O filme conta a história de Babette, a empregada da casa das filhas de um pastor protestante. Este pastor, falecido há muitos anos, “fundou” a vila e “moralizou” toda a vida dos moradores. Os costumes são rígidos e a vida é dura e difícil.

 

Babette é a cozinheira da casa. Um dia recebe a notícia de que ganhou na loteria e pede para fazer um jantar para as patroas e os moradores, membros da Igreja. Proposta aceita, Babette encomenda os ingredientes e organiza um belo jantar que transforma a vida da pequena vila.

 

Babette traz para a vila a beleza, as delícias, a delicadeza. Ela usa todo o dinheiro que recebeu para preparar o jantar. É a gratuidade em pessoa. Ela se dá, em tudo o que faz. Só tem um objetivo: transformar a vida endurecida dos moradores e o faz através do trabalho em que é especialista. Prepara cuidadosamente todos os ingredientes e pratos, quer provocar o prazer, os sentidos, a delícia do viver. E consegue. Na medida em que os pratos são servidos, o filme mostra a transformação nos rostos das pessoas.

 

O que motiva Babette a oferecer o jantar? O prazer de ver os olhos brilhando, a alegria e a vida voltando... O prazer de dar-se gratuitamente.

 

Para a nossa catequese o filme inspira pensar o catequista como aquele que “prepara” e oferece “pratos” saborosos, que modificam a vida das pessoas e da comunidade cristã. Os pratos saborosos são “a mensagem cristã” (o Encontro com Jesus Cristo e sua proposta). E, na medida em que vai sendo “servida”, essa mensagem provoca mudança na vida, no jeito de ser e de viver.

 

O que motiva o educador da fé cristã? O prazer, a alegria de ver alguém enxergando a vida com outros olhos. Todos os desafios são esquecidos quando se constata que alguém “nasceu de novo” e aprendeu a ver o mundo com outro olhar porque se apaixonou por Jesus Cristo e sua proposta.

 

“Quem pensa que a comida só faz matar a fome está redondamente enganado. Comer é muito perigoso. Porque quem cozinha é parente próximo das bruxas e dos magos. Cozinhar é feitiçaria, alquimia. E comer é ser enfeitiçado. Sabia disso Babette, artista que conhecia os segredos de produzir alegria pela comida. Ela sabia que, depois de comer, as pessoas não permanecem as mesmas. Coisas mágicas acontecem. E desconfiavam disso os endurecidos moradores daquela aldeola, que tinham medo de comer do banquete que Babette lhes preparara. Achavam que ela era uma bruxa e que o banquete era um ritual de feitiçaria. No que eles estavam certos. Que era feitiçaria, era mesmo. Só que não do tipo que eles imaginavam. Achavam que Babette iria por suas almas a perder. Não iriam para o céu. De fato, a feitiçaria aconteceu: sopa de tartaruga, cailles au sarcophage, vinhos maravilhosos, o prazer amaciando os sentimentos e pensamentos, as durezas e rugas do corpo sendo alisadas pelo paladar, as máscaras caindo, os rostos endurecidos ficando bonitos pelo riso, in vino veritas... Está tudo no filme A Festa de Babette. Terminado o banquete, já na rua, eles se dão as mãos numa grande roda e cantam como crianças... Perceberam, de repente, que o céu não se encontra depois que se morre. Ele acontece em raros momentos de magia e encantamento, quando a máscara-armadura que cobre o nosso rosto cai e nos tornamos crianças de novo. Bom seria se a magia da Festa de Babette pudesse ser repetida...” R.Alves

 

É possível ter acesso ao filme pela internet (veja acima).

 

Lucimara Trevizan

Equipe do "Catequese Hoje"

15.11.2012