O que a gente retém só para si

 

é o que se corrompe dentro de nós como água parada.

 

O que a gente deixa passar para os outros

 

é o que lava nossa intimidade como água que corre.

 

Tudo o que é retido se deteriora até desintegrar-se,

 

e o próprio coração se converte em carcereiro.

 

Tudo o que é presenteado cresce sem fim

 

com vida própria, e nosso coração se converte em criador.

 

Guardar-se inteiramente para si é a única forma

 

de perder-se eternamente na esterilidade da morte.

 

Perder-se inteiramente a si mesmo

 

É a única forma de ganhar-se eternamente no Reino da Vida.

 

Benjamim Gonzales Buelta sj
In: Livro "Salmos nas margens da cultura e do mistério" - Paulinas, 1997