O Fermento de Deus
Os que se afadigam com duros fardos,
Os que esgotaram entre canseiras sua porção:
Como ramo que reverdece terão ainda vigor.
Os de ânimo abatido levantarão o olhar;
Uma estrela guiará nossos passos dispersos:
Não mais seremos expostos à solidão.
Ao que chora será dito: <<alegra-te!>>
Ao da margem alguém gritará:
<<junta-te ao júbilo da dança!>>
Os que lamentam tesouros gastos
Reaprenderão a esperar pelo orvalho.
E em qualquer canto da terra,
Quem reparte a vida e a beleza
Será chamado o fermento de Deus.
(D. José Tolentino Mendonça)