Falar em querígma é falar da Boa-Nova, do anúncio sobre tudo aquilo que Jesus nos ensinou e pediu que levássemos aos outros.

O Evangelho é uma Palavra viva, eficaz, uma mensagem salvífica, anunciada oralmente e tem seu início na vida e obra de Jesus, pois é Ele a Boa-Notícia do Pai revelada aos homens. Nesse sentido, o querígma tem por finalidade ajudar as pessoas a reconhecer em Jesus Cristo o Messias, o Filho de Deus, o enviado do Pai por excelência, para nos revelar o mistério de sua vontade. Em cada Evangelho podemos perceber o amor de Jesus com o Pai, um amor que ele vem nos revelar e demonstrar para todos o grande e misericordioso amor do Pai que transforma vidas.

 Várias são as passagens bíblicas que torna explicita para nós o amor do Pai.

Jesus é para nós o Proto-Sacramento do Pai, ou seja, o primeiro, e no cumprimento de sua missão no meio de nós ele se torna um pedagogo. Assim como o Pai, sua pedagogia parte da realidade das pessoas, acolhendo-as e respeitando-as na originalidade de sua vocação ou interpelando-as à conversão. A pedagogia catequética segue como modelo da pedagogia de Jesus, um agir a partir da convivência com as pessoas motivando-as a viverem de acordo com seus ensinamentos.

A catequese faz parte da memória da Igreja, entendida como “memorial”, que quer dizer: manter viva entre nós a presença do Senhor, trazer para hoje o mistério salvífico realizado há tantos séculos, fazendo-nos dele participar, pela ação do Espírito Santo. Assim, o que se memoriza deve antes passar pelo coração, pela experiência, pelo sentimento de quem aprende, e isso se faz pela vivência e celebração. O repetir ritualmente gestos, sinais, palavras que, por detrás dos mesmos, são carregados de sentidos e significados que dão sentido à vida quando guardados no coração e não apenas na cabeça.

Este tempo de Pandemia podemos aproveitá-lo para manter a vivência virtual. Fazer a experiência do encontro deixando fluir o que está no coração, o que aprendemos a partir da ressurreição de Jesus. O envio do seu Espírito ilumina o caminho para o seguimento, trazendo-nos sentido à vida e nos revelando o amor de Deus, tornando-nos participantes da família divina.

A Revelação é para nós a fonte da catequese que nos conduz e nos convoca para nos deixar conduzir para dentro desse mistério, aquietando e ou suavizando nossos anseios e angustias. Assim, participando desse amor, somos convocados para leva-lo à todas as outras criaturas. Essa é a nossa missão.

Como deixar-se conduzir pela Revelação?

A Revelação divina chega até nós através da Sagrada Escritura, dentro da Tradição viva da Igreja, recebida dos Apóstolos. É a Palavra de Deus lida, ouvida, celebrada na vida, na Eucaristia e proclamada aos outros. A catequese deve haurir, ou seja, extrair do interior e trazer para o exterior, seu conteúdo na única fonte da Revelação divina, utilizando sabiamente A Sagrada Escritura e todos os outros testemunhos da Tradição viva da Igreja.

Quero ressaltar aqui o que nos diz o Documento “Catequese Renovada n. 86: Ele nos fala de como é importante fazer uma boa leitura dos Evangelhos, deixar que a Palavra encarne em nosso coração. A Palavra, enquanto fonte da catequese deve estar impregnada pelo pensamento, pelo espírito e pelas atitudes bíblicas e evangélicas, mediante um contato assíduo, constante com os próprios textos sagrados, e é também recordar que a catequese será tanto mais rica e eficaz quanto mais ela ler os textos com a inteligência e o coração da Igreja, e quanto mais ela se inspirar na reflexão e na vida da Igreja.

Nesse sentido, a tarefa da catequese é levar até ao catequizando a Palavra de Deus – a Escritura Sagrada – que tem como centro o Evangelho – Todo o mistério da vida do Cristo (Encarnação, vida, paixão, morte, ressurreição, ascensão e envio do Espírito). Toda uma vida doada com amor e por Amor.

Vamos nos abrir ao amor de Deus.

Acolhendo o amor que vem do coração de Jesus, esse amor divino humaniza nosso coração, tornando-o aberto e sensível a tudo o que é humano. O Coração de Jesus nos capacita olhar a realidade, compreender cada pessoa em sua situação e viver objetivamente, a partir da gratidão e da responsabilidade. Dizem que o coração do ser humano é a própria fonte de sua personalidade consciente, inteligente e livre. É o lugar de suas escolhas decisivas, fonte das bem-aventuranças, santuário da ação misteriosa de Deus e do encontro com Ele. Por isso, chegar ao lugar do coração é dom de Deus.

É a partir da ressurreição de Jesus e envio do Espírito que encontramos o caminho do seguimento do Cristo, damos sentido à nossa vida. Jesus nos faz o convite. Sair de si e ir ao encontro do outro. É a saída de si a condição permanente que permite que os relacionamentos ocupem o lugar central na vida. Ao se colocar no caminho do discipulado e se dispor a seguir o Mestre, crer nele e assumir seu estilo de vida, ainda, descobrir e discernir o plano de Deus para a nossa vida, seremos capazes de viver a aventura de ser um seguidor do Mestre Jesus. 

Neuza Silveira de Souza – Coordenadora do secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte

07.7.2020