Deixa-te satisfazer pelo Deus da tua vida e faz silêncio. Se a alguém não basta Deus, que outra realidade lhe poderia alguma vez bastar na comunidade, no mundo? Karl Barth foi o maior teólogo protestante do século XX, nascido na cidade suíça de Basileia em 1886 e nela falecido em 1968. Um pároco da diocese de Milão escolheu e enviou-me estas escassas e simples palavras daquele teólogo, extraídas da sua introdução à teologia evangélica, e eu proponho-as para esta meditação dominical. 

Seria belo se, pelo menos neste dia festivo, o cristão entrasse na igreja não para pedir alguma coisa, mas apenas para escutar Deus, não para esperar uma graça, mas apenas para louvar a graça divina que se efunde nele e na humanidade, não para encontrar uma solução para os seus problemas, mas apenas para descobrir uma presença. 

É fácil ouvir nas palavras de Barth o eco de um célebre canto de Santa Teresa de Ávila, «nada te perturbe, nada te espante, quem a Deus tem nada lhe falta. Só Deus basta. Tudo passa, Deus não muda». Na realidade, nós agarramo-nos a muitas coisas; procuramos encher o nosso espírito com prazeres, emoções, aventuras, presenças. E sempre se intui um vazio, uma fome, uma sede, uma pergunta, uma espera. É este o sinal daquilo que bem exprimia Pascal: «O homem supera infinitamente o homem», isto é, está além de si próprio a última resposta.

 

P. (Card.) Gianfranco Ravasi

Presidente do Pontifício Conselho da Cultura

In "Avvenire" - 4.09.2013