Quando a crise está mais forte e as dores da vida parecem incontroláveis, renasce simultaneamente o desejo de uma vida nova. Os sinais de desânimo estão muito evidentes e ao mesmo tempo, a esperança parece ganhar uma força nunca antes experimentada. O medo evidencia traços de uma violência gritante, e projetos de resistência, renovação da fé e do entusiasmo pela defesa da vida, dão sinais de que somos capazes de muito mais. 

O ciclo é estranho. No entanto, é muito forte! Observo como nesses últimos meses, ou melhor 100 dias, enquanto a crise política toma conta das preocupações e noticiários, voluntários organizam campanhas para salvar um hospital. Enquanto 80 tiros eram disparados, “por acidente”, o Observatório Social percorre comunidades com uma mensagem de compromisso e transformação. Ao mesmo tempo que as notícias de feminicídio davam sinais da sociedade machista em que vivemos, o projeto “Marinas” nasce sincronizando a esperança de que podemos salvar vidas. Se por um lado uma professora, representando boa parcela da sociedade brasileira, discrimina o aluno negro, politizado e maduro na sua reflexão que não aceita descaracterizar a história, os bombeiros que deram amor e esperança em Brumadinho, atravessam o oceano para chegar a Moçambique no desejo de ajudar.

Não posso desanimar!     

A vitória da manhã de domingo é fruto do enfrentamento corajoso e da confiança de que valerá, ir até o fim. O medo, pode passar pela porta do coração, mas não pode armar sua tenda aí. O vazio, até costuma fazer-nos uma visita, mas não pode ser hóspede que ocupa o quarto da esperança em nossa morada interior. A angústia, chega muito perto da casa dos sonhos de justiça e paz, porém não tem a chave para tomar posse da mansão do Amor.

Páscoa: é vida nova!

Manhã de luz: tendo enfrentado sombras e trevas.

Abraço forte: depois de sentimentos de temerosa solidão.

Brotos novos: após violenta poda.

Canção de festa: entre lágrimas de dolorosa memória.

Saudade viva: quando o momento foi profundamente marcante.

Memória brilhante: ainda que a tortura pressione o esquecer.

Mesa farta: como resultado da partilha e da comunhão.

Mudança de olhar: consciente da dureza do chão.

FELIZ VIDA NOVA!

Pe. Evandro Alves Bastos   

16.04.2019