Nas sábias palavras de Dom Hélder Câmara, compreendemos que precisamos ser humanos íntegros, inteiros e de busca, para nos encontrarmos com nossos irmãos, com liberdade, em doação, como um ato de salvação:

 

“Sê um

Sê tu mesmo, agora e sempre!

Mas como és um n’Ele,

Sê milhões de milhões,

Sê cada um, sê todos”.

 

Desta forma, não nos ocorrerá o sentimento desta solidão contemporânea, o individualismo e o egoísmo que nos desumanizam e nos afastam dos outros. Só assim a Ressurreição de Jesus (que é o sim de Deus ao homem), pode ter sentido, uma vez que toda a vida, paixão e morte de Jesus foi um sair de si mesmo, ir ao encontro do outro, amar, acolher e se rebaixar para que o Pai pudesse se manifestar.  

 

É preciso repensar nossa maneira de nos relacionarmos com os outros e conosco mesmos. Afinal, nós somos aquilo que fazemos repetidamente. E Deus nos chama a SER. A ser gente catequista!

 

Aqui cabe uma reflexão e um convite:

- Em nossos encontros com os catequizandos, formações com o grupo de catequistas, no convívio na comunidade, nas relações de trabalho e familiares, estamos considerando que o outro também é imagem e semelhança de Deus e  promovendo o cuidado, o respeito e a dignidade?

- Busco continuamente um autoconhecimento? Revejo minhas práticas, meus valores, para que de fato estejam coerentes com a humanidade de Jesus?

- Tenho feito o esforço salvífico de ser homem/ mulher por inteiro “Bom Samaritano (Lc 10, 25 – 37)” que é exemplo de humanidade, para o meu próximo?

 

Somos convidados a nos surpreender com aquilo que nos é mais familiar e tornar mais familiar aquilo que nos é estranho. Sair de nossa zona de conforto para nos humanizar. A ter, como aponta o Diretório Nacional de Catequese (DNC 279), sensibilidade diante dos sofrimentos e participar de lutas em prol de mais vida.  Amadurecer na fé (e, por isso na humanidade) a partir da escola da vida, “pois são a própria vida, a inserção no meio do povo e as experiências do dia a dia que vão formando o catequista”. (FC 56)

 

Sendo lugar de anúncio de Jesus, a catequese tem também a missão de superar o racismo, a discriminação de gênero e de posição econômica e social, colaborando para a promoção da solidariedade (DNC 62), uma vez que na diferença do outro está a nossa chance de crescimento.

 

Se olhamos a realidade (e o outro) com preconceito, não permitimos que ela apareça de fato. Para conhecer a realidade é preciso olhá-la por muitos ângulos, buscando imitar o olhar misericordioso do Deus no qual cremos e do qual descende nossa humanidade. (Cf. DNC 60 a 64)

 

Existimos como peregrinos, não estamos prontos, ora acertamos, ora erramos. Vamos nos fazendo no caminho, à medida que descobrimos os dons que Deus nos deu e os colocamos a serviço. Somos tateantes em nossa humanidade, mas temos o olhar fixo, naquele que – não há problema em repetir – de tão humano que era, só podia ser divino!


Nosso desafio - de hoje e de sempre  - é aceitar o convite e mergulhar fundo na arte de nos formarmos como seres humanos, e ser aquele catequista que contribui para a formação humana dos que estão a sua volta.

 

Carla Regina de Miranda

Equipe “Catequese Hoje”

01.06.2012