Vamos continuar nossa reflexão sobre a ligação que existe entre o Antigo e o Novo Testamento. É necessário tomar a Bíblia na mão, ler os textos indicados e saborear a sua beleza, “na fonte”.

 

A imagem de Deus no Antigo Testamento

Sabemos que era expressamente proibido ao Povo de Israel fazer imagens de certas divindades e adorá-las. Cada vez de novo, o povo caía na tentação de adorar outros deuses e de participar dos seus ritos e festas. A Bíblia chama esta idolatria de “prostituição”, porque Javé era considerado o único “Esposo” do seu povo com o qual ele tinha feito uma Aliança de amor. Adorar outros deuses era considerado infidelidade ao amor de Deus. (Vamos ler na Bíblia Dt 5,1-8).

 

Também era proibido fazer imagem do próprio Deus-Javé, o Deus invisível que é sempre transcendente a tudo que podemos conhecer ou imaginar dele.

 

Leia e medite sobre o belo texto no livro do Êxodo 33,18-23. Em seguida, reflita: somos como Moisés querendo ver e entender quem é Deus? Que quer dizer “ver Deus pelas costas”? O que mais nos impressiona neste texto?

 

É de admirar que a Bíblia diz que a única imagem de Deus é o ser humano. “Façamos o ser humano à nossa imagem e segundo nossa semelhança”. Deus criou o ser humano à sua imagem. Homem e mulher os criou. (Gn 26-27).

 

Em Gn 5,1-2, lemos: “Quando Deus criou o ser humano, ele o criou à semelhança de Deus. Criou-o homem e mulher, e os abençoou.” E o Salmo 8,6 diz: “Tu fizeste o homem pouco menos do que um Deus e o coroaste de glória e esplendor.”

 

Leia agora, com atenção, este salmo tão bonito. E, depois do vers. 7, as mulheres poderiam acrescentar:


Quem é a mulher para dela te lembrares?

Tu a fizeste pouco menos que uma deusa.

Tu a fizeste imagem da tua ternura e do teu amor,

da tua presença, da tua proteção lá onde a vida é ameaçada,

onde o ódio é espalhado, onde o amor é negado.

 

A Imagem de Deus no Novo Testamento

O mistério de Deus é insondável. Deus ultrapassa tudo que podemos pensar e expressar sobre ele. Falamos de Deus com muita facilidade. Parece que entendemos quem é Deus e o que ele quer. Cada um de nós faz uma idéia, uma imagem de Deus.

 

Mas, como é Deus, realmente? Esse mistério insondável que vai tão além da nossa capacidade de perceber e conhecer, como é?  Somente Jesus pode tirar o véu desse Deus misterioso. Diz São João:

“Ninguém jamais viu a Deus. O Filho único, que é Deus e está na intimidade do Pai, foi quem o deu a conhecer” (Jo 1,18). “A Palavra se fez homem e armou sua tenda entre nós” (Jo 1,14a).


Lemos em Jo 14,6-9: “Jesus disse: ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim. Se me conheceis, conhecereis também o meu Pai. Desde já o conheceis e o tendes visto”’. Filipe disse: “Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta”. Jesus respondeu: “Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me conheces? Quem me vê, vê o Pai.”

S.Paulo diz de Jesus: “Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação” (Cl 1,15).

 

Dizemos que Jesus é a Palavra de Deus. Nós nos comunicamos pela palavra. Quando Deus se revela, se comunica, dizemos que Deus “fala”. (No Antigo Testamento Deus “fala”, de modo figurado, constantemente). Mas agora, Ele nos fala através de seu Filho Jesus. Jesus Cristo é, por isso, a Palavra de Deus dirigida a nós. Todo o Evangelho nos mostra como Jesus falava, atuava. Através das suas palavras e ações, através da sua morte e ressurreição nos mostra quem é Deus para nós. Ele é a Palavra que Deus dirige a nós.

 

Reflita agora quais são as imagens que nós mesmos fazemos de Deus. O que Jesus nos revela sobre o Pai, através de suas palavras e ações? Procure alguns exemplos. Quais são as imagens de Deus e de Jesus que apresentamos na catequese (gravuras, imagens, idéias...)? Será que correspondem ao espírito do Evangelho?

 

Jesus nos revela também quem somos nós como imagens de Deus

Vamos ler, com atenção, Mt 25,34-40 (ou até 46). 

Todo ser humano é imagem de Deus. Cristo é nosso modelo. Somos também imagem de Jesus e, como tal, devemos nos amar e respeitar. Jesus se identifica especialmente com os mais pobres e marginalizados, os doentes, as crianças e idosos abandonados. Devemos respeitá-los como sendo o próprio Senhor.


Conhecemos o belo canto:

            Seu nome é Jesus Cristo e passa fome e grita pela boca dos famintos,

            E a gente, quando o vê, passa adiante, às vezes pra chegar depressa à igreja.

            Seu nome é Jesus Cristo e está sem casa e dorme pelas beiras das calçadas,

            E a gente, quando o vê, apressa o passo e diz que ele dormiu embriagado.

            Entre nós está e não o conhecemos, entre nós está e nós o desprezamos.

 (Podemos comentar o canto e cantar)

 

Saborear, interiorizar, rezar

Depois de ter refletido sobre todos os textos indicados, podemos reservar algum tempo para uma reflexão pessoal. Cada um pode escrever uma oração expressando seus sentimentos a Deus. Escrever uma oração é um modo muito importante de externar os pensamentos, é colocar-se diante de Deus com sinceridade e compromisso.

 

Inês Broshuis

Comissão Regional Bíblico-Catequética do Leste 2

15.08.2012