A água é uma dessas coisas que não podem faltar. A presença da água significa presença de vida. Nem a planta, nem os animais, nem as pessoas podem viver sem água. Para um agricultor, cansado de trabalhar, uma caneca de água faz recuperar as forças. E passar pela água do banho parece que dá vida nova, enche o corpo de ânimo; tira o cansaço e purifica. A água é, pois, símbolo de vida e de purificação.

Mas a água é também símbolo de morte. Basta lembrar as enchentes que acontecem de vez em quando. Também para uma pessoa que está se afogando, a água significa morte. E ser libertado por alguém da água significa como que nascer de novo. Assim, a água é símbolo de vida e de morte.

Por isso se batiza com água, porque o batismo festeja nossa morte aos ídolos e a vida nova que surge da força de Deus. Abandonar os ídolos e passar ao Deus vivo e verdadeiro é a grande luta do cristão. O batismo festeja o início desta luta.

O que é um ídolo? Ídolo é tudo aquilo que faz a gente desistir da luta. Que faz a gente se acomodar, ser escravo. Ídolo é toda força que traz morte. É a força que faz a gente se encher de coisas e se esvaziar de Deus, que é vida. Ídolos são todas as coisas que na vida da gente substituem Deus. É o dinheiro e o poder, a ganância e o egoísmo, o prazer sem amor e a falta de partilha. Tudo aquilo que transforma o homem em morte; que mata o homem. É o trabalho, quando o povo se mata trabalhando para receber um salário que produz morte em vez de vida, e pensa que deve ser assim. Está contente com isso. Também se aceita um ídolo, quando se aprova a sociedade que mantém um tipo de trabalho que gera a morte.

Passar para o Deus vivo e verdadeiro é, portanto, morrer para esses ídolos, lutar contra todas essas forças que trazem a morte e que sempre estão aí tentando a gente. E toda força de morte só se pode vencer com a força de vida. A única força de vida é o Deus vivo e verdadeiro (Cf. 1Ts 1,9). A passagem ao Deus vivo e verdadeiro nós chamamos de conversão. É um objetivo a ser buscado a vida inteira do cristão.

No batismo o passar pela água indica a passagem da morte para a vida. Passar pela água. Mergulhar, afogar-se, morrer e sair com vida nova. Ou simplesmente derramar água sobre a cabeça da pessoa.

Esse passar pela água lembra muita coisa. Lembra a passagem pelo Mar Vermelho, saindo da escravidão do Egito para a Terra Prometida, terra da libertação. Lembra o batismo de Jesus no rio Jordão. Lembra o nosso dia-a-dia. A vida do cristão de todo dia: passar dos ídolos, que geram e significam morte, ao Deus vivo e verdadeiro. Passar pela água significa que a gente se purifica, limpa da sujeira dos ídolos e coloca na vida própria e na da comunidade a pureza, isto é, a verdade e a justiça, a caridade e a partilha.

O gesto simbólico de passar pela água vem acompanhado pelas palavras: 'Eu te batizo em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28,19). Este é o Deus vivo e verdadeiro que Jesus Cristo nos revela. Ao sermos batizados em nome do Deus que Jesus Cristo nos revela recebemos o Espírito Santo para lutar por fazer na vida da gente a grande passagem de Jesus: da morte para a ressurreição, a vida nova.

Assim como quem nasce do mesmo Pai e da mesma mãe é irmão, quem nasce da água e do Espírito Santo, pelo batismo, pertence à família da comunidade cristã. Na família da gente todo mundo luta junto. Quando isso não acontece, dá tristeza, porque não devia ser assim. A peleja do cristão, seguindo a Jesus, também se dá numa família que é a comunidade cristã. É junto com as outras pessoas que crêem em Jesus ressuscitado que vamos lutar, passar da morte à vida, do pecado à graça. A vida nova recebida no batismo põe para dentro da comunidade cristã, a Igreja.

Na comunidade e com a comunidade o batizado vai viver como Jesus viveu: vencer a morte com a vida. E na comunidade o novo cristão vai encontrar apoio para ser fiel a Deus e não retornar aos ídolos. É busca diária de todo cristão verdadeiro e de toda comunidade cristã verdadeira e viva.

A Unção com o óleo do crisma, no Batismo, é sinal do sacerdócio régio do batizado e de seu ingresso na comunidade do povo de Deus. No antigo Testamento eram ungidos os sacerdotes, profetas e reis. A Unção com o crisma quer nos tornar com Cristo: reis, sacerdotes e profetas.

Profetas: para sermos participantes do Mistério da Salvação em Cristo. Anunciar aos homens suas palavras e vida. Anunciar o projeto de Amor de Jesus, manifestar que Deus é Amor através do verdadeiro Amor. Ser profeta é anunciar o mundo novo querido por Deus e denunciar a presença dos ídolos, das forças de morte.

Sacerdotes: participamos pelo Batismo do Sacerdócio de Cristo. Somos povo sacerdotal: que acolhe a vida como dom e oferece ao Senhor em ação de Graças. Como sacerdotes devemos orientar todas as coisas para Deus. Consagrar a vida e o mundo para Deus. O batismo faz participar do sacerdócio comum dos fiéis. Ser sacerdote é adorar, pela palavra e pela vida, somente ao Deus vivo e verdadeiro e, por isso, rejeitar todos os ídolos.

Reis: possuímos o Reino de Deus. Com Cristo vencemos a morte e o pecado e participamos da própria vida de Deus. A nossa missão é Servir. Ser rei é trabalhar para que o direito e a justiça aconteçam na vida das pessoas e dos povos. 

(continua)

Lucimara Trevizan

Equipe do Catequese Hoje