Os gestos e símbolos na celebração

 

“O gesto feito com amor também é uma oração”. Ele pode ser um importante elemento para a oração e expressão de dimensões fundamentais da liturgia: louvor, ação de graças, perdão, alegria, etc. Na hora certa e do jeito certo, o gesto traduz sentimentos e idéias de maneira direta e simples, o que torna a celebração mais bonita e proveitosa.

 

Certos exageros ou repetições mecânicas e impostas de gestos acabam por tornar a missa monótona, enfadonha e até vazia de sentido. Por isso é importante entender a dimensão gestual como algo que brota do coração e não das convenções. É de dentro pra fora que vem o seu sentido. Quem cuida da animação precisa perceber quais são os gestos que melhor traduzem o jeito de ser daquele determinado grupo de crianças e melhor ajudam na oração. Procure, ainda, não “congestionar” a liturgia com gestos, mas valorizar alguns deles, os mais expressivos. Certos gestos, que parecem ter sentido óbvio para nós, nem sempre são compreendidos pelas crianças. Ficar em pé ou sentado para ouvir o Evangelho, para muitas delas, é a mesma coisa! Levantar as mãos, ajoelhar, apertar a mão do seu companheiro, caminhar em procissão, olhar para a mesa do altar ou para o ministro, bater no peito, e outros gestos carecem de uma  profunda iniciação.

 

Quanto aos símbolos, que haja uma preocupação de valorizar e acentuar o sentido daqueles que já são próprios da Missa, o que depende de uma catequese litúrgica sistemática. Outros poderão ser acrescidos, desde que o tema ou momento da celebração assim os exijam. Nunca, entretanto, um símbolo pode ser totalmente estranho ao universo da criança. Seja, na medida do possível, natural, verdadeiro, bem visível e que fale por si mesmo, dispensando explicações!

 

O espaço celebrativo

 

O espaço onde a celebração da Missa acontece - seja ele o templo, salão paroquial ou outro adaptado - deve favorecer a dimensão da comunhão e do amor que une os celebrantes entre si e os aproxima da Palavra e da mesa do Corpo e Sangue do Senhor. É preciso que o ambiente seja pensado de tal modo que favoreça o envolvimento das crianças, evitando-se a dispersão. A cadeira do presidente, o ambão da Palavra e a mesa do altar devem estarem destaque. Oquanto possível, estejam as crianças próximas dessas referências maiores. É recomendável que haja um trabalho de acolhida das crianças, para que elas ocupem os primeiros bancos e não se percam nas grandes igrejas, o que comprometeria sua efetiva participação, mas sem arrancá-las à força da presença de pais e outros acompanhantes.

 

O recurso das histórias

 

Todos gostam de histórias, crianças e adultos, ainda mais se elas forem encenadas ou traduzidas numa linguagem áudio-visual agradável. Nossas crianças, acostumadas aos filmes, games e outros recursos da avançada tecnologia, exigem cada vez mais uma linguagem plástica e simbólica. E a história pode ir ao encontro dessa exigência, desde que trabalhe com o imaginário e atualize a linguagem à compreensão e gosto dos ouvintes. É um excelente recurso para comunicar a mensagem da Palavra de Deus proclamada na Missa. Entretanto, não substitui a homilia, mas pode ilustrá-la e enriquecê-la.

 

Contar histórias ou interpretá-las é uma arte, e como tal necessita de pessoas preparadas para a tarefa. Um grupo bem organizado na comunidade poderá se especializar nessa função e colaborar imensamente na dinamização das celebrações com as crianças.

 


Pe. Vanildo Paiva

Especialista em Catequese e Liturgia

01.03.2013