Não há dias iguais, por isso não podemos deixar-nos cair na aparência de uma qualquer monotonia do tempo. 

As pessoas mudam, revelam-se, deterioram-se e também se aperfeiçoam. Quase sempre de forma muito suave e subtil. Quem julga que conhece o outro está sempre enganado, porque nem sobre nós mesmos devemos ter grandes certezas. 

Por tudo isso, importa que olhemos sempre o outro como se fosse a primeira vez. Até porque talvez o mais importante seja o que mudou desde ontem e não tudo o que se mantém.

Amar implica afirmar com clareza o que necessitamos e como nos sentimos. Não esperando que os outros compreendam bem o que não expressamos. Assim também devemos nós esperar as indicações do outro para saber o que precisa e o que se passa no seu íntimo. 

Será sempre mais sábio e eficaz esperar pelo que o outro nos diz do que nos pormos a decifrar e a elaborar teorias a partir de sinais não evidentes. O amor não dá capacidades telepáticas a quem se ama. Mais, pensamentos e sensações, por mais intensos que sejam, não são o mesmo que factos, nem têm sequer de ser verdadeiros ou justos, ainda que eu os sinta como tal.

Por outro lado, importa estar atento à verdade do tempo.

A vida é cheia de surpresas, pelo que ninguém deverá ter grandes certezas a respeito do amanhã. Gerir o tempo como se ele fosse um recurso certo e inesgotável pode ser desastroso. Amar é uma dádiva plena, um caminho que se faz passo a passo. Amar é dar-se todo em cada momento, de acordo com o outro e conosco. Sem julgar que teremos um futuro imenso por diante.

Quem ama deve agir de acordo com isso. Os que são um mistério para os outros acabam por tornar-se um quebra-cabeças para si mesmos. As pessoas mais reservadas vivem fechadas em prisões emocionais que elas próprias ergueram.

Quem se esconde dos outros afasta-se de si. A confiança e a intimidade constroem-se através da partilha clara do que vai no coração e na razão de cada um. 

Amar alguém é único. Sempre novo. A cada dia e a cada hora. Aprendendo sempre. 

Amar alguém é aprender a amá-lo.

José Luiz Nunes Martins

28.06.2019

In: imissio.net