmos o quarto passo na arte do diálogo, também precisamos fazer assim: todo o nosso ser deve estar concentrado no ato de ouvir. Ouvimos com nossos ouvidos, mas nosso interlocutor só vai perceber isso se nossos olhos estiverem pousados nele.
Quando alguém nos fala, quer ser ouvido. Acolhamos sua mensagem com todo o nosso corpo, voltemo-nos para ele atentos. Que nossa atitude lhe diga: “Neste momento, você e sua palavra são o mais importante para mim”. Quem se sente acolhido, fica encorajado a se comunicar aberta e sinceramente.
Ouvir e escutar
Estamos rodeados de sons o dia inteiro. Eles nos atingem e nós os ouvimos, mas nem sempre tomamos consciência deles.
Quando alguém nos dirige a palavra, é mais um som que nos alcança. Mas difere dos outros, porque é um ser humano que nos faz um apelo. Pede uma resposta. Resposta que nem sempre precisa ser dada com outra palavra, mas com nossa acolhedora atitude de escuta. Escutar, isto é: ouvir atenta e conscientemente.
Nosso ato de escutar seja tão atento que possa bem acolher a comunicação emitida, até além das palavras: pelo gesto, pelo olhar, pelos sentimentos expressos através da postura e do semblante de nosso irmão.
Acolher - eis o segredo para bem escutar.
Jesus, à beira do poço, escutou a samaritana. Escutou Nicodemos, à noite. Em qualquer circunstância, tempo e lugar, Jesus sabia escutar. Até na cruz escutou e acolheu. Aprendemos com ele.
Saibamos escutar inteira e amorosamente o nosso irmão que nos fala, que nos oferece sua palavra e espera nossa escuta.
Para refletir:
Para saber escutar é preciso saber calar. Você já descobriu aquilo que impede você de escutar o outro? Às vezes, temos “barulhos” dentro de nós mais fortes que os sons de fora...
Exercite a escuta também com seus catequizandos. Convide-os a escutar uma mensagem, fazendo “silenciar” todo o corpo, através de uma postura tranqüila, atenta. Depois, peça para tentar transmitir, o mais fielmente possível, aquilo que conseguiram captar.
Inês Broshuis
(Texto extraído e adaptado do subsídio "Diálogo e Ecumenismo" da Catequese do Regional Leste 2)