Parece tão estranho quando O Mestre da misericórdia apresenta um discurso fundamentalista, dura, radicalista. Soa mal aos ouvidos a palavra Dele usando imperativos autoritários e endurecidos. Choca escutar punições de lábios tão ternos de poesia e encantamento. Fica parecendo uma contradição do discurso ou da pessoa. Será uma perda da referência amorosa para manifestar algum tipo de desvio de conduta? Ou será um momento de stress e os ânimos se descontrolaram para sair um discurso assim?
Nem isso...nem aquilo! No Evangelho do próximo domingo, quando nossa comunidades estarão festejando o Dia da Bíblia, ouviremos Jesus disposto a mais atitudes de acolhimento, de cuidado, de proximidade e zelo pela vida. O que parece dureza revelará uma carinho pedagógico e novas orientações para que a vida resplandeça e plenifique. Ainda que para isso, seja preciso ser mais duro no ajustamento das escolhas e mudanças para nosso bem.
Sempre que as pessoas estão muitos perdidas e sem referências internalizadas e valores seguros e libertadores, a tendência ao autoritarismo vai surgir. Ao longo da história a humanidade manifestou esse limite. O perigo é imenso: um ditador com roupagem angelical pode servir como referencial acabado e garantido. É mais fácil projetar para um ‘salvador externo’ que trabalhar nossas podas consciente e transformações internas. Isso aconteceu com os discípulos da primeira hora. Querem mandar calar quem faz o bem em grupo diferente. Jesus então vai reprimir sabendo que estamos juntos no caminho do plano da plenitude, mesmo quando nossos passos são diversos.
Depois, Ele segue chamando atenção para algumas podas e cortes profundos que vamos precisar fazer para brotar vida nova e garantir a realização do Plano de Deus em Seu amor por nós. Afirma que não servirá ficar no nível médio, fazendo de conta. Para libertar-se profundamente: arranca, joga fora aquilo que está aprisionando e mantendo o velho homem para garantir a vida liberta que Ele veio proclamar.
Então, terminando o mês da Bíblia, em tempo primaveril, e às vésperas das Eleições no Brasil: Melhor será escolher um candidato de soluções mágicas? Um ditador, que seja referencial para as questões que não estamos dando conta de resolver? Vamos colocar tudo nas mãos de um? Ou, podemos fazer algumas podas, amputações e cortes para deixar brotar vida nova?
Pe. Evandro Alves Bastos
26.09.2018