«A oração não é uma varinha mágica»: Relação com Deus é mais importante que os pedidos, afirma papa
O papa afirmou hoje, no Vaticano, que «a oração não é uma varinha mágica», mas «ajuda a conservar a fé em Deus e a confiar-se a Ele, mesmo quando não se compreende a sua vontade».
Na audiência geral semanal, que decorreu na Praça de S. Pedro perante milhares de pessoas, Francisco salientou a «necessidade de orar sempre», de acordo com o trecho do Evangelho que serviu de base para a meditação, no qual um magistrado iníquo acede à justa pretensão de uma viúva, mas só depois de muita insistência desta (cf. Lucas 18, 1-8).
«Uma pobre viúva ali só, está sem defesa e podia ser ignorada e deixada sem justiça, assim como o órfão, o estrangeiro, o migrante. Perante a indiferença do juiz, a viúva recorre à sua única arma: continuar insistentemente a importuná-lo, apresentando-lhe o seu pedido de justiça. E precisamente com esta perseverança, alcança o objetivo», apontou.
Da parábola, emergem duas conclusões, acentuou Francisco: «Se a viúva conseguiu dobrar o juiz desonesto com os pedidos insistentes, quanto mais Deus, que é Pai bom e justo, “fará justiça aos seus eleitos que lhe clamam dia e noite”; e, além disso, não os “fará esperar muito”, mas agirá “prontamente”».
«Todos nós experimentamos momentos de exaustão e de desencorajamento, sobretudo quando a nossa oração parece ineficaz. Mas Jesus assegura-nos: diferentemente do juiz desonesto, Deus acolhe prontamente os seus filhos, ainda que isto não signifique que o faça nos tempos e nos modos que nós queremos», frisou.
Para Francisco, «o objeto da oração passa para segundo plano; o que importa antes de tudo é a relação com o Pai. Eis o que faz a oração: transforma o desejo e modela-o segundo a vontade de Deus, qualquer que ela seja, porque quem ora aspira, em primeiro lugar, à união com Ele».
A parábola do “juiz iníquo” termina com uma interrogação colocada por Jesus aos seus discípulos: «Quando o Filho do Homem voltar, encontrará a fé sobre a Terra?».
«Com esta pergunta todos nós somos colocados em guarda: não devemos desistir da oração, mesmo se não é correspondida. É a oração que conserva a fé, sem ela a fé vacila. Peçamos ao Senhor uma fé que se faz oração incessante, perseverante, como a da viúva da parábola, uma fé que se alimenta do desejo da sua vinda», apontou o papa.
Na oração, concluiu Francisco, experimenta-se «a compaixão de Deus, que como um Pai vai ao encontro dos seus filhos, repleto de amor misericordioso».
Após a meditação, Francisco recordou que nesta quarta-feira se assinala o Dia Internacional das Crianças Desaparecidas: «É um dever de todos proteger as crianças, sobretudo as expostas a elevado risco de exploração, tráfico e condutas desviantes».
«Espero que as autoridades civis e religiosas possam sacudir e sensibilizar as consciências, para evitar a indiferença diante da miséria de crianças sós, exploradas e afastadas das suas famílias e do seu contexto social, crianças que não podem crescer serenamente e olhar com esperança para o futuro», declarou.
Os atentados terroristas ocorridos na segunda-feira na «amada Síria», que causaram a morte de «uma centena de civis indefesos»: «Exorto todos a rezar ao Pai misericordioso, a rezar a Nossa Senhora, para que dê o repouso eterno às vítimas, a consolação aos familiares e converta o coração de quantos semeiam morte e destruição».