Fora do contexto da fé, a Bíblia é precioso objeto de estudo e reflexão, na medida em que traz um raro registro da sabedoria milenar de um povo. 

Nesse aspecto, é preciso levar em conta o desafio de compreender e interpretar um texto escrito há três ou dois mil anos, num outro contexto histórico, político, social, religioso, numa cultura e numa língua completamente diferentes da nossa. Isso sem falar de gêneros literários variados, que vão da narrativa histórica objetiva ao texto poético, das descrições detalhadas às metáforas, do uso de fábulas e parábolas típicas da cultura popular e outras figuras de linguagem. 

Estudiosos, teólogos, exegetas, tem na Bíblia uma matéria inesgotável de pesquisa e trabalho. Por isso tantas traduções. É o livro mais publicado, estudado e discutido da história humana. 

Do leitor comum da Bíblia, um leigo, não se deve esperar uma interpretação do texto bíblico. Isso é tarefa para os estudiosos. Em reuniões de grupos, destinadas à partilha de vida, é erro comum as pessoas ficarem discutindo o texto bíblico, num festival de ‘achismos’ e palpites que fica apenas no nível das ideias. É pouco. Na verdade, somos convidados a uma leitura orante, ou seja, tentar perceber o que Deus quer nos dizer, pessoalmente, naquele trecho bíblico, confrontando-o com nossa vida. O que não limita a possibilidade de buscar um estudo aprofundado desse apaixonante conjunto de livros. 

Mas, no dia a dia, mais que tentar dizer o que entendo da Bíblia, sou chamado a perceber o que sinto ao ler a Bíblia. 

A Bíblia é mais que um livro de História ou de histórias. Como tal, já seria uma preciosidade única, mas, na perspectiva religiosa, suas palavras buscam o coração de cada ser humano que a lê. 

Aos olhos da fé, Deus é a força inspiradora daqueles que deixaram seu registro nas páginas desse livro sagrado. 

Eduardo Machado

Educador e escritor

02.09.2015