A Bíblia é a primeira fonte da catequese. O Diretório Nacional de Catequese coloca a Bíblia como fonte principal, e como conteúdo da mensagem catequética, a pessoa de Jesus Cristo. E a catequese, procurando concentrar naquilo que é comum para os cristãos, exerce as tarefas de iniciação, instrução e educação, respeitando o ritmo de crescimento de cada um e as etapas de amadurecimento da fé. O crescimento e amadurecimento da fé provêm de uma boa formação catequética.

A Palavra de Deus é a base para a oração

Conhecer a Bíblia implica coloca-la na vida. Nós católicos, rezamos, mas nem sempre oramos. Na catequese, muitas vezes se ensina mais a rezar (recitar orações) do que orar como resposta a Deus que se comunica conosco. A catequese introduz, inicia na escuta e na acolhida da Palavra e provoca em nós uma resposta.

A leitura da Bíblia como forma de oração é o modo mais básico e espontâneo do contato com a Bíblia. O leitor percorre a Sagrada Escritura tendo em vista o diálogo com Deus. Há vários esquemas de leitura orante, entre os quais destacamos como proposta a Leitura Orante, uma prática de oração com quatro momentos: leitura, meditação, oração e contemplação, como um momento de reflexão que muito contribui para um encontro pessoal com Deus e para transformar a Palavra em vida. Nesse sentido, a oração nos leva para um quinto momento que é a ação, ou seja, o agir cristão. Colocar a Palavra na vida.

A Palavra de Deus está presente na catequese

A Palavra de Deus se encontra um pouco mais elaborada na leitura da Bíblia na catequese e na doutrinação. Ela quando bem trabalhada na catequese e bem vivenciada na vida, desperta no coração o desejo de Deus, sua busca e contemplação. Ela tem suas raízes na revelação cristã. Assim, a catequese deve tomar como modelo a pedagogia de Jesus, seu jeito simples de ser e viver. Um agir que nos convida a nos colocarmos no seu seguimento e a nos empenharmos na comunidade como discípulos e discípulas missionários, ou seja, constituir pertença na vida comunitária. Quando se trabalha a catequese com as pessoas adultas elas serão constituídas discípulos missionários de Cristo que ajudarão a levar o anúncio a todas as nações em cumprimento à ordem do Cristo Ressuscitado: “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos… ensinando-os a observar tudo quanto vos ordenei” (Mt 28,19-20). A leitura da Bíblia, na catequese, exige um conhecimento relativamente sólido e profundo da chamada ‘história da salvação’, dos dogmas e da moral, a fim de que a experiência do povo da Bíblia possa ser constantemente atualizada. A Bíblia leva ao encontro com Jesus vivo na sua comunidade. Ela nos faz arder o coração, nos leva ao Pai e aos irmãos e, por seu Espírito, nos envia em missão.

A Palavra de Deus está presente na Liturgia

A leitura da Bíblia usada na liturgia e na pregação estabelece o vínculo entre vários textos que falam do mesmo tipo de presença e de ação de Deus na história humana. Essa leitura também leva o leitor e o ouvinte a um compromisso de vida. Ajuda a nos introduzir no Mistério Pascal.
A liturgia requer da catequese um trabalho pedagógico de iniciação gradativa para que seja celebrada. Ela é ação sagrada por excelência, cume para qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, fonte da qual deriva sua força e requer uma participação plena, consciente e ativa. Assim, na catequese, o uso apropriado dos recursos tais como: símbolos, figuras, objetos, animações, encenações, audiovisuais e momentos de oração contribuem para o cultivo da fé, as vivências e experiências na vida da comunidade.

Estas três formas de leitura na Bíblia: em forma de oração, na liturgia e na catequese forma a chamada ‘leitura pastoral da bíblia’.

Outras formas de leitura da Bíblia, de forma mais elaborada, seria a teologia que leva a uma reflexão sistemática e abrangente sobre os conteúdos da fé e a exegese que propõe uma leitura analítica para compreender o texto bíblico em si mesmo.

Para nós leigos, ao fazermos uma leitura Bíblica, se faz necessário estar atentos a alguns passos para a melhor compreensão do texto. Citamos alguns exemplos.

Prestando atenção a algumas dicas de autores biblistas, eles nos oferecem ‘dicas’ de boas leituras para quem não conhece as línguas originais da Bíblia. Existe um bom método de leitura que ajuda a ler e a estudar o texto bíblico mais profundamente. Bom seria sempre fazer a leitura do texto consultando mais de uma tradução e prestar atenção nas diferenças entre elas. Também ler o texto em uma Bíblia que contém boas notas de rodapé e referencias a textos paralelos. As notas de rodapé oferecem informações de grande utilidade para se compreender o texto e o ambiente histórico e social que ele descreve. As referências a textos paralelos remetem o leitor a passagens bíblicas que, de várias maneiras, esclarecem o texto que se está lendo.

Outra orientação é observar ao redor do texto que se está lendo, onde ele se encontra situado. Isto é, ler um pouco acima do texto, e um pouco abaixo do mesmo; olhar o título próximo ao texto e a que grupo de temas ele pertence. Esse método ajuda a situar o texto no seu contexto.

Aproveitando este mês de setembro que, dentro do Ano litúrgico é considerado o mês da Bíblia e vamos dedicar um pouco mais a esses cuidados com a leitura da Bíblia. Cada uma das formas de ler a Palavra de Deus é válida. A Palavra de Deus sempre escapa aos esquemas humanos. Sua leitura vem sempre iluminada com a luz do Espírito Santo que nos ajuda oferecendo o Dom entendimento. A Palavra nos inicia no Mistério da vida do Cristo.

Neuza Silveira de Souza
Comissão Bíblico catequética do Regional Leste 2