Riqueza litúrgica, simbólica, teológica e pastoral

 

Tendo refletido sobre a Iniciação Cristã como um processo de profunda e progressiva experiência de encontro com Jesus Cristo, que provoca a conversão e leva ao testemunho da fé, passaremos, a partir dessa edição, a um conhecimento mais aprofundado do Ritual de Iniciação Litúrgica, comumente chamado de RICA, sobretudo ressaltando sua riqueza teológica e pastoral, partindo de sua proposta litúrgica-simbólica.

 

O RICA, a princípio, não é um manual catequético, no sentido mais costumeiro. Seu objetivo não é oferecer conteúdos organizados para uso na catequese “formal”, isto é, ninguém recorrerá ao RICA para encontrar, ali, os temas para os encontros com seus catequizandos. Trata-se de um livro litúrgico, de um Ritual, como o próprio nome diz, com o intuito de oferecer um caminho iniciático a adultos, especialmente àqueles que se dispõem fazer seu itinerário de descoberta e encontro com Jesus, na comunidade de fé, através das celebrações e outras orações.

 

O RICA é estruturado em quatro tempos de amadurecimento e vivência da fé em processo de construção, favorecendo a celebração de cada período do caminho de iniciação, de tal modo que todos saboreiem bem os passos dados e progridam na experiência do Mistério apreendido, assimilado e assumido. É como subir uma escada, que pedagogicamente a Igreja organizou desde os seus primeiros séculos, escada essa que conduz ao coração de Deus, passando pelos sacramentos, meditação da Palavra, celebração e vida em comunidade.

 

Esses quatro tempos têm nomes próprios: Pré-catecumenato: tempo de acolhida e verificação das motivações; catecumenato: período de catequese sistemática e ampla convivência com a comunidade; iluminação: ocorre durante a quaresma que antecede a recepção sacramental: candidatos e comunidade preparam-se intensamente para a celebração dos sacramentos pascais; e por último, o período de mistagogia: ocorre no tempo pascal, significa a tomada de consciência de que a mudança interior dada pelo dom sacramental deverá corresponder à contínua transformação existencial ao longo da vida.

 

A Liturgia, infelizmente ainda tão ausente nos nossos itinerários catequéticos atuais, marca profundamente esses quatro tempos e suas “portas” ou Etapas (passagens de um degrau para outro) com orações, gestos, símbolos, cantos, textos bíblicos, de tal maneira que não se concentre tudo nos Sacramentos de Iniciação (Batismo, Crisma e Eucaristia), ainda que esses ocupem lugar de grande importância. Os iniciandos (pessoas em processo de iniciação) vão progressiva e sistematicamente consolidando sua adesão a Jesus e à vida cristã, tudo isso de forma bem envolvente e alegre, em bonitos e significativos ritos.

 

Nos próximos números vamos conhecer melhor que ritos são esses e quanta riqueza se revela em cada celebração e símbolo do Ritual.

 

 

Pe. Vanildo Paiva

Especialista em Catequese e Liturgia

15.05.2013