«Eu vou seguir-te, Senhor, mas primeiro permite que me despeça da minha família.» Jesus respondeu-lhe: «Quem põe a mão no arado e olha para trás, não está apto para o Reino de Deus.".» (Lucas 9, 61-62, excerto da leitura do Evangelho de 27.6.2010)


Um poderoso executivo aguardava para embarcar num avião quando repentinamente a viagem foi cancelada. Furioso, dirigiu-se ao balcão das passagens ultrapassando quem estava à espera de ser atendido e exigiu um lugar em primeira classe para o voo seguinte.


O funcionário explicou amavelmente que a transportadora estava pronta a ajudá-lo mas que teria de ir para a fila e esperar pela sua vez.


“Jovem, tem alguma ideia de quem é que eu sou?”, vociferou o homem. 


O funcionário olhou-o cuidadosamente de alto a baixo. Depois, ligou o microfone do aeroporto e disse: “Atenção: Há um passageiro no balcão dos bilhetes que não sabe quem é. Se alguém o conseguir identificar, por favor informe-nos”.


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É muito fácil esquecer quem somos e para onde vamos. Em determinadas alturas das nossas vidas é tudo muito claro. O casal jovem no altar, o padre recém ordenado, o jovem sagaz que se dirige à primeira aula na Faculdade de Direito: todos sabem para onde vão; sabem que haverá um preço a pagar e estão prontos a pagá-lo. É tudo muito claro e muito simples.


É então que o tempo passa e o preço começa a ser pago – e pago, e pago! E o que recebem em troca não é tão perfeito e sólido como haviam esperado. O lindo bebê torna-se num adolescente difícil; o jovem atraente perde o cabelo e a linha; e depois de 10 mil homilias, o enérgico sacerdote avalia as delícias do voto de silêncio!


Dúvidas e questões dolorosas vêm à superfície: Não sabia que iria ser assim. Será que tomei a opção errada? Isto vai continuar para sempre assim? Como é que eu saio desta?


Jesus compreendeu muito bem esta dimensão da nossa experiência humana, este cansaço a meio do caminho que nos tenta a olhar para trás em vez de olhar para a frente, que nos impede de ver as novas e mais profundas alegrias e possibilidades que estão ao nosso alcance aqui e agora, este abatimento a meio do trajeto que nos tenta a desistir, a abandonar o nosso “arado” e ir embora.


Sustentar esta inclinação e avançar sem olhar para trás exige abandonar muitas coisas – algumas muito boas, outras de que já não precisamos. Essa renúncia pode ser dolorosa mas pode dar espaço a algo mais, a algo melhor. Pode permitir-nos crescer em formas completamente novas de viver e amar, aqui e agora, e dentro das nossas vocações de esposos, pais, amigos e pastores com as quais há muito nos comprometemos.


Como qualquer bom pai, Deus quer ver-nos a crescer grandes e fortes, em especial interiormente. E quer-nos ver felizes. O que acontecerá se nos lembrarmos para onde nos dirigirmos e quais os motivos que nos levaram a optar pelas nossas prioridades centrais. O que acontecerá se deixarmos que Deus tome a nossa mão enquanto caminhamos com Ele.


Não olhe para trás. Isso só o deixará imóvel no mesmo lugar e tornará o seu interior mais amargurado. Decida-se antes por olhar para a frente e mais profundamente. Ficará surpreendido com o que espera por ti!

 

Pe. Dennis Clark

(Texto publicado no Catholic Exhange em 30.07.2012)

 

 

Em tempo: Bom texto para reflexão pessoal e para reflexão no grupo de catequistas. O que precisamos deixar para trás? Que decisões precisamos tomar para sermos melhores? 


Equipe do Catequese Hoje

01.10.2013