Algumas indagações

Muita gente quer saber como ser ecumênico. Perguntam: O que é que se faz nesse campo? Que métodos usaremos? Que atividades são recomendáveis? Dizendo de outra forma, querem saber quais são as ações, as estratégias desse novo campo pastoral. 

São indagações razoáveis. É importante saber o que fazer. Mas o ecumenismo de fato não é um conjunto de ações. É muito mais um modo de entender a própria fé. É, basicamente, um tipo de espiritualidade, se entendemos como espiritualidade aquele “filtro” através do qual vemos e interpretamos pessoas e acontecimentos.

Ser ecumênico exige conversão

Não há prática ecumênica que funcione quando não se é ecumênico de fato, sinceramente, do fundo do coração. Enquanto a conversão não nos transformar em pessoas que querem paz, que se despem de preconceitos, que se alegram com o bem praticado pelo outro, qualquer ato ecumênico pode ser dominação diplomaticamente disfarçada. Muitos irmãos evangélicos desconfiam do nosso ecumenismo. Supõem que queremos vencê-los com a simpatia em vez de tentar dominá-los pela força. Infelizmente, alguns católicos confirmam esses receios dos irmãos, pretendendo usar o ecumenismo como meio dissimulado de conquista.

Como chegar a um só rebanho e um só pastor

O Papa João Paulo II dizia que a oração é a alma do ecumenismo e que, nessa oração, deve-se pedir a conversão de coração. Vejam bem: não é conversão dos outros à nossa Igreja; é conversão do coração de todos, católicos e não católicos, ao projeto de Jesus. Queremos um só rebanho e um só pastor? Sim, mas isso não significa necessariamente uniformidade e – é bom não esquecer – o único pastor em questão é Jesus. Ele é maior do que tudo que nos pode separar. E, unidos nele, podemos até ser diferentes no que não for essencial, enriquecendo o cristianismo com modos variados de viver a fé. 

Ser ecumênico é estar no caminho da santidade

Para um projeto desse tipo, é preciso cultivar algumas qualidades fundamentais: humildade, amor à verdade, despojamento, gratuidade, ternura fraterna, partilha desinteressada, lealdade, sinceridade, pureza de intenções, discernimento, carinho com a própria identidade de fé (é amando nossa Igreja que vamos compreender o amor que o outro tem à sua própria comunidade de fé). Teremos também que nos livrar de alguns vícios: apego ao poder, vaidade, egoísmo grupal, triunfalismo, preconceitos, orgulho, manipulação da verdade em favor dos nossos interesses ocultos ou declarados.

Não é difícil perceber que, com ou sem ecumenismo, cultivando essas qualidades e vencendo esses defeitos, estaríamos num magnífico caminho de santidade. E isso, afinal, é a melhor meta que pode ter um cristão, em qualquer Igreja. 

- Que significa, na prática do ecumenismo, ser um só rebanho e um só pastor? Quem é o Pastor?

- Na Catequese, formamos as “virtudes ecumênicas” descritas aqui?

 

(Texto extraído e adaptado do subsídio "Diálogo e Ecumenismo" da Catequese do Regional Leste 2)