Ausente por um ano, ele chega macio,
passos de camurça sobre chão quente.
Veste de dourado a terra ainda suada
do ardor inclemente da estação passada.
Traz o azul das telas de Ticiano
como pano de fundo para a hora da prece.
Pálpebras de sono,
a tarde se aquieta, a lua cresce.
Adormece o dia no colo de outono.
 
Flora Figueiredo
de Páginas viradas de um abril qualquer
Imagem: pexels.com