Quem é Jesus para nós? Vejamos com os olhos da fé (Jo 1,1-14)

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. João, um enviado de Deus, veio dar testemunho dessa verdadeira Luz. O verbo se fez carne e habitou entre nós, o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu. Assim nós lemos quando vamos fazer a leitura do prólogo do Evangelho de Jesus Cristo segundo São João.

No tempo de Jesus, acreditava-se que a vinda do Messias seria precedida pelo envio de Elias, que prepararia o povo para a chegada do Salvador, restaurando a Lei de Moisés (cf. Mt 3,22ss). Havia, naquele tempo, uma expectativa messiânica muito grande por parte dos Judeus. O Messias seria aquele que iria restaurar a Aliança feita entre Deus e seu povo e destituir as autoridades por sua infidelidade.

João, aquele que batizava com água, incomodava com suas pregações, e o povo queria saber se era ele o Messias. E João disse ser a “voz que grita no deserto”, critica o sistema existente e chama a atenção das autoridades, não para a sua pessoa, mas para a sua pregação que anuncia alguém que chega depois dele e que já está presente. Ele veio como testemunha para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele. O Verbo era a luz verdadeira que ilumina todos os homens.

ANTES JESUS ERA O VERBOE O VERBO SE FEZ CARNE

Antes de ser gerado Jesus fazia parte de Deus, estava nele. Quando lemos na Bíblia: “EU SOU aquele que é… EU SOU me enviou até vós… este é meu nome para sempre… (Ex 3,14-15), aquele Deus que falava com Moisés, que viu e ouviu o clamor do seu povo. O próprio Deus, criador de todas as coisas que armou sua tenda e fez morada no meio de nós. Jesus é esse mesmo Deus, encarnado. O Deus que se fez homem e habitou entre nós.

A Palavra se fez carne. Jesus é a Palavra que veio como homem e habitou entre nós. Jesus é a imagem do Deus invisível que se fez homem para revelar a nós quem é Deus e nos mostrar o caminho para se chegar até Deus. A encarnação de Jesus, ou seja, o seu ministério de Filho vem com o seu nascimento aqui na terra e se coloca na sua missão de nos dar a conhecer quem é Deus. O que Deus quer é se revelar, ser conhecido na pessoa de Jesus.  Jesus vive plenamente a sua humanidade e nela revela que é o Pai, e o seu amor incondicional por nós. Não acreditar que Jesus é o Deus encarnado é não acreditar nele como Salvador, mas apenas como profeta.

A BELEZA COMO TRANSMISSORA DA FÉ

Maravilhar-se com a beleza da presença do Deus que vem e se faz humano no meio de nós, precisa-se situar-se em meio a beleza do mundo em que vivemos, todas criadas por Deus, valorizá-las. É nas pequenas coisas, nos pequenos detalhes que cada pessoa pode perceber o seu dom criativo e artístico ofertado por Deus. E, a partir de suas percepções, pode sentir-se atraída para o silêncio e a contemplação, procurando o encontro com Deus, o grande Artista da criação.

Nos tempos atuais parece ser difícil perceber a delicadeza de Deus, mas precisamos redirecionar o nosso olhar, assim como os reis magos que procuravam o menino-Deus nos palácios, mas foram encontrá-lo em meio aos pastores, num estábulo. O nascimento de Jesus é para nós a renovação de toda nossa vida. A cada ano somos chamados a fazer uma reciclagem em nossa forma de vida, tirar os vernizes que acumulam para deixar transparecer a beleza da essência do ser humano criado por Deus.

Jesus é a fonte de toda a beleza, de toda esperança, pois nele a redenção da humanidade, prometida e profetizada se cumpriu. Que ainda hoje possamos viver o Natal com a mesma esperança de outrora, com entusiasmo, pois ele continua sendo a fonte da qual jorra luz, energia, ânimo e esperança e nos levam a acreditar que a vida tem sentido, que o futuro é possível e o mundo pode e deve ser melhor. Fazer crescer a esperança que nasce do Natal, exige de nós abertura, acolhida e generosidade para também sermos estrela da esperança para outro.

Aprendamos com Jesus – fazendo-se homem, vivendo e convivendo no meio de nós, coloca-se a serviço do Reino de Deu e nos revela a Vontade do Pai. Jesus é a presença; é a ação de Deus em nossa história.  Mostra-nos como Deus tem sempre o seu olhar direcionado para o nosso coração e derrama graças, não se preocupando com as nossas aparências, mas com o nosso agir.

Aprendamos também com Maria: Cantemos com Maria o Magnificat, canto de louvor e gratidão a Deus. Ela, na sua fidelidade e perseverança, coloca em prática o seu sim dado a Deus. “Faça-se em mim segundo a tua vontade”. O Espírito se alegra em Deus meu salvador. O seu testemunho demonstra sua entrega a Deus, e vive a alegria, mesmo diante das dificuldades, na certeza de que Deus continua dirigindo seu olhar para a pequenez de sua serva. Demonstremos, através de nossos gestos e atitudes, a gratidão. Através da gratidão revela um coração grandioso. Um coração que crê. Crê em um Deus que se fez homem, encarnou-se e habitou entre nós.

Neuza Silveira de Souza. Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte.