A Iniciação cristã 

Iniciação cristã significa o processo seguido para conhecer e participar na vida da comunidade cristã que é a Igreja. O homem se sente atraído por essa comunidade que lhe oferece seu mistério: o projeto de salvação que Deus realizaem Jesus Cristo. Segundo a tradição, "iniciar nos mistérios cristãos" quer dizer "iniciação no Verbo". Como na experiência humana e religiosa, também aqui a linguagem adequada é a simbólica. 

Desde os tempos mais antigos a Igreja reconhece o Batismo, a confirmação e a Eucaristia como etapas indispensáveis da caminhada necessária para se ingressar na comunidade e, dentro dela, se vivenciar o Cristo: é por isso que estes sacramentos têm o nome de sacramentos de iniciação cristã. 

Os sete sacramentos, como expressões e alimento da fé, introduzem os homens no mistério de Cristo e da Igreja. Em sentido amplo pode-se afirmar que os sete “iniciam no cristianismo". Há, porém, três sacramentos chamados de "'iniciação", porque se celebram no processo seguido para que o homem, movido pela palavra, professe publicamente sua fé e participe da vida da comunidade dos fiéis. Estes sacramentos são o Batismo, a Confirmação e a Eucaristia.

 

 

BATISMO: entrada na comunidade de Jesus Cristo 

Para entendermos o sacramento do Batismo, devemos partir do Batismo dos adultos. No início da Igreja, só se batizam os adultos. Até o século V, o batismo de crianças era exceção. 

Aqueles que se impressionavam com a pregação sobre Jesus Cristo e eram atraídos pela vivência da comunidade cristã, pediam para serem admitidos como membros dessa comunidade. 

Podemos observar que essas pessoas já tinham sido tocadas pela graça antes de serem batizadas. O Espírito Santo já operava nelas. Já haviam passado por uma "conversão", querendo mudar de vida, deixando para trás os costumes pagãos e viver uma vida fraterna no meio da comunidade.

O Batismo era administrado depois de longa preparação. Em determinadas épocas, essa preparação levava até três anos. 

No início o Batismo era de submersão. Isto tinha um significado profundo: submergir na água quer dizer: afogar, morrer: morrer ao pecado, converter-se. 

Mas a água não simboliza só morte. Também é sinal de vida. O batizando saía da água como um homem novo, de vida nova, a vida de Cristo Ressuscitado (Cf. Rm  6,3-4). 

A água também simboliza o Espírito Santo (Cf. Jo 7,37-39) que atua no cristão.

No Batismo também nós fomos tocados pelo Espírito e inseridosem Jesus Cristo. Somosenxertados nele, assim como se enxerta uma planta (Cf. Rm 11,24). Jesus diz que ele é a parreira e nós somos os galhos. Assim como os galhos morrem quando são cortados do tronco, assim também nós não podemos viver sem Cristo. 

Ser batizado é fazer uma opção de vida: optar por Jesus Cristo; viver, julgar, agir, amar como ele. 

Sendo incorporados em Cristo, nós nos tornamos irmãos dele e filhos do Pai, de um modo novo. Podemos dizer que todo ser humano, também aquele que não é batizado, é filho, criatura de Deus, porque veio de suas mãos. Mas o batismo nos faz filhos de um modo novo, mais consciente, mais profundo. Faz-nos irmão de Cristo e por sermos irmãos dele, somos filhos do Pai pela fé e irmãos entre nós. 

O Batismo perdoa os pecados. Deus se esquece do que se passou, insere o homem em Cristo e espera dele, doravante, muitos frutos. Na Igreja primitiva o batismo é chamado "iluminação" e os recém-batizados “neófitos”. Foram introduzidos na vida cujo símbolo é a luz.  

O Batismo de Jesus 

Na Bíblia lemos que Jesus também foi batizado. Os Evangelistas mostram assim a missão de Jesus. Lembram os textos do Antigo Testamento(Cf.Is 42) e vêem no Batismo de Jesus a realização dessas profecias. Jesus é aquele servo de Javé que vai servir até a morte.

O verdadeiro Batismo de Jesus é a sua morte, doação total ao Pai e aos homens. Assim deve ser para nós o Batismo: sinal do Batismo final, a nossa morte. Sinal da nossa missão: servir até o fim. O Batismo é o início; a morte a consumação. 

Como no batismo de Jesus, também no batismo cristão ouvimos a voz que nos diz: "Tu és meu filho". Neste sacramento recebemos o Espírito que nos permite invocar a Deus como Pai. E o novo nascimento da graça. Todo esforço moral do batizado e sua generosa resposta se situam no interior e como fruto da graça batismal. A oração do cristão será o "Pai nosso", como seu batismo de cada dia. 

A celebração batismal proclama simbolicamente que Deus, por amor, liberta, purifica e dá a vida.  

Em função do reino 

O Batismo em "nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" quer dizer: Deus é comunidade de pessoas que se constituem por uma relação de amor. O batismo significa o compromisso de viver as relações com os outros num amor solidário. O batizado é chamado a viver a solidariedade sem fronteiras, superando toda mentalidade sectária.

O batismo supõe conversão. A renúncia batismal implica uma prática de ruptura contra essa mentalidade mundana que discrimina e mata, criando divisão entre os homens. O batizado se compromete construir relações de fraternidade, ser sinal do Reino. 

Batismo de crianças 

Sendo o Batismo uma opção adulta, tem sentido batizar as crianças? 

Assim como uma criança nasce numa família e é educada por seus pais, que lhe transmitem os valores da vida que eles mesmos vivem, assim também a criança que é batizada. Entra numa família, a Igreja, que a aceita com carinho. Ela pode viver e crescer dentro dessa família. Vai aprendendo os valores que essa família vive. Vai conhecer Cristo, sua vida e suas exigências. Aos poucos, vai crescendo a sua opção por ele. Vai assumindo sua responsabilidade na Igreja. 

O batismo das crianças é tradição antiga na Igreja e generalizou-se no século V. Os teólogos já discutiram muito sobre a conveniência de batizar as crianças. Em princípio, e teoricamente, é possível porque o amor de Deus nos precede, nos acompanha e se nos oferece gratuitamente. Um amor que se atualiza e toma corpo na Igreja - "comunhão dos santos" - em cuja fé são batizadas as crianças. 

E que pensar do perdão do pecado? Criança não têm pecado pessoal, não é capaz e não tem necessidade de conversão.

Mas a criança entra numa sociedade de homens, onde o pecado já afetou pessoas e estruturas, onde o pecado é como que "institucionalizado". A criança entra num mundo de ódio, corrupção, guerras, concorrência, materialismo, consumo, injustiças. As crianças que chegam e entram em nossa história participam dos valores da humanidade, mas sofrem também essa cicatriz ou deteriorização que desfigura as relações entre os homens. Este mal no mundo, causado pelo pecado, se chama "pecado original". Não é um pecado pessoal, mas, como membro desta humanidade, mergulhada no pecado, a criança está sujeita à sua força. A criança ainda não pode dizer, como adulto: "Quero renunciar às forças do mal, quero seguir os passos de Cristo". Seus pais e padrinhos dizem isto por ela e, com isto, assumem a obrigação de ajudar a criança a vencer, de fato, o mal na sua vida, de lutar com ela contra a força do pecado e de mostrar-lhe o caminho do bem. 

Esta luta não será fácil. E assim como a culpa é coletiva, também a luta contra o mal deve ser coletiva ou "comunitária". Isoladamente, o homem é fraco. 

Mais tarde, quando a criança se toma adulta, vai confirmar, ou não, a opção assumida em seu nome por seus pais e padrinhos. Pois o Batismo não pode ser algo imposto por outros, mas deve ser uma opção livre e consciente. 

 

Inês Broshuis

Equipe de Catequese do Regional Leste 2

03.11.2013