Nos primeiros séculos do cristianismo, Batismo, Crisma e Eucaristia constituíam na Igreja uma unidade. Como já vimos, são chamados Sacramentos da iniciação pelos quais o novo cristão se integrava na comunidade dos seguidores de Cristo.
Na Igreja Oriental, até hoje, Batismo, Crisma e Eucaristia constituem uma unidade inseparável. A separação na Igreja Latina se deu por razões de ordem prática, não de ordem teológica. O cristianismo propagou-se principalmente nas cidades. Cada comunidade urbana era presidida pelo bispo, auxiliado por seu presbitério e pelos diáconos. No Batismo-Crisma, os presbíteros, diáconos e diaconisas batizavam, enquanto o bispo realizava a unção pós-batismal.
A celebração se realizava na Vigília da Páscoa. À medida que o cristianismo se expandia pelas regiões rurais, tomava-se impossível a presença do bispo nas celebrações da Vigília Pascal nas paróquias. Havia duas possibilidades de solucionar o impasse: delegar toda a celebração ao presbítero ou deixar a unção por parte do bispo para outra oportunidade, quando a pessoa viesse à cidade ou o bispo visitasse as comunidades. A Igreja do Oriente preferiu a primeira alternativa e a Igreja Latina, a Segunda solução.
Com a separação perdeu-se, na Igreja Latina, ao passar dos séculos, a consciência da unidade dos três sacramentos. Quando, no século XII, se inicia a reflexão explícita sobre os sete sacramentos, a teologia busca o sentido para a Crisma, sem levar em conta a sua unidade com o Batismo e a Eucaristia. Aparecem duas perspectivas: a primeira (Séc.V) afirma que a graça específica da Crisma consiste em tornar-se soldado de Cristo. A Crisma será, então, a investidura do cavaleiro de Cristo (daí o conhecido "tapa" que o bispo dava no rosto do crismado depois de ungí-lo). A outra(Séc.IX) vê o específico da Crisma na capacitação para a profissão de fé pública e para o testemunho.
Há ainda outra modalidade, também tradicional, de explicar a Crisma. Há fases etárias e circunstâncias na vida humana que são experimentadas como decisivas ou perigosas. Todas as religiões as ritualizam. Tais o nascimento, a puberdade, a idade adulta, o casamento, a morte... Muitos talvez considerem mais fácil explicar a Crisma a partir da fase de idade em que hoje é administrada. Encontram apoio em S Tomás de Aquino.
Na pastoral da Igreja Latina, a separação entre Batismo e Crisma, introduzida por razões práticas, acentuou-se com a generalização do Batismo de crianças e tomou-se ainda maior pela prática da Primeira Comunhão de crianças, introduzida por Pio X, em 1910. Por motivos pastorais, em vez da ordem dos sacramentos da iniciação (Batismo-Crisma-Eucaristia), dá-se normalmente uma ordem diferente (Batismo - Penitência - Eucaristia - Crisma). No Batismo de adultos, segue-se, normalmente, a ordem original: Batismo - Crisma - Eucaristia.
(CNBB. Orientações para a Catequese da Crisma. Estudos da CNBB nº 61, São Paulo, Paulinas, 1989)