Rugove
Achei que nalgum momento
a luz viria tomar conta de tudo
Que de uma forma ou outra
Lavaríamos os cabelos no mar
Mas hoje o que se vê da janela
é o lado oposto do clarão
É mais uma volta na avenida
com os ombros cobertos de pavor
E eu só sei que acordamos sempre
para o contrário disto
Somos os filhos do verão –
somos o inverso da escuridão
Fonte: Matilde Campilho. Jóquei. 2 ed. São Paulo: Editora 34, 2015, p. 110