A arte do diálogo
Quem se propõe a praticar ecumenismo tem que ter condições de viver autenticamente a arte do diálogo. Nem sempre as pessoas conseguem conduzir bem um diálogo, seja com os irmãos de outra Igreja, seja com colegas de trabalho, seja até mesmo na própria família. Às vezes, aquilo que chamamos de diálogo acaba sendo outra coisa que, em vez de facilitar o relacionamento, acaba atrapalhando.
Vamos expor aqui algumas atitudes que perturbam o diálogo ecumênico. Recordando nossas próprias experiências, podemos acrescentar outras situações de impasse a esta lista de obstáculos.
a) Chamar de diálogo o que, de fato, é monólogo
Diálogo inclui calar e ouvir, mas trata-se de ouvir mesmo, de verdade, procurando entender as razões do outro.
b) Apresentar-se na defensiva, partindo do pressuposto de que o outro está mal-intencionado.
Sem uma certa boa vontade não há diálogo possível. Para começo de conversa, teremos que admitir que o outro usa de boa fé, até prova em contrário.
c) Substituir conhecimento de causa por preconceitos
O que sabemos sobre o outro? Como adquirirmos esse conhecimento? Fica difícil ter uma opinião correta sobre os irmãos de outras Igrejas se tudo que sabemos a respeito deles foi aprendido em polêmicas onde eles eram atacados e nos atacavam. Que tal ouvir com caridade o que eles próprios têm a dizer a respeito de sua fé?
d) Querer resolver em minutos problemas que têm raízes na história de muitos séculos
Nossas divergências estão bem plantadas na educação que recebemos. Muitas gerações cresceram ouvindo que o outro não era verdadeiro cristão. E não houve apenas calorosas discussões ao longo da história; houve guerras religiosas, correu sangue dos dois lados. Resumindo: há muito pecado cimentando a briga. Portanto, agora temos que ter paciência para corrigir o relacionamento que levamos tanto tempo estragando.
e) Começar por aquilo que nos separa
O que nos une é maior. É o próprio amor que todos temos a Jesus. Isso dá um excelente começo de conversa.
f) Despreparo em relação à doutrina da sua própria Igreja
Muitos católicos defendem a Igreja com argumentos que não têm mais (ou nunca tiveram) apoio naquilo que a própria Igreja ensina. Com isso se perdem na conversa e dão ao outro uma imagem errada a respeito da nossa identidade de fé. Ecumenismo é tarefa para quem sabe das coisas.
g) Espiritualidade deficiente
Não existe nada mais cativante do que a santidade. Fica muito difícil brigar com quem é transparência de Deus. Quem não cultiva a própria santidade dá ao outro uma triste ideia dos frutos que sua Igreja é capaz de produzir.
Para refletir
- No nosso diálogo ecumênico, quais os erros que mais cometemos?
- Vamos reler a letra g e comentar o texto.
(Texto extraído e adaptado do subsídio "Diálogo e Ecumenismo" da Catequese do Regional Leste 2)