As buscas não param! O movimento parece menor, mas enquanto houver algum desaparecido: trabalhos de busca. Entre restos e destroços ainda aparecem documentos, máquinas, objetos os mais diversos. Tudo perdido, levado, arrasado.

De repente: Um corpo! Mais um, diminuindo a lista dos desaparecidos. Mais uma esperança para aliviar o coração de quem ainda não teve notícias dos seus mortos. Mais um alento ao coração sufocado pelo medo. Mais um corpo para ser investigado, pesquisado, localizado, e agora congelado, enquanto é comparado às listas de informações dos registros de desaparecidos. 

“Aquele corpo é de quem? Aquele corpo quem é?”

“Na madrugada daquele dia”, enquanto todos ainda estavam adormecidos, o grito da mulher, apaixonada, que corre ao túmulo para chorar a saudade de seu amado, dizia: “Tiraram o corpo do meu Senhor, e não sabemos onde o colocaram?” O apelo era justo: um corpo roubado, desaparecido, levado sem informações claras. A inquietação era um incômodo angustiante. Muito medo, insegurança, sentimentos confusos e vazios. Não encontrar o corpo, não tocar, ver, despedir da materialidade para abrir-se ao sentimento mais humano, mais profundo, mais íntimo. 

Aquele corpo era do Mestre. Aquele corpo havia sido preparado, guardado, sepultado com honras. E mesmo depois de desaparecido, seu sumiço trouxera uma expectativa de que algo de extraordinário poderia estar a acontecer. Havia sumido, podia ter sido roubado, levado para o desconhecido, mas Sua história tinha capítulos imprevisíveis, transcendentes e transformadores. O que vem depois estamos vivendo na fé até hoje. 

E quando, hoje, um corpo é encontrado sem nome e identidade, tendo sido claramente levado pela ganância que arrasa com a vida e com os sonhos, de quem é? Quando um corpo é chorado porque pode ser de tantos que não são encontrados e soma-se à lista de tomados pelo medo, pelo silêncio, pelo sufocamento das esperanças: esse corpo é de quem?

Vem chegando a festa do Corpo Vivo! Do corpo dado em alimento sobre a mesa que querem dominar como privilégio de alguns. E Ele continua se oferecendo como sustento dos que esperam seus corpos valorizados. Ele continua, corpo vivo, pão de forças para os corpos cansados, tristes, desprotegidos, desencontrados. Ele conhece, sabe, identifica-se com nosso corpo porque sabe quem somos e escolheu nosso corpo para vir habitar e realizar seu plano de amor.

Pe. Evandro Alves Bastos