O Símbolo Apostólico, que estamos comentando, confessa nossa fé na Santíssima Trindade. E acrescenta: “Creio ... na Santa Igreja Católica”. Mas será que a Igreja é objeto de nossa fé da mesma maneira que o são o Pai, o Filho e o Espírito Santo?
À diferença do latim, a língua portuguesa não distingue entre acreditar em Deus (como objeto de nossa fé e de nossa adoração) e acreditar “em Igreja” (como lugar em que vivemos nossa fé) Nós não adoramos a Igreja, mas adoramos o Deus Trino, no interior da comunidade dos discípulos e discípulas de Jesus. Os Padres da Igreja já disseram que “um cristão sozinho não é cristão”. Somos cristãos apenas em comunidade. A Igreja é nossa Mãe, porque nos gerou e continua alimentando nossa fé.
A palavra “igreja” procede do termo ekklesia, que, no grego clássico, significava a “assembleia” dos cidadãos, reunidos para discutir os problemas da cidade. Originalmente, pois, não designava uma assembleia religiosa. Mas já a tradução grega da Bíblia hebraica usou o termo para traduzir o hebraico kahal, que era a assembleia religiosa dos hebreus.
Nos Evangelhos, a “Igreja” aparece apenas em dois textos de São Mateus (Mt 16,18 e 18,18). Mas, nos Atos dos Apóstolos, ocorre 23 vezes, e nas Cartas de Paulo, 65 vezes.
Chamamos a Igreja de “santa”, apesar de suas limitações e pecados. A Igreja é santa, pela sua união com Cristo, seu Esposo. Ele a escolheu, a desposou e a quer “toda bela, sem mancha nem ruga ou qualquer reparo, mas santa e sem defeito” (Ef 4,27). Quando um rei ou um príncipe casa com uma plebeia, esta passa a ser chamada de “rainha” ou “princesa”. A Igreja é chamada de “santa”, por ser a Esposa de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O título de “santa”, mais do que um privilégio, é uma tremenda responsabilidade. Afinal, uma rainha não pode comportar-se como uma mulher vulgar, não é? Por isso, nós, homens e mulheres de Igreja, devemos comunicar a todos a beleza de Deus, a misericórdia de Cristo, a alegria do Espírito Santo, que recebemos no batismo. Toda a nossa vida será, então, como uma bela celebração litúrgica.
Além de santa, a nossa Igreja é “Católica”, que significa “universal”. O próprio Cristo nos mandou anunciar a Boa Nova da salvação a “todas as nações”. E, para que não nos assustasse a desproporção entre nossas forças e o tamanho da missão, prometeu: “Eis que estou convosco todos os dias até o fim dos tempos” (Mt 28,18-20).
Padre Luis González-Quevedo, sj
Teólogo, pregador de retiros inacianos, mora em Goiânia-GO
01.05.2013