Energia Pura

Diretor – Victor Salva

1995 – 112 min.

 

Energia Pura é um filme envolvente e provocante. Ficamos mesmo emocionados com a beleza de sua trama. O escritor e diretor Victor Salva consegue, com essa maravilhosa ficção, colocar-nos diante de questões importantes e pertinentes da nossa vida. Seu mérito maior é a de nos remeter para duas situações fundamentais. A primeira, a partir de um movimento para dentro, provoca uma séria revisão dos valores que têm orientado nossas vidas. A segunda, num movimento oposto, conduz nosso “olhar admirante”, provoca uma contemplação avaliativa do mundo, o qual estamos continuamente criando com nossas atitudes, buscas, inseguranças, medos e necessidades.


No primeiro movimento, os habitantes da pequena e pacata cidade de Wheaton, no Estado do Texas, EUA, bem como todos nós que assistimos ao filme, olhando e percebendo a pureza e a beleza interior de Jeremy Reed, conhecido por Powder, sentem-se desafiados a compreender o que está acontecendo e a vencer a tentação da cegueira da discriminação e do preconceito com o diferente de nós. Nós somos os humanos e ele um retardado, deformado, deficiente físico, cuja aparência lembra um fantasma? Ou seria ele um ser humano em estado evoluído, cuja pureza e beleza evidenciam com clarividência, nossas mazelas, feiúras, mentiras e egoísmos?


No segundo movimento olhamos para nossas sociedades, para as relações que construímos conosco mesmo, uns com os outros, com a natureza, com a morte, com Deus e sentimos uma interpelação para uma séria avaliação. Jeremy Reed, com seu jeito de ser, nos faz acreditar que poderiam ser tão diferentes nossas relações humanas, se deixássemos regrá-las pela transparência da sinceridade, da verdade e do amor.


Jeremy, ao longo do filme sofre uma série de preconceitos. No final, em sua compreensão sobre o ser humano havia experimentado os extremos: a capacidade  de amar, mas também de odiar. Jeremy não consegue compreender porque um ser com uma capacidade tão bela, a de amar de modo tão extraordinário, pudesse também ser tão frio e violento com o outro. De malas prontas quer dar uma última olhada para os garotos do reformatório, buscando talvez ver além das aparências da exterioridade, buscando a beleza mais profunda adormecida. Mas sofre, novamente, por parte dos garotos, que não percebem a pureza interior de Powder, a odor do preconceito. Junto com o Prof. Repley decidi partir, percebe que ali não era seu lugar. Powder era energia pura: energia para o amor. Para os cristãos foi exatamente o que aconteceu com Jesus Cristo. “Era tão humano, tão humano que só podia ser Deus”. O Amor não foi acolhido pelos seres humanos.

 

Um filme ótimo para a formação de catequistas e para a catequese com jovens e adultos.

 

 

Edward Neves M. B. Guimarães

Teólogo e membro da Comissão para Animação Bíblico-Catequética do Leste 2

01.07.2012