Para início de conversa, uma pergunta

Qual foi o dia, ou quais foram os momentos mais felizes na nossa vida? 

Pensando bem, geralmente foram os momentos em que chegamos a uma profunda comunicação com alguém, a um encontro em que, reciprocamente, houve uma partilha de sentimentos e emoções, em que tivemos a coragem de tirar as máscaras e de ser nós mesmos. Você já teve uma experiência assim? Por que você se sentiu tão feliz?

O mistério dos nossos sentimentos

Em tudo que fazemos, pensamos ou dizemos, os sentimentos têm influência. O sentimento é algo que não se tem na mão. É involuntário. A gente “sente” espontaneamente ódio, repugnância, simpatia, raiva, ciúme, amor... Não quer dizer que a gente se entrega aos sentimentos. Ao tomar consciência deles, toma-se uma atitude de aceitação ou de rejeição. Não devemos “alimentar” os sentimentos negativos. mas o primeiro impulso é espontâneo.

Os sentimentos e o diálogo 

No diálogo, devemos respeitar os sentimentos do outro, procurar entendê-los. Devemos dar ao outro o direito de sentir e de expressar seus sentimentos diferente de nós. Deve haver este espaço dentro de um clima de amor e compreensão. Quando alguém se sente amado e valorizado, mais facilmente expressará seus sentimentos, o que beneficiará o diálogo. E devemos ter muito cuidado em não machucar o outro e provocar sentimentos negativos diante de nossas palavras e atitudes. Se “pisamos” nos sentimentos do outro, o diálogo fracassou de vez!  

(Quando ambas as partes estão envolvidas emocionalmente, de um modo muito forte, é aconselhável haver uma terceira pessoa, neutra no assunto, para conduzir o diálogo de um modo objetivo e mais tranquilo.) 

Ter a coragem de tirar as máscaras 

Todos usamos, de certo modo, uma máscara; uns mais, outros menos. Não nos damos facilmente a conhecer como somos ou o que pensamos. Mostramo-nos seguros, autossuficientes, autoritários, até virtuosos, mas, lá no fundo, somos inseguros, medrosos, conscientes de nossos fracassos e falhas. Não queremos mostrá-los, nem admitimos que os temos.

Por que temos tanto medo de mostrar o que somos, por que tanto medo de partilhar nossa vulnerabilidade, nossos medos e fraquezas? Por que é tão difícil admitir nossa insegurança, deixar correr as lágrimas, sermos nós mesmos? Por que tanto medo de dar, ou receber, afeto e carinho? 

Quando estamos dispostos a partilhar todo o nosso “eu”, estamos realmente nos comunicando. Reconhecer nossa fraqueza tem um efeito positivo sobre o outro. O fato de eu tirar a máscara, vai inspirar o outro a fazer o mesmo. 

É claro que isto pode acontecer somente num clima de muito amor, de profunda amizade. Mas é o caminho indicado para o diálogo na profundidade, para a comunhão interpessoal que faz felizes e que faz crescer aqueles que se arriscam a fazê-lo.

Inês Broshuis

(Texto extraído e adaptado do subsídio "Diálogo e Ecumenismo" da Catequese do Regional Leste 2)